Beijado pelo Pecado. escrita por Giovanna Luiza


Capítulo 1
Único.




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Eu nunca gostei de fazer aniversário. Não por nenhum motivo dramático, como se a ideia de envelhecer me assustasse ou então que mais um ano no mundo não deveria ser um fato para ser comemorado – como Joe uma vez disse em seus anos de adolescente revoltado. Eu só não gostava. Pura e simplesmente. Um dos muitos psicólogos que visitei ao longo dos meus sessenta anos de vida me dissera que talvez eu não gostasse da ideia de ter se passado mais um ano e eu não ter conseguido atingir as expectativas que me acompanhavam desde o nascimento. Quase soquei-o. O doutor provavelmente estava certo, mas me fez parecer muito mais dramático do que eu gostava de aparentar.

Já eram dez da manhã. Meu telefone não tocara uma única vez, não que eu esperasse isso. A única pessoa que ainda se importava o suficiente comigo para desejar um feliz aniversário não iria acordar antes das três da tarde. Acendi um cigarro e como era desde a época da minha juventude, ele estava amassado, quase quebrando. Alguns jovens vinham me alertar sobre os males que aquele pecado poderia me causar, mas a minha paciência nunca fora boa, não era a velhice que iria melhora-la. Com toda a minha aura de vovô, mandava tomar no cu e dizia que já que iria morrer e ir para o inferno, que pelo menos deixassem com que eu tivesse pequenos prazeres na minha vida.

Ah, o meu complicado relacionamento triplo espiritual. Vocês não leram errado e muito menos estou gagá – pelo menos eu acho. Eu, Deus e a igreja. Como mandava a cartilha do bom-moço da cidade pequena, eu sempre mantive esse relacionamento impecável. Sem cigarro, sem álcool, sem drogas. Era cortês e gentil com as damas. Cortei relações com a minha prima favorita quando ela se assumiu lésbica. Tive uma namorada dos meus quinze aos dezoito anos, e nós nunca fizemos sexo, nos guardando para o casamento, e íamos a todos os cultos. O relacionamento não sobreviveu a minha curta carreira militar – aguentei apenas três anos e foi nela que esse meu relacionamento triplo começou a desmoronar.

Não se enganem, eu era o soldado modelo. Diziam que eu tinha excelentes chances de ter uma carreira militar brilhante, que poderia chegar a general antes do que eu esperava. No entanto, foram lá que os impulsos que sentia se tornaram mais frequente. Na época, era quase impossível você ver mulheres no quartel, então eu estava cercado de homens. Homens musculosos, viris e tão lindos! Eu, que sempre me orgulhei de nunca ter sentido aquele fogo pelo qual os jovens tanto pecavam, estava cada vez mais flertando com o Diabo.

Orava todas as noites, ia a Igreja sempre que podia. Implorava para que Deus me ajudasse a entender o que estava acontecendo ou, se não fosse possível, para que simplesmente tirasse isso de mim. Estava certo de que isso era uma obra do Cão, voraz por corromper mais um bom cordeiro de Deus e aumentar a lista daqueles que iriam queimar com ele por toda a eternidade. Mas por mais fervorosos que fossem meus apelos, Ele não me escutou. Então cheguei a conclusão que o problema era o exército, que se eu estivesse de novo em um ambiente com mais mulheres, tudo voltaria ao normal e eu poderia voltar a agradar meu Senhor. Pedi dispensa.

Voltei a casa dos meus pais sem ideia do que fazer. O exército sempre foi o plano da minha família para mim e eles ficaram desapontados quando sai. Quando expliquei que aquele caminho estava me afastando de Deus, concordaram que havia sido a minha melhor escolha e me ajudaram a arrumar emprego. Não era nada de extraordinário, apenas um secretário de um advogado de uma nova firma da cidade, mas foi então que tudo começou a desmoronar.

Tudo começou no segundo dia de trabalho. Depois do almoço, decidi dar um tempo na praça que havia em frente, quando o meu chefe se aproximou. Era o homem mais bonito que eu já tinha visto em toda minha vida, pelo menos aos meus olhos. Tinha a pele pálida de quem não costumava passar muito tempo ao sol, cabelos negros curtos e uma barba bem cuidada. Aquele terno caia perfeitamente nele, a gravata em um nó perfeito.

