Eu amo o jeito que você é

Essa é quem eu sou, não tem que se esforçar

Nós sempre dizemos “fale como isso é”

E a verdade é que eu realmente sinto sua falta

~Pov Meg

Eu ainda estava sentada no campo e teria ficado lá o resto do dia. Não estava chorando mais, estava apenas perdida em meus pensamentos até que alguém se sentou ao meu lado. Quando me virei lá estava Greg, eu não queria falar com ele, então me levantei indo em direção ao meu quarto, mas ele me puxou, fazendo-me ficar.

–Está tudo bem?

–Estava melhor antes de você se aproximar de mim. –Respondi.

–Meg aquilo foi preciso, eu não...

–Foda-se, eu já disse que queria que ficasse longe, não disse? Não entendi por que não ficou, agora me solte antes que eu comece a gritar dizendo que você está me batendo.

–Não faria isso.

–Quer arriscar? –Eu perguntei levantando as sobrancelhas e ele bufou, me soltando.

Quando eu dei as costas em direção ao meu quarto o idiota voltou a falar, eu teria continuado meu caminho, mas aquilo realmente me interessava.

–Sua mãe e sua tia estão aqui. –Eu cruzei os braços me virando e encarando-o. –Se não acredita tudo bem, quer a prova? Vá até a sala do diretor, as duas estão lá.

Eu revirei os olhos e voltei a seguir o meu caminho. Quando cheguei ao meu quarto me vesti rapidamente, eu não estava com fome e sim curiosa, como Liam sabia que elas me buscariam? Por que minha mãe mudou de ideia sobre me buscar justo agora? Estranho, deve ter acontecido alguma coisa ou então ela finalmente percebeu que eu estou ótima e não preciso ficar aqui.

Me vesti rapidamente colocando minha camisa da Inglaterra, um short e um casaquinho e segui para a sala do diretor. As duas realmente estavam lá conversando com ele, pareciam muito tensas e minha mãe também parecia irritada.

Eu estava de frente para a porta quando comecei a ouvir o que eles estavam falando. Queria saber o que elas estavam fazendo ali, e a raiva de minha mãe estava fazendo-a quase gritar, facilitando que eu ouvisse o que estavam dizendo.

–Não Narcisa eu não acho que ela mereça saber por que esse garoto só trouxe problemas pra nós! Ele tentou sequestrá-la! E eu me lembro como fiquei depois do Henry, não a quero assim!

–Eu entendo sua raiva, mas eu espero que entenda que o garoto é especial para a Meg e que ele foi o responsável pela melhora dela, ela tem que saber. E vamos combinar, a garota já está bem o suficiente para voltar pra casa, não precisa ficar presa aqui nem mais um dia. Os relatórios dizem que ela não está mais se automutilando e que está se alimentando bem, não vejo motivos para trancafiá-la aqui.

–Narcisa ela é minha filha e eu sei o que é melhor pra ela!

–Eu sei, eu sei, mas se você não tirá-la daqui eu a tiro. Meg é como uma filha pra mim e trancafiála numa clínica nunca foi um bom jeito de fazê-la melhorar.

–Está ameaçando tirá-la de mim?!

–Não, eu estou dizendo que sei o que é melhor para ela e que eu não ligo de fazer isso porque eu quero a minha sobrinha bem, então ou ela vai pra casa com você ou ela vai pra casa comigo.

–Isso é um absurdo!

–Um absurdo é você deixá-la aqui sem necessidade e sem saber o que está acontecendo! –Disse minha tia cruzando os braços.

–Ela pode piorar e eu não quero isso!

–Me contar o quê? – Perguntei entrando na sala e cruzando os braços, as duas suspiraram se encarando e minha mãe se sentou. –Aconteceu alguma coisa não é? O que foi?

–Meg sente-se, por favor, isso não vai ser fácil de ouvir. –Pediu minha tia, mas eu não consegui me mexer com medo do que estava vindo pela frente.

–O que houve?

–Diga Narcisa, quem me obrigou a vir até aqui foi você, o minimo que pode fazer é falar! –Disse minha mãe irritada.

