A Fantástica Fábrica é invadida. escrita por dayane


Capítulo 2
Capítulo 1




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Allan Hoowsty estava saboreando uma das folhas mastigáveis de seu Diário Wonka, quando chegou na página em que Willy contava como optou pelos bilhetes dourados. Ali Willy Wonka explicava que precisava de algo brilhante e valioso, bonito e chamativo, mas delicado e poderoso. A página terminava com: Eis o que aconteceu.

Hoowsty virou a página e o coração ganhou força. Na página seguinte não estava só um esboço do bilhete dourado.

Ϣ.Ϣ.

O telefone tocou e Dóris prendeu a respiração. A Oompa Loompa aguardava aquele contato há duas semanas e não era a única que tinha tamanha expectativa no ato. À sua frente, o Oompa Loompa que estava designado a atender o telefone fechou os punhos e aguardou um novo toque, que veio em poucos milésimos de segundos.

– Fantástica Fábrica Wonka, com quem falo?

Dóris respirou o mínimo que pôde, apenas para não perder aquele momento. A criatura que atendeu ao chamado tremia e apertava o fone com força, fazendo o plástico quase ranger.

– Sim, sim. - Ele falou. - Faça como deve. A imprensa deverá chegar em algumas horas. - Houve mais uma pausa do Oompa Loompa e um ruído escapou pelo fone. - A Fantástica Fábrica Wonka agradece o contato.

A ligação foi encerrada e os Oompa Loompas se encararam. Dóris recebeu a confirmação e logo apertou um botão vermelho. As luzes da fábrica caíram de intensidade e um apito soou por toda a estrutura.

Dóris correu na direção do ponto de encontro que tinha marcado com Willy, mas o encontrou na metade do caminho. O chocolateiro estava acompanhado de Charlie e ambos estavam ofegantes.

– Onde foi? Quando foi? - Willy perguntou em desespero.

– Agora. - A mulher grunhiu enquanto apontava para a direção de onde tinha vindo. - Omar atendeu e eu vim avisá-lo!

– Oh mulher! - Willy correu na direção da sala de administração, incomodado por não saber mais do que já sabia.

Na correria, a adrenalina aumentava e Charlie conseguia entender o quão nervoso Willy Wonka tinha ficado quando soube, anos atrás, que haviam encontrado o primeiro bilhete dourado.

Os dois tinham planejado vender um box com um diário de páginas comestíveis e relançar, junto, algumas antigas fórmulas. Não entregaram o projeto à muitas lojas, pois queriam fazer uma surpresa aos clientes. E, agora que tinham encontrado o primeiro bilhete, soltariam ao mundo todo uma quantidade gigantesca de diários.

Eles já tinham pensado em toda a rota que fariam e como fariam, quando chegasse o dia da visita. Planejaram quando usariam o barco e onde colocariam o elevador - pois não caberiam todas as crianças e seus pais naquele cubículo transparente. Também pensaram em quando comeriam e qual seriam os meios de impedir que alguma criança saísse...Bom, que a história se repetisse.

– Onde acharam? - Willy gritou enquanto saltava para dentro da sala de administração. - Fale homem!

Ele passou as mãos por baixo das axilas do Oompa Loompa Omar e sacudiu a criaturinha.

– Nova Jersey, Allan Hoowsty.

– Avisem a imprensa, gritem meu novo feito! - Willy rodou no eixo, levando Omar consigo. Depois beijou o rosto da criaturinha e o colocou no chão. - Vamos Charlie, temos que preparar nossa roupa!

Ϣ.Ϣ.

A imprensa agiu como esperado.

Charlie estava sentado em seu quarto, observando Allan, o garoto que tinha encontrado o primeiro bilhete dourado.

– Eu virei a página e lá estava ele. - Disse Allan. - Eu o retirei com cuidado e vi que em baixo tinha uma réplica, mas nela não havia o pedido para ligar para a fábrica.

– E você falou com Willy? - Perguntou um reporter.

– Não. Acho que foi um funcionário qualquer.

Charlie escutou Willy saltar de sua cama.

– Quem ele pensa que é?!

– Calma Willy. - Pediu o herdeiro.

– Um Oompa Loompa vale mais do que qualquer ser humano! São criaturas limpas, confiáveis e com um talento mágico para a música.

Willy Wonka continuou resmungando o quanto um Oompa Loompa era melhor do que Allan Hoowsty, quando Charlie voltou a atenção à televisão. Hoowsty estava com o rosto moreno radiante. Era uma criança negra com doze anos. O cabelo era curto e crespo, igual ao de seu pai, que estava respondendo algo aos jornalistas.

