Inocente Mulher escrita por Dream


Capítulo 7
Desejos e Virgindade.


Notas iniciais do capítulo

É mais fácil resistir ao primeiro dos nossos desejos do que a todos os que o seguem.
"Benjamin Franklin"



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Quando seus lábios se encontraram, foi com uma delicadeza totalmente inesperada. Depois da paixão ardente da noite no apartamento de Emma, aquela ternura a capturou em um turbilhão de sensações que quase a privou de todo o ar.

Emma sentia a cabeça girar. Ela levantou as mãos para agarrar os braços de Raul em busca de apoio. Foi seu primeiro erro. A sensação dos músculos de Raul sob seus dedos era um deleite e um perigo. Um deleite porque queria senti-lo mais, e um perigo exatamente pelos mesmos motivos. Emma devia se afastar, devia se mover depressa, mas os pensamentos pareciam ter desacelerado junto com sua respiração, e ela não conseguia fazer seu cérebro enviar as instruções corretas para o seu corpo. Em vez disso, o corpo de Emma parecia querer abraçá-lo para sentir todo seu calor.

E esse foi seu segundo erro.

Porque, assim que pressionou seu corpo contra o dele, o calor de Raul pareceu se espalhar por toda sua pele. O calor se infiltrou no sangue, parecendo derreter os músculos, os ossos. E, quando ela cambaleou, quase perdendo o equilíbrio, os braços de Raul a envolveram, segurando-a fortemente. Ela estava tão próxima quanto quisera estar, mas, no espaço de uma batida de coração, nem esta proximidade era suficiente.

O beijo daquele homem não era suficiente.

Emma passou os braços em torno do pescoço de Raul, segurando-o, dedos acariciando os cabelos macios, roçando-lhe a pele exposta da nuca, massageando os músculos rijos que encontrou ali. E a cada instante o desejo de Emma aumentava mais.

Raul beijou os lábios entreabertos de Emma com uma perícia que a fez suspirar, o suspiro abrindo ainda mais sua boca para ele, permitindo-o que deslizasse a língua provando-a, provocando-a, seduzindo-a.

Se ficasse nas pontas dos pés, Emma poderia aumentar a pressão de sua boca na dele em resposta ao ardor crescente em seu sangue, ao latejar de seus músculos. Ainda com uma das mãos mantendo a cabeça morena de Raul onde queria, Emma fez os dedos da outra correrem pela lateral de seu rosto, sentindo o suave roçar de barba rala enquanto seguia a linha de seu maxilar másculo. Sentindo Raul arfar, sorriu contra sua boca enquanto o beijava de novo; desta vez, deslizando dedos cuidadosos por seu pescoço até alcançar a gola aberta da camisa. Encontrando ali carne macia e quente.

— Emma... — repetiu Raul, porém, desta vez, seu nome foi um gemido de resposta contra seus lábios.

— Hummm? — suspirou Emma, contorcendo o corpo contra o dele, e ouvindo as batidas de seu coração sob o tórax poderoso.

Dios! Você é diabólica! — murmurou contra a boca de Emma.

As mãos que a haviam segurado não a seguravam mais. Em vez disso, percorriam famintas seu corpo, dedos poderosos curvando-se sobre as curvas macias de suas nádegas, puxando-a ainda mais para perto, contra a força quente de sua ereção.

— Tudo o que sempre precisei foi olhar para você uma só vez e a querer mais do que qualquer mulher no mundo. E ainda é assim.

— Eu também... Eu também quero você.

Emma ficou chocada ao ouvir suas próprias palavras. Mesmo na época em que namoravam, ela nunca fora corajosa ou ousada o bastante para admitir a necessidade sexual por aquele homem. Oh, ela já sentira aquela necessidade muitas vezes! E já demonstrara a ele o quanto o desejava, ainda que sem palavras, mas de forma física, por meio de suas reações aos seus beijos e carícias. Contudo, ela jamais admitira isso com muitas palavras.

Emma só podia imaginar que os dois longos anos de solidão, da falta dele, e da saudade de seu toque, de seu beijo, tinham-na conduzido a um estado de fome sensual, estado no qual não tinha mais forças ou controle para impor qualquer restrição aos seus avanços.

