O Cristal e o Diamante escrita por AlessaVerona


Capítulo 1
Prólogo - Fugindo com a liberdade.




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– Você não tem alternativa, garota... Mas você vai aprender a me amar. Confie em mim. - Murmurou um rapaz de pele clara, olhos verdes e cabelos negros. Ele tinha fisionomia de um deus, era perfeito que provocava olhares de muitas mulheres. Ele sorriu como se fosse uma vitória. E era realmente. O seu prêmio era aquela moça que estava em sua frente, que não parecia estar satisfeita com aquela prisão, que ela mesma descrevia em seus pensamentos. Seu olhar era aflituoso, não acreditava que estava diante de um monstro.

– Eu acho isso um absurdo! – Ela murmurou incrédula. A Jovem tinha cabelos loiros e olhos azuis vivos. Talvez seu pai fosse tão ganancioso por pedras preciosas, que motivou a dar-lhe o nome de Saphyre ao ter visto o olhar azul assim que a viu pela primeira vez após seu nascimento. A beleza da jovem era estonteante. Aqueles lábios rubros era o desejo mais perverso daquele homem, além de muito mais.

– Seu pai te vendeu em troca de terras e joias preciosas. Se sinta no lucro. – Ele retrucou, sorrindo. Como se Saphyre fosse um objeto qualquer.

– Eu não sou um objeto! Eu tenho muito valor, que nenhum bem no mundo valeria o equivalente! - Socava com as duas mãos o peito musculoso daquele homem, que ria ironicamente. Ele tentava segurar a força que era exercida sobre ele com sucesso. Aquela moça não tinha todas as forças para derrubá-lo, mas havia caráter que derrubaria toda a composição daquele homem abjeto.

– Mas seu papai não. Ele te vendeu. Se conforme. Muitas garotas queriam estar em seu lugar. - Passou sua mão harmoniosamente no rosto dela, ainda sorria com seus restos de ironia que foram soltos com seus risos. Ele olhava de um modo sedutor para Saphyre. Ele tinha obsessão por ela, que o fazia ser capaz de tudo para tê-la em seu leito por várias noites.

– Nenhuma mulher tem que se sujeitar a esta situação! Eu não admito isso! Eu não tenho poder nem da minha própria vida? E você ainda acha graça, pois não é você que está sendo vendido por mísero metros quadrados de terras e pedaços de pedras preciosas! - Se opôs dizendo com muita fúria, lançando olhar de ódio para John. Ele era um ser desprezível para ela, por classificá-lo como um homem fracassado por não conseguir conquistar o que quer com honestidade.

– Não fique assim, Saphyrinha. Você terá as melhores noites de prazer que vai até esquecer-se do acordo... – Respondeu John, aos sussurros no ouvido de Saphyre. Ele passava a mão nas curvas dela, que se enojava.

– Você não tem direito!- Reagiu exclamando de nojo e se afastava. Não conseguia acreditar o quão baixo John era.

– Eu tenho sim... Meu pai comprou você... – Respondeu John com autoridade. Aproximava-se da moça novamente.

– Época da escravidão passou! Só no casamento... Se isso acontecer. – Saía correndo para dentro de sua casa.

– Depois de amanhã, donzela, eu colocarei as mãos em você... De qualquer jeito. – Disse para si mesmo. Olhava para Saphyre com luxúria.

Ele tinha medo de ser abandonado por ela e o que as pessoas iriam achar daquela situação. A pressão era enorme, por estar prestes a se casar com uma das belas mulheres daquela cidade. John se tornaria um homem cada vez mais confiante, mas ainda um perfeito canalha, vazio e sem valores.

[...]

Saphyre dormia incansavelmente. A sua vontade de acordar se perdia. A realidade era muito mais dura e seus sonhos eram seu refúgio. Os seus desejos eram contestados por seu inconsciente. Mal se dava conta que passou a noite acordada de nervosismo, e dormiu durante a manhã e a tarde inteira. O tempo para ela passava a ser perdido, e a sua futura prisão daquele modo de viver casada com um cara sem caráter era mesmo que a morte. Faltavam poucas horas para a sua festa de despedida de solteiro.

– Filha, querida... Se apresse. A sua festa está para começar. – O pai de Saphyre bateu na porta de seu quarto impacientemente. Saphyre acorda assustada, e olha para o relógio, que marca 19 horas. Ela pula da cama.

– Vou indo... - Disse sem menor vontade. Tinha vergonha e nojo de seu pai por ele ter coragem de fazer um negócio maluco daqueles, e ele tinha muita ambição por bens materiais, tanto que um de seus sonhos era ver a sua filha única se dar bem e casar-se com um homem que tinha a nobreza em seu sangue. Não pensava em mais ninguém a não ser que fosse em si mesmo. Nunca quis ouvir os sonhos de Saphyre, e nem mesmo de seus gostos. O seu pensamento deve ter parado em Roma antiga quando a mulher não tinha alguma liberdade e assim permanece escorrendo em suas veias e na sua cultura.

Saphyre passava a ficar mais pensativa e alheia da realidade, enquanto enchia a banheira de água. Entrou nela lentamente, para que demorasse ainda mais de chegar naquela festa. Fechou os olhos e afundou a sua cabeça na água e seus pensamentos juntos. Era a melhor sensação existente daquele momento, ficando parada por alguns segundos. A saída talvez fosse aceitar aquele homem sem valor algum e viver toda a sua vida sem alimentar a alma de sentimentos bons, alimentando sua aparência com dinheiro, luxúria e ganância... Até por ser a vida que qualquer outra garota daquela cidade sonhava. Era fora de todos os princípios que ela nutria pois nunca gostou de viver para ver os outros felizes.

