Duas Cores escrita por Biax


Capítulo 5
Café da Manhã e Um Dia de Sol


Notas iniciais do capítulo

Se preparem para dar uma derretidinha nesse capítulo, hihi :3
~suspira



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/599753/chapter/5

Acordei com a luz invadindo o cômodo, e alguns barulhos. Lysandre não estava mais do meu lado. Levantei a cabeça, procurando de onde os sons vinham, e localizei o platinado na cozinha. Ele colocou o cabelo atrás da orelha e olhou em minha direção.

Ele sorriu, voltando a atenção para o que fazia. — Bom dia.

Cocei os olhos e passei a mão no rosto e no cabelo. Me espreguicei e levantei. Andei até a meia parede e apoiei os cotovelos nela. — Bom dia.

Acabei rindo sem perceber, pensando que parecia que éramos casados.

— O que foi? — Colocou algumas fatias de pão em uma torradeira, acima da pia.

— Nada. Você que faz o café da manhã aqui?

— Às vezes. Leigh quase sempre acorda um pouco atrasado, então não costuma comer. Apenas faço café. — E me olhou. — Você toma café?

— Sim, com leite.

— Quer comer agora?

— Quero ir ao banheiro primeiro.

— Aqui no corredor ao lado, abaixo da escada.

Fui até o pequeno corredor. Haviam duas portas, uma no fundo e outra exatamente abaixo da escada. Entrei, e fechando a porta, olhei no espelho. Meu cabelo estava bagunçado e meu rosto corado. Devia ter vindo antes.

Lavei o rosto e tentei arrumar a juba o máximo que pude, sem sucesso. Lembrei do momento no sofá, e acabei ficando mais vermelha. Como tive coragem de fazer aquilo?

Molhei as bochechas, tentando resfriá-las. Respirei mais uma vez e saí.

Lysandre estava arrumando a mesa. Me sentei na primeira cadeira, ao mesmo tempo em que elle voltou a cozinha e trouxe um prato com várias torradas. Depois, se sentou na cadeira em frente à minha. Apesar do barulho das torradas sendo mordidas, ainda havia um silêncio constrangedor.

Mas de alguma forma, eu me sentia mais próxima dele. Eu sei, ele não viu nada, nem sentiu, foi só eu, apenas eu... Mas não deixo de ficar feliz com isso.

Preciso pensar em alguma coisa para dizer...

— Eles... sempre demoram para acordar?

— Sim. Se é algo que eles têm em comum, é que dormem demais.

Dei risada. — E você? Não gosta de dormir?

— Gosto, mas não é algo que eu mais goste de fazer. Durmo o suficiente. Sinceramente, se pudesse, quase não dormiria.

— Ficaria escrevendo a noite toda?

— Talvez... Se não houvesse outras coisas a se fazer. — Ele apoiou os cotovelos na mesa, segurando sua xícara na altura da boca.

— Tem algum exemplo do que poderia fazer?

Ele olhou em meus olhos. — Tenho muitos... Seria difícil escolher.

Deixei o braço esquerdo sobre a mesa, e apoiei o outro com o cotovelo, e a cabeça na mão. — Pode dizer quantos quiser — desafiei.

De onde eu tirei coragem pra falar isso?

Ele deu um sorriso de lado, me fazendo corar.

Está querendo me seduzir? Pois saiba que já conseguiu.

— Bom, depende se estaria acompanhado ou não. Mas... — Abaixou a xícara e a olhou. — Se estivesse sozinho, poderia além de escrever, desenhar, ouvir música, assistir filmes, ler...

Encarei a mesa — ... E acompanhado? — Ele não respondeu. Ainda com cabeça um pouco baixa, olhei para cima, percebendo seu olhar sobre mim.

Seria idiota se eu desviasse o olhar agora, não é?

Ele colocou a mão direita sobre a mesa. Olhou para minha mão, levantou o braço, e lentamente, chegou perto. Segurou a ponta do meu dedo indicador e o puxou, fazendo eu levantar a mão. Ele entrelaçou nossos dedos.

