A Fantástica Fábrica é invadida. escrita por dayane


Capítulo 12
Capítulo 11




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Lane Kenneth era uma criança magrela e atlética. De olhos claros e cabelos cacheados, tinha um esplendor dígino de uma garota negra que vivia correndo pelos cantos do bairro, sem medo de ter que lutar pelo que deseja. Os cachos castanhos viviam, na infância, presos de forma simples ou trançados numa tentativa, falha, de evitar comentários desagradáveis das outras crianças. Por conta da pele e dos cachos, Lane conheceu o preconceito de perto, cara a cara e de forma agressiva. Kenneth o transformou em amigo, força e aliado.

A mulata lembrava bem dos pais, que faleceram enquanto ela crescia e ganhava conhecimentos preciosos para as diversas empresas em que ela já tinha trabalhado. Lembrava de como eles lhe incentivavam a estudar e como eram visionários. Acima de tudo, lembrava do maior concelho que seu pai poderia lhe dar: Ame a tecnologia e saiba como desvendar seus segredos. O mundo não viverá sem ela.

Foi graças a este concelho que a criança cresceu estudando cada grão da evolução tecnológica que tivesse algum relacionamento com a internet que, atualmente, a sociedade é refém.

A internet era o um pedaço de seu mundo e Lane sabia como usufruir deste pedaço.

Mike Tevee podia ser um gênio, mas Kenneth conseguia ser muito mais do que ele. E a prova estava em como ela conseguiu invadir os sistemas de Willy Wonka e ele se quer perceber que havia sido vigiado. Lane estudou cada coisa que a fábrica lhe fofocava pelos computadores simples e bem protegidos que Wonka usava. Estudou, caçou e reparou cada falha que havia na rede daquele mundo.

E fez isto por amor.

O mais puro amor que podia sentir.

 

Ϣ.Ϣ.

 

— Está melhor?

Willy Wonka estava verdadeiramente preocupado com Charlie Bucket. E o mais novo percebeu isto pela simples sonoridade da voz tão conhecida.

Entretanto, Charlie ainda sentia o estômago tenso pelo que tinha presenciado e a mente mergulhava em uma descrença dígina de lhe ofertar uma boa dor de cabeça.

O chá de boldo, feito com as folhas coletadas do parapeito da pequena cabana que ainda se mantinha firme e forte dentro da fábrica, deixou um rastro amargo em sua garganta e automaticamente começou a acalmar seu estômago fraco.

— Já podemos conversar? - Willy voltou a questionar.

— Desculpa. - Pediu o pupilo. - Eu, só.

Não sabia ao certo o que queria passar ao tutor, mas sentia que tinha que falar algo. Talvez alguma coisa simples ou, pelo menos, verdadeira. Algo que explicasse o quão grande fora o baque que sofreu, mas que não ofendesse Willy.

— Você - Wonka mordeu a parte interna da bochecha, dando uma pausa para caçar as palavras - Achou que eu tinha matado ela?

— Não o fez? - A pergunta vazou dos lábios vermelhos de Charlie. O tom revelava que ele realmente tinha pensado em assassinato e que estava surpreso e feliz por ter errado.

— Eu não sou assassino. - Willy respondeu. - Mas confesso que sei como matar alguém apenas com uma bengalada. - Soltou, por fim, uma risada sem ânimo e que não quebrou a tensão do momento.

Willy apoiou a cabeça na mão, ficando com ela levemente inclinada para a esquerda. Charlie estava do outro lado da mesa, olhando para a caneca em que outrora tinha uma boa quantidade de chá de boldo - o pior chá que Willy já tinha tomado, mas que parecia milagroso quando o assunto era estômago.

— Você poderia ter tentado conversar com ela. - Charlie anunciou.

— Ela invadiu minha fábrica.

— Eu sei! - O mais novo bradou. - Mas poderia ter - abaixou o tom de voz - tentado conversar. - Ela deve ter um motivo.

— E se ela tiver? - Willy questionou.

— O quê?

— Se ela tiver um motivo? Algo convincente. - Ele explicou. - Como você agiria? Os fins justificariam os meios?

Charlie engoliu a saliva. Tentou se colocar no lugar de Willy e sentir o que poderia ter motivado-o a ser tão agressivo quanto antes. Ele tentou, desesperadamente, sentir como seria ter aquela fábrica como sua vida e qual sensação teria se alguém a invadisse. Tentou pensar em Mike Tevee ou qualquer inimigo que tivesse feito durante toda a sua vida.

