Making Love Out Of Nothing At All escrita por hidechan


Capítulo 7
Capítulo VII: E então sei muito bem quando sonhar.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que leram até o final s2.

Ah.. terminar uma fic trás um vazio imenso... #deprimida.



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Cinco meses parece muito tempo para você? Olhe para sua vida atual, olhe para o seu passado. Quantas vezes seus romances duraram alguns meses e tiveram um fim repentino? Agora, olhe outra vez, algum deles ainda fazem parte de você? Podem não estarem juntos, mas aqueles bons momentos lhe fazem refletir vez ou outra, você se pega lembrando de seu sorriso ou das palavras doces. Seu corpo pede pelo calor, o sexo era incrível, não?

Cinco meses, e agora, quanto tempo parece pra você?

Para Aomine Daiki cinco meses e pouco foram o suficiente para ele se apaixonar, mesmo com todas as outras possibilidades ao seu redor, apenas Kagami Taiga fora o suficiente. Teria sido uma bela história de amor se ao final daquele tempo ele não tivesse a desilusão de ter tal amor não correspondido; bom, não que isso fosse um motivo perfeito para que seu coração deixasse de ser estúpido. Lógico que ele o amou por muito mais tempo, tentando e se machucando, como se cuidasse de uma linda rosa vermelha. Brega? O amor é brega! Rosas, espinhos e tudo mais que possa se encaixar na situação.

Colégio Toou – 19:30 pm. Sexta-Feira.

– Só você pra estudar nesse colégio idiota, com festa de formatura em plena Sexta-Feira duas semanas depois da formatura de todas as outras escolas. Ahomine _e apesar do insulto seu sorriso mostrava todos os dentes.

– Cala boca, você veio porque quis _ajeitou sua gravata azul marinho usando o celular como espelho _caralho, estamos praticamente no final do ano, por que esse calor todo? _bufou se abanando com a mão livre.

– Não está calor _deu os ombros _vamos logo, sua cerimônia já começou.

Os amigos passaram discretos pelos portões de zinco da quadra e ocuparam um par de cadeiras na ultima fileira. O diretor no momento motivava seus formandos e agradecia pela boa disciplina naqueles três longos anos, Aomine não parecia nenhum pouco interessado, porém manteve seu olhar voltado para o palco demonstrando sua boa educação. O colégio Toou tinha como tradição realizar uma segunda comemoração algumas semanas após a colação de grau oficial, era uma festa simples para o terceiro ano com direito a comida e música. Os pais geralmente não se faziam presentes e aquilo, para muitos, marcava uma sutil passagem para a vida adulta.

Taiga e Daiki não davam a mínima para ‘tal ritual’, já se sentiam muito mais maduros do que qualquer um ali. Convencidos é claro. Ainda assim foram para encontrar Momoi e desfrutarem dos últimos momentos juntos.

– Ele é Dj _comentou o moreno se exaltando por um segundo.

– Quem? _murmurou tentando não chamar mais atenção do que já chamava graças a seus cabelos ruivos e altura desmedida.

– O diretor, ele toca numa das casas noturnas do Akashi, descobri a pouco tempo _riu de leve _muito descolado.

– Opa, muito radical seu diretor _prestou atenção no homem que agora se despedia de todos: cabelo comprido, tatuagem fechando o braço esquerdo, porte de atleta. Com certeza nem de longe parecia o diretor de um colégio tradicional japonês.

Quando finalmente o falatório cessou e as pessoas se dispersaram no salão atrás de comida, bebida e claro, de alguma companhia, ambos deixaram a quadra procurando um lugar reservado. Aomine e seu péssimo novo-velho vício: cigarros.

– Para com isso _reclamou Taiga pela milionésima vez.

– Já fumava antes _explicou com o tabaco nos lábios, procurou o isqueiro no bolso da calça social _mas parei porque você não gostava, não lembra mais?

– Continuo não gostando _cruzou os braços _...na real eu gosto, mas sabe que nos faz mal.

– Quando eu jogava sim _acendeu sentindo o gosto forte invadir sua boca e de imediato a sensação confortante do ato _e quando eu pegava você também, mas isso faz tempo uh?