- Você tem fogo?

Levei alguns segundos para entender que ele se referia a um isqueiro.

- Eu não fumo. – respondi, com um sorriso tímido, e ele começou a se afastar. Algo que eu não sei explicar até hoje tomou conta de meu corpo e de minhas ações, decidi que não podia deixar isso acontecer. – Mas eu gostaria de experimentar.

Ele deu um sorriso divertido que se tornou tão comum para mim.

- Você nunca fumou? – perguntou, parecendo estranhar. Fiz que não com a cabeça. – Bem, então eu terei o prazer de lhe fornecer seu primeiro Marlboro, o cigarro do cowboy! Aliás, prazer, eu sou Philip Jones.

- Eu sei, doutor. – apertei a mão dele, em uma timidez que não era comum. – Sou seu novo secretário, William Harris.

- Doutor, você faz com que eu me sinta tão velho! – Philip riu. – Me chame apenas de Phil. E ande logo, Bill, eu estou doido para ver você tossir o seu pulmão para fora.

E desde aquele dia, nos tornamos inseparáveis. Bill e Phil, parceiros que não se desgrudavam. A cidade até estranhava, porque doutor Jones sempre fora muito fechado. Minha família não aprovava a amizade. O doutor certamente era um homem de dinheiro considerável e boa aparência, o que era o suficiente para metade da cidade aprová-lo. No entanto, ele era um garoto de cidade grande, que estava acostumado a vida noturna e às baladas. Diziam que ele estava me afastando do caminho de Deus. Eu comecei a fumar e frequentava algumas discotecas com ele toda vez que viajávamos a trabalho para New York.

Eu não me importava. Amava cada segundo de tudo aquilo, estar perto dele se tornara o meu mais novo vicio. Tornei-me o seu escudeiro mais fiel e compartilhávamos confidencias. As minhas chegavam a serem tediosas e se resumiam a picuinhas familiares, fofocas da Igreja e minha preocupação em arranjar uma boa moça para me casar, para que os meus parentes parassem de me importunar. Sinceramente, eu me sentia uma menininha. Já ele contava-me dos seus pais que morreram, dos casos que já trabalhou, da faculdade e dos seus ex-namorados. Sim, namorados. Com apenas duas semanas de amizade, ele me confessara ser gay. Arriscado da parte dele, devo dizer.

Eu sabia o que precisava fazer desde o momento em que Phil pronunciara aquelas palavras. Era para eu me afastar e alertar a comunidade, para que ele não influenciasse mais ninguém a seguir os caminhos do tinhoso. Não consegui. Philip não parecia uma má pessoa. Como alguém beijado pelo pecado poderia ter um sorriso tão angelical? Não, ele não era uma má pessoa e nem um risco para nossa tão amada cidade, e eu colocaria a minha mão no fogo por ele. Acabei colocando bem mais.

Não demorou muito para o nosso primeiro beijo acontecer. Foi no meu aniversário de vinte e três anos, o primeiro aniversário que eu gostei de verdade. Quando Philip descobrira que eu odiava essa data e que passei todos os anos trancado em meu quarto, decidira que não ia deixar isso se repetir e fizera uma grande tramoia. Pedira uma licença no escritório e falara para minha família que tínhamos um importante caso em Manhattan. Com seu salário, pagara nossas passagens de avião, o hotel e fomos para um barzinho.

O ambiente era calmo, pois ele sabia que eu não gostava tanto das discotecas quanto ele. Pedimos duas doses de whisky e bebemos até não ter amanhã. E então passei a me concentrar no sorriso de meu amigo. Eu já mencionei o quanto eu amava aquele sorriso? Faria de tudo para deixá-lo para sempre naquele rosto. Se tivesse talento, juro que esculpiria seu rosto naquele momento, apenas para imortalizar e para que as futuras gerações pudessem vê-lo em toda sua gloria. É, naquele momento eu não sabia se eu era um romântico incurável ou se era apenas o álcool falando por mim.

