A Fantástica Fábrica é invadida. escrita por dayane


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

À Laynet, que com um simples comentário me deu o norte para seguir com o capítulo.



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Willy Wonka observou o pupilo explicando a importância da cachoeira. Segundo os planos daquela visita, um Oompa Loompa apareceria...

– Veja, papa! O que é aquele homenzinho? - A voz de Juanito ergueu-se pelo jardim.

...Naquele momento.

Wonka apreciou seu amado pupilo explicando o que era um Oompa Loompa e onde ficava a Oompalândia - “lugarzinho horrível”, pensou enquanto sentia um calafrio percorrer o corpo alto e o gosto das lagartas votando para sua boca.

– É fantástico! - Exclamou uma garotinha de cabelos cacheados e pele sardenta.

Ela era ruivinha e pequena, magrela e aparentemente fácil de quebrar. Willy caçou pelo fraque a lista de crianças, mas o papel parecia ter sido abduzido de seu corpo. Ele aproximou-se de Charlie, caminhando leve e silenciosamente, caçando um ponto onde poderia ficar oculto – o que nunca aconteceria, pois Willy não só é mais alto que o herdeiro, como a cartola flutuava por detrás e sobre a cabeça de Charlie.

– Quem é ela? - Sussurrou o chocolateiro.

– Katrina Vonsquer. - Charlie retrucou em voz baixa. - Violet. - Finalizou.

– Ah!

“Ah!” pensou Willy sem se dar conta de que havia mais do que pensado.

A garota tivera a reação mais anormal que Wonka presenciara, pois nem mesmo ele mostrou-se tão entusiasmado, quanto ela, quando conheceu as criaturinhas.

– O que eles sabem fazer? - A criança ruiva questionou quando viu que a criaturinha estava coletando algo do solo.

– De tudo um pouco e de nada um tudo. - Anunciou Willy.

– Depende de cada Oompa Loompa. - Charlie explicou. - Cada um fica destinado a algo.

– Mas, acima de tudo – Willy ergueu o indicador, falando com seriedade – são ótimos cantores e dançarinos.

E se tudo estivesse como o planejado (novamente), e pelos cálculos do chocolateiro, os Oompa Loompas começariam uma música animada e ensaiada naquele mesmo momento.

Não foi espanto algum, a Charlie e Willy, quando os visitantes se mostraram impressionados com a cantoria e dança dos Oompa Loompas. As criaturinhas eram ensaiadas e bem criativas, logo, todo mundo gostaria de vê-los em seu esplendor. Willy Wonka mesmo era um viciado, declarado, nas obras-primas dos Oompa Loompas.

Charlie balançou a cabeça junto com a melodia e Wonka apreciou a cena. Apreciou o cheiro adocicado e nada enjoativo de seu jardim, a atenção que os visitantes ofertavam aos Oompa Loompas, o impecável musical das criaturinhas e a maciez do solo comestível que pisava. Ele podia fechar os olhos e morrer naquele momento, penetrado com altas doses de orgulho e admiração. Ele podia perpetuar aquele momento em um quadro, filme ou livro, que não se cansaria de rever e reler e reescutar diariamente.

Willy Wonka podia...

Podia...

O chocolateiro abriu os olhos e correu a visão até o fundo do jardim, no perímetro esquerdo onde seus ouvidos captaram o quebrar de uma grama. Algo que não deveria estar ali, pois os visitantes estavam sob seu olhar.

Wonka fechou os olhos e permitiu-se escutar a respiração da fábrica. A música Oompa Loompistica continuava afinada, os visitantes continuavam pregados nas criaturinhas e Charlie mantinha-se cantarolando a música que aprendeu durante o último ensaio.

E ao fundo, longe dali, mas ainda no jardim, uma folha mexeu-se fora do ritmo da fábrica.

O chocolateiro ergueu as pálpebras e girou o corpo. Os olhos caçaram a anomalia. As pupilas castanhas caçaram o que estava fora de sintonia e tentaram enxergar além das árvores de alcaçus.

Nada.

Aparentemente não havia nada que deveria ser estudado ou investigado.

– Willy? - A voz de Charlie agiu sobre o corpo do tutor e o fez girar o corpo na direção da dança.

– Sim? - Willy questionou com suavidade.

– O que foi?

– Nada. - Ele replicou, parando um segundo para olhar por sobre o próprio ombro - Ainda - terminando a resposta com um sorriso.

Ϣ.Ϣ.