A perda recente de entes queridos a fizera lembrar do quanto a vida era curta. Curta e frágil demais para ser vivida a uma temperatura morna. Ela estava entendendo o calor de sua resposta a Raul como uma forma de derreter o gelo que parecia ter-se formado em torno de seu coração, isolando-a do mundo e de todas emoções.

Ali, ao menos, estava a prova de que ela ainda estava viva — e sentindo.

— Você também me quer? — A franqueza de Emma também havia estarrecido Raul. — É verdade?

Com parte de sua inesperada coragem derretendo-se sob o intenso olhar ardente de Raul, Emma sentiu sua face corar. Com a boca de repente seca, impedindo-a de falar qualquer coisa, conseguiu apenas fazer que sim silenciosamente.

Ela queria olhar para qualquer outra coisa que não fosse seus olhos, encontrando-se incapaz de fitá-los e de responder à pergunta que pairava neles. Assim, abaixou a cabeça, decidida a se manter fitando o chão.

Em vez disso, descobriu que seus olhos foram capturados pela amplitude do peito de Raul sob o fino tecido de sua camisa imaculadamente branca. No local onde ele havia afrouxado a gravata e aberto um único botão, transparecia pele bronzeada. A lembrança da sensação de correr as pontas dos dedos por aquele tórax a fez engolir em seco, obrigando-a a lutar contra o impulso de levantar as mãos até seu peito, desabotoar a camisa e voltar a desfrutar da sensação.

Em um esforço de resistir à tentação, ela forçou seus olhos a abaixarem mais, apenas para sentir o rosto corar de novo, quando seu olhar repousou na fivela prateada e no couro preto do cinto que o circundava. Não havia a menor possibilidade de não notar a forma como o tecido fino da calça comprida estava fortemente esticado pela protuberância gerada por sua ereção, prova física de que ele a desejava...

Mais do que qualquer outra mulher no mundo?

Particularmente, Emma duvidava disso. Mas, por enquanto, ela aceitaria aquela alegação. Por enquanto, simplesmente saber que ainda era desejada por aquele homem devastador, o único com quem já quisera dormir, era um bálsamo em sua alma ferida, uma promessa de delícia em um mundo que até então parecia tornar-se completamente negro.

— E quanto a ele? — inquiriu Raul.

A pergunta, inesperada, dilacerou os pensamentos excitados de Emma e lhe causou um susto que a fez levantar subitamente os olhos para seu rosto, sua perplexidade franzindo levemente o espaço entre as sobrancelhas lindamente arqueadas.

— Ele? — perguntou, atordoada. — Quem? De quem você está falando?

De súbito, ela compreendeu o significado da pergunta de Raul.

— Meu outro homem... — foi tudo o que ela pôde dizer em uma voz esganada.

Raul fitou-a com uma expressão severa. Emma deduziu que Raul pensava que ela estava fazendo joguinho, provocando-o para tentar manipulá-lo.

— Vamos deixar uma coisa clara, minha querida — murmurou em voz baixa e rude. — Não durmo com as mulheres de outros homens, por maior que seja a tentação.

— Mulheres de outros homens! — exclamou Emma, indignada. — Olhe, eu vou deixar uma coisa bem clara. Não sou mulher de nenhum homem! Eu não pertenço a ninguém e...

— Então o novo amante não está mais na jogada? — quis saber Raul, a pergunta pegando-a de guarda baixa para apunhalá-la pelas costas.

— Não há nenhum novo amante! — berrou para ele, a garganta fechando em horror ao perceber o que acabara de dizer.

Emma quase pôde ver a mente dele retornando no passado até seu último dia juntos, revivendo a cena, recordando tudo o que ela dissera...

— Então você também o deixou? Mas talvez você tenha concedido ao pobre coitado mais alguns meses do que a mim. E assim... — Parando para fitar profundamente os olhos de Emma, levantou uma das mãos e a deslizou suavemente pela lateral de seu rosto, sorrindo enquanto observava sua reação automática, a forma como ela se arqueou levemente para a carícia, olhos fechando de maneira sensual. — ...a perda dele é o meu ganho...