— Eu poderia repetir esta noite tranquilamente.

Meu coração estava disparado, fazendo minhas costelas doerem. Parecia que o silêncio fazia os batimentos ficarem mais alto... Olhei para baixo, não conseguindo controlar minha feição, sorrindo, corada. Delicadamente, soltou minha mão, e puxou seu braço para perto de si.

— Bom dia gente linda! — Escutei Rosa falando, descendo as escadas.

Eu e ele nos olhamos, corados, e acabamos rindo, baixinho. — Bom dia — desejamos ao mesmo tempo.

Puxei minha mão para baixo da mesa, e continuei tomando meu café.

Rosa sentou-se do meu lado. — Está um dia tão lindo, por que não vamos andar de bicicleta?

— Por mim tudo bem — falou Lysandre, tomando um gole do café. Eles me olharam.

— Eu preciso passar em casa antes.

— Tudo bem. — Rosa concordou, mordendo uma torrada

Leigh desceu e sentou-se ao lado de seu irmão.

— Mas eu não tenho bicicleta. Só patins.

— Você sabe andar bem? O Lys também tem patins.

— Sério? — O olhei e ele afirmou. — Eu não sei andar tão bem...

— Ele te ajuda! — Rosa exclamou, o encarando.

Lysandre riu, balançando a cabeça, como se dissesse “você não tem jeito mesmo”.

Levantei, peguei o prato e xícara que tinha usado, e levei até a cozinha. Deixei dentro da pia. Lysandre me seguiu e fez o mesmo.

— Quer ajuda com a louça?

— Não, Rosa e Leigh ficam com ela. Obrigado. — Sorriu.

— Hm... Então... eu vou para casa... Daqui a pouco eu volto. — Passei por ele.

— Tudo bem. Quer companhia?

Parei na porta e o olhei, surpresa. — Não precisa, eu venho logo. Ele balançou a cabeça, afirmativamente.

Fui a sala, peguei minha bolsa e sapatos. — Eu já volto — avisei olhando para Rosa, e saí.

...

Lysandre ficou parado na cozinha um tempo. Passou a mão pelo cabelo, e foi em direção a escada. Subiu e foi ao seu quarto. Parou na porta, encostando no batente. Cruzou os braços, pensativo.

Agora que estava sozinho, podia organizar seus pensamentos, que até então, estavam misturados e correndo à solta. Pensou em como ela conseguia o deixar tão nervoso, e como não conseguia pensar direito em sua presença. Ele lembrou de cada momento, os repassando na cabeça, para ter certeza que não esqueceria.

Teria que agradecer a Rosa, afinal, foi por causa dela que tudo isso aconteceu.

Olhou para sua cama, e viu um pano escuro, dobrado. Quando o pegou, notou que era o vestido que ela usara. Seu perfume doce exalava da roupa. Se lembrou de quando ela havia chego. Estava linda, mas ficou muito mais com sua camiseta.

Lysandre sentiu seu rosto quente, ao lembrar dela dormindo ao seu lado, tão serena e bela. Queria ter lhe abraçado, mas se contentou em segurar sua mão.

Dobrou o vestido, e o colocou de volta.

Sentiu vontade de escrever algo. Andou até sua escrivaninha, puxou seu bloco e uma caneta. Encostou a ponta na folha, e esperou algo vir à mente. Tinha tanto a escrever, e ao mesmo tempo, nada concreto. Sua mente ainda estava uma pequena bagunça. Resolveu ir tomar banho, para acalmar os nervos, e tentar colocar as coisas no lugar.

...

Andei rápido até em casa, descalça. Entrei. Estava tudo no mesmo lugar. Tomei banho, peguei uma mochila e coloquei meus patins. Dobrei a camiseta e a guardei também. Vesti shorts, camiseta e tênis, e voltei voando para lá.