Não sei exatamente quanto tempo se passou. Quando dei por mim, estava sentado ao lado dele na rua, minha cabeça repousada em seu ombro, com algum jovem cantando Let It Be. Estava tudo tão perfeito e a próxima coisa que eu me lembro é que o beijo dele tinha gosto de whisky e que seus cabelos eram mais macios do que deveriam.

Como era de se esperar, o dia seguinte fora muito estranho. Acordamos na mesma cama e depois que ele me tranquilizou dizendo que não fizemos nada, quase não nos falamos. Phil tentou, disse que precisávamos conversar, mas eu não queria ouvir e ao mesmo tempo não podia fingir que nada acontecera! Eu pequei e o mais bizarro é que eu queria pecar muito mais vezes, com Philip. Céus, estávamos falando do meu melhor amigo e do meu chefe! Era essa a confusão que ficou na minha cabeça e logo depois eu saí em disparada em busca de uma Igreja. Qualquer uma.

Acredite, apesar do drama, foi uma cena engraçada. Eu sempre fora um garoto do interior. Posso dizer que quase fui atropelado por um taxi. Mais de uma vez. E ver o tão contido doutor Jones correndo atrás de mim gritando coisas como “suicida” com certeza teria me feito rir em qualquer outra ocasião.

Entrei na primeira Igreja que vi, sem pensar duas vezes. Era uma católica. Praticamente corri para o confessionário, mesmo sem saber se eu podia fazer isso sem ser batizado. Vou me lembrar daquela pequena conversa pelo resto da vida.

- Padre, me perdoe pois eu pequei.

Eu não sabia se você deveria falar isso na vida real, mas eu sempre vi em filmes e sempre achei muito legal.

- O que você fez, meu filho?

O que eu tinha feito? Bem, eu sentia que queria beijar meu chefe, tirar a roupa dele e explorar cada centímetro de seu corpo. Ou então ter mais um desses encontros perfeitos chapado de maconha. Ok, eu acho que aquilo não era um coisa apropriada para se dizer a um padre. Ou para qualquer pessoa.

- Eu... Eu acho que me apaixonei. – verbalizar aquilo tornava tudo tão confuso.

- Mas isso não é pecado! – o padre riu. – Ou por um acaso você se apaixonou por uma criminosa?

- Céus, de jeito maneira! – falei, um pouco ofendido. - É só que... Não é ela padre, é ele.

O silêncio dominou o ambiente. Poderia ter sido apenas segundos, mas tiveram o peso de anos para mim.

- E você quer parar de gostar dele? – o padre perguntou, como se estivesse escolhendo cada palavra cuidadosamente.

Aquela pergunta realmente me fez parar para pensar. Eu queria parar de gostar de Phil? Isso era possível? Eu já estava tão acostumado com essas... coisas que ele me fazia sentir. Não era apenas o sorriso que iluminava tudo, eram os olhos negros que ficavam sérios sem perder aquele brilho de juventude. Era o jeito leve com o qual ele lidava com os casos mais enfadonhos. Tinha esse jeito tão jovem que eu ficava surpreso em como ele envelhecia nos tribunais. Todo sério, falando termos complicados e mordaz.

- Não sei.

- Bem filho, eu não posso te dizer o que fazer nem como se sentir. Só posso recomendar que pense bastante a respeito, porque é um pecado. – o padre falou. – Se precisar de mim, estou aqui sempre. As portas estão sempre abertas.

Voltamos no mesmo dia. Todos perceberam que tinha algo de errado, mas ninguém perguntou nada. Foi tão estranho! Era doutor Jones para cá, senhor Harris para lá, tudo estritamente profissional. Isso passou a afetar a minha vida social também. Agora ela era oficialmente inexistente. Do trabalho eu ia direto me trancar no meu quarto, onde ficava fumando e escrevendo meus pensamentos no meu diário. Não ia mais a Igreja. Estava de mal de Deus – e sim, eu tenho plena ciência do quão infantil isso soa. Mas em despeito a todas as minhas orações, ele não me livrou da tentação.