E, curvando a cabeça, mais uma vez tomou sua boca em um beijo tão erótico que fez sua cabeça girar.

A carícia quente das mãos de Raul, deslizando por seu pescoço, sobre seus ombros, ao longo de seus braços, a fez estremecer em resposta. Emma pressionou ainda mais o corpo contra o dele, precisando de mais do que um toque gentil. Raul riu baixo e a puxou para si, segurando-a firme enquanto abaixava a cabeça para beijá-la com mais eficácia.

A mão que estava nas costas de Emma subiu para a gola em V de seu vestido, introduzindo-se ali para encontrar a pele quente e sedosa.

Quando ouviu Emma murmurar em deleite, abaixou a mão que pusera sob o queixo dela para a mesma área sensível, tracejando linhas eróticas com os dedos, movendo-se em direção ao ponto onde seus seios firmes e intumescidos pressionavam contra o sutiã.

No momento em que aqueles dedos provocantes roçaram os mamilos sensibilizados sob a seda verde-clara, Emma arfou alto em resposta à feroz intensidade de prazer gerado por aquele toque. Com calor se espalhando entre suas pernas, ela pressionou a boca com força contra a dele, encorajando-o a lhe proporcionar mais deleites. Uma das mãos a manteve imobilizada enquanto a outra descia pela frente de seu vestido, abrindo com faminta impaciência os pequeninos botões perolados que o mantinham fechado. Quando os dedos quentes se fecharam entre os seios cobertos em seda e renda, polegar e indicador uniram-se para beliscar o mamilo já rijo.

Emma arfou novamente, a cabeça caindo para trás ao reagir ao impulso elétrico de prazer que corria através dela.

O movimento deu a Raul ainda mais acesso à frente de seu vestido, arrancando botões com tanta força que vários voaram para longe, quicando na mesa e no braço da poltrona. Curvada para trás em seu braço de apoio, ela o sentiu retirar um seio da taça sedosa de seu sutiã e levantá-lo de modo a expor o mamilo rijo, facilmente acessível à carícia quente e torturante de sua boca.

— Raul... — Seu nome foi proferido com um tom de encanto e quase descrença quanto ao prazer que ele estava lhe proporcionando.

Raul conduziu Emma pelo quarto. Ela sentiu a pressão do assento do sofá contra as coxas antes de desmoronar sobre ele, espremida entre as almofadas pelo peso do corpo de Raul sobre o seu.

— Você é uma tentação eterna — murmurou Raul contra seu pescoço, onde sua boca ardente agora estava operando outro tipo de mágica, uma que envolvia os delicados movimentos eróticos que sua língua fazia na pele de Emma, contorcendo-a de prazer. — E eu nunca fui capaz de resistir à tentação.

Cada palavra foi pontuada por mais um beijo, exigente, possessivo.

— Nunca...

E, agora que Emma chegara tão perto e ao mesmo tempo tão longe tantas vezes, as chamas que esperavam para engolfar seu corpo, sua mente, fugiram do controle no espaço de uma frenética batida de coração. Ela não tinha tempo para pensar ou respirar enquanto Raul esmagava-a com seu peso.

Sua boca estava feroz sobre a dela, suas mãos urgentes, queimando enquanto exploravam cada centímetro trêmulo de seu corpo. Aqueles dedos maliciosos agora abriram a frente de seu vestido até o umbigo, para poderem deslizar para dentro. As mãos passaram sob o elástico da calcinha de Emma para alcançar o local onde seu desejo pulsava mais forte, fazendo-a delirar de prazer.

— Não... — murmurou Emma, quando teve de respirar fundo para recuperar o fôlego.

Não? A pergunta ecoou na cabeça de Raul. Como ela poderia dizer não quando queria tanto isto?

— Não deste jeito — esclareceu Emma. — Não aqui. O quarto...

Emma não teve tempo para dizer mais nada porque logo seus lábios já estavam sendo requisitados novamente. Raul empurrou-a em direção ao quarto. Sua boca ainda estava colada na dela, tecendo uma magia sensual com a língua.

— Vai ser aqui mesmo! — exclamou Raul, perdendo a paciência. Ele a empurrou de novo contra a parede, segurando a bainha do vestido para puxá-lo para cima. Emma ficou cega por um momento quando o pano verde cobriu seu rosto, mas Raul acabou de retirar o vestido e o jogou para longe, sem se preocupar onde iria cair.

