Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oee povos, voltei,, eheh
Bem esse cap talvez mostre um lado de um certo personagem, que é bem diferente da primeira impressão que passou.



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Lucas apertava o ursinho de pelúcia contra o rosto, sentindo as lágrimas arderem e tentando impedi-la a todo custo, encolhido na cama, ele observava a porta trancada, por um instante desejou intensamente que Cris ou Set estivessem ali, mas só o que tinha era o frio, minimizado pela touca, pelas roupas que havia vestido mais cedo e pelo fino cobertor.

Já deveria fazer muitas horas desde que voltou para casa, o menino viu o dia passar rapidamente, ele bem que tentou dormir, mas a preocupação foi maior e no fim tudo o que fez foi desenhar e rolar de um lado para o outro na cama enquanto tentava não chorar, a saudade dos amigos já estava o incomodando.

Tudo estava em um silencio absurdo, já o pai acabou adormecendo assim que terminou de conversar com Set e o menino teve tempo de ter um pouco de paz, deveria ser tarde, mas certamente outras crianças estariam brincando, estariam felizes com suas famílias, todas as crianças tinham uma família feliz, menos ele. Lucas sempre tentou entender por que o pai nunca foi na escola em dias de festas ou em reuniões, por que o pai não o buscava como faziam os pais das outras crianças. Ele nunca entendeu por que o pai sempre ficava estranho depois que bebia, e nem por que a mãe tivera que partir.

— Lucas? – Ouviu a voz do pai em sua porta, o homem entrou devagar com cara de sono e encarou o menino, tossindo vez ou outra.

Lucas se desvencilhou dos cobertores e sorriu inocente, se o pai havia acabado de acordar era porque ainda não tinha bebido. — Papai está com fome? - O menino perguntou, correndo até o homem e segurando em seu braço. — Vem que eu posso arrumar alguma coisa.

Ele começou a caminhar ao lado do pai, que se mantinha em silencio o tempo todo, os dois saíram do quarto e foram seguindo para a cozinha pequena e um pouco escura, só havia uma janela e ela estava fechada, bem no meio havia uma mesa com quatro lugares, de um lado estava uma geladeira branca cheia de imãs que a mãe havia colocado, do outro lado um fogão simples e entre ambos estava um armário pequeno, Lucas ajudou o pai a se sentar em uma das cadeiras e se esticou para pegar uma garrafa térmica em cima do armário, ele chaqualhou a garrafa para ver se ainda tinha alguma coisa, e sorriu ao ouvir o barulho do líquido vindo lá de dentro.

— Aqui papai, acho que ainda tem um pouco de café. – Lucas colocou a garrafa em cima da mesa e se sentou cadeira ao lado do pai, observando animadamente enquanto o homem enchia metade de um copo e arrastava uma bolsa que estava no meio da mesa e retirava um pequeno pão francês dela. — Papai dormiu bem? – Sem receber nenhuma resposta, o menino encostou a cabeça na mesa e começou a tamborilar a madeira com os dedinhos. — Porque eu não dormi. – Resmungou e fechou os olhos, sentindo-se desanimado.

— Por que não dormiu? – O pai questionou, pegando o menino de surpresa, Lucas ergueu a cabeça de imediato e percebeu que o homem o fitava.

— Ah... Foi... – Ele baixou os olhos, na realidade não conseguia dormir por se preocupar com o pai, por ter medo de ele se machucar enquanto o menor não estivesse aqui. — Nada de mais. – Disfarçou, sorrindo. — Papai... Eu...

— Oque?

Lucas mordeu os lábios, reunindo coragem, ele tinha medo do pai reagir mal, mas tinha que aproveitar que o pai ainda não tinha bebido para pedir. — Posso ir na escola amanhã? Semana passada eu quase não fui e estou ficando atrasado.

— Tudo bem... – O pai murmurou como se não fosse nada de mais e passou a bolsa para Lucas, que não se continha de felicidade.

— Obrigado papai e... – Antes que o menino pudesse dizer mais alguma coisa, o homem se levantou e foi até a geladeira, Lucas acompanhavam seus movimentos com preocupação, e sentiu os olhos marejarem ao ve-lo pegar uma garrafa de alguma bebida que o menino não conhecia de nome, mas sabia que era bem pior do que a cerveja. — Não papai. – Resmungou fazendo bico, o pai parou em sua frente e o encarou com curiosidade. — Você tem que dormir, e... E... – Lucas sentiu que as lágrimas escorriam de seus olhos sem pedir permissão, mas não se importava com elas, tudo o que o menino queria é que o pai não bebesse aquilo. — E, eu não consigo dormir direito por que eu sei que você vai ficar diferente, papai, você está ficando dodói, tem que dormir.

