Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 7
Pretty When Smile


Notas iniciais do capítulo

Eu vou entrar em período de provas então me perdoem se eu demorar MUITO tempo para postar. Bem, neste capítulo tem a aparição de uma certa pessoa...
Ponto de vista da Spencer!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/598475/chapter/7

Aria Montgomery havia se mudado para Rosewood há três anos, quando ainda tinha treze. Eu a vi pela primeira vez quando estava ajudando Emily com o comitê de Boas-Vindas no qual sua mãe participava. Estávamos com as mãos enlaçadas na alça da cesta e falávamos sobre o quão seria difícil acharmos o amor de nossas vidas nesta cidadezinha, mas Emily ainda tinha esperanças de que eu fosse mudar de ideia. Quando estávamos perto da casa dos Cavanaugh (família na qual eu nunca conheci), avistamos Aria e o irmão mais novo, Mike, fazendo uma espécie de tour pelas ruas calmas e desertas do nosso bairro. Ele empurrava a cadeira dela lentamente e com muito esforço para em seguida parar e apontar para alguma coisa que viam. Emily correu até a entrada da casa vitoriana dos Cavanaugh e largou a cesta lá de qualquer jeito, depois me arrastou até onde estavam os dois irmãos. Aria parecia ainda mais branca de perto.

— Sejam Bem-Vindos à Rosewood! — Emily saudou com animação. Mike apertou nossas mãos brevemente antes de dizer que o jantar que sua mão preparava já devia estar pronto, então ele seguiu empurrando a cadeira dela pela rua sob nossos olhares curiosos. Aria não havia dito nada, ela apenas sorriu e assentiu quanto ao argumento do irmão mais novo.

E agora meu coração parecia estar batendo no meu cérebro com a imagem da cadeira dela toda acabada no meio-fio. Sentia minha pele ficando flácida e meu interior parecia estar ficando mole feito gelatina. Senti mãos tocarem meus braços, mas continuei inativa.

— Spencer! — Emily chamou e meus sentidos pareceram voltar ao habitual.

Corremos até o amontoado de pessoas rapidamente e Alison, sem cerimônias, empurrou todos que estavam na frente com suas mãos espalmando nos ombros dos alunos para tirá-los da dianteira e abrir passagem. Meu susto só aumentou quando enxerguei o rosto de Caleb ao lado de Aria, que estava deitada na grama e olhava todos com medo e pânico querendo explodir dentro si.

— Não se mexa. — Caleb ordenou à ela. Ele estava agachado ao lado do corpo imóvel de Aria.

— Como se ela pudesse! — Uma voz soou entre os alunos, seguida de risadas abafadas.

— Saiam da frente ou então irão rodar na porrada! — Hanna emergiu com um taco de beisebol erguido acima dos ombros. Seu olhar era ameaçador e as pupilas azuis brilhavam. Acho que isso fez com que os alunos se dispersassem ainda mais rápidos.

— Ei, Aria, o que houve? — Emily se agachou perto dela quando restamos apenas eu, Alison, Hanna, Emily, Caleb e Aria no vasto gramado de Rosewood Day. Aria não respondeu e desfocou seus olhos dos de Emily.

— Aria... — Eu comecei.

— Me deixem sozinha. — Ela disse firmemente. — Por favor. — Suplicou com a voz vacilante.

— Estamos tentando te ajudar, Baixinha. — O taco escorregou das mãos de Hanna até cair na grama e logo ela estavam ao lado de Aria. — Diz para mim, o que aconteceu?

— Eles... — Um bolo de choro pareceu engatar em sua garganta impedindo que ela continuasse a frase. — Jogaram a minha...

— Aria! — Byron Montgomery corria de seu carro grande e espaçoso até nós com uma expressão apavorada. — Minha filha! — Caiu de joelhos perto dela. — O que aconteceu?

— Pai! — Aria fincou as unhas na camisa social dele, se agarrando o máximo que pôde enquanto assistíamos a cena.

— O que... O que aconteceu? — Byron segurava forte os ombros dela, tentando transmitir proteção e segurança através daquele contato.

— Alguns alunos a tiraram da cadeira e a jogaram aqui na grama. — O rosto de Byron demonstrou extrema mudança de humor quando Caleb começou a relatar. — Depois começaram a bater na cadeira com bastões e pedaços de ferro. Quando eu cheguei eles saíram correndo. — Caleb respirou fundo ao terminar a história. Parecia atormentado com aquilo. Minha vontade era de caçar quem fez isso e torturar em uma câmara de algum lugar abandonado da cidade.

— Meu Deus... — Emily e Byron falaram ao mesmo tempo com a mesma cara de revolta.

— Vamos, filha. — Ele alçou a pequena garota da grama e agradeceu pelo suporte que havíamos dado à ela ainda com a face rubra. — Vai ficar tudo bem, Aria. — Assegurava enquanto caminhava de volta para o carro. Os olhos abatidos de Aria nos olhavam ainda assustados por cima do ombro de Byron enquanto eles se afastavam. Aquilo certeiramente acabou com o meu dia.

— Ei, Johnny Depp, quem fez isso? — Alison dirigiu a palavra à Caleb.