– Dois meses, babaca _arrancou-lhe os cigarros dos lábios colocando nos próprios _sei fazer argolas.

– Com cigarro?! Narguile ainda vai.

– Observe perdedor.

O ruivo soltou duas pequenas argolas no ar, a quantidade de fumaça era pouca mesmo assim Daiki sentiu inveja. Fez uma careta recuperando o cigarro e junto dele um selinho.

– Isso significa que teremos uma despedida, certo?

Eles se entreolharam, dois meses atrás, depois da confissão de Daiki e tudo mais, quem decidiu não mais frequentar a cama do ruivo, fora o próprio Daiki. Como prometido, Taiga não o impediu – nem pediu para que voltasse – passaram aquele meio tempo apenas jogando. O moreno o ensinou tudo que sabia sobre basquete deixando assim seu legado nas mãos habilidosas do camisa dez (e nas mãos daquele que ama).

– Claro _respondeu por fim sorrindo de leve, sentiu a ansiedade lhe tocar o peito, de fato sentia ainda muita vontade do outro.

– Certo _tragou um ultima vez antes de jogar a bituca no lixo _vamos dançar logo com a Momoi e vazar. Duvido que consiga ir sentado até a América amanhã _cantarolou ganhando uma ameaça de soco direto no meio da cara.

– Cala boca, Aho! Duas rodadas de cada.

– Duas de cada?! Não, não. Vamos embora agora.

– Agora _repetiu a palavra do amigo concordando imediatamente.

O clima entre eles não era mais de tranquilidade, mas sim de pura tensão sexual e isso demandava que ambos saíssem para algum lugar reservado imediatamente – caso contrario acabariam transando nos fundos da quadra mesmo. O tempo longe (e ao mesmo tempo não tão longe assim) um do outro pareceu deixar todo seu peso naquelas palavras, Taiga iria para Los Angeles em menos de 12 horas e Daiki ainda tinha muito tesão para gastar. Era a despedida definitiva. Claro que não era somente desejo sexual que contava ali... ok, naquele exato momento era sim, mais tarde o moreno pensaria no seu coração.

Que se foda!

Eu sei muito bem como sussurrar
E sei exatamente como chorar
Eu sei bem onde encontrar as respostas
E sei muito bem como mentir
Eu sei como fingir e sei como tramar
Eu sei a hora de encarar a verdade
E então sei muito bem quando sonhar

–------ + -------------

O celular de Daiki estava jogado sobre o sofá, com a tela virada para baixo e no silencioso. Momoi cansou de ligar desistindo na quarta tentativa, não era para menos, seus amigos simplesmente sumiram após o discurso do diretor.

No quarto, depois de terem se livrado da roupa no corredor e de Taiga ter praticamente gozado na parede, eles tinham a segunda rodada de forma sensata, na cama. Dessa vez o ruivo procurou não se descontrolar e provocava o outro sentando lentamente em seu colo.

– Vai Taiga _implorou _você já gozou uma vez, eu não!!

Seu quadril se moveu para cima procurando maior contato, Taiga recuou minimamente.

– Calma, nunca quis ter um orgasmo duplo?

– Foda-se, senta com força agora _moveu seus braços, em vão, tinha sido preso à cabeceira da cama por um par de gravatas.

O ruivo obedeceu chegando até o fundo e aproveitando para rebolar em seguida, Daiki flexionou os joelhos como reflexo.

– Isso!

A tortura continuou e continuaria até Taiga achar que Daiki já merecia se aliviar pela primeira vez naquela noite. O moreno gozou dentro de si gemendo de forma contida, com os olhos e o punho fechados sobre a cabeça; ele mal relaxou o corpo quando sentiu uma das pernas serem levantadas sobre o ombro de Taiga.

– Segundo round _cantarolou lubrificando a entrada do outro com o sêmen que escorria por entre suas pernas.

– Calma ae, Taiga _disse entre ofegos.

– No time.

Um dedo, dois dedos, estímulos no local certo e logo estava fazendo o que sabia fazer de melhor. A noite enfim duraria até o dia seguinte.