— Melhor... — Baixou os olhos para os seios nus de Emma e exalou uma respiração trêmula. — Muito melhor.

Emma quase perdeu o fôlego quando Raul envolveu os seios com as mãos e os levantou para a carícia de sua boca e o movimento alucinado de sua língua.

— Raul... — Se foi um gemido de protesto, ou de estímulo, nem ela poderia dizer. — Raul... Por favor.

Emma respondeu ao seu apelo com uma risada baixa e triunfal. Segurando-a novamente, Raul capturou sua boca, enquanto a mão livre abria, com rapidez e eficiência, o fecho do sutiã. Raul jogou-o para longe, em algum lugar na direção do vestido já descartado.

Sentir as mãos de Raul na pele nua de seus braços foi quase mais do que ela podia aguentar.

Voltando a encostar a cabeça na parede, Emma deixou escapar um gemido baixo e selvagem.

— Raul... Por favor!

Mais uma gargalhada, ainda mais rouca desta vez, enquanto salpicava uma fileira de beijos quentes ao longo de seu ombro e até o pescoço. E, durante todo o tempo, aquelas mãos maliciosas, experientes e provocantes, enlouqueceram seus sentidos, atormentando as pontas de seus seios, em um momento com gentileza, e, em seguida, beliscando os mamilos intumescidos até ela ter a impressão de que iria desmaiar com a for­ça das sensações que a assaltavam.

De súbito, Raul pareceu perder toda a paciência. Não aguentando mais postergar o prazer por mais um momento sequer, deixou escapar um gemido baixo e a tomou nos braços para carregá-la pelo corredor até o quarto.

Abrindo a porta com um chute, marchou até a cama e a largou ali sem nenhuma cerimônia, na iminência de perder o controle exatamente como ela quase perdera o dela.

Com olhos inflamados de paixão fitando os de Emma, começou a se despir, largando no chão o terno de corte impecável e a camisa branca bem engomada.

E Emma não conseguiu olhar em outra direção.

Ela não queria olhar em outra direção. Estava hipnotizada pela visão do corpo fabuloso que Raul estava revelando, cada roupa tirada expondo mais uma parte da beldade máscula que era Raul Marcín. Era grande e forte, com torso e ombros poderosos, que Emma vislumbrara antes.

Emma teria previsto que, enquanto estivesse deitada ali, sem ser tocada, sem receber qualquer beijo para atiçar seu desejo, aquelas chamas iriam arrefecer, mas a verdade era que o oposto estava acontecendo.

Cada centímetro de pele bronzeada que foi revelado fazia sua pulsação bater mais forte e seu sangue ficar mais quente. Emma sentia que podia entender exatamente por que jamais fora capaz de esquecer aquele homem. A verdade era simplesmente que não havia nenhum outro homem para ela, nenhum que se enquadrasse no seu modelo de perfeição.

Quando a única peça de roupa que o cobria eram cuecas pretas, Raul voltou até ela, inclinando-se sobre a cama para tomar seus lábios em um beijo longo que mais uma vez deflagrou todas as sensações que a levavam à loucura.

Emma passou os braços em torno de seus ombros largos, querendo puxá-lo para si, mas Raul a imobilizou com um toque, empurrando-a de volta contra as almofadas enquanto abaixava sua calcinha branca. No momento seguinte, ele pressionou a boca contra a carne lisa que suas mãos haviam exposto, trilhando fogo ao longo de seu corpo.

Dios, como preciso disso!

A voz de Raul estava rouca, engrossada pela fome que Emma sentia enrijecer seu corpo, a mesma fome que ardia entre suas pernas, fazendo-a remexer-se inquieta na cama.

— Eu também...

Talvez se Emma o acalmasse, acariciando-o da mesma forma como ele a estava tocando, Raul se apiedasse e lhe desse a satisfação pela qual ela ansiava. Mas, quando Emma deslizou as mãos sobre a pele quente de Raul, isso pareceu exercer o efeito oposto de acalmar. Em vez de calma, ela viu em seus olhos o brilho fervente do desejo e ouviu sua respiração ficar áspera e entrecortada enquanto ele lutava por controle.