— Ah... Filho. – O homem se curvou e beijou a testa do menino, o envolvendo em seus braços e o segurando em seu colo, Lucas não conseguia tirar os olhos da garrafa, mas sentia-se bem por estar tão pertinho do pai e ao mesmo tempo triste por saber que aquilo não duraria.

— Posso dormir do seu lado? – O menino pediu docemente, na expectativa de ao menos tentar fazer o pai descansar um pouco.

— Papai não está com sono, mas eu te coloco para dormir.

— Tá. – Ele concordou um tanto desanimado, mas o fato de ter um pouco da atenção do pai já era um avanço.

O pai o levou até o quarto e o deitou na cama, um pequeno papel caiu do bolso do menino e o homem o pegou e o analisou com cautela, no papel dois números de telefone estavam escritos e possuía um nome em cima, Cris...

— Isso é daquele cara?

Lucas apenas assentiu, com receio do pai ficar bravo, mas este se manteve em silencio. — Cris me entregou quando nos despedimos, disse pra ligar se eu precisasse.

O homem suspirou, claramente cansado e guardou o papel no bolso, Lucas não entendeu o porquê, mas preferiu ficar quieto, observando o quão cansado o pais parecia enquanto o cobria com o cobertor, não era a primeira vez que o menino se preocupava com o pai, já que varias vezes o homem passou mal ou se machucou, o maior medo de Lucas era que o que as pessoas comentavam se tornasse realidade, todos diziam que o pai dele estava ficando doente e que ia morrer a qualquer momento, mas o menino não queria acreditar naquilo, mesmo que no fundo desejasse estar com Cris e com Set, ainda acreditava que o pai tinha esperança, algum tipo de salvação, mas se o que todos diziam fosse verdade, tudo o que lhe restará era ter fé que demoraria, pois não podia viver só, mesmo que o pai passasse mais tempo bêbado do que sóbrio, existia algumas raras vezes, como hoje, em que o homem se tornava mais meigo e atencioso.

— Boa noite papai.

— Boa noite.

Vendo o pai tão consciente e sóbrio, Lucas sentiu que pela primeira vez não precisaria se preocupar, por conta disso, acabou fechando os olhinhos e dormindo rapidamente.

~ ~ ~ ~

O homem saiu do quarto silenciosamente, ainda com o olho ardendo por causa do soco, certamente já deveria estar roxo, mas quem se importava com isso?

Ele andou até o sofá, tossindo e sentindo a respiração falhar vez ou outra, ele sabia o que estava lhe matando, o que estava o transformando em um ser humano que só pensava o pior do mundo, encarou a garrafa em sua mão, por que era tão difícil impedir-se de beber? Ele sabia que no fundo o ressentimento o guiava, mesmo que Lucas não tivesse culpa, ele sentia algo estranho quanto ao menino, só não sabia dizer se o que sentia era magoa pela esposa ou culpa pela ideia do péssimo pai que se tornou.

Retirou o papel de seu bolso e encarou bem o numero, se lembrando de como Set parecia confiante, mas a mente dele estava um pouco confusa sobre a conversa que tiveram, já que o homem mal se aguentava em pé. Suspirou, jogando a garrafa longe, e pegando o telefone.

Tocou e tocou, depois de algum tempo alguém atendeu.

Alô, quem fala?” Uma voz masculina e séria perguntou, certamente Set.

Alô, Set?”

“Sim... Quem é?”

Eu sou Harry, pai do Lucas, um de vocês deixou o numero com ele, eu... Me alterei demais, queria conversar descentemente com você.

Uou, nossa, isso é...” Pela voz, era certo que o rapaz parecia confuso e indeciso.

Eu sei que fui um idiota, mas Lucas vai para escola amanhã e eu juro que não vou beber nada, eu realmente quero tratar de um assunto sério.

Tudo bem então... Se Lucas vai pra escola mesmo, eu vou te dar um crédito, que horas ele estuda?

De manhã.

Ok, passo ai as dez, é o único horário que tenho livre

Obrigado

Não é por você, é por Lucas, e não pense que esqueci do que você disse sobre ele. ” A linha ficou muda. Fim de chamada.

Harry respirou fundo e se sentou no sofá de novo, pelo menos alguém lembrava do que ele havia dito, mas isso não significava que ele lembrasse. E isso era o que incomodava mais. Estava cansado de ser o vilão sem ao menos saber que foi.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?



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