Sugarfree escrita por Fefe-chan


Capítulo 2
Capítulo 2: "A Dieta"


Notas iniciais do capítulo

^^



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Capitulo 2: “A dieta”

 

Sentia tanto frio...

 

Será que Watari não podia desligar o ar condicionado? Desde o início fora contra a instalação daquele maldito aparelho. Preferia mil vezes morrer de calor a sentir aquele frio congelante.

 

Tentou se mover, mas assim que o fizera, sentiu uma tontura e enjôo em proporção a quase hipotermia que passava.

 

Nossa, será que o último doce que comera estava estragado? Sabia que não deveria comer bolos que ficavam esquecidos fora da geladeira durante uma semana...

 

Sim, fora um erro banal, mas cheirava tão bem... Não resistia a um bolo de morango!

 

Se sentou bruscamente, sentindo a ânsia de vômito retorcer seu interior.

 

“Aqui.” A voz desconhecida disse, fazendo-o se inclinar em direção a uma cuia com as mãos pequenas, porém seguras. Imediatamente, esvaziou seu estômago, livrando-se de todo o seu conteúdo.

 

Aquele gosto acre e enjoativo permaneceu em sua boca, não o ajudando em nada com a ânsia. Sentiu algo ser colocado contra seus lábios, uma espécie de garrafa.

 

“Beba.” Novamente, não teve como contestar aquela voz. Era feminina e doce, e ao mesmo tempo, potente e militar.

 

Inclinou a cabeça e deixou que o líquido lavasse seu interior. Nossa, desde quando beber água dava uma sensação de prazer tão grande?

 

Após beber o suficiente para passar toda aquela sensação de enjôo, foi deitado cuidadosamente na cama por aquelas mãos.

 

Era tão confortável deitar-se contra aquele colchão macio, aquele travesseiro perfumado... Desde quando ele tinha uma cama tão boa naquele hotel? Não, não era a cama do hotel... Era a de sua casa.

 

Falando nisso, ele não se lembrava de estar no quarto de sua casa no Japão. Era uma enorme suíte de chão felpudo (já que odiava sentir frio nos pés ao andar descalço), com direito a uma cama de casal iluminada por uma enorme varanda atrás, e entretida por uma TV de plasma enfrente. As paredes eram de tonalidade pastel, e no teto, reinava um lustre dourado luxuoso de origem européia. Ao lado da cama, havia uma cabeceira com um abajur e controle remoto encima, e mais ao lado uma cadeira. Também havia um soro pendurado por uma haste de metal ao lado da cadeira, que era ligado ao seu braço direito.

 

Sentiu aquelas pequeninas mãos afastarem algumas mechas de cabelo de sua testa, e permanecerem ali por alguns momentos, como se testando sua temperatura. Desde quando Watari tinha as mãos tão pequenas e macias? Da última vez que fora tocado pelo seu tutor, sentira aquelas mãos grandes e cheias de calos, enrugadas pelo tempo. Mas nem por isso, menos amáveis...

 

“Watari...?” Arriscou, soando um tanto manhoso. Para sua surpresa, arriscara errado.

 

“Sou eu, Sumire.” A doce voz disse, agora em um tom mais suave.

 

Quando L conseguiu ajustar a visão, encarou em alerta a mulher a sua frente, ainda deitado estático na cama. Imediatamente, fora tragado por aqueles olhos safira, que o fitavam em um misto de seriedade e preocupação.

 

Os olhos de L não deixavam os dela, investigando-a cuidadosa e curiosamente. Ele se sentia lento, seu raciocínio não estava nas melhores condições... Mas é logico que não era Watari! Aquela voz tão doce, aquelas mãozinhas miudas... Mesmo assim, quem mais teria permição para entrar em seu quarto? Em sua casa?

 

Talvez houvesse sido envenenado e raptado por alguma organização criminosa... Mas, quem poderia ser? Como descobriram seu disfarce?

 

Vendo a confusão nos olhos do dito Ryuuzaki, sorriu profissional e se sentou na cadeira enfrente a cama.

 

“Não esperava que se lembrasse de mim das últimas cinco vezes que me apresentei. Sou a dra. Sumire, sua médica.”

 

Como? Médica? Pequenas recordações momentâneas foram passando pela sua cabeça.

 

Ah, claro. Ficara doente e Watari chamara uma médica para curá-lo! Mas, ainda assim... Não se lembrava completamente de quem ela era.

 

Isso era no que dava ficar deitado, esparramado pela cama. Apenas ao estar encolhido sua circulação sanguínea abrangia todas as áreas de seu corpo e oxigenava seu cérebro com maior potência, alimentando sua complexa massa cinzenta.

 

Isso, e o maldito ar condicionado! Será que ela não sentia o frio que aquele quarto estava?

 

Sumire viu a preocupação dele, a tentativa de recordação. Simplesmente suspirou e clareou-lhe a memória.

 

“Já fazem 3 dias que está desacordado. Nesse período de tempo, você acordou algumas vezes pedindo para ir ao banheiro, desligar o ar condicionado e para Watari-san trazer mais doces...” Disse, notando na curiosidade que se expressava naqueles olhos negros. “Me apresentei algumas vezes, e até que me respondeu muito lisongeiramente. Mas pelo o que vejo era o seu inconsciente falando, já que o consciente é mudo.”

 

“Gomen... Não foi meu desejo ser grosseiro!” Se desculpou, visivelmente sem graça. Tudo demonstrado por seu jeito desajeitado de se erguer sentado e estender a mão que recebia o soro, como se pedindo para que ela apertasse. “... Me chamo Ryuuzaki. Muito prazer.”

