– E então Satsuki? Topa jogar comigo?

Ela pareceu não entender, depois pareceu realmente surpresa. “Tinha que ter alguma coisa errada, isso definitivamente não era comum para Aomine” poderia ser lido em sua face mesmo que sua amiga de infância não tivesse dito nada.

–... Você está se sentindo bem Dai-chan? - Momoi questionou e colocou uma das mãos sobre a testa do amigo.

– Ei, eu estou bem. - Aomine disse sério - Quero te dizer uma coisa...

– Então diga logo. Está ficando tarde! - Satsuki lembrou.

– Só joga comigo, pra mim é melhor assim. - Aomine falou massageando a nuca.

Satsuki, devido a sua análise diária, devia saber que aquele era um sinal de quando Aomine estava constrangido. Mas ignoraria isso ou não conseguiria mais por em prática o que estava prestes a fazer.

Momoi, apesar de tudo, não conseguiria descobrir de fato se não dissesse pelos próprios lábios.

Devia ter sido mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa que ela entrou no jogo.

Parte sua sabia desde o começo que a garota não teria muitas chances, no entanto Momoi fez seu melhor para que a partida não ficasse algo “entediante”. A garota não chegou a sua meta, porém Aomine sorriu. Porque ele faria isso?

Um arrepio se passou pela espinha do moreno quando ficou apenas a poucos centímetros perto dela. Não tinha mais volta. De seus lábios veio o tal motivo, as angústias disfarçadas com um tom decidido:

– É. Eu não estava enganado. Satsuki, você sabe o que eu quero agora?

“Não tenho a mínima ideia”. Era o que Satsuki provavelmente diria, porém sua intuição feminina provavelmente indicaria uma resposta junto aos seus anos observando aquele rapaz.

Ah, porque ele sabia bem que Momoi o observava mais do que a todos. Mas não era possível que fosse o que gostaria. Seu peito apertava, mas a sentença treinada ao espelho repetidamente para aquele dia finalmente veio para seu destinatário:

– Eu realmente gosto de você. - Aomine falou baixinho perto do ouvido da garota.

Aomine a tinha abraçado. Sentia que os ombros da amiga tinham ficado tensos, como se aquela declaração a tivesse chocado tanto que não pudesse reagir. Ele sabia disso. Sentia-se da mesma maneira. Tanto quanto da vez que tinha dito aquela bobagem de que não queria mais vê-la. Um absurdo.

Não conseguia pensar em mais nada. Só tinha que esperar a reação e a possível bofetada por aquela audácia. Mas o que ouviu foi bem diferente:

– Dai-chan...? - Momoi disse enfim conseguindo colocar palavras para fora da boca.

Seu peito doía mais. Parecia que a tinha assustado. Como consertar as coisas? Ele não era nem um pouco bom nisso. Pensou em largá-la, mas temia que não mais pudesse fazê-lo depois disso então se manteve ali até que fosse empurrado.

Estava se sentindo mal. Era porque estava se declarando para sua amiga de infância? Era tão errado assim? Por isso ela não podia corresponder seus sentimentos? Seu amor por Tetsu era tão profundo assim? O silêncio se alongava com os segundos que passavam.

“Ainda não”. Era o que provavelmente deveria ter dito para seu coração. Não se sentia preparado para receber uma negativa.

Porém, voltou de seu pequeno mundo de angústias quando sentiu dois braços sobre si.

– Desculpa, Dai-chan... Pode me deixar ir agora...?

Ficou tonto.

O que aquilo queria dizer?

– Satsuki. Quero que seja minha namorada. O que você acha? - Aomine questionou a olhando nos olhos.

Sabia que não deveria insistir.

Mas não poderia escapar?

Sentia tudo ainda mais em seu coração. Poderia mesmo continuar com isso? Seus dedos acabaram pressionando aqueles ombros com um pouco de força. Não era justo. Seu coração disse para “esperar” ao invés do antigo “vá”. Como se isso fosse realmente possível.

Mas quando?

Momoi parecia ainda mais atordoada.

Aomine acabou com o curto espaço que os separava. Fez com que os lábios de ambos se encontrassem, embora estivesse se matando por dentro. No susto Satsuki descerrou os lábios o que fez Daiki aprofundar o beijo com a língua.

Não conseguia parar.

E ela não reagiu contra. Não sabia o que Momoi estava sentindo, mas isso sem dúvida havia sido forçado. Era errado. Ela não havia dito “sim”. Não seria perdoado.

Quando terminaram aquele contato, um fio de saliva ainda se manteve unindo-os.

Não demorou um segundo a mais para levar uma tapa no rosto. Ardeu. Ela se foi e ele ficou ali.

O céu estava mais escuro.

Estava chovendo, ou era imaginação sua?

–... Aominecchi? - Kise chamou preocupado.

Ouviu Kise Ryouta suspirar. Viu a sua visão se bloquear por um céu mais azul. Foi então percebeu que aquilo era um guarda-chuva e que realmente estava chovendo.

– Eu não gosto de me intrometer no problema dos outros, Aominecchi. Mas a Momocchi me pediu para buscá-lo. Ela estava preocupada. - Kise falou em um tom sério longe de seu eu habitual.

– Ela estava chorando?

– Não mais que você. - Kise falou em um tom controlado - Agora vamos, fale pra ela como se sente. Do jeito certo dessa vez.

– Foi a Satsuki que disse isso? Ou está querendo me deixar feliz? - Aomine questionou sem intenção de sair do lugar.

– O que você acha? - Kise perguntou enigmático.

– Nada. - Aomine falou dando de ombros - Tanto faz que ela tenha dito ou não, eu já planejava fazer isso.

– Hum... Isso é bom então. - Kise falou refletindo consigo - Vamos dizer que sim, não sou tão gentil.

Aomine apenas assentiu. Passou rapidamente a mão nos olhos e pegou o guarda chuva extra do loiro. É claro que aquilo seria apenas de cansaço pelo dia longo. Não poderia ser algo mais.

Caso fosse seria um acontecimento extraordinário. Ou talvez não. Quando ele riu, mais aliviado, provavelmente tinha sido mais.