Um controle que ela não queria.

E, quando os beijos de Raul acarinhavam seus seios, movendo-se pelas curvas suaves até acharem os protuberantes mamilos cor-de-rosa, mal teve energias para suportar tanto prazer.

__Raul... Por favor... Venha até mim...

Com dedos atrapalhados pela pressa, Emma puxou para baixo a cueca preta, ouvindo Raul respirar fundo enquanto a ajudava. Livre da última peça de roupa, finalmente se deitou sobre ela, pernas afastando as coxas de Emma, fazendo-a abrir-se para ele.

— Oh, sim... Sim... — ela suspirou em deleite, segurando-o com força ao abrir ainda mais as pernas para posicioná-las a cada lado de seus quadris estreitos, concedendo-lhe acesso ao âmago de seu corpo.

Dedos experientes afagaram a carne exposta, roçando o pequeno centro intumescido de desejo de Emma. Ela gemeu alto e estremeceu em uma reação que quase a levou ao êxtase. Quase, mas não totalmente. Mais uma vez, seus dedos crisparam naqueles ombros largos, urgindo-o para se aproximar mais e mais. E, agora, Emma finalmente ouviu sua respiração ser exalada em um sibilo ao abandonar toda tentativa de se conter e enterrar seu corpo no dela, em um único golpe longo e poderoso.

— Emma...

— Raul... Sim...

Suas vozes se chocaram no ar noturno, ecoando loucamente na sala silenciosa e escurecida.

Mas, mesmo quando o som de seu nome evaporou no ar, Emma soube que alguma coisa havia mudado.

Ela fora assaltada por alguma coisa em sua reação, algum pequeno estremecimento em sua voz diante da aguilhoada da dor, alguma tensão momentânea que não conseguira conter. O corpo comprido de Raul ficou subitamente parado, enrijecendo ao lutar por controle, e a cabeça morena, que estivera curvada para trás, descontrolada, voltou-se para frente, olhos dourados vasculhando seu rosto, procurando pela resposta para a pergunta que claramente ardia em sua mente.

Ainda? — disse ele, e a palavra abrangeu um mundo de significados, de descrença, de choque. — Ainda tão inocente? Mas como...?

Emma sabia que os olhos de Raul estavam nela, sabia que o olhar intensamente ardente estava vasculhando seu rosto, procurando pela resposta que ele queria, a resposta que ela não sabia como lhe dar...

E assim ela manteve os olhos cerrados, querendo afastar seus pensamentos da compreensão de que ela mantinha a virgindade que ele um dia tanto valorizara.

— O como não importa — assegurou a ele, voz baixa e urgente.

Não queria que Raul pensasse a respeito disso, não queria que isso o fizesse hesitar, ou talvez até parar. Oh, Deus, isso não! Ele não podia parar naquele momento, senão seu coração explodiria com a necessidade que latejava por todo o corpo. Ela não precisava da experiência, ou do conhecimento, para sentir que alguma coisa muito especial, alguma coisa espetacular, estava muito próxima, quase ao seu alcance.

.. — murmurou Raul, mas ela balançou a cabeça para negar a preocupação, seu corpo movendo-se nervoso sob o dele, abrindo-se ainda mais.

— Nada importa além disto, além do agora, além de nós...

E, com um toque gentil, com os provocativos movimentos de seu corpo feminino, lutou para distrair seus pensamentos para outras trilhas mais aprazíveis. Ela soube que havia conseguido isso quando o ouviu gemer em rendição, e sentiu o corpo comprido que a cobria retesar-se em uma forma nova e diferente.

— Sim — sussurrou Emma, perto do ouvido de Raul. — Sim, Raul, por favor. Por favor, faça-me sua...

Do outro lado das janelas, o dia estava frio e cinzento, as nuvens escuras ameaçavam chuva mais uma vez. Mas, ali, em seu próprio mundinho confinado e privado, não havia nada além de calor e fome, do ardor do desejo e do deleite do toque, de movimentos profundos, sensuais e maravilhosos.

