For The First Time escrita por Jessie Austen


Capítulo 1
== PARTE I == The begin




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Quando aquele maldito sinal tocou, anunciando a próxima aula, pude finalmente sair da sala onde havia me escondido para correr até o banheiro mais próximo.

Droga, além de sangrar meu nariz doía muito! Minha camisa que antes era de um branco quase que perfeito, agora estava completamente vermelha.

Naturalmente eu tinha ciência que num lugar como aquele, menor que minha escola anterior e desprovido de pessoas inteligentes e leis severas, haveria de ser daquele modo.

Merda, minhas costelas pareciam estar partidas em trocentos pedaços e cada um deles latejava. Mas não podia me dar o luxo de sair correndo para casa, não queria preocupar minha mãe também, já que problemas é o que ela mais tinha naquele momento.

Ela estava suficientemente arrasada com a mudança brusca de vida e de realidade após a separação. Ou melhor, o abandono de meu pai, que ocorreu quase um ano antes, após ele nos fazer o favor de fugir com a amante.

A mulher que nunca havia precisado trabalhar, porque tinha um marido que podia oferecer tudo o que ela queria e bem mais o que precisava, agora se via obrigada a dar aula de francês.

Pensando friamente, eu entendo ele...meu pai. Em partes.

Não, eu não estou perdoando-o ou dizendo que foi algo aceitável. Mas tenho que admitir que eu e meu irmão nunca fomos os filhos mais excepcionais do mundo.

E talvez minha mãe não fosse a pessoa que ele esperava após quase vinte e cinco anos de casados. É que ela possui a incrível habilidade de misturar a doçura com cinismo para dizer verdades incontestáveis em momentos pouco adequados, que só as mães possuem.

Bem, voltando ao meu drama atual: após me certificar que estava completamente sozinho no corredor, saí cambaleando pouco, apesar de sentir que minhas pernas me deixariam a qualquer momento. Decidi ir até o lavatório que ficava perto do pátio e que a essa altura deveria estar vazio. A maneira mais fácil de chegar lá seria ir pela escada espiral dos fundos.

Descendo enquanto me apoiava no corrimão e tentava não fazer barulho, quase caí quando de repente alguém que subia correndo em minha direção me disse:

- Ei...você precisa de ajuda?

Por um momento eu congelei. Mas não, definitivamente o jovem à minha frente não era ninguém importante ou relevante naquele momento, como um professor ou o diretor.

Foi quando o encarei melhor. Um rapaz alguns anos mais velho, com cabelos claros, que me encarava como se eu fosse deixar esse mundo a qualquer momento.

Eu nunca tinha visto-o ali antes.

- Não. Agora se me permite...- respondi sem paciência ao perceber que ele me fechava o caminho e que não parecia querer me dar espaço para passar por ele sem me esbarrar.

- Hm. Acontece que não permitirei não. Vamos, você não deve ser tão orgulhoso assim. Não nesse estado! – esse respondeu puxando meu braço esquerdo por seu pescoço – Credo! De perto é ainda pior. O que fizeram com você? Esta escola está parecendo aquelas séries americanas de prisão!

Tive um segundo de tontura e quando percebi já descíamos a escada de caracol. Neste momento eu pude observá-lo melhor.

Seus olhos tinham um tom claro, mas eu não consegui distinguir se eram verdes ou castanhos. Poderiam ser até mesmo azuis. Não importava, mas por algum motivo eu quis muito saber.

Sua camisa era xadrez azul e bem passada. Ele devia ter vinte anos e provavelmente era um ex-aluno. Possuía um crachá de visitantes com as iniciativas J. W. Hm...John? Joseph? Williams?

Eu devo ter feito uma cara confusa enquanto tentava acertar qual era o seu nome, pois ele segurou forte a minha mão e sorriu, só assim que eu voltei à realidade, já que tal ato me incomodou muito.

- EI, ei...me diga...o que aconteceu. Eu só quero te ajudar, ok? Vai ficar tudo bem.

- Foi...o pessoal do último ano. – resumi.

- Em quantos eram?

- Seis? Não vi, estava lendo. – respondi rapidamente querendo sair daquilo tudo o quanto antes.

- Seis? Pelo amor de Deus...e você estava lendo! Qual o seu nome? Vamos até a enfermaria agora mesmo! – JW me disse.

- Olha, agradeço seu aparecimento e preocupação, mas acontece que preciso ir...

- Para onde?! Para a UTI só se for né? Meu nome é John. John Watson, prazer. Sou voluntário da enfermaria...na verdade é uma espécie de estágio obrigatório do curso preparatório, hoje é meu primeiro dia e...por que você está sorrindo? – interrompeu enquanto já seguíamos pelo frio corredor.

- John. Acertei. De qualquer modo, sua ajuda não é necessária e não foi requisitada. Obrigado. – respondi sorrindo de maneira exagerada, mas isso o fez parar e me segurar ainda mais forte.

- Olha aqui, cara misterioso. É minha obrigação. E por favor, você não está em condições...pelo contrário. Está assustador. Venha aqui! – este respondeu me arrastando pela mão até o banheiro.

Ao entrar me deparei com o meu reflexo e de fato, eu estava.

- Viu, espertão? Agora vamos.

- Espere. – interrompi – Eu não posso. Quero dizer, eu preciso, mas não posso. Ir até lá me entregaria para o diretor. E minha mãe teria que vir e isso só provocaria aqueles estúpidos...

- Você pode me falar qual o seu nome, por favor? – ele me interrompeu de maneira paciente porém imponente.

- Sherlock. – menti.

- Certo. Sherlock? Que raio de nome é esse? Ok, Sherlock. Eu não quero prejudicar você...nem causar problemas com sua mãe. Mas isso que aconteceu hoje foi errado e você sabe disso. Além disso você vai precisar tomar uns pontos aí. Vê? Me deixe ajudar você...- ele sussurrou.

Hesitei um pouco. Pelo fato que se minha mãe fosse até a escola, ela ficaria arrasada. E que eles, os idiotas que tinham feito aquilo não me deixariam em paz. E que meu irmão me humilharia sobre aquilo para sempre.

Hesitei porque eu sempre tinha me virado muito bem sozinho até aquele dia.

Hesitei porque nunca alguém havia sido tão verdadeiramente solicito comigo.

- Só aceitarei ajuda se você trouxer as coisas aqui. – respondi fingindo não sentir dor nenhuma.

- Ok! – John sorriu voltando minutos depois correndo com um kit de primeiro socorros improvisado.


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