- Lilly, acorda. Já chegamos. – Dizia Sue, me cutucando.

Abri os olhos e estávamos paradas em frente à uma casa lilás e branco, de dois andares, com um grande jardim. Até que ela era bonitinha, mas a tristeza me consumiu ao lembrar que nunca mais ia voltar para a casa onde eu nasci e conheci o amor da minha vida.

Pegamos nossas malas e entramos. Minha mãe exibia um sorriso enorme em seu rosto.

- Meninas, agora que a casa é um pouco maior, tenho uma ótima notícia para vocês: Cada uma terá seu próprio quarto! – Ela disse, entusiasmada.

- Ooooh. – Eu e Sue ironizamos, fingindo felicidade.

- Ah, vamos lá meninas, cadê a felicidade? – Ela perguntou e nós a encaramos, nada feliz.

- Ok, o quarto de vocês são os dois primeiros à direita no segundo andar. Corram para ver quem pega o maior. – Ela falou.

Nós andamos normalmente. Eu fiquei com o primeiro quarto e Sue com o segundo. Acho que o meu era o maior, mas eu nem ligava para isso.

Joguei as minhas malas no chão e me joguei na cama. Imediatamente, imagens de Jeremy passaram pela minha cabeça e lágrimas de saudade escorreram pelo meu rosto. Eu não sabia se conseguiria viver sem ele perto de mim.

                                  Cinco semanas depois

Lindsay PDV

Eu podia expressar felicidade por fora, mas meu coração era pura tristeza. Eu não agüentava ver minhas filhas super tristes e sofrendo. Eu não estava mais rígida, sei que elas estavam muito bravas comigo, pois as separei dos amores de suas vidas. Mas, eu não podia deixá-las na Flórida onde elas corriam o risco de vida. Eu não agüentaria perdê-las, pois eram o amor da minha vida. Só que infelizmente, elas não entendiam isso.

Nas horas de almoço e jantar, elas comiam e iam para seus quartos sem dizer uma palavra. Eu falava com elas, mas não tinha resposta. As chamava para ver um filme juntas e elas me ignoravam. Eu não agüentava viver assim. As levei a um psicólogo e ele disse que com o tempo elas iam voltar a falar comigo, mas cinco semanas se passaram e eu ainda continuava a ser ignorada.

Eu dormia tranqüilamente e ouvi risos e vozes. Olhei para o relógio e eram 3:00hs da madrugada. Estranhando, levantei e fui seguindo o som. Dava no quarto de Lilly. Abri levemente a porta e espiei o que ela estava fazendo.

Ela ria, conversava e beijava Jeremy pela webcam. Senti pela primeira vez, a felicidade naquele ambiente.

Sorri levemente. Era tão bom ver minha filha feliz. E, aparentemente ela só ficava feliz nas horas que conversava com Jeremy. Quando ele ligava para ela, passavam mais de meia hora no telefone. Eu não queria que ela vivesse com essa tristeza no peito. Não queria mesmo.

Olhei para a cabeceira de sua cama e lá estava o porta-retrato que ele havia lhe dado. Eles realmente formavam um belo casal e eu não podia tirar isso dela. Muito menos Joe de Sue.

Voltei para a minha cama e pensei. A única coisa que queria naquele momento era a felicidade das minhas filhas de volta.

Lilly PDV

- Lílian, acorda agora! – Minha mãe me cutucava. Virei e olhei para o relógio.

- Mas, ainda são 6:30! – Gritei, irritada.

- E daí? Nós vamos caminhar. Vai tomando café-da-manhã enquanto eu acordo Sue.

- Eu não vou mesmo! Me deixa dormir! – Gemi.

- Não, Lílian! Levanta! – Ela puxou meu edredom e me puxou. Caí de cara no chão. Logo quando achei que ela havia passado dos seus limites, tacou água na minha cara.

- ARRG! Que raiva! Você me irrita, sabia? – Resmunguei.

- Sabia. Agora vista uma roupa confortável e vá tomar café-da-manhã.

Fiz o que ela mandou.

Enquanto eu tomava café, Sue veio marchando de raiva.

- Eu odeio tudo isso! – Ela gritou.

- Olha, que legal. O contrário do Mc Donald’s: “Amo muito tudo isso”. – Ela quis nos fazer rir.

A encaramos sérias, e ela sentou-se a mesa.

Caminhávamos pelo parque inteiro enquanto perguntávamos: “Onde estamos indo” e ela: “A um lugar não muito especial, mas é perfeito para eu contar a surpresa.”

Vindo de minha mãe, sua surpresa não deve ser nada legal para nós, pensei.

- Pronto! Chegamos. – Ela sorriu ao chegarmos a um lugar muito bonito do parque.

Tinha um lindo rio com peixes, várias árvores e um lugar para a gente sentar. Parecia muito com o meu lugar favorito na Flórida. Naquele momento, tive vontade de chorar. Mas, não seria nada legal fazer isso em público...

- Ok, pode falar agora a tal “surpresa” – Sue disse, fazendo aspas com os dedos.

- Bom... – A expressão dela ficou triste. – Eu não tenho gostado nada de ver vocês tristes. Não agüento isso. Sei que estou fazendo vocês sofrerem demais e com certeza este não é o papel de uma mãe normal. Quero que as coisas voltem a ser como eram antes: Bonitas e felizes. Então, só tem uma coisa que posso fazer... VAMOS VOLTAR PARA A FLÓRIDA!

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH! – Gritamos no mesmo segundo que recebemos a notícia.

- EU NÃO ACREDITO! – Gritei enquanto chorava, dessa vez de felicidade.

- OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA! – Sue gritou enquanto abraçava nossa mãe.

- Eu já disse que você é a melhor mãe do mundo? – Perguntei e ela riu.

Depois da maravilhosa notícia, sentamos e bebemos água de coco, olhando para a linda paisagem que não significava “casa” para a gente.

- Mas, mãe. Você não disse que lá estava muito violento? O que vamos fazer agora? – Perguntei.

- Bom, esses dias eu estava lendo o jornal e vi que foi só um surto de violência de repente. Mas, prenderam a maioria dos caras. Lá não deixou de ser violento, é claro. Mas, está mais pacífico. – Ela respondeu, sorrindo.

- E quando nós vamos voltar? – Sue perguntou, ansiosa.

- Quando vocês quiserem! – Ela falou.

- Depois de amanhã, ok? – Perguntei.

- Ótimo!