Ouça, ouça

Eu aceitaria um suspiro se

Isso é tudo o que você tem pra dar

Mas não é, não é

Você poderia vir e me salvar

Tentar perseguir a loucura dentro da minha cabeça

~Pov Meg

Bati na porta da sala do doutor Trevor e ele me disse para entrar e assim eu o fiz. Me sentei na cadeira de frente para sua mesa e ele me estendeu um envelope.

–Sua mãe mandou essa carta para a senhorita. –Eu peguei o envelope pensando que seria só aquilo, mas ele continuou a falar. –Aconteceu alguma coisa?

–Não, está tudo bem. –Falei forçando um sorriso e me levantando, pronta para ir embora. Confesso que não sou muito fã de médicos. –Obrigada pela carta.

–De nada. –Ele sorriu. –Por que está de blusa? Está um dia tão lindo lá fora.

–Estou com frio. –Falei já entrando em pânico. Será que ele me pediria para levantar as mangas para fazer algum exame? Só de pensar meus olhos se encheram de lágrimas e acho que ele percebeu o meu nervosismo, já que se levantou e pegou uma das minhas mãos, subindo a manga e se deparando com as minhas novas cicatrizes.

–Tem certeza que não aconteceu nada?

–Por favor, eu... –Minhas lágrimas já caiam, eu não sabia o que dizer. Pedir desculpas? Não, eu não lhe devia desculpas, não devia nada, eu nem ao menos queria estar ali. Eu só queria ir embora e encontrar Liam, o meu porto seguro. –Como soube?

–Você disse que estava com frio. Se usasse qualquer outra desculpa eu a deixaria ir, mas você usou a que todos usam. Eu sou um especialista Meg, trabalho com isso há anos.

–O que vai fazer?

–Preciso conversar com meus colegas de trabalho. Como conseguiu uma lâmina?

–E-eu não usei uma lâmina, usei vidro. –Menti.

Liam me disse para me livrar da lâmina só quando eu estivesse pronta, se não eu enlouqueceria. O que aconteceu ontem a noite prova que eu não estava, então eu achei melhor deixa-la comigo. Eu faria isso quando eu sentisse que deveria.

–Você pode se sentar e esperar, por favor?

Eu balancei a cabeça assentindo, eu sabia que não adiantaria fugir, eles me encontrariam e provavelmente falariam para minha mãe que a filha maluca fracassou mais uma vez.

*-*

Depois de uma hora esperando, sentada no corredor enquanto todos os meus médicos conversavam, apenas Greg saiu da sala e veio até mim. Os outros simplesmente foram embora seguindo pelo corredor.

–Pode vir comigo? –Eu balancei minha cabeça assentindo e segui com ele até o jardim. Lá nos sentamos e meus olhos se encheram de lágrimas. –Por que fez isso?

–Porque... –Mas eu não terminei, apenas me lembrei do que houve. Eu não queria falar com ninguém, eu só queria ficar sozinha. Era difícil entender isso? –Eu não sei. –Murmurei. –O que vão fazer?

–Primeiramente vão escrever á sua família e decidimos que você não está pronta para voltar pra casa no Natal.

–O QUÊ?!

–Entenda Meg, nós queremos o seu bem, e Trevor disse que seus braços estão completamente marcados, eu não duvido disso. Você teve uma recaída e poderia ter morrido por causa dela.

–EU SEI QUE EU PODERIA TER MORRIDO OKAY?! EU SINTO MUITO! –Me levantei nervosa. –SABE POR QUE NÃO MORRI?! PORQUE LIAM ME ENCONTROU E CUIDOU DE MIM! EU PRECISO DELE, ACHAM QUE ME DEIXAR AQUI VAI AJUDAR?! EU VOU ME DESFAZER SE CONTINUAR PRESA AQUI DENTRO!!

E depois disso eu corri até o meu quarto deixando Greg sozinho. Eu ficaria mais tempo sem ver o único que poderia me fazer sorrir, e eu sei que precisava dele mais do que tudo agora.