Quando doutor Jones avisara que iriamos para New Jersey, resolver um problema para um cliente antigo, não pensei duas vezes antes de ligar no número que a minha prima tinha deixado com os meus tios. Foi um pouco hostil, afinal eu tinha dado as costas pra ela em um momento em que ela precisava de apoio, mas ela concordou em me receber. Enquanto Philip ia resolver o que quer que fosse, fui na casa dela e encontrei sua esposa.

Elizabeth Harris e Samantha Franklin. Aquele era um casal tão perfeito que eu fiquei com inveja. Mesmo não vendo a Liz a tanto tempo, foi com ela que eu desabafei – e foi dela que eu ouvi muita coisa que não era confortável, mas era o que eu precisava. Brigou comigo por dar uma importância maior a religião do que aos meus sentimentos, sendo que a comunidade não pensaria duas vezes antes de virar as costas para mim. Disse que eu nunca seria feliz se não me aceitasse. Alertou que eu poderia acabar perdendo Philip nessa brincadeira de tentar continuar sendo um bom-moço. A quem eu queria enganar? Se o reverendo Smith estivesse certo, eu já estava condenado ao fogo eterno somente por ser capaz de me apaixonar por alguém do mesmo sexo. Eu não deveria pelo menos fazer por merecer?

Voltei para o meu quarto de hotel com a cabeça em polvorosa. Estava na hora de eu tomar uma decisão e era algo muito mais complexo do que Jones e mamãe e papai. Eu precisava escolher entre ser infeliz e ter o apoio da comunidade ou ser feliz e assistir todo mundo virando as costas para mim. Foi a pior viagem de trabalho da minha vida, mas no último dia já tinha tomado minha decisão. Convidei Philip para tomar uma cerveja e comemorar a vitória do caso.

Se ele estranhou, não disse nada, mas quando eu cheguei todo perfumado e arrumado ao bar da esquina, ele só levantou uma sobrancelha.

- Eu... Eu sei que fui um idiota completo depois que a gente se beijou, mas eu estava confuso. – gaguejei. – É só que... Só que eu tomei uma decisão agora. Não quero mais fingir ser algo que eu não sou.

Aquele sorriso que eu tanto gostava voltou a esboçar seu rosto.

- Relaxe, no começo é difícil mesmo... Eu só achei que você precisava de um espaço pra pensar. – deu de ombros.

- E eu precisava. Só que... só que eu quero te dar uma coisa. – confessei, com um frio na barriga enorme.

- E o que seria?

Não o deixei curioso por mais nem um minuto. Colei nossos lábios em nosso segundo beijo e foi tão bom quanto o primeiro. Talvez não tenha sido uma boa ideia fazer isso em público, talvez alguém tenha nos xingado, mas eu não me importava.

Mas é claro que nem tudo era conto de fadas. Voltar para minha pequena cidade fora decepcionante, mas ao mesmo tempo deu uma dose de perigo que tornava tudo tão mais interessante! De manhã, éramos apenas o advogado e o secretário. Bilhetinhos escondidos, flores que surgiam na minha mesa e só eu sabia quem havia enviado. De noite, jantares na casa dele que acabavam em beijos, ou saiamos para outras cidades.

Em uma outra viagem de trabalho, tivemos a nossa primeira noite de amor. Foi tão perfeita e tão romântica! Quase não acreditei que Philip havia se dado todo esse trabalho, logo ele que era tão prático. Não chegou ao extremo de pétalas de rosa, mas teve direito a velas e champanhe. Foi uma das melhores noites da minha vida.

O tempo foi passando e quando completamos seis meses de namoro, fomos flagrados em um restaurante da cidade vizinha por um casal de amigos dos meus pais. Foi um escândalo tão grande que Philip chegou ameaçar a processar o homem se não se retirasse do local imediatamente. Nunca tinha o visto tão bravo.

Como era de se esperar, o homem não ficou quieto. No dia seguinte, já éramos o assunto de fofoca da cidade. O doutor gay e o bom-moço nem tão bom assim. Minha família e eu tivemos uma briga horrível e eu fui expulso de casa. Philip poderia muito bem ter virado as costas e me mandado embora, mas ele me acolheu em sua casa.

