Regina se olhava no espelho pela milésima vez desde que colocara o seu vestido novo. Havia o comprado na véspera e estava encantada com ele. A cor, o tecido e a maneira perfeita como a vestiu. Tudo para a festa no Granny’s, para celebrar os bons tempos. E claro, para Emma, sua namorada, por quem a morena estava completamente apaixonada.

Retocou a maquiagem onde achou que deveria, deu mais uma volta em frente ao espelho olhando cada centímetro da roupa e depois desfez com as mãos, as dobras inexistentes do vestido. Pegou a sua bolsa e por fim estava pronta.

Quando chegou na escada, Emma já estava lá a esperando. A loira, como sempre, havia se arrumado em minutos, a calça jeans e a velha e boa jaqueta vermelha de sempre, uma marca registrada que Regina não podia negar que amava. Ao ver sua namorada, descendo as escadas, Emma abriu um enorme sorriso, aquele sorriso bobo de uma apaixonada. Regina era a mulher mais linda que ela já havia conhecido.

–Uau. –a loira soltou assim que Regina chegou até ela, e a deixou segurá-la pela cintura. –Se ficar mais bonita estraga.

–Boba. –a morena sorriu envergonhada. –E então, o quê achou do meu vestido novo ? –se distanciou para poder dar uma “voltinha”, que foi acompanhada por um assovio da loira.

–Lindo. –a puxou novamente para os seus braços. –Você fica ótima em tons claros.

–Você achou claro ? Era o único azul que tinha na loja.

–Azul ? –a loira franziu o cenho. –Como assim azul ? O quê é azul ?

–Meu vestido. –Regina falou como se fosse óbvio.

–Regina, sinto em lhe informar, mas esse vestido é branco.

–Como assim branco, Emma ? É azul com renda preta.

–Renda preta ? Não, a renda é dourada. Esse vestido é branco com renda dourada. –a morena saiu dos braços de Emma e a olhou confusa.

–Emma, você por acaso ficou louca ? Da pra ver de longe que esse vestido é azul e preto. Pelo amor de Deus, você ta careca de saber que eu só uso roupas escuras.

–Pelo amor de Deus, digo eu. Essa merda de vestido é branco e dourado.

–Merda ? Achei que você tinha dito que era bonito.

–E é, um lindo vestido branco e dourado. –falou dando ênfase na cor.

Regina cruzou os braços se sentindo extremamente nervosa, e a discussão só pausou quando a porta da mansão se abriu, e Mary, David e Henry, que estava com eles, entraram.

–Regina, que vestido lindo. –Mary se aproximou sorrindo. –Adorei esse tom de azul com a renda preta.

–Viu só ? –arqueou uma sobrancelha e sorriu vitoriosa para Emma. A loira ia argumentar e Mary perguntar o que estava acontecendo, quando ouviram alguém dizer ao fundo.

–Ai meu Deus.

–O quê foi, David ? –Mary perguntou vendo a cara de espanto do marido.

–Eu sou daltônico. –falou com a voz trêmula. –Eu podia jurar que esse vestido era branco e dourado.

–Aham. –Emma apontou para a morena sorrindo. –Fala aí agora.

–Vocês podem me explicar o quê está acontecendo aqui ? –Henry interrompeu a discussão.

–Acontece que a sua mãe e o seu avô são daltônicos. Esse vestido que eu estou usando é azul e preto e a Emma está teimando que é branco e dourado. –a morena explicou para o filho um tanto exaltada.

–Henry, filho, fala pra sua mãe que esse vestido é branco e dourado. Olha só, ta na cara. –a loira tentou tocar na roupa, mas Regina lhe bateu com a bolsa a afastando.

–Emma, sinto muito, mas a Regina tem razão. Esse vestido é azul e preto. –Mary olhou para a filha com compaixão.

–Mary, me perdoa, mas é branco e dourado. –David se aproximou.

–Ah, não, David. Você também ? –se afastou do marido e se colocou ao lado de Regina.

–Os dois estão loucos. –o tédio estava presente na voz de Regina.

–Eu não acredito nisso. –Emma andou de um lado para o outro. –Daqui a pouco vai me dizer que a minha jaqueta é verde.

–Verde talvez não, mas laranja sim, provavelmente porquê essa coisa velha já está desbotando. –o sorriso irônico da morena fez o sangue de Emma ferver.

–Mary ... –David pareceu alheio a conversa. – ... não vai me dizer que quando nos casamos, o seu vestido era azul, porquê eu jurava que era branco.

–Por Deus, David. É claro que era branco.

–Falando nisso, você pretende se casar de preto, azul ou cinza, Rainha dos tons escuros ? –a ironia de Emma fez com que Regina sentisse vontade de lhe meter a mão na cara.

–Não sei, amor. Há 50 tons de cinza pra que eu possa escolher. –ironizou também.

–Assim vai ficar solteira.

–Pronto ... –a morena jogou a bolsa no sofá e depois se jogou sentada nele. – ... eu não vou mais na festa.

–Não acredito. –Henry estava sentado no primeiro degrau da escada, com o rosto apoiado nas mãos, completamente entediado com a conversa. –Vocês realmente estão brigando, por causa da cor de um vestido ? Que importância tem isso ?

–Eu ainda não acredito que o seu avô teve coragem de perguntar qual era a cor do meu vestido de casamento. –Mary se sentou na mesinha de centro, perturbada com aquilo.

–Mary ... –David se sentou ao seu lado. ­– ... me perdoa ?

Emma percebendo a briga entre os pais, se tocou de que ela e Regina estavam na mesma situação, portanto se sentou ao lado dela no sofá, mas a morena permaneceu de braços cruzados e sem olhar para ela, assim como Mary também estava.

–Amor, o Henry tem razão. Que importância tem a cor desse vestido ? –recebeu um rápido olhar da morena, que logo voltou a olhar para frente. –Vamos na festa, vai ? Nos divertir um pouco, dançar agarradinhas. –se arrastou para junto dela e segurou em sua coxa. –Olha, pra mim não importa se esse vestido é branco, azul, amarelo ou roxo, eu prefiro você sem nada.

–Ah, não. –Henry tapou os dois ouvidos com as mãos, enquanto Mary e David se remexiam no lugar, como se quisessem sumir dali.

–Emma, como você expõe a nossa intimidade assim ? –Regina lhe repreendeu com o olhar.

–Me perdoa ? Vamos na festa, por favor ? –se aproximou e lhe plantou um pequeno beijo nos lábios, antes de sussurrar em seu ouvido. –Depois da festa nós podemos discutir qual a cor da sua lingerie enquanto eu tiro ela.

Regina mordeu o lábio inferior antes de puxar a loira para si e beijá-la. Henry continuava com os ouvidos tapados, e agora assoviava olhando para o teto. Mary fingiu uma tosse e David de repente começou a coçar a cabeça.

–Vamos então. –pegou a bolsa e bateu de leve com ela em Emma, antes de se levantarem de mãos dadas.

–Vamos ? –David segurou Mary pela cintura, e ela sorriu antes de lhe beijar.

–Até que enfim. –foi o garoto que falou se juntando a eles na sala, mas o momento foi interrompido por Ruby, que entrou apressada.

–Hey, vocês não vão, não ? Já estão quase todos lá.

–Já estamos indo Ruby, e eu amei esse seu vestido rosa. –Mary piscou passando ao lado dela. Todos pararam e se entreolharam, antes da ruiva dizer confusa.

–Mas ele é vermelho.