Survive escrita por Claire Haddock


Capítulo 1
Homeless


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fic de The Big Four e também do tema apocalipse! Tomara que esteja indo por um caminho legal e que vocês gostem :D Tenho muitos planos para ela e, se tudo der certo, pode ser que vá longe. Bom, se houver incentivo, com certeza! hehe Boa leitura!



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ANTES

New Castle, Indiana, EUA

... encontrados os primeiros vestígios do Rabiamorbus em Brownsburg. As autoridades já se manifestaram e pediram aos cidadãos que evitem sair de suas casas e o façam somente que necessário. O chefe de polícia Juan Mendez anunciou que todos os indivíduos circulando após as dez serão levados à delegacia mais próxima para serem testados. Caso a situação se agrave, a área virará zona de quarentena, como ocorreu em Pittsboro há uma semana. Agora, as notícias do mundo. Cientistas escoceses acreditam...

Jack desligou a televisão antes que sua irmã visse mais alguma coisa.

— Eu queria assistir — protestou Emma em tom manhoso.

— Aquilo não é para crianças. Além disso, você precisa tomar banho antes de ir deitar, ou já se esqueceu? — retrucou Jack ajudando a menina a levantar do tapete.

— Jack, só mais um pouquinho... Pode ser outro canal...

— Não, senhora. Para o banho, vai, senão vou fazer contagem regressiva e você sabe o que acontece no zero...

— O monstro das cócegas não, por favor! — suplicou Emma, colocando as mãos sobre a barriga, seu ponto fraco naquela brincadeira.

— Então, é melhor correr — avisou Jack, acenando para o corredor.

Sem mais questionar, Emma correu para o banheiro. Assim que ouviu o barulho da porta batendo, Jack suspirou se jogando no sofá.

— Merda — praguejou, massageando a têmpora.

Se aquele noticiário estivesse correto, era questão de no máximo duas semanas até o vírus chegar a Indianopolis e, então, New Castle não teria a menor chance. Eles precisavam sair dali e rápido, mas como fariam isso? Sua mãe nunca estava em casa, como agora, e Jack não teria coragem de deixa-la para trás. Ela estava bastante relutante em sair de lá.

— Você enlouqueceu, moleque? Esse negócio nunca vai chegar a New Castle, vê se esquece isso de uma vez por todas.

— Mãe, a gente não pode arriscar, precisamos ir para o leste, lá as coisas ainda estão mais calmas e...

— Não quero mais ouvir essa história, Jack. Já chega, ouviu? — ela colocou o cigarro entre os lábios e o acendeu com um fósforo. Deu um trago e, em seguida, exalou a fumaça. — E então, quanto você tem aí? Vou sair hoje à noite.

Era inútil esperar algo racional vindo de sua mãe. Droga, será que ela poderia sair do seu próprio mundo e notar a gravidade da situação? Muitas famílias já tinham deixado a cidade, além disso, ele reparou como quase mais ninguém andava indo à escola naqueles dias. Faltava pouco para o vírus alcança-los e ele não queria ficar ali para ver.

Alguns minutos depois, Emma apareceu e pediu que ele a colocasse na cama para dormir.

— Você não está meio crescida para isso? — Jack ergueu uma sobrancelha para ela, mas estava sorrindo.

— Vai, Jack, só hoje...

— Foi o que você falou ontem.

— Por favor, eu não quero ficar sozinha.

E ele conseguia negar algo a ela? Não, isso deve ser impossível, pensou consigo mesmo se pondo de pé e acompanhando Emma até seu quarto.

Emma se enfiou com rapidez debaixo dos lençóis e ficou observando o irmão se dirigir até a beirada da cama. Jack achou a expressão no rosto dela curiosa.

— O que foi, tampinha?

— É verdade aquilo? Que aquela doença está perto da gente?

Jack deu um sorriso tranquilizador a ela, tirando sua franja do rosto.

— Não se preocupe com isso, Emma. Eu nunca vou deixar algo ruim acontecer com você.

Ela ficou por alguns instantes silenciosa, olhando para os pés sob os lençóis. Depois, ergueu os olhos para o irmão mais uma vez.

— Jack, você pode me prometer uma coisa?

— Diga.

— Promete que não vai ficar doente também? Que não vai morrer?

Não morrer? Jamais? Era uma promessa de fracasso inevitável, não dava para ignorar isso, mas por Emma, ele faria o que pudesse para manter sua palavra pelo máximo de tempo que conseguisse.