Rosa e Leigh estavam na cozinha. Deixei a mochila no sofá, tirei a camiseta de dentro dela e fui até a meia parede.

— Cadê o Lys?

Leigh me olhou. — Acho que foi tomar banho.

— Vou deixar a camiseta dele no quarto.

— Vai lá.

Subi as escadas, virei o corredor e fui até a porta. Pisei dentro do quarto e levei um susto.

— Desculpa, desculpa! — Tapei o rosto com a camiseta e sai. — Eu não sabia que você estava aí. — Encostei na parede do corredor. — Leigh disse que você estava tomando banho. Desculpa.

A imagem dele de toalha nunca vai sair da minha cabeça. Ai Meu Deus...

— Espere um minuto — pediu de dentro do quarto.

Que vergonha...

— Pronto. — Entrei, ainda com a camiseta na cara e ele riu. — Já estou vestido.

— E-eu estou com vergonha, espere um pouco.

O senti pegando sua camiseta e a abaixando, junto com minhas mãos. Agora, estava com a toalha na cabeça, igual um capuz, também envergonhado.

— Desculpe. Devia ter deixado a porta fechada.

— Você não tem culpa, eu que invadi seu quarto... Ah, sua camiseta. Obrigada.—  Lysandre a segurou apenas com mão esquerda, ainda me observando. Sem pensar, levantei os braços, e abaixei sua toalha. Seu cabelo estava molhado e, de alguma forma, isso o deixava mais bonito.

Sorri sem perceber.

— Posso saber do que está rindo? — Sorriu.

— De nada.

— Como de nada?

— De nada. — Dei um passo para trás, rindo.

— Você não riria por nada. — Deu um passo para frente.

Corri para perto da escrivaninha. Lysandre se aproximou, rindo, e me fez encostar na mesa.

— Não vai falar? — Balancei a cabeça, negando.

Ele sorriu. Levantou a mão, e a encostou em meu rosto. Quando pisquei, ele colocou os braços ao meu redor, e meu rosto encostou em seu peito. Rapidamente, o abracei pela cintura, sentindo seu calor e seu cheiro de banho e perfume. Me senti segura. Seu abraço era firme.

Tinha quase certeza que ele sentia meu coração, de tão forte que estava batendo. Encostei melhor em seu peito, e senti seus batimentos, tão acelerados quanto os meus. E por um momento, parecia que batiam em sincronia.

— Vocês vão fica aí? — Escutei Rosa perguntando lá de baixo.

Lysandre passou a mão em meu cabelo, e fez com que eu levantasse a cabeça. — Você ainda quer ir? — questionou, baixo.

— Quero. Quero ver você andando de patins.

Ele riu. — Então vamos. — Deixou sua camiseta em cima da cama, e me entregou meu vestido.

Descemos e o guardei na mochila, e tirei os patins dela. Lysandre foi ao quintal do fundo com sua toalha, e voltou com seu par de patins. Fomos até a rua, e os calçamos. Leigh e Rosa estavam de bicicleta e foram na frente. Lysandre colocou primeiro que eu, ficou de pé e estendeu a mão para mim. A peguei e ele me ajudou a levantar.

— Espero não cair muito, faz um tempo que não ando. — Tentei me equilibrar.

— Não vou te deixar cair. Vou te segurar enquanto quiser. — Apertou minha mão.

Ah, Lys... Você consegue me deixar tranquila em qualquer situação, não é?

Começamos a andar e ele não soltou minha mão nenhuma vez. Quando eu vacilava para trás, ele segurava minhas costas.

Bem, eu sabia andar sozinha. Mas não há nada de errado em tirar uma casquinha, não é?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Claro que não há nada de errado, pfff shaushaush
Ah, queria deixar uma nota, que a parte em que mostra o que o Lys faz quando a Anne vai embora, me inspirei no jeito culto de escrever da Stelfs u.u Então, Stelfs, obrigada, você é "mó" inspiração haha (não ficou tão bom, mas eu tentei :p)