Ouvi um barulho vindo da janela e a abri. A coruja de Liam, Jey deixou uma carta cair aos meus pés e parou ao lado de Aiko. Eu rapidamente peguei aquela carta e a abri, eu precisava dizer a ele pra me tirar daqui, eu precisava sair e respirar, eu me sentia em um inferno e não sei o que faria sem ele pra me salvar.

Minha Rainbow,

Acabei de chegar e corri para te escrever essa carta, assim como prometido eu escreverei. Como estão as coisas aí? Ainda está sentindo dores?

Me desculpe pelo modo que saí, eu não queria que fosse assim, mas... Eu não sei, não confio nele e não a quero com ele entende? Não o acho bom pra você mesmo não tenha o conhecido.

Okay, não vamos mais falar disso, não quero me estressar. O clima aqui em casa está bom pela primeira vez em anos. Meu pai nem se importou que eu saí e fiquei fora a noite toda. Acho que ele não vê a hora de se livrar de mim por uns dias, e isso vai acontecer logo.

Não vou fazer nada de ruim, relaxe. É uma surpresa pra você.

Essa noite que passei com você foi a melhor de todas, ela me ajudou a perceber que demônios se apaixonam, mas a coisa mais maluca disso não é que eles se apaixonam de fato, é que eles se apaixonam por anjos.

Enfim, de qualquer forma eu já falei mais do que deveria de novo, então é melhor que eu pare por aqui hahahahaha

Beijooos meu anjooo

Liam

Peguei uma pena e um pergaminho e corri para escrever pra ele, mas ouvi algumas batidas na porta. Batidas essas que eu ignorei, sabia que era o Greg e eu não queria vê-lo. Tudo bem dizer para minha mãe que eu fracassei de novo, mas me impedir de ir pra casa no Natal? Isso já é demais.

Meu Liam,

As coisas aqui estão péssimas, me arrependi de deixa-lo ir embora tão cedo, eu queria tanto você comigo de novo! O doutor Trevor viu minhas cicatrizes hoje, e como resultado disso eu não poderei voltar pra casa no Natal e eles contarão tudo para minha mãe.

Sinto muito, eu queria ver você, seria um Natal perfeito. Não está brava comigo por causa do Greg está? Nós não temos absolutamente nada, e agora estamos brigados. Ele foi um dos que votou para que eu ficasse aqui no Natal. Eu só quero ir embora daqui! Me tire daqui Liam, eu te imploro!

Eu só... Eu estou com vergonha e com medo, só isso! Por favor, não me deixe aqui sozinha, venha me buscar, minha mãe nem vai notar, ela ao menos me escreveu esses dias!!

Como assim “isso vai acontecer logo”? LIAM THOMPSON O QUE ESTÁ PENSANDO EM FAZER?! Surpresa?! Não, não, não me deixe curiosa idiota! Hahahahaha’

Sim, demônios se apaixonam por anjos, assim como anjos também se apaixonam por demônios. E o objetivo desse anjo é trazer a luz de volta para a vida do demônio, tornando-o mais forte. Os anjos nunca desistem.

Beijoos amooor!

Estou com saudades.

Rainbow

Eu nem escutava Greg me chamando, e se escutava eu ignorava. Não queria mais falar com ele, mas eu sabia que ele não desistiria enquanto eu não abrisse a porta. Entreguei a carta para Aiko e assim que a coruja voou eu resolvi falar com Greg que eu não queria mais conversas fora do horário da consulta.

Ele não tinha direito nenhum de fazer o que fez, e eu queria que ele soubesse disso, então eu me levantei e abri a porta, deixando-o entrar.

Eu estou no limite e estou gritando o meu nome

Como um tolo em plenos pulmões

Às vezes, quando eu fecho os olhos eu finjo que estou bem

Mas nunca é o suficiente

Porque o meu eco, eco

É a única voz a voltar

Minha sombra, sombra

É o único amigo que eu tenho