— Prometo. Mas agora trate de dormir, ok?

Ela assentiu, satisfeita, virando para o outro lado.

— Boa noite, Jack — ela sussurrou.

— Boa noite, Emma. — Ele apagou a luz do abajur e saiu, fechando a porta.

–-x--

AGORA

Região de Ashland, Ohio

O verão estava insuportável e o asfalto só piorava a situação, refletindo as ondas de calor. Jack parou um instante para limpar o suor da testa e pegar sua garrafa de água.

— Ei, ei, vai com calma, cara — Hiccup falou. — Não temos muita água sobrando, você sabe.

— Quanto você disse que faltava pra chegar até Ashland? — perguntou Jack parando de beber.

— Uma meia hora no máximo. Quer dizer, se não encontrarmos nenhum morto-vivo no caminho.

— Acho que não vamos, não. Mas só por precaução, fica com a faca à mão.

Hiccup fez que sim e assobiou para que seu cachorro Toothless o acompanhasse. Jack respirou fundo e recomeçou a caminhada.

Já tinha pelo menos duas semanas que eles estavam daquele jeito, vagando de cidade em cidade, procurando um bom lugar para se instalarem. O seu abrigo em Delaware fora invadido pelos zumbis e os deixou como a maioria dos outros sobreviventes, ou seja, sem-teto.

Era o esconderijo perfeito, até aqueles bastardos acéfalos foderem com tudo, remoía Jack, ajeitando a alça da mochila no ombro. Aquela base já tinha durado seis meses, porra! Lá, eles sabiam onde ficavam as principais fontes de recursos e os lugares seguros para andar. A cidade tinha sido evacuada antes de o vírus chegar, por isso, poucos mortos-vivos se aventuravam naquelas bandas. Até, é claro, um grupo de saqueadores estúpidos atrair atenção para aquela região. Não demorou e uma horda de zumbis tinha infestado a cidade.

Mas de nada adiantava reclamar agora, ainda que a tentação fosse grande. Além do mais, alguém tinha que manter os ânimos por ali, pois se dependesse da sensatez extrema de Hiccup, Jack já estaria depressivo.

Agora, já conseguiam avistar os primeiros sinais de civilização no horizonte, o sutil contorno de prédios e outras construções se erguendo do chão. Hiccup deu uma risada dirigida a Jack, como se dissesse “Eu não falei?”.

Porém, agora vinha a parte complicada. Apesar de a entrada deserta da cidade dar a ideia de ser inofensiva, nunca se poderia ter certeza de que lá dentro a situação estava tranquila. Tinham de ser cautelosos.

— Do que precisamos? — perguntou Jack em voz baixa enquanto adentravam a cidade. — Acho que, além da água, a comida enlatada já tá no fim.

— Me deixa ver aqui. — Hiccup se ajoelhou no chão, colocando a mochila sobre um banco empoeirado. — Hum... Temos um, dois... três litros de água, o que deve dar por hoje e amanhã de manhã se economizarmos. Duas latas de atum, uma de feijão e um resto daquelas uvas passas. Então, basicamente, precisamos pegar comida ou não viveremos nem para ser almoço de zumbi.

Jack deu uma olhada breve pelos arredores.

— Acho que tem um posto de gasolina ali, dá pra ver? — apontou para longe.

Hiccup estreitou os olhos, forçando a vista.

— Acho que sim, mas não acha meio arriscado? Talvez seja melhor invadir algum prédio e vasculhar uns apartamentos.

— Pra ficarmos presos que nem da última vez? Nem ferrando. Sabe o quanto dói cair da altura de três andares? É uma droga de milagre a gente não ter morrido.

— É, se aquele toldo não estivesse ali... Meu joelho ainda dá uma fisgada vez ou outra.

— Por isso, é melhor checar o posto. Anda, vamos.

O posto estava tão vazio quanto qualquer outro canto que tinham visto até o momento. As portas automáticas da pequena loja do posto não estavam funcionando, então eles as forçaram para poderem entrar.

— Tem umas coisas da hora por aqui — comentou Hiccup, fuçando nas prateleiras no fundo da lojinha. — Faz quanto tempo que você não come... batatas fritas sabor frango frito?

— Um século. Dá pra levar essas coisas? — questionou Jack, procurando por bebidas no refrigerador desligado.

