Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 20
Capitulo 20


Notas iniciais do capítulo

Hey demorei por problemas técnicos u.u Mas tamo ai.



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Lucas abriu os olhinhos bem devagar, sorrindo animadamente ao perceber o modo como se sentia protegido, se sentiu tão bem em meio a Cris e a Set que dormiu rapidamente na noite anterior.

Assim que acordou de fato, notou que Set já não estava mais na cama e que Cris permanecia deitado, olhando para o teto.

— Cris? – O pequeno chamou, surpreendendo o mais velho, que sorriu e afagou o cabelo dele.

— Bom dia anjo. Dormiu bem? - Lucas assentiu, bocejando, e começou a esfregar os olhos.

— Cadê o Set?

— Ele acordou mais cedo, teve que ir trabalhar, a folga dele era só ontem. – O loiro esclareceu, sorrindo docemente. — E agora a gente tem que ir pra escola.

— Cris...

— Oi?

Lucas o encarou bem, o loiro sempre foi muito sincero e alegre, vê-lo triste deixou o pequeno bem incomodado, era como se a tristeza dele tocasse a todos. — Posso mesmo ficar com vocês para sempre? Set disse que eu posso.

— Claro que pode pequenino. Isso se você quiser é claro...

Lucas sentou, olhando nos olhos de Cris. — Vai ser meu papai? Set também vai ser meu papai? – O pequeno riu, desistindo de tentar achar sentido no que dizia. — Mas... – Seu sorriso diminuiu. — Isso quer dizer que meu papai vai me abandonar?

— Não Lucas, não é assim... Papai só... – Cris se sentou também, puxando Lucas para seu colo. — Seu papai te ama, muito mesmo, mas ele não quer te fazer sofrer, ele quer seguir em frente, melhorar.

— Eu o atrapalho? – Lucas tentava segurar as lagrimas. — É por isso que ele me bate?

— Não amorzinho, quem atrapalha é o vicio dele. Quando ele melhorar ele volta. E ai tudo vai ficar bem. Enquanto ele não vai você ainda vai aproveitar a presença dele, e se ele te bater-

Lucas se desvencilhou dos braços de Cris, engatinhando para o fim da cama e descendo rapidamente. — Se o papai me bater mais uma vez ele não vai ser mais meu papai.

— O que está dizendo? – Cris se levantou, irritado e Lucas correu para fora, em direção as escadas. — Lucas! Lucas!

O pequeno desceu rapidamente, as lágrimas escorrendo pelo rosto, podia ouvir Cris segui-lo, mas não se importava, ele continuava correndo em direção a cozinha e se escondeu em baixo da mesa, encolhido, entre lágrimas.

— Lucas? – O loiro se sentou no chão, e ambos estavam separados apenas pela toalha de mesa, que ocultava o pequenino. — Amorzinho. Não faz isso comigo, por favor.

— O papai me odeia e quer se livrar de mim.

— Não é isso.

— Não minta! – Lucas praticamente gritou, chorando mais ainda, estava cansado de todos achando que ele não via a realidade, seu pai não era feliz com a vida que tinha, e nem ele era.

Por vezes Lucas sonhou em ter uma família, em fugir de casa e nunca mais voltar, não é que não amasse o pai, mas o pequeno sabia que de algum modo, sua presença o atrapalhava.

— Ele sofre pela morte da sua mamãe, ele a amava muito. – Cris disse por fim, com a voz um pouco tremula.— Muito mesmo.

— Eu também sofro. – O pequeno resmungou. — Eu também a amava, muito mesmo, e ninguém me ama. – Ele recomeçou a chorar, se sentia desamparado e com medo. — Ninguém me ama.

— Eu te amo. – Cris sussurrou, fazendo com que Lucas se surpreendesse. — Não sei como, mas me apeguei muito a você, não faça isso comigo, não diga isso a mim. Eu sei que sente falta de uma mamãe e isso é algo que não posso te proporcionar. Mas eu te amo, quero cuidar de você, seu pai realmente sofre em ter que se afastar. - Lucas piscou algumas vezes, tentando assimilar o que acabara de ouvir, ele se arrastou para fora de seu esconderijo, encarando Cris e olhando em seus olhos.

— Desculpa. – Lucas pediu com sinceridade, se jogando nos braços de Cris. — Por favor, desculpa, eu quero que cuide de mim, para sempre.

— Tudo bem pequenino, Set e eu até podemos não ser o casal mais normal do mundo, mas nós vamos nos dedicar. Tá?

Lucas sorriu, ainda abraçado a Cris. — Tá.

— Agora a gente realmente tem que se arrumar para ir a escola.

~ ~ # ~ ~

Lucas encarava a moça morena, que se apresentou como Lucy, ela e Cris desciam as escadas sem pressa alguma e Lucas não pôde deixar de notar em como o loiro parecia nervoso enquanto falava.

O pequeno estava sentado em um canto do sofá, e volta e meia encarava o outro menininho sentado ao seu lado, devia ter sua idade ou quase, possuía pele morena, cabelos cacheados e olhos castanhos mais escuros que os de Lucas.

— Não fique mal. Eu ajudo amigo, sabe que sempre pode contar comigo. – O menino ouviu Lucy comentar para o loiro, abraçando o amigo de um modo protetor enquanto ele limpava algumas lagrimas do rosto, o que deixou o pequeno inquieto, por que Cris estaria triste?

A moça se deu uns três tapinhas na cabeça de Cris, que riu e mostrou a língua, Lucy, por sua vez, aproximou-se do pequeno com um sorriso doce, e foi recebida pelo menininho desconhecido com um abraço apertado.

— Olá Lucas, que bom te ver de novo. – Lucy disse sorrindo, enquanto pegava o menininho desconhecido no colo. Ela acariciou os cabelos negros de Lucas, que retribuiu o gesto com um sorriso.