A música dos Oompa Loompas acabou no mesmo instante em que um barco repleto de outros Oompa Loompas estacionou na borda do rio. Willy Wonka acenou para que os visitantes entrassem no barco, mas Charlie percebeu que os olhos do tutor estavam pregados em um ponto longínquo.

O herdeiro tentou, diversas vezes, caçar o que tanto incomodava Willy. Tentou escutar algo fora do normal ou enxergar algum movimento suspeito, mas tudo o que conseguiu foi a frustração de não ver nada.

Cuidadosamente, os visitantes embarcaram no cavalo-marinho rosa que, um dia, guiou Charlie pela correnteza do rio de chocolate. A adrenalina que sentiu quando a embarcação pegou velocidade, ainda podia ser sentida. Era um pouco divertido, mas muito assustador.

E Willy Wonka adorava.

Ele queria que chegassem logo ao ponto de descida, onde sentiria o cabelo voando e escutaria o grito de pavor das crianças e de seus pais. O barco era como uma montanha-russa, inocente no começo e pavorosa em seu ponto de esplendor – e ele, novamente, adorava a sensação.

Atrás dele, no jardim que tanto amava, o sussurro de algo errado lhe chegou aos ouvidos. Com a insatisfação de não poder caçar a anomalia de seu lugar mais amado, Willy chamou um Oompa Loompa.

A criaturinha se aproximou de Wonka e Charlie acompanhou, junto com todos os visitantes, Willy Wonka se comunicar com o Oompa Loompa. Ele fez um som esquisito com a língua e alguns movimentos com os braços. O Oompa Loompa retrucou com um movimento dos braços e saiu para o fundo do jardim. Depois Willy se ajeitou no banco, o rosto sério e contorcido.

– Hey! - Exclamou o chocolateiro. - Por que estas caras? Era só uma ordem ao Oompa Loompa em Loompaloompes. - Ele sorriu da forma mais falsa que conseguia. - Todo vapor a frente!

E diante a ordem do chocolateiro, os Oompa Loompas começaram a remar. Charlie quis questionar o que de tão errado estava acontecendo, mas não teriam abertura naquele momento. O herdeiro não conhecia a língua dos Oompa Loompas, mas a linguagem corporal de Willy Wonka, ele conhecia bem. Só alguma coisa muito fora do comum deixaria Willy Wonka tenso ao ponto de pedir que um Oompa Loompa verificasse algo na fábrica. Ou...

O herdeiro entrou em pânico. Os olhos correram até o tutor que descia uma concha de cozinha no rio e a puxava. Entregou-a para Katrina e anunciou:

– Para aquela que tanto gostou dos Oompa Loompas.

Ϣ.Ϣ.

Desceram do barco alguns minutos depois. O pai de Allan estava branco, apavorado pela velocidade do barco em forma de cavalo-marinho. Allan acudia o pai e Katrina comentava que queria mais aventuras como aquela.

– Willy? - Charlie chamou com carinho.

– Estrelinha? - Retrucou o chocolateiro.

Os lábios do pupilo se abriram, mas nada saiu por eles. Willy não soube o que se passou pela mente do mais novo, mas sabia que sua preocupação tinha atingido o pupilo. Disfarçar nunca foi o forte de Willy Wonka, mas ele teria que dar um jeito de aguentar até o final da visita.

– Vamos? - Charlie questionou com receio.

– Mudanças de planos – Willy comentou com um tom de voz que Charlie desconhecia.

Willy Wonka tinha descoberto a melhor forma de se livrar daqueles visitantes e poder investigar a anomalia de sua fábrica. Ele não conseguiu retirar a malícia da voz, mas Charlie Bucket era inocente demais para entender aquele ponto do chocolateiro.

Se Willy estivesse certo, e quase sempre ele estava, havia um invasor. Muito provavelmente, o décimo primeiro visitante daria um jeito de segui-los e depois sair de fininho antes da saída dos outros visitantes. Willy Wonka sabia que parte da planta de sua fábrica era conhecia. Não só pelos seus ex-funcionários humanos, como por seus concorrentes.

Conseguir as informações básicas para entrar e sair da fábrica não seria muito difícil.

Charlie Bucket sentiu os pelos do corpo se arrepiarem. Ele teve a certeza que tanto temia.

Willy Wonka, sem sombras de dúvidas, começaria a aprontar.






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Notas finais do capítulo

Depois de enfrentar um bloqueio criativo com a fic, um resfriado macabro e a falta de tempo, eis que a escritora ressurge com um capítulo!
Alguém lembra do refrigerante que faz as pessoas levitarem? Pois bem, eu lembro ;3