Saí da cabana de Laasalun e encarei o céu azul celeste.

– Ahanu! – chamei

Nada aconteceu.

– Mais alto! – disse Bazzir

– Ahanu! – gritei

Minha voz ecoou pelo céu na forma de um grito de dragão, tão forte que faria a criatura mais poderosa tremer, senti meu corpo ficar fraco e cai de joelhos como na primeira vez que usei um grito, logo a forma do dragão apareceu no céu e desceu até nós levantando poeira em volta de onde pousou.

– Dragonborn. – cumprimentou ele

– Ahanu – respondi – pode dar minhas resposta agora?

O dragão ergueu seu pescoço arqueado, se sentando no chão musgoso do pântano.

– Diga.

– Laasalun, o Bretão morador dessa cabana, sumiu, você sabe onde ele está? – perguntei

Me encarando e soltando colunas de fumaça das narinas, o dragão piscou e deixou sua voz grossa como um terremoto brotar de sua garganta:

– Por que eu saberia?

– Não sei, poderia ter algo a ver com Alduin? – perguntei

– Não até onde sei. – respondeu ele

– Tem alguma forma de encontra-lo? – sugeriu Katrin

– Acho que haveria uma forma. Mas vocês precisariam vir comigo. – respondeu ele se levantando e abaixando sua asa para que pudéssemos subir

– Oque?! – gritou Bazzir – quer que a gente suba em você, confie nossas vidas as suas garras sujas de sangue de inocentes?!

– Vocês não tem outra escolha. – Ahanu chacoalhou a asa como um sinal para subirmos

– Vamos achar Laasalun? – depois de Ahanu responder positivamente com a cabeça, continuei – preciso pegar uma coisa.

Entrei na cabana novamente, fui até as graciosas folhas verdes brilhantes da Raiz de Nirn que o velho Bretão guardava, peguei seu vaso e o levantei, era mais leve do que eu esperava e o trouxe para fora.

– Você vai levar isso? – perguntou Bazzir dando uma risada irônica

– Vou, Laasalun ia querer. – respondi

Subimos na fera alada, e, depois de nos segurarmos em seus espinhos, ele ergueu as asas colossais e as bateu até levantar voo, a decolagem foi horrível para todos nós, o ar passava rápido por nossos corpos fazendo as roupas e cabelos ficarem estendidos para trás enquanto Ahanu ondulava sua coluna como uma cobra, quando ele estabilizou o voo todos ficamos suspirando ofegantes e aliviados, acima de nós, apenas as nuvens e abaixo, toda a terra de Skyrim! Era ainda mais lindo de cima, amontoados de árvores em meio aos campos formavam um espesso tapete verde, molhado pela neve derretendo e iluminado pela luz do Sol, cada animal parecia uma formiga a nossos olhas, pequenos pontos na imensidão, era estranho e excitante pensar que estou montado num dos animais mais poderosos de toda a Tamriel, e que eu falei com ele!

– Podemos saber como vamos achar Laasalun? – perguntei

– Vamos usar um grito de dragão. Use o Aak Hind Joor, Aak é guia, Hind é esperança e Joor é mortal.

– Isso vai ajudar mesmo? – perguntei levantando uma sobrancelha

– Nada dito por mim é em vão. – aquilo soou quase como uma ameaça.

– Aak Hind Joor! – gritei

Sentindo minhas forças sendo drenadas novamente, meus olhos não ocnseguiram mais ver por alguns segundos enquanto eu cai sobre as costas escamosas do dragão, quando levantei a cabeça, minha visão já havia voltado, mas agora, eu via um feixe de luz descer do céu como uma raio ao longe, tinha um brilho que piscava e me chamava mesmo que fosse sem dizer nada, eu estava tão fraco que mal conseguia falar, suspirei e apontei na direção da luz, Bazzir e Katrin olharam na direção indicada.

– Não vemos nada. – disseram juntos

– Ninguém pode ver, apenas o Dragonborn. – Ahanu inclinou seu corpo até virar na direção que eu havia apontado

Estavamos indo na direção de Falkreath, o sul, o clima ia ficando mais quente aos poucos, quando recuperei minhas forças levantei o resto do corpo até estar na posição ereta novamente.

– Já está melhor? – perguntou Bazzir

– Já sim, obrigado, acho que preciso treinar os gritos, eles tiram muito de minha força, como vou usa-los em batalha se estiverem assim? – reclamei

– Calma, vamos achar Laasalun e ele vai ajudar você a treinar em muitos sentidos, e nós também. – encorajou Katrin

Pousamos no local que a luz indicava, mas ela agora havia sumido, estava cheio de neve a volta alguns poucos pinheiros altos, animais pequenos passavam correndo temendo Ahanu, mas nada que fosse util.

– E agora? – perguntei cruzando os braços

Ahanu olhou em volta, sem resposta.

– Vamos esperar! – disse ele se sentando

– As respostas dele estão sendo tão uteis quanto o Bazzir aqui. – disse Katrin rindo

– Eu estou ouvindo está bem? – exclamou Bazzir rindo

Ahanu abaixou sua cabeça a nossa altura e aproximou sua enorme cabeça de nós.

– Vocês riem... enquanto o mundo que conhecem está a ponto de virar pó sob as garras de Alduin e as botas de sua salvadora! – proferiu ele levantando novamente sua cabeça

– Sua salvadora? – perguntei

– Agora estamos chegando a algum lugar. – a Imperial sorriu no canto da boca como seu objetivo tivesse sido alcançado

Ahanu me encarou.

– Vocês não sabem? – ele arregalou os olhos

– Sabemos oque, dragão? – perguntou Bazzir

– Sobre a salvadora de Alduin, dizem que ela é tão poderosa quanto qualquer dragão, tão forte quanto qualquer humana, tão boa em magia quanto qualquer elfo... – disse ele com uma expressão de certo medo, coisa que nunca tinha visto num dragão!

Como algo podia ser mais poderoso que qualquer coisa?! E quem era?! Como todo esse tempo manteve escondido tanto poder?!

– O nome dela começa com “K”? – falei inseguro

– Sim. – respondeu ele

– Acho que vamos realmente descobrir algo bom! – disse Bazzir animado

– Quem é “K”? – falei voltando meus olhos para o dragão

Os olhos do dragão ficaram apertados, mas antes que ele pudesse responder, duas figuras saíram de trás de um dos pinheiros.

– Kinza! – disse Kinza, a professora de furtividade do Colégio de Winterhold seguida de seu servo Midronlot, ela batia palmas sarcasticamente olhando para todos nós – não acredito que vocês demoraram tanto para descobrir quem era “K”