Sugarfree escrita por Fefe-chan


Capítulo 4
Capítulo 4: "Intimidade"


Notas iniciais do capítulo

O nome já diz tudo!



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Capitulo 4: “Intimidade”

A chuva caia copiosamente naquela madrugada de sábado. L estava sentado no sofá da sala, observando a tempestade com os olhos compenetrados.

Ele não sabia dizer o porque, mas aquele era mais um daqueles dias. Aqueles dias nos quais era perseguido por recordações...

“Ryuuzaki? O que faz acordado?”

O detetive seguiu a voz para encontrar dra. Sumire de banho recém tomado, os cabelos negros presos por uma presilha branca. Suas roupas quentes denunciavam o frio, e a caneca de café em mãos que acabara de acordar.

Estava de óculos e tinha em mãos um bloco fino de papéis, provavelmente o trabalho em casa, já que não tinha horários no hospital em finais de semana.

Não recebendo resposta, a doutora se aproximou da janela concorrente ao sofá, observando enquanto a chuva batia violentamente contra o vidro fino. Tomando um gole de seu café forte e puro, tornou-se ao detetive com os olhos safira brilhando pela energia que o líquido lhe provia.

“Está se sentindo bem? Parece que não dormiu...” Ela comentou, fitando-o de cima a baixo. Ele vestia as mesmas roupas do dia anterior.

“Não consegui.” Ele respondeu monótono, voltando-se ao espetáculo da natureza que acontecia do lado de fora.

“Hum... Seria por causa da tempestade?” Ela perguntou, recebendo um ‘Iie’ como resposta.

Sumire notou que L não estava muito falante. Não que ele costumasse falar muito, mas pelo menos respondia mais do que uma monossílaba.

Suspirando, tomou mais um gole de seu café e tornou-se a direção pela qual viera. “Vejo que quer ficar sozinho... Eu vou para o quarto, então se precisar de algo é só...”

Ela hesitou um passo quando sentiu sua mão ser tomada pela dele, tornando-se ao detetive com um olhar questionador.

L apenas abaixou o olhar com a face melancólica, não característica de sua personalidade.

“Fique, por favor...” Ela não podia negar àquele pedido, àquela voz... Simplesmente não podia.

Se sentando ao lado dele, reparou que L não soltara sua mão. Sorrindo de lado, deixou o café na mesa enfrente e retirou os óculos, fitando-o carinhosamente depois.

Desde o episódio do filme, a intimidade entre os dois crescera. Sempre que se sentavam para conversar, L costumava segurar na sua mão e estudá-la compenetrado, como se sua pequena mão fosse a coisa mais intrigante que já vira, enquanto ela permitia tal demonstração de carinho e carência, de vez enquando retribuindo o afeto com um carinho na cabeça do detetive.

Mas hoje era diferente. L estava... distante.

“Aconteceu alguma coisa, Ryuuzaki?” Ela perguntou, recebendo como resposta um balançar positivo da cabeça do detetive. “Está se sentindo mal?” Ele balançou negativamente, apertando mais sua mão contra a dela. “Então o que foi, Ryuuzaki?”


“Só me lembrei de algumas coisas... Não consegui dormir.”

Sumire o observou em silêncio. Ela sabia que L era órfão, e que estivera em algum orfanato especial. Nunca passara pela esperiência de perder toda familia, ou de morar com um monte de pessoas, não ter nada realmente seu...

Deveria ser traumático.

L se sentiu abrangido de súbito, quente. Sumire o abraçava docemente, acariciando seus cabelos negros e bagunçados com um carinho materno.

“Não precisa me contar nada se não quizer, Ryuuzaki. Mas pode deixar, eu vou ficar aqui com você...”

“Sumire... Sensei...”

Então era aquela a sensação de ser abraçado... Ele assistira a filmes e novelas, nos quais o mocinho abraçava a mocinha, e sempre quiz saber como era. Claro que não tivera muitas oportunidades, além de pensar não ser algo tão relevante.

Para sua surpresa, era uma sensação indescritível.

Era quente e gostoso... Se sentia derreter nos braços dela, o peito cheio com uma sensação estranha, mas nada ruim.

Estasiado com a sensação totalmente nova que o abrangia, o detetive cerrou os olhos e circundou a cintura dela com os braços meio que sem jeito.

“Arigatou...”

A chuva continuava a cair em Kanto. Como todo o final de semana, Watari deixava a casa sexta à noite e retornava apenas segunda de manhã. ‘Assuntos de fora’, segundo ele. Mas Sumire já desconfiava que o senhor teria muitas posses no exterior, provavelmente na Europa, e sempre que voltava, informava ao protegido dos acontecimentos.

Como a maioria dos pacientes que tivera desde que se empregara naquele hospital cinco estrelas eram figurões ou pessoas muito importantes. Logo, o pensamento de que seu paciente e o tutor eram muito influentes e a quantidade de dinheiro que gastavam diariamente não lhe impressionou em quase nada.

Retornando da cozinha com os pratos, encontrou L sentando-se curvado e com os pés sobre a cadeira, observando o nada com um olhar distante, pensativo, enquanto levava o polegar aos lábios.

