Notícias da Madrugada escrita por EviGrangerChase


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma pequena one-shoot, cuja ideia me surgiu repentinamente. Ela não terá continuação, mas espero que pelo menos digam o que acharam sobre ela. *.*



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A meia-noite havia passado há várias horas, mas o misterioso senhor continuava a caminhar apoiado em sua bengala.

Era uma noite fria e escura, sem lua nem estrelas. O vento inexistente era gelado, e o silêncio era quase absoluto. Os únicos sons provinham dos passos lentos do velho senhor e do barulho seco da madeira ao bater no chão que ecoavam na rua vazia.

O senhor vestia calças pretas, cuja barra inferior era constantemente pisoteada por seu sapato preto e lustroso. Usava uma camisa verde escura, de botões e mangas curtas. O frio parecia não incomodar o velho. O tempo havia levado o louro dos cabelos, deixando-os ralos e finos, da cor da neve. Mas se os cabelos e as rugas no rosto revelavam a idade avançada, os olhos azuis continuavam brilhando com a mesma sagacidade e inteligência que tiveram durante todos os seus 87 anos.

Mais alguns passos e o senhor parou em frente à casa que tanto amava. Uma casinha simples e modesta, com a pintura azul e branca começando a descascar.

Empurrou o portão da frente sem esforço. Estranhou ao não escutar seu rangido, anteriormente ensurdecedor. Passou tranquilamente por ele, fechando-o em seguida.

Contou seis passos pelo caminho de pedra até chegar à pequena escadinha que o levaria a uma espaçosa sacada e em seguida até à porta da frente.

As costas ligeiramente curvadas pela idade não doeram pela primeira vez em muito tempo ao subir os degraus. Quando chegou a sacada, não precisou retomar o fôlego, algo que começou a assustá-lo, pois sofrera a vida inteira com a asma, que piorara terrivelmente na velhice.

A porta estava curiosamente destrancada. O senhor entrou na casa silenciosamente e quase tropeçou em alguns móveis que estavam revirados pela sala de estar. Desviando-se da bagunça e atravessando o cômodo, caminhou até a cozinha.

Apesar dos passos leves, as tábuas do chão rangiam de forma agonizante. A porta que ele deixara aberta começava a fechar lentamente. Um ruído agourento vinha das dobradiças. Um arrepio percorreu seu corpo.

A mesa da cozinha estava entulhada com recortes de jornais. Uma vela queimava solitária sobre eles. Caminhou até eles, tentando evitar ao máximo acordar alguém que estivesse dormindo. Pelo que sabia, sua esposa deveria estar dormindo, pois gostava de levantar cedo.

A luz fraca da vela o permitia ver que todos os recortes pareciam falar sobre a mesma notícia. A foto de um carro destruído estampava a maior reportagem. Os nomes das vítimas saltaram sob seus olhos. Sua adorável esposa e seus dois filhos gravemente feridos, no hospital, à beira da morte.

Mas o que mais chamou sua atenção foi a foto da única vítima fatal. A sua própria.


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