Hotaru No Hikari escrita por Lady


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/599267/chapter/1

Hotaru No Hikari

"Esse impulso de querer te ver...

Esse puro sentimento que me faz querer chorar...

Os vaga-lumes que voaram para o fogo do verão.

Não retornarão mais."

Hotaru no Hikari - Ikimono Gakari

Era assustadora e ao mesmo tempo bela a cena que desenvolvia-se a sua frente. O sol se pondo num espetáculo extraordinário, com cores que o homem sequer conseguia imaginar mesclarem-se na imensidão do céu. Agora, longe da cela de tijolos que se erguia como uma ingênua desculpa de "proteção", o jovem Jaeger podia contemplar uma das mais doces, deslumbrantes e românticas imagens. O grande astro de fogo escorria pelas nuvens com a mesma facilidade que a água chocava-se contra as ruínas que se empilhavam mais a frente do caminho do homem de cabelos castanhos. a Imensidão de água acumulada que seguia para muito além de sua visão tirou-lhe o folego; ainda mais quando, de olhos arregalados, pode presenciar em puro êxtase o sol tocar a água e, aparentemente afundar.

Diferente do que pensou, nada acontecera, exceto pelo tamanho da beleza daquela paisagem que, aparentemente, tornara-se muito maior e extravagante. Era a primeira vez que presenciava algo daquela magnitude, era a primeira vez que via algo tão incrível e surpreendente. Largando a única mochila que carregava no chão, desfazendo-se das botas e das cintas que lhe ajudavam com o aparelho tridimensional, Eren correu para onde um dia - ou assim ele imaginou - houve uma ponte. A água batia calma contra o solo firme da construção e quando os pés do rapaz entraram em contato com o liquido, este não pode deixar de sorrir ao sentir a frieza lhe trazer calafrio que apenas uma pessoa em toda sua vida fora capaz de lhe causar.

Sorriu, abaixando-se para tomar um pouco do liquido tão conhecido nas mãos e, quando o levou aos lábios, pode sentir o gosto do sal impregnado fortemente na água e quase riu diante disso. Armin tinha razão! Seu melhor amigo tinha razão, assim como aquele livro que eles haviam lido escondido quando eram crianças. Existia sim um lugar com muita água, e toda essa água era salgada.

Soltou uma risada baixa antes de se por de pé novamente e fitar o horizonte distante. O sol parecia cada vez mais bonito. As nuvens pintavam-se de dourado e laranja, misturadas a um branco puro e único, com simples e raros detalhes em verde-claro e o singelo azul frio, como os olhos do homem que tanto amou. E assim soltou um suspiro baixo, a risada morrendo e o sorriso afogando-se na tristeza e saudade. Sentia tanta falta do seu Heichou. Tanta saudade das palavras cortantes, dos olhos frios, dos toques quentes, dos abraços surpreendentes e dos beijos luxuriosamente selvagens. Amava seu superior e daria qualquer coisa para que o mesmo estivesse ali consigo, aproveitando a beleza que a natureza disponibilizava aos vivos, a aqueles que reinaram sobre as bestas colossais.

E num simples piscar de olhos uma lágrima escorreu solitária pela face corada do homem de cabelos castanhos. Já fazia pouco mais de três anos que despedira-se tão solenemente de seus amigos, de seu capitão, de sua irmã, de seu melhor amigo e do amor de sua jovem vida. Três tortuosos anos sangrentos onde, apenas alguns meses atrás, a humanidade provou que não apenas sobreviveria, mais que triunfaria sobre os titãs e sobre humanos aliados aos mesmos.

Naquele dia fatídico, em meio ao fogo e diante do corpo desfalecido de seus superiores, o soldado jurou por sua vida que levaria a humanidade a vitória; prometeu que, como a fera que era, enfrentaria seus iguais e os derrubaria. E ele cumpriu com sua promessa, apesar de que havia desejado perder a vida logo após isso, mas tal pedido jamais seria concretizado, não podia desfazer-se da vida que Levi protegera ao custo da sua própria, não podia ser tão malditamente egoísta. Mas doía estar ali, naquele maravilhoso lugar, sozinho. Sem Armin ou Mikasa, Hanji ou Erwin; mas acima de tudo, sem aquele denominado como "A Esperança da Humanidade", seu superior, seu Heichou, seu amante, seu Levi.