O herdeiro escutava o barulho da televisão se mesclando com os resmungos de Willy. A mente começou a vagar para a época em que a esperança oscilava e a probabilidade usava de todas as armas que possuía, para lhe roubar a oportunidade de ver a fábrica que tanto amava. No meio do som incômodo, Charlie Bucket Wonka, relembrou quando era uma criança que recebeu, em sua pequena casa acabada, a mesma massa de jornalistas invejosos.

– Willy Wonka parece ter algo em mente. Será que este projeto é para encontrar um novo herdeiro? - O jornalista do canal estava encerrando a matéria, assim como seus concorrentes.

A mente de Charlie acordou do passado.

– O que? - Charlie saltou da cadeira.

Willy Wonka observou seu herdeiro e percebeu que o jornalista tocou onde não devia.

– Eu disse que um Oompa Loompa é melhor do que um humano. - Wonka comentou enquanto soltava duas batidinhas sobre o ombro do herdeiro.

Charlie encarou o tutor com a mescla perfeita entre medo e raiva. Ambos, Charlie e Willy, tinham planejado aquela visita para aumentar as vendas dos “Diários comestíveis Wonka”. Era uma simples estratégia de marketing, não uma forma de se livrarem do herdeiro.

Wonka tirou a mão do ombro de Charlie e pegou a bengala que repousava ao lado da porta. Seu herdeiro era a criança mais pura que conheceu. E não parou por aí. Era curioso e inteligente, esperto, astuto. Charlie cresceu e conseguiu desviar das impurezas que os adultos costumam ter.

O problema, e Willy sabia disto, era que a pureza de Charlie o podia corromper com insegurança. Charlie B. Wonka é a pessoa mais insegura que Willy Wonka conseguiu conhecer.

E era por conhecer este ponto negativo de seu pupilo, que Willy comentou:

– Eu não te trocaria nem por milhões de Oompa Loompas.

Ϣ.Ϣ.

O segundo bilhete foi encontrado por um mexicano que morava nos Estados Unidos há alguns anos. O achado foi dois dias depois de Allan.

– Mi papa não acreditou no começo. - Disse a criança.

– Juanito é un chico de sorte. - Comentou o pai do garoto, que, assim como o filho, mesclava o inglês e o espanhol.

Willy estava meio acordado e meio adormecido, enquanto Charlie comia uma barra Wonka. Ambos estavam no quarto do fundador da fábrica e colocaram Oompa Loompas para acompanhar todos os canais existentes naquele pacote.

Wonka tinha feito uma festa com alguns dos Oompa Loompas em comemoração ao início pela caçada dos bilhetes. Eles cantaram milhares de músicas e se embriagaram de chocolate, passaram a noite acordados e agora, as duas horas de uma tarde quente, o chocolateiro lutava contra o sono.

"Eu não devia fazer a farra por tanto tempo, estou velho." Wonka pensou.

– Sabia que j, em mexicano, tem som de r? - Ele comentou com o pupilo.

– Como soube disto, Willy? - Charlie questionou com sua característica rouquidão.

– Uma vez fui ao México e tive que aprender a falar a língua.

– Você viajou para quantos países?

– Nunca fui ao Brasil. - E dormiu.

Charlie cobriu o tutor e voltou a sentar-se na poltrona que tinha no quarto. Na reportagem, alguém tinha questionado se o menino iria para a fábrica.

– Si. - Respondeu o menino. - Estou melhorando meu inglês para isto. Não perderia por nada. Quero que o senhor Wonka escute todas mis ideias e entenda tudo.

– E o que fará quando ganhar a fábrica? - A jornalista perguntou em inglês perfeito.

– Yo no sei se ganharei algo além de chocolates. Mas se ganhar a fábrica, vou querer que Charlie continue lá.

O herdeiro deixou a televisão no mudo. Era a segunda vez que pensavam naquela oportunidade e no convite não havia nenhuma informação de que dariam mais do que doces. O herdeiro voltou a ativar o som. As máquinas fotográficas batiam milhares de fotos e o Juanito olhava para o pai.

"O que perdi?" Perguntou-se Charlie.

O pai de Juanito comentou algo na língua natal e alguns jornalistas murmuraram.

– Não acreditamos que algo ruim vá acontecer. Nem falava no bilhete que concorreríamos a algo, como disseram na última vez.

Charlie sacou na hora qual tinha sido a pergunta: Não têm medo de que lhe aconteça algo ruim, como aconteceu com os outros quatro ganhadores?

Bucket mordiscou a carne de um dos dedos. O que fariam contra os jornalistas, que levantavam falsas hipóteses e, também, erguiam uma poeira que baixou há muito tempo?


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