Se puder passar por mim escrita por Padawan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

fem!Akashi x Furi, se não gosta do casal, well, desculpe! Não leia.
Está bem levinha, não sei de onde surgiu essa ideia, provavelmente tem uns mil erros também, sinto muito por isso.
Espero não cansar a vista de ninguém.
Boa leitura!



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Furihata Kouki adora basquete. Ele pode não se destacar, nem mesmo está entre os titulares no time da escola, mas ainda assim ele ama poder jogar com todos. Mesmo que fique a maior parte do tempo no banco, nutre a esperança de achar alguma forma de ajudar seus amigos. Estava decidido a melhorar para ser útil na copa de Inverno.

E por isso mesmo, naquele fim de tarde em que as atividades dos clubes foram suspensas por causa dos exames, resolveu escapar uns minutinhos de estudos para se dirigir a uma quadra próximo do bairro em que morava.

A quadra ficava num lugar isolado, dificilmente a via frequentada mesmo em finais de semana.

Ele quicava a bola distraidamente pela calçada andando em direção ao engradado que a contornava quando notou um carro chique parado do outro lado da rua. Apertou os olhinhos castanhos e percebeu que havia um senhor sentado no banco do motorista atrás do vidro fosco. Ficou se perguntando quem ele poderia estar esperando naquele tipo de lugar até avistar uma mocinha no meio da quadra.

De inicio assustou-se. Nunca tinha visto aquela garota por aqueles lados e ela se destacava bastante. Tinha longos cabelos ruivos que cascateavam por suas costas, era baixinha e trajava o uniforme de um colégio particular do qual ele ouvira falar vagamente. Não conseguia se recordar direito.

Silenciosamente, adentrou a quadra, mas por mais discreto que tenha sido não passou despercebido pela ruiva. A garota se virou e Furihata pode ver os olhos heterocromáticos caírem analíticos sobre si. Instantaneamente ficou apreensivo e sentiu um nervosismo gelar sua espinha. De alguma forma, aquela menina parecia assustadora, não era alguém que gostaria de irritar.

Ela estivera de frente para a cesta, na linha do garrafão. Não havia uma bola consigo, mas a postura indicava que ela estivera treinando arremessos. Isso é possível? Treinar arremessos mentais? Só com o cérebro?

Balançou a cabeça - o que fez a garota arquear as sobrancelhas ainda o avaliando - para afastar aqueles pensamentos idiotas. Pigarreou e ergueu uma das mãos, um sorriso ansioso desenhando-se em seu rosto.

- O-oi. Tudo bem se eu jogar aqui?

Ela continuou o encarando daquela forma analítica, como se pudesse ler sua alma só com aqueles dois olhinhos de cores diferentes. Por fim abriu um sorriso mínimo e se pôs em posição de defesa.

- Se puder passar por mim.

Aquilo era inesperado. Furihata podia sentir, de alguma forma, que aquela garota era muito boa esportista. Não parecia, levando-se em conta o físico mais delicado, e certamente ela era baixinha demais para alcançá-lo, mas achou que não seria seguro fazer comentários a respeito disso. Não queria avançar e machucá-la, no entanto, então pigarreou e coçou a bochecha disfarçadamente.

- E-eh? Mas... Bom... Eu faço parte do time de basquete da escola, sabe... Talvez não seja justo... Ainda que eu não seja muito bom... - Acrescentou a última parte num sussurro. Não soube se ela escutou ou não, mas teve a impressão de que o sorriso da garota aumentara alguns milímetros.

- Se esse é o caso, você passará sem problemas.

Notava a ironia no tom de voz comedido da menina, mas não se zangou por isso. Ainda lhe parecia injusto abusar da pouca altura dela ou da diferença física dos dois, mas resolveu acatar com o desafio. Ele não era cabeça quente como certas pessoas de seu time, mas também tinha seu orgulho.

Voltou a quicar a bola no chão, dando alguns passos na direção dela. Chegou perto o suficiente para fintá-la, mas aparentemente aquela garota sabia cada movimento seu porque não importava se ele fosse para a direita ou esquerda, lá estava as mãos dela impedindo-o de continuar.

Talvez não tivesse que pegar tão leve com ela. Sem que percebesse um pequeno sorriso cruzou seu rosto também e ele tentou um passe fake para a direita, mas aparentemente a ruivinha previra até isso. Ela esticou a mão esquerda e roubou a bola facilmente do moreno.

Ele ficou a encarando surpreso enquanto ela dava a volta na quadra, quicando a bola habilmente. Seus movimentos eram simples, mas pareciam muito bem executados como se ela fosse profissional.

- Você também está no time de basquete? - Perguntou, tomando ele a posição de defesa.

Ela apenas negou com a cabeça e se aproximou olhando-o avaliativa. Podia driblá-lo facilmente, mas resolveu ensinar uma lição naquele cara por deixar a guarda baixa enquanto a enfrentava. Fingiu um passe para a direita, ao que ele respondeu indo exatamente para esse lado com as pernas, mas então moveu a mão em posse da bola para o outro lado, assim como as pernas. Tentar acompanhar o movimento desequilibrou o outro jogador e ele caiu sentado, com uma expressão confusa enquanto assistia a menina marcar uma cesta de três pontos.

Kouki arregalou os olhos e a admirou nos pequenos instantes em que o som da bola quicando atrás de si durou, até ela rolar para o engradado. Levantou-se ainda confuso de como aquele movimento acontecera, como ele tinha caído no chão tão facilmente por causa de um lance fake. Virou-se ainda com assombro no rosto na direção da menina.