E por mais que se mantivesse forte, com um sorriso triste nos lábios enquanto em algum canto misterioso de sua mente podia sentir um suave toque em sua mão direita, as lágrimas ainda sim escorriam saudosas e sôfregas.

"Queria que pudesse ver isso Heichou... É tão incrível."

Confidenciou ao vento seu desejo. As pernas já bambeavam perante a fraqueza da saudade. Nunca conseguiu compreender por quer amara e amava tanto aquele homem pequeno, agressivo e maníaco por limpeza; nunca havia tentado compreender o próprio sentimento antes por que quando estava com o Rivaille tudo parecia fazer sentido enquanto, ao mesmo tempo, não precisava se preocupar com o fato de ser um titã, podia se sentir normal, podia se sentir humano, podia se sentir amado, e isso era o que lhe bastava naquela época.

"Eu não sei se vai me ouvir, mas... Eu amo você Levi."

Sussurrou logo após seus joelhos encontrarem o chão molhado, a água batia levemente contra suas coxas enquanto as lágrimas salgadas escorriam pela face chorosa e dolorida e uniam-se a água que se espalhava por toda aquela imensidão que tocava o sol.

Ajoelhado, de cabeça baixa, deixou a dor fluir com a solidão, através de lágrimas puras e gritos silenciosos. Nunca lhe conveio erguer a cabeça enquanto afogava-se no pranto, mas, talvez, se assim houvesse o feito, teria se surpreendido pelo par de orbes azuis claras - translucidas - que o fitavam penosas, apesar de transparecerem um sorriso terno e carinhoso.

O moreno afagou os fios castanhos, mesmo sabendo que aquilo não seria sentido pelo rapaz que tanto amava, mas Levi não se importou com isso, aquele garoto não era qualquer um, ele era Eren Jaeger, era um Titã, uma Besta, um monstro; ele era o homem por quem o Rivaille havia se apaixonado e se entregado, e com a mesma paixão e devoção ter sido recebido de braços abertos pelo ser que tantas e tantas vezes maltratou.

Abaixou-se, e mesmo sabendo que o homem de cabelos castanhos não o veria, sorriu, ainda mantendo a mão sobre os fios castanhos parcialmente bagunçados pela vista marítima. Fitou aquele pranto tão desesperado e dolorido por alguns segundos, antes de desviar a vista para o sol que encerrava o espetáculo daquele dia. O garoto tinha razão, era mesmo incrível aquilo tudo, e se estivesse vivo, não hesitaria em tomar o mais jovem nos braços e beija-lo com toda doçura que podia ter em seu coração; nunca havia feito algo assim e sabia que Eren seria pego completa e absolutamente desprevenido, e ficaria extremamente constrangido, o que até arrancaria risos de Levi.

Mas o homem de baixa estatura sabia que não estava vivo, sabia que não poderia mais abraçar, beijar ou tocar no garoto - bom, poderia sim o fazer, mas não significava que Eren sentiria algo, ou saberia de algo, então não adiantaria nada. Tudo o que poderia fazer era observar e zelar pelo castanho. Seria para ele, o que o menino inconscientemente havia sido para si quando estava vivo. Seu anjo da guarda. Sua razão de viver.

Voltou a se erguer, nunca retirando a mão dos fios castanhos, nem mesmo quando o rapaz já soluçava perante o choro alto. E com isso sorriu. Eren sentia tanto sua falta quanto Levi sentia falta das caricias do menino. Tudo o que podia fazer algo era esperar. E esperaria ao lado do Jaeger. Esperaria a eternidade se fosse preciso.

E então ergueu o olhar para o céu que agora tingia-se de tons escuros. A noite chegava silenciosa.

"Eu também te amo... Eren."

Fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenha ficado bom.
Essa one pode ser considerada a continuação da minha primeira one de SNK, Red Like Roses, quem estiver interessado pode dar uma olhada nela no meu perfil.
Bye.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hotaru No Hikari" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.