Um calor que cresceu mais e mais a cada movimento glorioso, a cada beijo, a cada carícia que a afastava mais da realidade e para dentro da sensação que se fechava sobre ela como uma onda sísmica, engolfando-a. Soltando-se completamente, Emma rendeu-se ao prazer até perder o senso de tudo, menos do desejo ardente e devastador.

E, subitamente, ela não estava mais desejando, mas rodopiando e voando para fora do mundo e para dentro de um delírio de prazer que explodia em sua mente, arrasando-a por completo. Em algum lugar, muito, muito longe, ela ouviu o selvagem grito de prazer de Raul enquanto ele a seguia até o clímax e seus corpos uniam-se paralisados, suspensos, nos últimos estertores de deleite.

Apenas após o prazer finalmente sumir, Emma exalou um suspiro e se deixou cair na cama, respiração rouca e entrecortada, peito subindo e descendo, corpo repleto, cabeça anuviada.

E Raul veio com ela, o corpo comprido espalhado sobre o dela em abandono enquanto ele respirava pesadamente, na tentativa de reaver um pouco do controle. Seu corpo poderoso reluzia em suor, a cabeça pendia contra os seios dela. Emma podia sentir seus batimentos cardíacos ainda fortes.

Levou muito tempo até a respiração enfim desacelerar. Com um suspiro longo e satisfeito, ele rolou na cama para deitar de costas com um braço cobrindo os olhos.

Dios... — murmurou, rouco. — Se eu soubesse que seria assim, jamais teria deixado você ir embora...

Sempre soubera isso, pensou Emma. Ela esperou conseguir esquecer a atração que Raul exercia sobre ela, a necessidade ardente que ele conseguia despertar com o mero fato de existir. Mas a verdade era que estava tudo lá, precisando apenas de um toque, um beijo ardente. E isso tudo havia inflamado sob o comando de Raul.

E ela precisava admitir que sempre seria dessa forma. Que jamais se veria livre de Raul, seria sempre presa a ele, sempre enfeitiçada por ele, sempre necessitada dele.

Era uma necessidade que nenhuma noite, nem mil noites, poderiam jamais satisfazer. Em vez disso, seria preciso o resto de sua vida, e, ainda assim, não estaria livre da fome por ele.

Mas, ao menos por enquanto, essa fome estava saciada. E, quando Raul virou-se para ela, envolvendo-a nos braços musculosos, ela também se sentiu segura. Seu corpo doía em vários lugares, mas era uma dor maravilhosa, satisfeita. Uma dor que se igualava ao deleite que ainda a fazia brilhar em cada nervo, em cada centímetro de pele.

O que acontecera entre eles aquela noite lembrara a ambos daquilo que eles um dia haviam compartilhado. Mesmo se isso fosse tudo o que ela significava para Raul, então certamente as coisas ficariam melhores daqui por diante.

Ao seu lado, Raul se remexeu, estendendo uma das mãos para puxar o edredom para os dois entrarem em uma caverna macia e quente, onde ficaram agarradinhos. Raul agora estava deitado atrás dela, com o corpo pressionado contra o dela, e as pernas do casal entrelaçadas.

Ela se aconchegou mais contra ele, sentindo seus braços fortes. No calor e na segurança de seu abraço, ela notou seus olhos ficarem pesados, ondas quentes de cansaço desaguando sobre ela. Pela primeira vez em cinco dias, Emma sentiu a tensão que estivera dentro dela a cada segundo lentamente começar a diminuir.

Sonolenta, ela estava quase dormindo quando o humor de Raul subitamente mudou. Ele suspirou, deitou-se de costas, apoiando a cabeça sobre um braço, e se pôs a fitar o teto.

— Emma...

O que mais ele estivesse para dizer foi sufocado pelo som de uma forte batida na porta.


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Notas finais do capítulo

Enfim gente, tentei deixar esse capítulo um pouco picante e espero ter conseguido rs, Chega de tanto sofrimento em seis capítulos vocês não acham? rs Enfim, me diga o que acharam desse capítulo. Espero que tenham gostado rs.
Mil beijos amores e lembrando, quem tiver alguma crítica (construtiva) que queiram escrever, sintam-se a vontade.
Uma boa semana a todos e até a próxima.



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