Adaptação escrita por carol cardinal


Capítulo 32
Capítulo 32




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Acordei com as mãos macias de Caspian acariciando meu rosto. Assim que abri os olhos pude contemplar a visão de seu rosto perto do meu. Nos lábios havia um lindo sorriso, no queixo e nas bochechas uma barba rala e seu cabelo tinha alguns fios rebeldes que pediam para serem penteados por meus dedos.

Toquei em seu peito retribuindo o carinho. Olhei em seus olhos e sorri também. Podiamos ficar assim a manhã inteira, nos amando só com o olhar e com poucas palavras bastando.

- Eu te amo. - disse Caspian com sua singular voz rouca de quando acaba de acordar.

- Eu também te amo.

- Hoje faremos um passeio. Vamos cavalgar.

- Mas... Caspian... o conselho precisa de você, o povo precisa de você...

- Mas hoje eu preciso de você.- disse ele com certa tensão.- Sei que é uma atitude egoísta. Mas eu preciso ficar com você... hoje.

Caspian aparentava estar transtornado com alguma coisa. Parou de acariciar meu rosto e seus braços me prenderam na cama, um de cada lado do meu corpo, como duas pilastras rígidas.

- Desculpe, Estela. Eu... eu vou me trocar. Acha que consegue se arrumar em meia hora e me encontrar no pátio?

- Sim, claro.

Deu-me um leve beijo na testa e pulou da cama. Pegou suas botas que estavam jogadas no chão e deu um último olhar para mim, com um sorriso que não chegava aos olhos, antes de entrar na câmara de banho. Alguns segundos depois escutei leves batidas vindas da porta do quarto. Me cobri com os lençois, para esconder minha camisola, e permiti a entrada. As três damas que sempre me acompanharam nos meus afazeres e que geralmente ajudam a me vestir adentraram o aposento com uma respeitosa reverência.

- Bom dia, Majestade. - disseram as três em coro.

- Bom dia, meninas. Er... hoje farei uma cavalgada com o meu... o rei, e gostaria de algo mais simples para a ocasião.

- Como desejar, minha rainha.

- E por favor, sejamos um pouco menos formais. Podem me chamar por Estela, assim como dostaria de chama-las pelo nome.

- Como desejar...Estela!- as três deram um pequeno riso ao pronunciar o meu nome.

- Nos perdoe, Majestade.- disse uma delas.- É que não estamos acostumadas com tanta intimidade.

- Só que comigo vocês podem ir se acostumando, pois também quero ser íntima de vocês.- Elas deram mais um risinho e relaxaram. - Muito bem. Quero saber o nome das três.

- Meu nome é Amina, e essas são Aldia e Lirvia.- disse a que parecia ser a mais velha e a mais experiênte das criadas.

- Bem, Amina , Aldia e Lirvia, acho que seremos grandes amigas.

...

Encontrei Caspian no lugar e horário marcados. Ele estava ajustando a sela de Destro quando o vi. Me aproximei, ele deu um leve sorriso e me abraçou, tudo no completo silêncio.

- Venha, eu te ajudo a subir.

Montei em um cavalo que estava amarrado ao lado de Destro, que aparentava ser o mesmo da nossa última cavalgada. Caspian desamarrou as rédeas e as entregou a mim para depois montar, com muito mais habilidade que eu, no corcel negro. Tocou Destro em disparada para fora do castelo e eu, com um pouco de dificuldade, o segui. Consegui acompanha-lo depois de algum tempo. Seguiamos paralelamente ao Rio Beruna até o penhasco do Veloz, onde diminuímos a velocidade por conta do bosque e do solo úmido. Atravassemos o bosque em pouco mais de 40 minutos e adentramos num vasto campo, sem nenhuma árvore há centenas de metros de distância. Aceleramos o passo. Eu ofegava por conta do esforço e do calor, tirando a minha preocupação com o silêncio de Caspian.

Quando o sol estava a pino conseguimos finalmente atravessar o campo e entrar em outro foco de mata. Meus braços e pernas doíam e meu cavalo estava exausto.

- Caspian! Espere um pouco.

Ele parou de repente, puxando as rédeas com força, mas não suficiente para machucar Destro.

- Precisamos de um momento.

- Claro. Não desconfiei de que poderia estar cansada, me perdoe.

- Tudo bem. Só preciso descer um pouco.

Caspian desmontou e me ajudou a descer, segurando fortemente na minha cintura. Deixamos os cavalos pastarem enquanto Caspian aliviava o aperto das selas para os animais relaxarem. Sentei debaixo de uma árvore para me refrescar com a sombra e o orvalho, mas Caspian não se aproximou, ficou apenas examinando os animais comerem. Sua expressão era dura e fria, como a de um verdadeiro telmarino.

- Meu amor estou preocupada. Por favor, me diga o que te aflinge.

Ele esitou por um momento. Colou a mão na cabeça como um gesto de quem procura as palavras certas. Finalmente olhou para mim, o olhar ainda tenso e desconcertado.

- Antes de te buscar na ilha do seu pai, tive que fazer uma escolha, uma escolha que tiraria boa parte da minha insegurança e aflição, mas que me faria abrir mão de muitas coisas. E eu não optei por ela. Só que agora... agora parece que minhas angústias só aumentaram. Eu me pergunto até que ponto tudo seria diferente ou o que ele acharia...

- Caspian, eu não estou entendendo.

- Quando cheguei no fim do mundo com os Pevensie, Eustáquio e Ripchip eu tive a oportunidade de entrar no país de Aslam se quizesse. Mas o próprio Aslam me advertiu sobre as consequências. Estela, eu queria ver o meu pai, saber se o estava decepcionando ou não, se estava sendo um bom rei ou não, mas se eu escolhesse ir, não teria volta. Teria que abdicar ao trono, abandonar meu povo e... você. E agora com todos esses problemas com a intregração das vilas eu me sinto derrotado, fracassado! E eu me pergunto: e se tivesse feito a escolha diferente?

- Você se arrepende?

- Eu não sei. E é por isso que eu preciso de você, meu amor. Eu preciso de forças, de coragem e eu preciso me convencer de que fiz a escolha certa. Porque me dói muito imaginar que posso estar decepcionando o meu pai.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews?



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