- Por que não? Você tem talento.

Ela lhe lançou um olhar vazio e congelante. Soube na hora que tinha atingido um ponto particularmente doloroso quando as sobrancelhas se franziram, enrugando a testa lisa por baixo da franja curta.

- Porque eu tenho assuntos mais importantes para tratar.

Sem dizer mais nada, deu as costas a ele e se afastou. Furihata apenas assistiu enquanto ela atravessava a rua em direção ao carro escuro.

~

Talvez Akashi-san tivesse mesmo assuntos mais importantes para tratar, mas todas as vezes que Furihata ia até aquela quadra de basquete abandonada, lá estava ela. Nesse meio tempo descobriu seu nome, descobriu que ela morava em outro distrito. Uma vez a perguntara porque ela ia tão longe do lugar em que morava e ficou sabendo que assim era mais “seguro”. Só podia imaginar o motivo dela gostar de jogar basquete escondida.

E o motivo de insistir em querer que ele a passasse. A garota não era somente talentosa, ela era uma muralha. Uma mini muralha ruiva. Desconfiava que ela fosse difícil até para os titulares da sua escola. Mesmo depois de semanas treinando com ela era impossível vencer seu senso de previsibilidade e sua jogada com as pernas.

Não que o fato dela usar saia e ficar com as coxas aparecendo o distraísse, longe disso.

Bem, talvez depois de um tempo isso também acontecesse, mas certamente havia algo mais. Não achava que era um simples truque.

Nas férias antes da copa de inverno seria obrigado a se ausentar dos treinos de fim de tarde com ela, iria passar um tempo treinando com o pai da treinadora do colégio. No último dia antes de viajar achou melhor avisá-la, ainda que não parecesse fazer muita diferença na vida daquela garota a sua presença.

- Ahm, Akashi-san... Amanhã eu viajo com o time para um treinamento intensivo. Temos que melhorar para a Winter Cup...

Talvez fosse impressão, mas jurou ter visto um brilho diferente nos olhos dela. De qualquer forma, durou muito pouco para que ele conseguisse confirmar. Ela acenou com um abaixar da cabeça e atirou a bola em sua direção, entrando novamente em posição de defesa.

- Você vai continuar vindo aqui? - Perguntou mais por curiosidade mesmo, avançando com tudo pela frente. Deu um giro para se livrar dela, mas não tinha coordenação o suficiente para driblá-la ainda. A bola escapou de suas mãos com um simples toque da garota.

- Não. - Ela respondeu simplesmente, indicando a bola com a cabeça para que ele fosse buscar.

Akashi tinha essa mania de mandar, pelo que ele percebera nas semanas em que jogaram juntos.

Novamente em posse da bola, avançou na direção dela.

Novamente, foi bloqueado.

- Por que não? - Perguntou já sem fôlego, nas sua quarta ou quinta tentativa, voltando a perder a bola para a menina.

- Vou viajar também, com meu pai.

Dessa vez, quando Furihata avançou, Akashi tomou a bola de si e deu a volta no garrafão, esperando-o propositalmente para que ele tentasse a bloquear. O garoto sorriu com o olhar, embora o rosto se mantivesse sério. Tentou bloqueá-la, mas assim como das outras vezes, mal acompanhou os movimentos dela e foi ao chão.

Akashi foi até a bola depois de marcar o ponto e esperou o moreno se levantar para lançá-la a ele, olhando-o com seriedade.

- Isso é um adeus, por enquanto.

Sabia que de fato era, mas mesmo assim foi estranho escutá-la. Percebeu com algum espanto que sentiria falta daqueles treinos durante a copa. Certamente iria precisar se manter focado, não poderia ficar escapando para aquela quadra. Concordou com um aceno, simplesmente.

Ela aproximou-se e lançou, pela primeira vez, um sorriso terno em sua direção. Sentiu as bochechas esquentarem no mesmo segundo que percebeu isso e uma sensação esquisita se apossou de sua boca do estômago.

- Adeus, Kouki.

Nunca iria entender como alguém podia se sentir tão a vontade com um desconhecido para chamá-lo pelo primeiro nome assim que soubera deste, mas não reclamava também, mesmo que o constrangesse todas as vezes.

- A-adeus, Akashi-san.

A ruiva acenou abaixando levemente a cabeça e deu as costas, jogando aquela cascata de mechas vermelhas para trás. Antes de deixar a quadra ela se virou parcialmente, o suficiente para que Furihata visse o sorriso psicopata que se apossava de seu rosto feminino.

- E... Kouki?

- Hai! - Respondeu apressadamente, arrepiando-se até os fios de cabelo com o tom de voz que ela usava. Deixou a bola de basquete cair.

- Não perca. Não gostaria de saber que venho investindo meu tempo num fracasso.

Sem mais, ela rumou para o carro preto que a aguardava do outro lado da rua. O coração do adolescente no meio da quadra deu um salto assim que o carro deu partida e bombeou com tudo sangue para todo seu rosto. Não soube dizer o sentido real daquela frase e por mais que uma pontadinha de felicidade cutucasse sua nuca, ficou com medo de descobrir.

No fim das contas, não pode passar por ela. Mas assim que o inverno acabasse ele conseguiria, afinal, não ficaria tranquilo se decepcionasse Akashi-san.


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Notas finais do capítulo

Obrigado a você que chegou até aqui! Não seja tímido e comente, críticas construtivas sempre ajudam. Um beijão com gosto de pipoca.