— Não sei. - Revelou.

— Vamos Charlie, não deve ser tão difícil! - Willy esbravejou.

Como podia seu herdeiro, não entender suas atitudes? Em que momento, pensou Wonka, suas perspectivas de mundo tinham se tornando tão diferente?

Olhou para a própria caneca. O chá de camomila tinha acabado e sua calma parecia ter ido junto. Precisava de mais daquele calmante e estava quase gritando para que o sr. Bucket lhe trouxesse outra caneca.

— Desculpe, Charlie. - Sussurrou.

— Isto não vai nos levar a lugar nenhum. - O mais novo deitou a cabeça na mesa. - Que dia.

— Que dia. - Concordou Willy. - Mas quero que me desculpe por mais cedo.

Charlie tocou na própria orelha. Ela já não doía mais, contudo ainda conseguia lembrar de como foi irritante ter Willy dando uma de adulto.

— Da próxima vez - Charlie sorriu - tente me puxar pelo braço. Acho que minha orelha quase descolou da minha cabeça.

Willy riu, imaginando como seria estranho e assustador se a orelha do pupilo tivesse se descolado. Então o riso morreu, pois lembrou de como fora agressivo com Charlie, o puxando do chão pela orelha e agindo da mesma forma como seu pai, o dentista Wonka, agia quando queria lhe repreender.

— Acho que todo mundo se torna adulto um dia. - Sussurrou Willy. - Eu realmente sinto muito, pelo que fiz agora a pouco.

 

Ϣ.Ϣ.

 

O senhor Bucket foi o responsável por apartar a briga. Assim que Willy saiu da biblioteca, gritando por Charlie, o Bucket mais velho parou um Oompa Loompa que passava pelo local e o mandou vasculhar a biblioteca em busca da invasora. Só assim, saiu para encontrar Willy e Charlie.

A cena que viu não foi das mais agradáveis. Charlie e Willy se xingavam brutalmente e quase se batiam. Willy segurava seu filho pela orelha e parecia que, em meio aos xingos, dizia que o ensinaria a enxergar melhor o mundo em que viviam.

— Se continuar segurando meu filho deste jeito, eu lhe tratarei como um adulto. - Anunciou o senhor Bucket naquela hora. - E você não vai gostar nem um pouco! - Ameaçou.

A voz forte chamando a atenção de Willy que abriu a boca para retrucar.

Mas, o Bucket estava com a vantagem a seu favor, pois estava com a cabeça mais fria e caminhava na direção das duas crianças desenvolvidas. Foi mantendo a caminhada, que o senhor Bucket segurou o pulso dos dois homens brigões e os arrastou até a pequena cabana Bucket.

Lá, preparou um chá de boldo para o filho e um de camomila para o agregado (Willy) da família Bucket. Depois se retirou para o cômodo que sempre fora seu quarto e ficou escutando os dois sócios conversando. E, por mais perigoso que fosse o tema da conversa, ele sabia que não tinha motivos para se intrometer naquele momento e que tudo o que ele poderia fazer, já tinha sido concluído.

 

Ϣ.Ϣ.

 

A mulher abriu os olhos, gemendo por culpa da maldita dor que sentia no pescoço. Ergueu parte do corpo, sentando-se sobre o fino colchão que lhe aparava e quase caindo pela tontura que sentia. Estava em um calabouço, típico de filmes da idade média e com direito a uma porta de madeira gradeada lhe prendendo.

— Willy Wonka. - Sussurrou divertidamente. - O que mais esperar de você? - Gemeu mais uma vez. O pescoço latejava.

Apoiou as mãos no colchão, pronta para pegar impulso e se levantar do móvel chulo em que estava. Entretanto, um suave tilintar lhe fez parar com o ato e olhar para os próprios pulsos. Estava acorrentada. Uma corrente grossa, firme e levemente enferrujada. Uniu os pulsos em frente aos olhos e ficou boquiaberta.

Era verdade mesmo?

Qualquer movimento brusco que fizesse poderia lhe cortar a pele e injetar ferrugem no corpo. Com certeza adoeceria se tentasse agir imprudentemente e saber daquilo fazia com que ela pensasse se valia mesmo a pena irritar Willy Wonka.

Esfregou os olhos e bocejou.

Teria que esperar seus donos irem visitá-la. Se tivesse um pouco de sorte - e Lane não se julgava uma mulher sortuda - não desmaiaria de fome antes da primeira visita de seus carcereiros.





 


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