Não pregaram os olhos, separaram os lábios quando o despertador soou pela segunda vez avisando que o ruivo estava realmente atrasado para o voo. Taiga correu para o banheiro tomando uma ducha rápida junto do companheiro, juntou de qualquer jeito as roupas e lençol sujo deixando tudo num canto (uma empregada viria para limpar o apartamento). Vestiu o jeans preto e a Hollister vermelho sangue previamente separados, alcançou sua bolsa sobre a mesinha de estudos, agora vazia, e olhou ao redor.

– Pegou tudo?

– Peguei _Daiki olhou para si no espelho preso na parte interna do guarda roupa, não passara por sua cabeça levar roupa extra, então iria embora vestindo calça social e camisa, camisa essa que teve suas mangas dobradas até a altura do cotovelo.

– Qualquer coisa eu te aviso quando vier a mocinha da limpeza e peço pra ela deixar suas coisas na portaria.

– Relaxa _murmurou espiando pela janela uma ultima vez _puta sol.

– Sim! Está um dia bom.

Assoviou qualquer coisa tirando os óculos escuros da caixinha e os pendurando na gola da camiseta.

– Bora?

– Bora.

Desceram até a portaria, Taiga cumprimentou o porteiro da manhã e esperou pelo taxi recostado na parede da construção, do lado de fora do portão. Abraçou Daiki pela cintura capturando-lhe os lábios.

– Fique bem, te aviso quando chegar.

– ... _pensou em todas as respostas, mas sua garganta fechou, era o amor de sua vida indo embora afinal. Sem nenhuma promessa.

– Obrigado por tudo, Aomine.

– Idem. Nem acredito que você está indo embora para o outro lado do mundo _”parece uma tremenda piada de mal gosto” Completou em pensamentos.

– Hn _concordou com um breve resmungo _vai ser diferente estar lá depois de três anos no Japão. Vai ser estranho sem você também!

Era visivelmente um consolo, Taiga estava agradecido de coração pelo treinamento dos últimos meses e tentou o impossível para se despedir de forma que deixasse o moreno confortável, mesmo assim passou por seus pensamentos o quanto estava soando insensível, Daiki não precisava de nenhum consolo, o que ele precisava Taiga infelizmente não podia oferecer.

– Vou sentir sua falta _continuou agora com carinho em seus cabelos _foi o melhor ano dos três. De verdade.

– ...obrigado, Taiga. Faça... uma ótima viajem _observou o taxi se aproximar com o canto dos olhos _e tenha um bom recomeço na América.

– Não vá se tornar um policial corrupto! _disse sorrindo, acomodou a mochila no banco traseiro e entrou em seguida _tchau, Aomine, em algumas horas dou sinal de vida.

– Tchau Bakagami, fico esperando.

O moreno fechou a porta do carro como cortesia, se entreolharam uma ultima vez antes do taxi partir.

– Obrigado mesmo, Daiki _murmurou desprendo os óculos escuros da camisa e limpando as lentes de forma distraída.

Ficava para trás bons momentos, lindos sorrisos, disputas maravilhosas de basquete, horas na cama transando ou simplesmente fazendo nada. Aquele último ano no Japão significou para si muito mais do que uma passagem nos estudos ou adolescência, marcou sua vida para sempre. Guardaria com carinho cada lembrança, tanto dos senpais, quantos dos amigos precisos. Aomine Daiki com certeza se tornou a pessoa mais cara para si, não trocaria o tempo que passaram juntos por nada no mundo! Não se arrependia de estar indo embora, mas duvidava que fosse encontrar alguém que o confortasse dessa maneira.

Colocou os óculos tirando o celular do bolso do jeans, falar com Daiki nunca era demais, mesmo depois de ficarem mais de 12 horas acordados e juntos ainda sentia que não fora o suficiente. O peso nos olhos o forçava a descansar, seu corpo estava relaxado ao extremo, ainda assim algo dentro de si gritava para ficar mais um dia.

“...”

Ficou a fitar a tela enfeitada com as reticências, o que diria? Qualquer coisa seria o suficiente, só queria ficar com ele mais alguns segundos, conversar até cair no sono.

