Após uma boa noite de sono, Silver e eu saímos da Safari Zone, despedindo-nos de Liz. Se fossemos rápido, conseguiríamos chegar a Cianwood pouco após o almoço. Durante o percurso, Silver não fez questão de falar uma palavra, apenas quando era chamado ou queria falar algo importante. Eu achei que poderia ser um “mal humor matinal”, então não quis incomodá-lo. Logo chegamos às pontes dos penhascos.

— Bela vista, hein?

— ...

— Silver?

— ... O quê?

— Você não acha esta vista bonita?

— ... Deveria achar?

— Sim, ué! Olha só esse mar, o barulho das cachoeiras, o sol na sua testa, esse ar puro – eu fecho os olhos e respiro fundo, de braços abertos, para receber em meu corpo todo o vento possível – Isso não te enche de determinação? – Eu então abro meus olhos e olho pro lado, me dando conta de que Silver já estava do outro lado da ponte, me deixando de lado, fazendo um monólogo – Pelo menos eu tentei.

Após uma longa caminhada, finalmente chegamos em Cianwood. Era ótimo sentir aquela brisa salgada que percorria toda a cidade, que era quase que totalmente coberta de areia. Nós estávamos mortos de cansaço e de fome, então nos dirigimos logo para o Centro Pokémon, onde pudemos descansar um pouco enquanto fazíamos uma rápida refeição.

— Chielvêr, munch chew, comu é u líder do Chiem daqui? Munch. – Perguntei, enquanto mastigava um sanduíche.

— ... Não fale de boca cheia.

— Desculpa. Gulp. Mas e então? Como é o Líder de Cianwood?

— Gordo.

— Nossa, que informação útil! Quis dizer se ele é muito difícil, quais são as estratégias dele...

— Meh... Ele não é lá grande coisa.

— Hm... Ok... – Eu tomo o resto do suco que me havia sobrado e levanto, limpando a boca rapidamente passando a parte de trás de minha mão – Bem, acho que eu já tô pronto pra batalhar. Minha estratégia é a seguinte: Como ele vai usar tipos... Erm... Lutadores, eu acho, então eu vou usar o Dock e o Owly, que tem mais vantagem. O que acha?

— Não sou capaz de opinar. – Diz, dando uma lenta negativa balançando a cabeça em horizontal, dando de ombros.

— Sigh... Bem... Vamos logo, que eu não tô mais me aguentando aqui.

— Vai no banheiro que passa.

— ‘Graçado você...

Saímos em direção ao Gym da Cidade. Ele ficava bem afastado da praia, praticamente grudado nos morros à oeste da cidade, com uma pequeno riacho de água entrando pela parte detrás do Ginásio. Após respirar fundo por um segundo, entrei no ginásio. Eu estranhei um pouco o lugar que entrei. As paredes eram decoradas com pedras e o chão com madeira. Descendo uma escada, chegávamos ao campo de batalha, que estava alagado. Do outro lado do campo, lá estava um homem gordinho sentado debaixo de uma cachoeira, que era a razão pela qual o campo estava todo alagado. Mais para trás tínhamos mais escadas e pedras, e no fim delas, havia uma grande alavanca.

— Nossa... Que Gym... Exótico... Ok, então. EU QUERO UMA BATALHA! – Grito, tentando ser ouvido pelo senhor sentado debaixo da cachoeira – Errm... Moço! Eu quero batalhar!

— Ele não vai te ouvir assim, campeão! – Respondeu um dos guias que sempre ficavam pelo ginásio, ajudando os desafiantes. Este estava vestido com um Kimono e uma faixa preta na cintura.

— Mas... Por quê?

— Veja bem, o nosso Líder sempre está treinando debaixo daquela cachoeira. Ele não consegue ouvir ninguém debaixo daquilo... Você vai ter que desligar a cachoeira se quiser falar com ele.

— Legal. E como eu faço isso?

— Bem, é só subir ali e girar a alavanca. Fácil. – Respondeu o rapaz, apontando para o outro lado do campo, onde tinha as escadas.