— Primeiro: Meu nome é Caleb. — Ele se virou para ela. — Segundo: Eu sou novo aqui, então não conheço ninguém.

Caleb tinha chegado de São Francisco há uma semana, mas só agora tinha começado a estudar em Rosewood Day. Caleb Rivers era meu irmão do meio, mas ele não gostava de ser chamado de Caleb Hastings. Ele acha que Rivers combina muito mais com ele do que Hastings e eu tenho que admitir, ele está certo. Meus pais adotaram Caleb quando ele tinha onze anos, eles haviam ido ao orfanato para acompanhar alguns pais no processo de adoção e minha mãe se apaixonou pelo garotinho de cabelos castanhos, que havia dito à ela que era o único do orfanato que sabia mexer no computador e isso foi cativante para Verônica Hastings. Nessa época, minha irmã mais velha, Melissa, já tinha quinze anos e eu sete. Entretanto ele havia ido ficar com nossa avó na Califórnia e agora retornava à Rosewood.

— Mas reconheceria se os visse? — Hanna quis saber com genuíno interesse.

— Acho que sim. — Eu não precisei olhá-lo para saber que ele tinha levantado os ombros.

Um som de uma guitarra começou a soar altamente, até Alison vasculhar os bolsos e atender a ligação de seu celular.

— Alô? Ah, é você. — Sua expressão suavizou. Hanna se afastou em passos lentos e eu a segui com o olhar, mas sem deixar de prestar atenção no que Alison dizia no telefone. — Você pode ir lá em casa hoje à tarde. Não, Jason não vai estar lá. Valeu, a gente se vê. — Finalizou a chamada enquanto meus olhos ainda focavam Hanna. Ela parecia seriamente abatida com o ocorrido com Aria e eu noto que poderia dizer o mesmo de mim. Ela se sentou no meio-fio e capturou o chapéu de Aria nas mãos. Caleb também observava a cena e apenas o vi se aproximar e sentar ao lado dela em silêncio.

***

Eu e Emily pensamos em ligar para Aria, mas não tínhamos o número dela então a solução foi procurar o número da empresa do pai dela na lista telefônica. Depois de dois toques o próprio Byron atendeu, alegando que sua filha mais velha não queria conversar com ninguém. Dissemos que éramos amigas de Aria, mas sua resposta foi curta e grossa: “Aria não tem amigos.” Depois disso Emily ficou tão envergonhada que nem disse mais nada e apenas concluiu a ligação com as bochechas vermelhas.

Alison havia ligado para Emily quando estávamos no meu quarto, dissera que devíamos comparecer até a casa dela para montarmos um plano que acabasse com os imbecis que fizeram sabe-se lá o quê com Aria. Eu até pensei em não ir e arquitetar meu próprio plano sozinha, mas Alison apareceu em sua janela — que era de frente para a janela do meu quarto — e gritou para irmos até lá. Não que eu estivesse obedecendo-a, mas um grupo maior e mais cabeças pensando seria bem melhor. Atravessei a cerca branca do meu jardim com intuito de montar um plano diabólico para vingar Aria, mas quando chegamos ao quarto de Alison...

— Encomendei essa blusa de Amsterdã... — Ela colocou a peça de roupa na frente do corpo e nos olhou com expectativa. — O que acha, Em? — Fitou Emily com um sorriso nos lábios. Aquilo me embrulhou o estômago de maneira nauseante. Emily, que estava sentada na beirada da cama, franziu as sobrancelhas para a pergunta que lhe foi dirigida.

— É... Bem legal. — Disse sem muita convicção.

— Eu não vim aqui para isso! — Expus me colocando de pé com indignação. Alison me ignorou com vontade, virando o rosto para o outro lado e começando a tirar a blusa que tinha no corpo para, provavelmente, experimentar a tal blusa de Amsterdã. Olhei para Emily ligeiramente embravecida, lhe dizendo silenciosamente para darmos o fora dali o mais rápido possível. E foi nesse momento que meus olhos pousaram em um ser equilibrado em cima de uma árvore e olhando o abdômen exposto de Alison. — Saia daqui seu pervertido! — Gritei enquanto corria até a janela grande do quarto, mas quando cheguei lá, não restava nem a sombra do menino.

— O que foi? — Alison exclamou, vestindo a blusa de renda em movimentos apressados.

— Tinha alguém olhando você se trocar! — Apoiei minhas mãos no batente da janela e depois me afastei. Hanna foi até a outra janela que tinha vista para a fachada dos DiLaurentis e pareceu aliviada quando olhou através do vidro.

— É só o Toby. — Esclareceu e Alison suavizou a expressão de “vou matar alguém” que tinha no rosto. Eu não fazia ideia de quem era Toby, então me arrastei velozmente pelo carpete do chão até estar ao lado de Hanna e ver o mesmo garoto olhando para ela com um esboço de sorriso, que se desmanchou assim que me viu.

O tal Toby estava de costas quando passamos pelas portas da frente da casa de Alison. Ele se virou e seus olhos azuis como o céu descansaram em mim e Emily de maneira assustada. Ardilosamente, Alison se aproximou dele com um sorrisinho e começou a falar.