“...tirei uma foto sua ontem a noite”

Anexou a foto de Daiki com a roupa social (e quase babou), estava um pouco no canto da tela e desfocada, ainda assim delicioso demais.

“Idem”

Foi a resposta que recebeu. A conversa então teve inicio mais uma vez.

Sei quando devo puxar você para perto
E sei quando devo soltar você
E eu sei que a noite está acabando
E eu sei que o
tempo vai voar
E eu jamais vou te dizer
Tudo que tenho para te dizer

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Fazendo amor em troca de nada

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Algum tempo depois

A ultima vez que conversara com Taiga fora no Sábado, o ruivo lhe deixara uma mensagem na rede social dizendo que já estava na América e depois daquilo simplesmente sumiu por alguns dias. Talvez estivesse ocupado, talvez só se protegendo do sentimento da saudade, não importava. Daiki deixou que aquilo tudo ficasse para trás.

Conversou com seus pais sobre a entrada no curso policial e fora prontamente atendido, com isso o basquete também acabou caindo no esquecimento, pouco a pouco seu tempo fora consumido pelos afazeres da nova profissão. A geração dos milagres, os campeonatos interestaduais, o time, tudo logo não passou de deliciosas lembranças.

De vez em quando seus amigos davam sinal de vida, como Kise aparecendo na capa de alguma revista ou Akashi nos noticiários da tv. Assim como eles, Taiga de tempos em tempos aparecia nos jogos de um pequeno time Americano (nada realmente promissor ainda) e com a mesma frequência, um contato nas redes sociais mandando um “olá, como você está?” num japonês todo errado. Nem parecia que já foram praticamente amantes, que os sentimentos naquela época pareciam ser a única coisa no mundo... aliás, o moreno tinha já a muito deixado de pensar em Kagami Taiga.

As vezes um sonho ou outro lhe fazia acordar excitado e o coração dava saltos ao se lembrar de palavras doces, porém não se deu motivos para chorar. Seguiu em frente simplesmente ignorando tal assunto. O que ele poderia fazer? Se recolher em casa e deixar de viver como a Bela em Crepúsculo? Faça-me o favor. Experimentou até pegar Kanade uma vez, a muito tempo atrás, infelizmente ‘mulheres’ nunca mais foram seu prato preferido, agora era assumidamente gay... bom, não que outros homens o satisfizessem por completo também (quem sabe um ménage da próxima vez? Pensou divertido). E era mais ou menos assim que seu ano passava, na completa rotina de uma vida nova.

Na verdade sentia como se tivesse voltado aos seus 16 anos, quando nada de interessante acontecia, apenas as mesmas coisas, os mesmos tédios. Não ter Taiga fez diferença afinal.

Será que não pensava mais em Kagami Taiga?

Mal sabia dizer quanto tempo tinha se passado desde aquele dia que voltara para casa, no sábado, de roupa social e cabelos ainda úmidos. Se lembra bem que entrou, cumprimentou seus pais, trocou de roupa e dormiu – dormiu por quase 13 horas seguidas assustando sua mãe. Assim que acordou, nada tinha mudado: seu quarto ainda era o mesmo, a roupa suja no canto, as sacolas vazias de compra jogadas debaixo da cama, sua mãe na cozinha batendo algo no liquidificador... seus sentimentos pelo ruivo. Coisas totalmente aleatórias que não mudaram em nada com a ida do mesmo para Los Angeles, então por que se sentia tão estranho? Quase derrotado. Passou a semana toda na esperança que algo desse errado e que Taiga voltasse, mas mesmo se ele voltasse ainda continuariam longe, não? E quando se cansou de pensar em coisas complicadas, apagou de sua mente tal assunto ou pelo menos tentava dia após dia.

Era como escrever um diário:

[...] e assim, acabou a história do meu primeiro amor de verdade. Apenas coisas que acontecem na vida.

E o que mais aconteceria daqui pra frente? Bom, quem sabe? [...]

Mas eu não sei como te deixar
E jamais te deixarei cair
E não sei como você consegue
Fazer amor em troca de nada


– Olhe! Encontrei no meio das minhas coisas, vou levá-la para Los Angeles.

– Amo seu sorriso, Taiga.

FIM


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