— O que você acha? Claro que não, já tá tudo estragado — Hiccup arremessou um pacote de batatas na direção de Jack, que abaixou a tempo de desviar.

— Filho da mãe — riu Jack.

De repente, Toothless começou a rosnar. Os dois garotos ficaram imediatamente quietos, atentos a todo e qualquer som. Minutos se passaram, talvez uma dezena, entretanto, nada se escutava.

Calmamente, Hiccup se agachou e afagou a cabeça de seu cão.

— Fica tranquilo, garoto. Não tem nada aqui.

Aos poucos, eles foram retomando a sua tarefa de buscar suprimentos, ainda que alertas.

— Eu odeio isso — falou Hiccup, guardando na mochila alguns poucos alimentos dentro da validade.

— Eu também odeio essa droga de maçã desidratada, mas não é como se a gente tivesse um cardápio com muitas opções.

Hiccup balançou a cabeça, negando.

— O que eu quero dizer é que odeio não poder relaxar por dois minutos sem que um barulho idiota possa significar a minha morte certa. Digo, você consegue se lembrar de como era? Ficar sentado na frente do computador sem se preocupar com absolutamente nada?

— Na verdade, não. Acho que nunca fiz isso.

— Não, sério? Mesmo antes?

— Eu tinha muita coisa para fazer naquela época e quando eu podia parar e sentar, eu nunca relaxava de verdade. Sempre tinha mil coisas na minha cabeça.

— Bom, não podia ser pior que isso aqui.

De súbito, eles escutaram o som de objetos metálicos caindo, um tilintar insistente que provocava arrepios na espinha.

— Puta que pariu!

Um zumbi com fluidos saindo por todos os orifícios do rosto derrubou a antiga porta de acesso de funcionários, irrompendo na loja como um predador à procura da presa.

— Merda, bem que estava tranquilo demais... Segura isso aí. — Jack passou a mochila para o amigo e tirou apenas o bastão de beisebol da lateral. — Eu cuido desse bastardo.

Sem hesitar, Jack partiu para cima do morto-vivo, investindo com toda a força contra a lateral da criatura. O zumbi cambaleou, como se perdesse o equilíbrio, mas mesmo assim tentou atacar o rapaz, conseguindo agarrá-lo por um braço.

— Porra!

Jack empurrou o morto contra as prateleiras e deu um jeito de se desvencilhar.

— Eu não tenho tempo pra essa droga. — O garoto ajeitou o bastão nas mãos e bateu no crânio do zumbi com esforço suficiente para derrubá-lo no chão. Continuou a dar pancadas até ser possível ver os miolos do cadáver andante.

— Ugh, já deu, Jack. Ele não vai mais levantar — Hiccup falou um tanto enojado. Não importava quantas vezes acontecesse, ver restos de cérebro espalhados por todo canto nunca seria agradável. — Vamos cair fora daqui.

Assim que pegaram tudo que poderia ter alguma utilidade, começaram a decidir que rumo tomar.

— Ainda temos umas cinco horas até escurecer, mas acho que não devíamos ir muito mais longe. Minha ideia é a gente procurar um lugar seguro pra passar a noite.

— Fora aquele nosso amigo do posto, não parece ter ninguém por aqui, diria até que podemos escolher à vontade.

— Não se empolgue, Jack. A gente não tem certeza disso. Vamos ser cuidadosos e...

— Ei, não era você que queria relaxar? Então não estressa, cara. Quando foi que os meus instintos nos meteram em alguma merda?

— Quer só um exemplo ou a lista completa?

— Cala a boca, Hiccup.

No fim das contas, arrombaram a porta de uma casa abandonada que devia pertencer a uma família bem abastada em outros tempos.

— A casa azul da esquina parecia mais segura... Se aparecer um monte de zumbis por aqui nós vamos estar encurralados nessa rua que, se você não notou, é sem saída.

— Mas essa aqui é bem maior e sempre há uma saída pelos fundos. Esses caras deviam ser cheios da grana... Dá só uma olhada naquele sofá, eu poderia dormir a minha vida inteira naquela beleza. E só encontramos um zumbi até agora, então escolhe logo a porcaria de um quarto e se sinta em casa, porra.

Jack devia estar certo desta vez. Talvez tivesse sido que nem em Delaware, podem ter evacuado a cidade antes da chegada do vírus. E não havia sinal de qualquer saqueador, militar ou grupo de sobreviventes nas redondezas. Talvez a gente esteja mesmo sozinho, ponderou Hiccup, subindo as escadas e entrando no quarto que devia pertencer a um casal.