–Tudo bem. –Minha tia respirou fundo parecendo escolher as palavras. –Eu sei que você e Liam estavam bem... Próximos antes de serem proíbidos de se encontrar ou até mesmo de trocar cartas. Nesses dois meses vinham acontecendo muitas brigas nas casas dos Thompson inclusive por causa do bebê que o pai dele teria com a madrasta.

–E como ele está? –Perguntei preocupada.

–Ele foi até a mansão conversar com Draco essa semana e eu percebi que não estava nada bem. –Meus olhos se encheram de lágrimas pensando em como ele estaria agora. Será que elas haviam me buscado para dizer que eu poderia vê-lo novamente para que eu o fizesse ficar bem? - Então hoje de manhã nós recebemos a notícia de que ele... E-ele ingeriu em grande quantidade a poção do morto-vivo sendo e... Ele não vai acordar Meg.

–E-ele se matou? –Perguntei deixando minhas lágrimas caírem. Minha tia abaixou a cabeça assentindo devagar. –O Liam se matou?! –Repeti a pergunta não acreditando no que minha tia estava me dizendo.

–Sinto muito querida. –Ela murmurou e eu me levantei correndo rapidamente até o campo.

Eu precisava ficar sozinha, pensar no que acabaram de me falar e no que aconteceu ontem à noite, no sonho, no pressentimento ruim que tive. Ele estava se despedindo, por isso entrou em meus sonhos e me disse tudo aquilo, mas por que prometeu me encontrar mais uma vez quando jamais cumpriria a promessa?

Eu precisei dele inúmeras vezes e em todas ele estava comigo mesmo que por meio de cartas, havia salvado a minha vida muitas vezes, me mostrou que eu sou melhor que todos que me julgam e que fazem eu me sentir como a pior pessoa de todas, me mostrou que eu posso amar e ser amada, mas quando ele precisou de mim eu não estava lá.

Eu sentia como se tivesse falhado com ele, estava esperando acordar a qualquer momento daquele pesadelo horrível porque nada mais seria o mesmo sem Liam. Eu sabia que iria piorar sozinha e que sem ele para impedir minhas crises eu acabaria como quando resolvi tomar aquelas poções e dar adeus à essa vida. Eu só queria vê-lo mais uma vez, mas eu não posso. Será que se eu estivesse por perto ele teria feito isso? Será que eu poderia tê-lo impedido?

Eu não queria acreditar no que tia Cissa havia me dito, queria apenas saber por quê! Queria ouvir o que o fez fazer isso, não a versão que contaram às pessoas, a verdadeira versão, a versão que somente Liam sabia.

Eu só queria poder trazê-lo de volta pra mim, para que eu pudesse abraçá-lo, dar um beijo de despedida e implorar para que ele ficasse aqui comigo e para que me dissesse que tudo isso era mentira.

Eu estava sentada abraçada às minhas pernas enquanto chorava e pedia mais uma vez para que nada fosse real, que eu ainda estivesse naquele hospital após tomar todas aquelas poções e que Liam ainda estivesse bem. Minhas mãos estavam tremulas e eu soluçava muito.

Foi quando eu ouvi passos atrás de mim, me virei esperando que fosse ele, pedindo por isso, mas quem estava lá era minha mãe, tia Cissa e o diretor da clínica, então eu escondi o rosto mais uma vez ao receber os olhares preocupados.

Todos aqui sabiam que eu não aguentaria mais isso, que eu iria desmoronar sem ele, só estavam esperando acontecer, até eu sabia. Sem Liam eu perderia o controle mais uma vez e talvez acabaria me perdendo.

Levei minha mão até o colar que ele me deu no dia do baile e chorei mais. O dia do baile foi quando eu realmente tive certeza que o amava e que ele me amava também, mas talvez fosse só isso, talvez eu fosse a garota destinada a sucumbir a tristeza depois de perder o único amor que se mostrou bom.

Eu me lembro de todas as coisas malucas que você disse

Você as deixou passando pela minha cabeça

Você sempre estava lá, você estava em toda parte

Mas agora eu só queria que você estivesse aqui

Todas aquelas coisas malucas que fizemos

Não pensamos a respeito, apenas fomos na onda

Você sempre estava lá, você estava em toda parte

Mas agora eu só queria que você estivesse aqui

Liam Thompson

1980 - 1996