Ela abriu os olhos e chorava. Levantou a sua cabeça e respirou desesperadamente, se preenchendo de oxigênio, mas não era apenas o suficiente... Do quê ela respiraria para aquela alma prestes a morrer?

Saphyre saiu do banho e se enrolava com a toalha. Olhava-se para o espelho enquanto penteava seus cabelos loiros que iam até o ombro e a sua franja perfeitamente curvada para dentro.

– Saphyre, você tem ideia do que acontecerá nos próximos dias? Você vai ter herdeiros com o homem mais rico que existe. – Falou grunhindo, orgulhoso entrando no quarto dela, mirando para a porta fechada do banheiro onde a sua filha estava.

– Eu não sei... E nem quero saber. – Ela responde friamente para seu pai.

– Eu estou fazendo pelo seu bem, querida. - Sorriu malignamente ao respondê-la. Já passava a pensar do que faria com as terras e com as pedras preciosas.

– Não, papai... Você está pensando em si mesmo. - Disse com muita coragem para a surpresa de seu pai, que olhou para a porta do banheiro com olhos arregalados e ela havia aberto a mesma para encará-lo. Com o passar dos tempos, a sua mente se fortalecia, mas seus sentimentos se despedaçavam. Saphyre tentava alimentar a coragem de deserdar de seu pai e viver sozinha. Nada mais lhe fazia sentido.

[...]

Ela ia naquela festa como se fosse a sua despedida de sua independência. Entrou em pensamentos da infância na qual ela sonhava em ser aquela moça livre, sem medo de viver, voar, sonhar, e de enfrentar as dificuldades. Apesar da ausência de educação e apoio pelo seu pai que era um ser muito frio, e o sumiço de sua mãe ser um mistério, se nutria dos bons valores por qual ela vivenciava, de cada personagem da sociedade conforme conhecia. Com tudo isso, nada lhe faltou, e nada lhe faltará para frente. Permanecia quieta, relembrando tudo que viveu. Ela não respondia perguntas que lhe faziam, e nem conversava. Com um olhar distante e passos confusos, tomou-se conta que a cada minuto perdido era a vinda de uma nova e temida vida.

Estou entrando em desespero. Enxergo o relógio com ponteiros acelerados... Enxergo a minha vida afundar no mar. Enxergo que ninguém pode me salvar, pois quem deve dar o passo e o braço a torcer sou eu. Enxergo tudo, menos minha liberdade.Eu não quero viver isso, sinto muito pai. Sei que você queria ser feliz as minhas custas... Mas... Não dá mais... – Pensava alto na sua consciência. Ela implorava para si que queria partir...

Ela tirou seu salto alto e segurou-os com as mãos, e rasgou ao meio o seu vestido de seda longo e azul, que deixavam sua silhueta bem aparente, para o estranhamento de seus convidados. Ela largou todo o seu medo pelo caminho do salão, passando a correr mais rápido para que ninguém pudesse persegui-la.

– Onde ela pensa que vai? - Disse um dos convidados da festa.

– Ela parece confusa... - Respondeu uma moça, não entendendo nada aquela cena.

– Filha? - Seu pai não acreditou que sua filha tomou coragem de sair daquela festa. Correu desesperado para ter chances de segui-la.

A sua corrida a tornou ofegante, o que a fez ir em direção ao bosque para que ela pudesse se esconder entre as árvores. Aos poucos parava a corrida para poder reconhecer aquele lugar, mas sem resposta. O ambiente lhe dava sensações de liberdade.

– Que bela natureza... Passarinhos voando livremente... Aquele ciclo livre da Natureza... - Disse entre suspiros, caminhando por ali sem ter noção do tempo, aquela escuridão lhe pertencia pois lhe assemelhava.

– Esta escuridão que se mistura a mim, a luz da lua é a liberdade... Caminharei a tua direção... E livre eu serei... – Poetizou ao olhar para a linda lua que iluminava a noite, enquanto andava lentamente admirando e olhando a lua, lhe dando sensações de conforto.

– Eu nasci livre como esta natureza. Não tenho obrigação de casar... Não tenho obrigação a mais nada... Apenas de ser feliz e fazer as coisas que eu gosto. Os homens podem nos restringir com palavras, minha liberdade pesa mais que palavras, mais que atitudes... Pobre do povo que se atinge fácil. Eu sou maior que acordos, eu sou maior que todos os bens... Minha mente é capaz de combater tudo. - Disse, ainda fixando seus olhos para a lua.

– O que há mais de precioso que a liberdade, é a nossa mente cheias de ideias... - Se libertava de sentimentos ruins e afetados por terceiros.

– O único sentimento que pode nos restar e nunca abalar, é o amor a si próprio... - Derrubou lágrimas, de tanta felicidade por fazer seus desabafos.

– Só eu que posso me entender... Feliz eu serei. – Disse enquanto sorria, não acreditando em que finalmente tomou atitude. De repente uma luz surgia em sua frente, para seu espanto. Luzes de várias cores a rodeavam. Ela limpava suas lágrimas para poder ver melhor o que estava acontecendo. Assim que sua visão estava mais clara, concluiu que tudo aquilo não era normal

– AAH! – Gritou de susto. Ela viu um rosto angelical em sua frente, muito entristecido e parecia chamar por ajuda. Em seu fundo aparecia uma espécie de portal. Saphyre parava para analisar mas aos poucos aquele círculo de luzes ficavam mais fortes, obrigando Saphyre fechar os olhos, com muito pavor e medo. Aquelas mesmas luzes a tomavam para outra dimensão com a sua energia muito superior, sem poder se defender.


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