Não hesitou nem um instante a se jogar na cama e, caramba, há quanto tempo não deitava numa superfície tão confortável?

— Tá, essa foi boa, Jack — admitiu em voz alta para que o amigo escutasse no andar abaixo, Toothless se acomodando ao seu lado.

— Eu sou brilhante, lide com isso — ele ouviu Jack responder.

Convencido maldito.

Antes que desse conta daquilo, suas pálpebras começaram a fechar e o sono a atrai-lo.

–-x--

— Hiccup, levanta. Droga, Hiccup, banca a bela adormecida mais tarde, acorda logo!

Hiccup precisou de mais alguns momentos para sair do mundo quase utópico dos sonhos e recordar a sua realidade.

— O que é, Jack? — olhou para a janela e notou que estava escuro lá fora. — Droga, por quanto tempo eu dormi?

— Umas três horas.

— Por que não me chamou antes?

— Porque não achei que ia ter necessidade, mas... Eu achei uma coisa.

— Uma coisa? Que tipo de coisa?

— Vem comigo. — Jack saiu pela porta sem dizer mais nada.

Levou Hiccup até o sótão e o que havia ali fez o queixo do garoto quase cair.

— Mas que...? Não acredito...

Ali havia uma parede repleta de armas, desde rifles até metralhadoras, havia até algumas granadas e facões.

— Diz aí, eu mandei muito bem dessa vez — disse Jack, aguardando os aplausos.

No entanto, Hiccup não parecia nem um pouco entusiasmado com a novidade, aliás, parecia até meio pálido. Jack não entendeu.

— Achei que você ia estar me reverenciando a essa altura.

Hiccup começou a murmurar alguma coisa que Jack não conseguia ouvir. Ficando impaciente, ele balançou o amigo pelo ombro.

— Entrou em estado de choque? Qual é, cara?

— ...ga... droga... Droga... Droga, Jack, que droga...

— Hiccup, o que você...?

Hiccup se virou para o amigo de olhos arregalados.

— Será que não percebe? Temos que sair daqui agora!

— Por quê? Isso não faz o menor sentido.

— Por quê?! Eu digo por quê... Essas armas só podem estar aí por dois motivos. Primeiro, alguém usa essa casa para estocar as armas e vai estar de volta em breve. Na hora que entramos, eu nem notei, mas é estranho que a casa estivesse trancada, a última coisa que alguém pensaria quando está fugindo de um lugar é em trancar o local quando nem se tem certeza de que vai ter chance de voltar. Simplesmente, não tem lógica.

— E qual é o outro motivo?

— O outro motivo... É que os donos nunca deixaram a casa. Digo, você chegou a verificar o porão?

Só agora a ficha começava a cair para Jack, que ao poucos foi embranquecendo.

— Merda.

Não importava qual era a alternativa correta, a melhor solução seria deixar o lugar.

— Pegue o que quiser e não abra nenhuma porta que não tenha aberto antes, vamos sair pelos fundos.

Então, começaram a se apressar para recolher seus pertences e não fazer mais ruídos, no caso de ser a segunda opção. Quando estavam acabando os preparativos, uma luz branca vinda do lado de fora invadiu a sala pela fresta da cortina. Era um carro e estava estacionando na frente da casa.

— A menos que zumbis saibam dirigir, acho que agora sabemos o que é esse lugar — sussurrou Jack, rumando para a porta de saída na cozinha.

— Jack, não! — sussurrou de volta Hiccup. — Não vai dar tempo. Vamos nos esconder.

O amigo estava certo. Jack se espremeu entre a geladeira e a parede bem ao lado da passagem entre a sala e a cozinha. Hiccup enfiou-se debaixo da mesa com Toothless.

— Você foi mordido, Hiccup? Tá ficando demente? — Jack claramente duvidava da eficiência do esconderijo do amigo.

— Fica quieto!

E nem um segundo depois, a porta de entrada foi aberta.

— Você não tinha trancado isso? — uma voz perguntou.

— Merda, devo ter esquecido. Não fala pro Drago.

— Que se dane, ninguém vem aqui mesmo. Tem alguma coisa pra comer nesse fim de mundo?

São idiotas, concluiu Hiccup, ligeiramente aliviado. Não precisava ser um gênio para detectar sinais de arrombamento. Quem sabe eles saíssem vivos dessa, afinal. Viu Jack preparando a pistola para disparar assim que um dos caras entrasse na cozinha.