O tempo foi passando e o nosso amor continuou forte. Tornamo-nos praticamente casados. A cidade inteira virou as costas e ouvi tanto sobre condenação, inferno e essas coisas que passei a rezar todas as noites no nosso primeiro ano. Com o tempo, acabei desistindo. Se havia mesmo um Deus, Ele não me ouvia mais. E era tão estranho, mas como advogado Philip servia para os problemas da nossa cidadezinha. E só isso.

E eu não queria sair de lá. Havia crescido aqui e não tinha nenhuma vontade de começar uma nova vida em um novo lugar, sofrendo o mesmo preconceito de pessoas desconhecidas. Eu sei que parece ser masoquista, mas por mais que ninguém de lá olhasse em nossa cara e muitas vezes recebêssemos ovo ou pichação na porta de casa, eu gostava de morar ali. Philip desistiu dos planos dele de se tornar um promotor por causa disso.

O dia que ele me contou isso, vou confessar, fiquei muito mal. Cheguei até mesmo a chorar: eu não queria que ele precisasse desistir de nada por mim. Com o seu jeito de sempre, ele riu e mandou eu parar de ser besta, que eu tinha desistido de toda a minha vida por ele e que isso era algo que podia fazer.

As coisas pioraram três anos depois, quando o irmão mais velho dele e a esposa morreram, deixando órfão um menininho de cinco anos, Joseph Jones. Depois de muito conversarmos, decidimos adotar o garoto. E é claro que ninguém daquela maldita cidade iria nos deixar em paz. Por mais que eu tivesse insistido em nós nos mudarmos para Manhattan para Joe não sentir um grande choque, Phil disse que uma cidade pequena era melhor para criar uma criança. Não queria que ele tivesse a mesma facilidade para provar substancias ilícitas quanto ele e o irmão tiveram.

Um casal gay criando uma criança? O serviço social aparecia em casa praticamente toda semana. As denúncias eram as mais esdruxulas possíveis: acusação de abuso, estávamos fazendo um ritual satanista, demos drogas a ele, batíamos nele... Santo Deus, eu já deixava uma xicara de café pronta para a assistente naquela época. Mas é claro que a paciência de Philip tinha limites, e depois de termos provado que todas as acusações eram infundadas, processou meia dúzia de moradores – porque acredite, aquelas denúncias não foram nada anônimas. Com o dinheiro da indenização, compramos uma casinha maior.

Apesar dos pesares, continuamos firmes e fortes. Joe cresceu saudável e feliz, apesar do bullying na escola e se tornou nosso filho de coração, chamava a gente de pai. E era uma criança arretada, não levava desaforo para casa. Tinha que segurar minha risada toda vez que eu e Phil éramos chamados a escola. Obviamente, Philip fazia questão que os meninos que provocavam também fossem punidos.

E aquele moleque na adolescência deu trabalho. Não tinha uma boa moça na nossa cidade que não suspirava por ele. Mas também era um adolescente dramático, eu dava mais risada do que levava a sério. Quando se formou na escola, foi fazer faculdade na NYU, mas sempre nos visitava. E ano passado... ano passado Philip morreu. Câncer no pulmão.

O tanto que eu ouvi que era um castigo divino me encheu um saco de tal modo... Hétero também pode fumar, sabiam? Mas eu estava mais ligado ao meu sofrimento e ao de meu filho para dar atenção ao que os outros falavam. E hoje, domingo, eu iria religiosamente levar flores no tumulo dele... Rosas brancas, como as primeiras que ele me deu.

- Ê pai, nem no seu aniversário você descansa! – ouvi uma voz conhecida, que deu um tapinha carinhoso em meu braço. Virei-me. Era Joe, com sua esposa, Stephanie e meu netinho, George.

Quando Joe me apresentou aquela menina pela primeira vez, preciso dizer que desaprovei. Cabelo rosa, toda tatuada, uma tampa de nescau na orelha. Mas Phil me convenceu a dar uma chance e era verdade: ela era maravilhosa.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei, dando um pequeno sorriso.

- Ué, é domingo, você só podia estar visitando o pai. – Joe deu de ombros. – Mas não demore não, hein seu Bill, que o George me fez prometer que eu te faria contar como você e o pai se conheceram.


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