— Eu sempre soube que tinha uma queda por mim, Toby. — Ela sorriu passando a mão pelo ombro direito dele. — Mas não sabia que ficava me olhando enquanto eu trocava de roupa. — Ele abriu a boca com os olhos desfocados, mas nada saiu. Parecia extremamente desconfortável com nossa presença.

— É que eu... — Sua voz era grossa e baixa, como se morresse de medo de Alison. — Você sempre me disse para subir naquela árvore quando eu chegasse, para que a sua família não me veja. — Ele disse movendo seus olhos azuis por todos os lugares. Engoliu em seco e continuou. — Eu não sabia que estava trocando de roupa, me desculpe. — Finalmente olhou para ela, que tinha um belo sorriso zombeteiro no rosto.

— Tudo bem, Toby. — Ela tranquilizou. — Trouxe suas ferramentas? — Ele assentiu com a mandíbula trincada, fazendo seu rosto ser mais angular do que já era e ergueu uma bolsa preta. — Ótimo. — Alison festejou. Demorou um tempo para perceber que ele tinha vindo para dar um jeito no belo amassado no carro de Alison, coisa que só consegui perceber quando ela o puxou até o Mustang estacionado perto da entrada e começou a gesticular parecendo irritada quanto à obra que ela tinha arranjado.

— Quem é esse tal de Toby? — Ouvi Emily cochichar para Hanna.

— Ali o conheceu no reformatório e desde então ficaram amigos. — Hanna disse sem dar muitos detalhes.

Então me lembrei do dia em que Alison ameaçou Chloe Ferrari com uma faca no meio do corredor de Rosewood Day. Ela foi mandada por seus pais para um reformatório após o ocorrido e depois de cinco anos ela estava de volta, com sua jaqueta de couro e botas envernizadas Marc Jacobs, esbanjando brilho e júbilo com seu cabelo louro brilhante esvoaçando enquanto ela caminhava triunfante pelo corredor. Alison era capaz de amedrontar o maior dos jogadores do time de futebol apenas com seu olhar de psicopata e claro que Chloe nunca mais tocou no nome de Alison depois do acontecido e dizia não ter medo dela, mas eu podia ver suas mãos tremerem toda vez que Alison passava pela carteira dela na sala de aula, para então sentar-se no fundo.

— Oh... — Emily abriu a boca. — Ele não parece do tipo de pessoa que já foi para um reformatório. — Comentou.

— Ele cegou a meia-irmã. — Hanna disparou rapidamente. — Mas ela já voltou a enxergar. — Emily respondeu alguma coisa, mas eu não escutei já que preferi focalizar em Toby e Alison conversando. Ele estava agachado na frente da lateral do carro e Alison estava ao seu lado enquanto ele olhava o abolado no carro atentamente.

— Acha que consegue dar um jeito? — Perguntou insegura.

— Claro! — Ele pareceu perceber que eu estava olhando e diminuiu o tom. — Quer dizer, sim.

— Ei — Ela descansou a mão sobre o ombro dele, atraindo sua atenção do carro para ela. —, não precisa ficar com vergonha das minhas amigas. Elas não vão morder você, bem... Talvez a Spencer sim, mas é só tomar cuidado. — Assegurou divertida e meu sangue ferveu quente dentro das minhas veias por conta do seu comentário infame. Ela se levantou e andou até a porta de sua casa.

Comecei a contar até dez mentalmente, me segurando para não voar no pescoço dela. Mas nem se eu quisesse, eu não poderia, pois Alison não estava mais lá, parecendo ter levado Emily e Hanna consigo, e tudo que ouvi foi a porta da frente bater. Olhei para Toby agachado e com os olhos pregados no meu reflexo destorcido na lateral brilhante do carro.

— Eu espero que você não tenha levado isso a sério. — Disse admiravelmente equilibrada. — Porque é óbvio que eu não vou morder você, porque eu não mordo pessoas e nem animais. A menos que eu fosse uma canibal, mas eu não sairia por aí mordendo qualquer um. Não que você seja qualquer um...

— Ei, Spencer! — Alison apareceu na janela, algo que agradeci mentalmente, já que quase não consegui controlar o fluxo de palavras sem sentido que escapavam da minha boca. — O Toby não vai tirar a camisa se é isso que você quer, e eu achei que você tivesse vindo aqui para montar um superplano! — Gritou risonhamente. Se Toby não estivesse a poucos metros de mim, eu juro que afogaria ela agora mesmo. — Cuidado, Toby! Lembre-se do que eu te falei. Mordidas... Spencer... — Ela gargalhou e recolheu a cabeça da vidraça.

— Mais uma vez, eu espero que você não tenha levado isso a sério. — Olhei para Toby.

Ele virou um pouco do rosto para me olhar e deu um riso mudo, mostrando seus dentes em um sorriso tímido, porém adorável. E enquanto eu caminhava de volta até a porta da casa de Alison, eu concluí em pensamentos que Toby ficava ainda mais bonito quando sorria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SPOBY!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bad Heroes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.