 

Sumire sorriu novamente aquele sorriso de médica e apertou-lhe a mão delicadamente. Aqueles olhos... Eram tão vazios e tristes. Ela não podia deixar de sentir um misto de compaixão e curiosidade enquanto era observada por aqueles orbes negros tão necessitados de atenção.

 

Para L, aquelas mãos não eram apenas pequeninas. Elas emanavam um calor tão aconchegante, eram tão macias... Nunca sentira mãos tão doces...

 

Pensando bem, nunca fora tocado por outra pessoa que não Watari. Logicamente haviam ocasiões nas quais entrara em contato com o mundo externo, mas o real toque, a sensação de ter alguém, era extremamente nova para o orfão que nem se lembrava do carinho da mãe.

 

Sumire clareou a garganta, fazendo-o acordar de seus pensamentos e piscar algumas vezes. Ao perceber que ainda segurava-lhe a mão, soltou-a rapidamente, envergonhado.

 

“AH! Gomen!!”

 

Aliviada pelo clima ter amenizado, Sumire apenas sorriu um sorriso curto e profissional, que logo foi substituído pela seriedade habitual.

 

“Não deveria se preocupar com isso, mas sim com sua saúde.” Fitando-o seriamente, começou a ditar os fatos do dia em que o atendera. “Quando Watari-san me chamou, seu quadro era muito grave: sofria de desnutrição, desidratação e infecção alimentar graças aos seus hábitos alimentares não muito saudáveis; e de exaustão pela falta de descanso e insomnia diários. Se Watari-san chegasse mais tarde, talvez não houvesse tempo para salvá-lo. Tem noção da preocupação pela qual voce fez seu tutor passar? Quer se matar, ou algo assim?”

 

Ele ouvia atentamente, não deixando de abaixar os olhos em culpa a cada palavra que deixava a boca dela. Como uma mulher com uma voz tão doce, olhos tão vivos, e mãos tão pequenas e quentes poderia se tornar a médica mais profissional e fria, com olhos incriminadores e voz áspera capaz de dar uma bronca tão dura, que o fizesse ferir-se tanto por dentro?

 

Não estava acostumado a receber críticas.

 

“Eu entendo que queira aproveitar a vida do jeito que deseja, comer quantos doces quizer e passar a noite na internet, mas isso não lhe está fazendo bem. Se não se cuidar agora mesmo, talvez eu não seja capaz de curá-lo da próxima vez!” Disse gravemente, não deixando o tom de seriedade da voz. “A partir de hoje estarei receitando uma dieta especial para você: Bastante líquido, pelo menos 2 litros ao dia; ingestão de comidas saudáveis, bastante vitaminas, proteínas, e gorduras benéficas; nada de cafeína, seja no chá preto ou no café, para ajudar com a insomnia; e, logicamente, sugarfree.”

 

A cara de L era impagável. Aquela palavra... Ela despertava desespero dentro de L. ’Sugarfree’?!

 

“Pela sua cara, acho que já sabe o que isso significa: Zero de Açúcar!”

 

“M-Mas...!”

 

“Sem ‘mas’! Nada de açúcar por tempo indeterminado.” Ela ordenou, sua voz mais imponente do que nunca. “Watari-san concordou em me ajudar no que fosse possível, e já se livrou de todas as suas guloseimas.”

 

O melhor detetive do mundo abaixou a cabeça diante da derrota evidente. Por mais correta e plausível que ela estivesse sendo, a idéia lhe soava cruel demais, quase desumana. Seus queridos doces...

 

Os olhos dela se suavisaram com a cena. Ryuuzaki a lembrava um menino travesso que acabara de levar uma bronca da mãe, e perdera todos os doces. Essa comparação lhe era um pouco mais realista do que desejava...

 

“Acho que terei de me mudar para cá por alguns tempos, pelo menos até que se acostume com a dieta. Sei que parece uma tortura, mas farei o possível para não ser um estorvo em sua casa mais do que o necessário.”

 

L a fitou rapidamente, aqueles olhos insomnios despertos com um sentimento de euforia contagiante, apesar da horrivel tragédia a qual fora acometido.

 

“É mesmo?!” Sua voz o traiu pelo tom de excitação, fazendo-o se recolher alguns momentos em seus pensamentos para acalmar os ânimos. “Fique o tempo que desejar. E não me incomodo. Na verdade, será um prazer...”

 

Um sorriso breve dançou pelos lábios de Sumire, mas tão rápido quanto aparecera, sumira. Em um movimento carinhoso, afagou os cabelos dele, agradecendo pela gentileza silenciosamente. “Mas seria melhor se descansasse por enquanto. Durma um pouco.”

 

L a fitou questionador, não acostumado com tal tratamento. Após alguns momentos, retornou a posição de descanso e cerrou os olhos, aproveitando aquele carinho...

 

Nunca dormira tão pacificamente.

 

Talvez essa dieta sugarfree fosse mais doce do que o esperado...

 

Fim do Capitulo 2

Notas da autora:

Hihihihi...

Adorei escrever isso...

Bem, considero está a irmã siamesa perdida do capítulo anterior... Espero que tenham gostado!

^^

Bem, é isso!

Só peço maior paciência, pois só voltarei a ter outro capítulo em alguns dias. (Espera, tá, ju?! >.<)

Hauhauahua

 

                                                                                              By, Fefe-chan

 


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Notas finais do capítulo

Review, folks!