Ele poderia parecer um completo idiota daquele jeito, um esquisito, mas o jovem era um gênio. Recluso em seus próprios pensamentos, L conseguia computar tudo o que acontecia ao seu redor, tirar conclusões exatas sobre assuntos e pessoas, e sua lógica era quase sempre inquestionável, e mesmo que fosse, era por motivos morais.

A doutora se sentou ao lado dele, servindo-lhe o prato cheio de frutas enquanto tomava seu café recém retirado da cafeteira. L pegava as uvas com o polegar e o indicador e as comia lentamente, uma a uma, compenetrado.

“Como foi a sua infância, Ryuuzaki?” Perguntou subitamente, fazendo-o fitá-la com seus olhos grandes e negros.

“Já lhe falei sobre ela.” Ele comentou, colocando mais uma uva na boca.

“Não, você apenas me disse que morou num orfanato. Eu queria saber se teve amigos de infância, algum animal de estimação...”

“Iie.” Respondeu simplesmente, mas agora não pegou mais nenhuma uva. Passou a fitar um ponto na mesa, se relembrando daquela época. “Era um lugar... triste...”

Sumire hesitou em tomar seu café. Pausando os olhos nele, não viu seu paciente lógico e frio. Viu apenas um jovem sofrido, que não recebeu carinho ou afeto, apenas contas matemáticas e conhecimento lógico. Um garoto sozinho, abandonado e triste.

“Eu não gostava de brincar com as outras crianças, porque elas nunca conseguiam me acompanhar. O orfanato era um lugar muito triste. Eu só queria... voltar para casa.” E com isso, arregalou os olhos, como se realiza-se alguma coisa. Pausando os olhos ainda maiores sobre ela, vocalizou seus pensamentos. “Eu nunca tinha conversado com ninguém... sobre isso...”

Sorrindo levemente pelo olhar do paciente, deixou a xícara sobre a mesa.

“Desculpa por perguntar, Ryuuzaki. Sei que não costuma confiar aos outros o que sente.” Com isso, Sumire passou a mão pelos cabelos agora úmidos e soltos. “Mas não é bom guardar tudo isso dentro de si. Se quizer, eu estou aqui para ouvir. Para falar a verdade... eu quero ouvir.” A doutora o fitou com os olhos sinceros reluzindo. “Quando eu te vi daquele jeito, eu fiquei muito preocupada.”

O detetive passou a fitá-la estranhamente. Não, ele nunca a havia observado daquela forma. Parecia surpreso... nostálgico.

Após algum tempo, ela suspirou, se erguendo da cadeira para se dirigir ao quarto. “Então não fique mais desse jeito, se torturando sozinho, tá legal?”

“Sumire-sensei...”

E pela segunda vez naquele dia, fora parada por L. Mas dessa vez, sua surpresa era evidente.

L havia se erguido rapidamente e a abraçado por trás, prendendo-a entre seus braços finos, porém fortes. Sumire se manteve em silêncio, esperando a fala do detetive que demorou a soar.

“Você foi a primeira pessoa que demonstrou afeto e preocupação por mim...” Ele confessou, apertando-a mais contra si mesmo. “Nunca ninguém sequer me tocou, ou perguntou sinceramente como eu estava. Eu sei que faz parte do seu trabalho agir desse modo, mas eu só queria dizer... obrigado.”

Sumire permaneceu parada, apenas permitindo-se ser abraçada, abrangida por aquele jovem que nunca percebera ser tão forte e quente, apesar do semblante frágil e frio que seu corpo pálido e aparência doente passavam.

"Ryuuzaki..."

Quando L pensava em soltá-la, a pequenina mão dela pausou sobre a sua docemente. Como pensara, aquela sensação viciante o abrangiu e aqueceu todo o seu interior, mas não o impediu de ver o curto, mas verdadeiro sorriso que adornava a face de Sumire.

"Não há de que..."


Era domingo à noite, e Sumire terminava de escrever um email em seu laptop, sentada no sofá da sala. Um detetive dormente estava ao seu lado, com a cabeça recostada contra seu ombro.

Pausando os olhos sérios em L, pareceu refletir por alguns momentos. Cuidadosamente o cobriu com um lençol, e onde estava sentada, deixou um travesseiro para que ele não sentisse falta do apoio que ela exercia.

Não pôde conter um sorriso ao vê-lo abraçar o travesseiro e se curvar todo no acolchoado do sofá com um suspiro de conforto. Carinhosamente afagou os cabelos dele antes de se tornar novamente ao laptop, deixando uma expressão triste cobrir-lhe a face enquanto enviava a mensagem, permitindo-se ler o tópico:

Paciente Ryuuzaki: Recuperado

Fim do capítulo 4

Notas da autora:

Eu esperava ansiosamente por esse capítulo! Agora sim as coisas começam a ficar interessantes...

Hihihi...

Pois bem, preparem-se pelo próximo capítulo, pois o twist nos aguarda!

                                                                                              by Fefe-chan


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Notas finais do capítulo

Quero revieeeeeeews!!!