O Médico e a Adolescente

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Ele girou a maçaneta da porta, tentando fazer o menor barulho possível, não queria acorda-la. Então acendeu a luz da sala e percebeu que ela estava dormindo no sofá, encolhida, abraçada ao travesseiro. Logan sorriu. Ela parecia ainda mais menina daquele jeito. Cabelos ruivos presos em um coque desajeitado, vestindo uma camisa velha dele, meias ¾ que iam ate os joelhos e aquela boca entre aberta.

Logan apagou a luz deixando apenas que a televisão, que estava ligada, iluminasse a sala. Ele estava cansado. Tinha trabalhado ate tarde e tudo o que mais queria era dormir, mas não o fez. Logan sentou-se no centro de frente ao sofá para observa-la. Ele adorava vê-la dormir. Julie parecia ser apenas uma garota doce e frágil quando estava de olhos fechados. Ainda não acreditava que ela estava mesmo ali, deitada no sofá do seu apartamento. Um mês atrás Logan acharia aquela situação absurda.

_Julie... – Sussurrou tocando o seu rosto com a ponta dos dedos.

Julie fez um careta com o nariz e depois apertou o travesseiro com mais força, mas não acordou. Logan riu daquela careta. Era tão fofo. Mas ela não era uma garota nada fofa. Então tentou mais uma vez acorda-la.

_Julie você não pode dormir no sofá. Vai acordar com o corpo dolorido amanhã. – Ele apertou o seu braço fino e branco.

Julie resmungou alguma coisa ainda de olhos fechados. Ela fechou os punhos e coçou as pálpebras de um jeito meio infantil. Depois abriu os olhos enormes e verdes de uma vez. Quando viu Logan sorriu. Ele sorriu de volta.

_Eu estava esperando você. – Ela falou erguendo-se e ficando de joelhos no sofá. Depois se sentou sobre as pernas.

_Eu disse que ia demorar, Julie. – Ele afagou o seu rosto com a costa da mão.

_Eu sei.

_Então porque me esperou?

_Porque... Eu queria te ver chegar. – Ela confessou e depois escondeu o rosto no travesseiro.

_Você iria me ver amanhã de manhã. – Logan puxou o travesseiro dela que fez aquela careta linda com o nariz.

_Mas eu queria te ver agora. – Ela puxou o travesseiro de volta, mas não cobriu o rosto. Apenas o abraçou.

_Você tem aula amanhã deveria estar dormindo, fedelha. – Logan apertou a ponta do nariz de Julie provocando mais caretas dela.

_Você também trabalha amanhã e ainda assim chegou tarde. – Julie fez um biquinho. Logan riu.

_Porque eu estava trabalhando. – Balançou a cabeça rindo.

_E eu estava esperando você então estamos empatados.

_Você nunca aceita perder? – Ele indagou de testa franzida e Julie parou e fingiu pensar uma resposta.

_Nunca. – Respondeu com toda sinceridade.

_Tudo bem. Posso conviver com isso. – Ele ergueu os braços como se rendesse e os dois começaram a rir. Às vezes Logan se sentia tão adolescente quanto ela. _ Agora esta na hora de você ir para cama não posso me atrasar no hospital tentando acordar você.

_Você vai dormir comigo? – Logan não entendeu aquilo como um convite sugestivo, mas ambos sabiam o que aquilo queria dizer.

_Você sabe que durmo no sofá. – Ele deu um sorriso amarelo e Julie revirou os olhos.

Ela se levantou do sofá. Logan respirou aliviado pensando que Julie havia desistido. Eles não podiam fazer aquilo... Outra vez. Logan podia ser preso e podia perder o emprego no hospital. Julie era linda, mas era apenas uma menina. Se aconteceu da outra vez foi porque... Droga! Porque apesar daquele jeito de menina travessa e cheia de respostas ele a desejava, ele a amava. Ele havia quebrado as próprias regras. Havia se apaixonado por uma paciente.

Logan não sabia ou não aceitava, mas havia se apaixonado por Julie desde que ela abriu os olhos depois de ter sido atropelada por um carro e levada em estado grave ao hospital. Dois dias depois quando acordou e o viu, a primeira coisa que ela falou foi “Médicos ficam sexy de jaleco.” ao invés de perguntar “O que estou fazendo aqui?”. Ela nunca se deixava abalar por nada e tinha uma resposta para tudo.

Julie passou um mês no hospital, nenhum parente veio visitar, nem podiam, ela não falava o seu nome para ninguém e não tinha nenhum documento consigo. O hospital só a deixou ficar porque eu disse que me responsabilizaria. Então quando Julie já estava bem o suficiente teve que sair do hospital. Eu perguntei para onde ela iria quando fosse embora, mas Julie apenas deu de ombros e saiu do hospital. Eu a segui. Não sei bem o porquê, mas senti que devia. Ela era apenas uma menina, mas parecia ter vivido tanto. Então depois de tanto andar em direção a lugar nenhum Julie se cansou e sentou em um banco de praça. Eu tentei me aproximar, mas quando me viu Julie tentou fugir. Eu a segurei e disse que só a soltaria quando me contasse a verdade.

Julie foi obrigada a confessar que a mãe morreu de câncer e que o padrasto a expulsou de casa. Estava tentando sobreviver nas ruas, mas foi atropelada por um carro. Eu não podia deixar uma adolescente sozinha em uma cidade tão grande e perigosa como New York. Eu não sabia o que estava fazendo, mas a deixei ficar em meu apartamento.

Seu padrasto não se importou em abandonar uma adolescente de 16 anos com um desconhecido de 26 anos. Ele não merecia a guarda dela. Então hoje completou-se um mês que moro com Julie Burns. Nunca passou pela minha cabeça me apaixonar por uma adolescente, mas era impossível conviver com alguém como ela e não se apaixonar.

No começo eu resistia as suas investidas, que não eram poucas. Ela deixava claro não se importar com nossa diferença de idade. Julie era uma garota livre, cheia de opiniões e nunca desistia de conseguir o que quer. Ela era o meu total oposto. Eu sempre fui tímido, reservado e certinho. Nada podia fugir do meu controle. Eu nunca me permitia fazer algo irresponsável ou que estivesse fora dos planos. Julie foi a minha grande ironia do destino...

_Você vai dormir comigo? – Ela atrapalhou os meus pensamentos enquanto caminhava em direção ao meu quarto.

_Eu não...

Quando olhei para a porta do quarto Julie estava de costas para mim. Na luz fraca da televisão vi quando ela tirou minha camisa do seu corpo e a jogou no chão. Julie ficou apenas de calcinha de renda branca. Depois soltou os cabelos ruivos deixando-o cair em cascatas pelas costas contrastando com a pele branca e frágil. Ela ficou parada na porta por um tempo depois entrou no quarto como se estivesse me convidando.

E eu? Eu afrouxei o nó da gravata e respirei fundo. Eu não sabia como seria o futuro, mas sei o que aconteceria no presente. Eu faria amor com minha adolescente mal criada e cheia de opiniões. Porque quando estávamos sozinhos não havia uma adolescente e um médico. Havia apenas Julie e Logan. E eu podia ficar feliz com o que temos no presente.

_Você vai dormir comigo? – Ela gritou do quarto.

_Você nunca aceita perder? – Fui puxando a minha gravata e desabotoei minha camisa social.

_Nunca! – Gritou de volta.

FIM