— Oi! – Ele respondeu timidamente, com um dos dedos na boca, Cris se aproximou e se sentou ao lado dele no sofá, o envolvendo em seus braços de um modo protetor que Lucas amou, já que sempre se sentia mais aquecido assim.

— Está tudo bem com você? – A moça perguntou, ajeitando os cachos do outro menininho.

— Sim, vai pra escola com a gente?

— Vou sim amor, mas vou para levar meu filhote. – Ela respondeu rindo e abraçando mais o menininho. — Fala oi Roberto. - O menininho encarou Lucas com um pouco de timidez, sorriu levemente e colocou as mãos em frente ao rosto. — Não faz assim querido, Lucas é um amiguinho, fala direito fala.

— Oi. – Roberto disse por fim, fazendo os dois adultos rirem.

Cris se levantou, puxando Lucas junto e o deitando em seu colo. — Acho que já tá na hora de ir para escola.

— Ta cedo Cris. – Lucas resmungou, jogando a cabeça e os braços para trás.

— Que cedo? – O loiro resmungou, fingindo estar emburrado. — Larga de preguiça menino, você tá falando com o vice diretor sabia?

— Não. – O pequeno murmurou entre risos e Cris suspirou, rindo também.

— Cínico. Vamos para a escola, preguiçoso.

~ ~ # ~ ~

Lucy se despedia de Cris com um abraço, pedindo pela milésima vez para que o amigo ficasse de olho no filho e o loiro pela milésima vez prometeu que iria ficar tudo bem.

— Você é da sala b? – Roberto perguntou a Lucas, que assentiu rapidamente, no decorrer do caminho até a escola, os dois meninos acabaram conseguindo desenvolver uma boa conversa. — Ah! Poxa eu sou da A. Mas nos vemos no recreio pode ser?

— Sim. – O pequeno se animou, nunca teve tantos amigos assim em toda a vida. Roberto sorriu e, depois de se despedir de Cris, correu em direção a sua turma. — Então eu vou também. – Lucas murmurou, dando um abraço em Cris, que sorriu levemente. — Desculpa te fazer ficar triste.

— Não precisa pedir pequeno. Não é culpa sua, quando papai voltar nós conversamos melhor sobre isso. – O loiro esclareceu calmamente, o pequeno já se sentia um pouco mais conformado, não com o fato de ficar longe do pai, mas com o fato de poder morar com Cris e Set.

— Até mais.

— Até, no fim da sua aula me espere por perto da minha sala.

— Tudo bem. – Lucas sorriu, correndo em direção a sua sala, quando chegou encontrou a porta trancada e as crianças do lado de fora, esperando a professora surgir, o pequeno sentou no chão, bem ao lado da porta, quietinho e observando ao redor, de canto de olho encontrou o desagradável Max do outro lado do pátio e preferiu fingir que não o viu.

— Lucas? – O menino ouviu a voz de Stefan a seu lado, e abriu um largo sorriso ao ver o amigo. — Que bom que veio, pensei que ficaria sozinho.

— Se tudo der certo, vou vir sempre. – Lucas comentou, e recebeu o olhar confuso do loirinho. — É que-

— Lucas! – Alguém exclamou atrás do menino, que ao se virar, se deparou com Luna carregando alguns livros e, ao lado dela, a professora, que logo correu para abrir a porta da sala. Luna entregou os livros a professora e correu até Lucas. — Você veio mesmo!

— Sim. – Lucas sorriu, era bom ter pessoas que se importavam com sua presença, que sentiam sua falta.

— Entrem logo crianças o dia será longo. – A professora anunciou, animada e gentil como sempre, Lucas e os amigos correram para dentro, tentando arrumar bons lugares para se sentar.

— Preciso da ajuda de vocês para entender algo. – Lucas anunciou assim que os três se sentaram.

— O que é? Algum dever? – Stefan interrogou, porém Lucas negou rapidamente.

— Então o que é?

— Sabem o que significa ser adotado? – O moreninho perguntou da melhor forma possível, era a palavra que ouviu vez ou outra no caminho para a escola, Cris e Lucy falavam sobre isso e o pequeno não entendeu nada do assunto, mas imaginava que se tratava do que Cris havia lhe dito anteriormente.

— Adotado? Acho que é ter outra mamãe e outro papai. – Stefan resmungou e Luna pareceu concordar.

— É quando você ganha nova família, vive com essa família e eles se tornam seus pais. – Ela complementou confiante. — Pelo menos é o que eu ouvi. Mas por que quer saber disso?

— Só vale para mamãe e papai? E se for papai e papai? – Lucas mordeu os lábios, consumido pela curiosidade.

— Não sei, não me falaram sobre isso, mas deve valer. – Stefan deu de ombros. — Mas não respondeu a pergunta da Luna, por que quer saber disso?

— Acho que vou ter uma nova família, de papai e papai, mas não sei... – Lucas abaixou a cabeça. — Tenho medo de que isso seja apenas uma ilusão, ou uma mentira, como as que papai me conta.

— Não diga bobagens Lucas, que mentiras seu papai te conta?

O pequeno deu de ombros, abrindo o caderno. — Não sei, são tantas. Ah... Queria ser adulto nessas horas, é chato não saber das coisas.

— Ai está algo que eu tenho que concordar. – Luna murmurou, rindo. — Stefan me empresta seu dever de matemática?

— Eu não, você vai copiar.

— Vou não.

— Vai sim.

— Não, não.

— Sim, sim.

— Não.

— Sim.

Lucas encarou os amigos, sorrindo tortamente. — Stefan deixa eu ver o seu dever rapidinho?

— Claro Lucas.


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Notas finais do capítulo

:3



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