— Não, Jack! — sussurrou Hiccup. — Eu tenho um plano, Jack... Jack?

Mas havia algo de estranho com o amigo, como se naquele momento fosse outra pessoa. Hiccup não gostou nada disso. Nunca precisaram matar nenhuma pessoa viva naquele tempo de parceria, normalmente conseguiam evitar outros humanos, mas agora... Os olhos de Jack tinham um brilho quase sádico na escuridão da cozinha.

Quando um dos homens estava prestes a entrar no cômodo, o colega o chamou.

— Ei, Wal, vem cá. Achei um negócio aqui em cima.

Teriam esquecido alguma coisa e...? Mas que droga eu estou pensando? Essa é nossa chance!

Hiccup saiu do esconderijo e puxou Jack consigo.

— Anda, Jack, tá atrasando a gente!

Quando girou a maçaneta, percebeu que aquela porta também estava trancada.

— Ah, só faltava essa...

Isso parece... Pelo de cachorro.

Como se tivesse acordado de um transe, Jack olhou para cima ouvindo as vozes e os passos.

— Vou ter que arrombar, é nossa única chance.

— Vai nos denunciar!

O som dos passos se intensificou e ia em direção à escada.

— Acho que já sabem que estamos aqui.

Sem mais tempo a perder, Jack forçou o ombro contra a porta. Sem sucesso.

— Por favor, Jack, leve o tempo que precisar. E só pra deixar claro, isso foi sarcasmo! Dá pra acelerar?

Jack se jogou contra a madeira mais uma vez e a porta produziu um crack. Então, com um chute, a porta se escancarou e permitiu que o ar da noite invadisse a casa.

–-x—

Aquela tinha passado perto, mas tão perto que eles só conseguiram parar de correr quando saíram dos limites da cidade. Cansados demais para fazer qualquer coisa e não tendo condições de abusar da sorte de não ter esbarrado nem com humanos e zumbis no caminho, os dois fizeram um acampamento improvisado na floresta próxima.

— Nós estamos quebrando a regra de não acampar em...

— Eu sei, Hiccup, tá legal? Mas a gente precisa de uma droga de descanso agora. Eu cubro o primeiro turno da vigília.

Quando deram duas horas antes do alvorecer, eles trocaram de posto e Jack pôde ir descansar.

Hiccup coçou os olhos para espantar o sono. Que porcaria de dia, pensou ele, Toothless dormindo profundamente ao seu lado. Pelo menos tinham conseguido repor alguns de seus suprimentos, talvez o suficiente para chegar à cidade seguinte.

Subitamente, o ruído de um galho se quebrando ecoou pela floresta. Pegando o punhal que adquirira há poucas horas, Hiccup decidiu se arriscar um pouco mais adentro da floresta, considerando que já tinha amanhecido e conseguiria enxergar por onde andava. Ele sabia que não tinha as mesmas chances ou habilidades de combate que Jack, mas aquele tempo tendo que se virar num mundo dominado por zumbis o fizera aprender uma coisa ou outra. Acreditava ter competência suficiente para não desmoronar nos primeiros ataques.

Em passos comedidos, Hiccup foi se distanciando do acampamento e penetrando cada vez mais na mata. O fraco rumor persistia, ainda que ele não tivesse certeza de onde vinha.

Cadê você, defunto ambulante? Hiccup ajustou a arma em sua mão, atento aos seus arredores.

Foi quando algo que não esperava aconteceu.

— Não mexa um músculo ou você está morto — uma voz feminina o preveniu.

Então, uma flecha vinda de trás dele passou a milímetros de sua orelha e enterrou no crânio de um infectado.


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Notas finais do capítulo

Uma voz feminina e uma flecha? Nossa, quem será? Haha ok, é um tanto óbvio, mas cortei aí apenas para causar uma tensão! Atualmente, estou trabalhando num trailer para a fanfic e assim que estiver pronto, postarei na descrição. Enfim, tomara que vocês tenham gostado até aqui! Eu sei que pode ter um linguajar um pouquinho pesado e se as cenas de violência estiverem, bem, excessivas, me avisem que eu posso diminuir o "derramamento de sangue"... Mas é válido lembrar que é uma fanfic sobre um apocalipse zumbi, então esse tipo de coisa é um tantinho necessária.Por favor, não deixem de me dizer o que acharam!BIGKisses!