— Hm... Tá... Lá vamos nós... – Respondo, pisando no campo alagado. Eu não queria me molhar muito, então se movimentar era ainda mais difícil. Logo cheguei nas escadas. A subida era um pouco infalsa e as passagens estreitas, o que me fazia engolir seco só de olhar.

— Se você cair, a água absorve a queda. – Respondeu Silver, tirando sarro.

— Muito obrigado pelo apoio, Silver. – Respondo, já subindo nas primeiras escadas, com um pouco de dificuldade. Enquanto subia, acabo perdendo o equilíbrio e não caindo por pouco, fazendo Silver soltar um risinho. Ignorei o máximo que pude e continuei meu caminho. Alguns caminhos eram muito estreitos e algumas escadas tinham degraus não tão definidos e pequenos, me fazendo usar a ponta do pé e me segurar em qualquer coisa que podia para não cair. Por fim, cheguei ao topo do lugar. O terreno era mais espaçoso e plano, e eu logo me sentei para descansar – Mano... Que subida...

— Já tá cansadinho? Esperava mais de você ein!

— Para Silver! Que chato! – Respondi, levantando. Vou em direção a grande alavanca redonda na parede. Seguro-a firmemente e tento girá-la – Errm... Pessoal... Tá emperrada!

— Nope. Chequei hoje de manhã. Ela está girando perfeitamente. Bote força, macho! – Respondeu o Guia.

— Era só o que me faltava... Ugh... Pra desafiar o líder... Aaargh... Eu tenho que girar uma bagaça dessas... Irgh...

— Até eu consigo, Sony! Para de moleza! Ou será que você é fraco assim mesmo? – Falou Silver, olhando sinicamente para mim.

— EU TE MOSTRO O FRACO!! – Respondi, usando toda a força que eu tinha tentando girar a alavanca. O som que saia era um arranhar metálico, como de máquinas antigas com pouco óleo. Ainda sim, aquele som me dizia que se eu me esforçasse um pouco mais, eu conseguiria fechar o fluxo de água. Com o tempo, a alavanca foi ficando mais dura e mais dura. Eu continuava colocando força, mas ela não continuava girando.

— A cachoeira já fechou. – Disse o guia.

— Eh? – Eu olho para o lado e percebo que não havia mais água fluindo – Ah... Isso explica a alavanca ter emperrado. – Eu desço as escadas com todo cuidado e pressa que pude. Ao chegar no fim, me posicionei em frente do rapaz, podendo percebê-lo melhor. Ele era gordo, ainda sim forte. Tinha cabelos castanhos e era meio calvo. Ele tinha um bigode que se misturava a suas costeletas, que se sobressaiam do rosto. Ele estava de olhos fechados e segurando os joelhos, com uma face muito calma – Oi! Eu gostaria de batalhar! – O homem não respondia, mas sua sobrancelha levemente tremia – Ei. EI! OWOWOW! EU QUERO BATALHAR AQUI, Ô! – O homem continuava sem responder, porém, sua face parecia mudar sutilmente – Isso é normal? – Pergunto, virando-me de costas.

— VOCÊ!!! – Responde o homem, rapidamente se levantando e apontando em minha direção, dando-me um susto grande o suficiente para saltar para trás e cair no chão, me deixando todo molhado – Ooomph... Você... Por que você fez a cachoeira parar? Você estragou meu treinamento, pô! – Reclamou.

— Desculpe-me Senhor--

— Chuck. Às suas ordens. – Respondeu, se alongando e tirando a água dos ouvidos.

— Desculpe-me Sr. Chuck. Mas é que eu quero batalhar, entende?

— Então... O carinha deseja batalhar, sim?

— É pra isso que eu vim.

— Bem, eu detesto ter que avisar, mas eu sou um treinador excepcionalmente forte! – Falou, mostrando os bíceps – Eu treino todo santo dia debaixo daquela cachoeira, e--

— Tá, legal, mas, não querendo me intrometer, mas... Força física não tem nada a ver com batalhas Pokémon, eu acho...

— ... É?... Putz, cara, pior que é mesmo... – Disse, coçando a cabeça e olhando com uma cara meio chateada - ... Tá, mas você quer batalhar ou não?

— Pode apostar que eu quero! – Respondo, rapidamente sacando uma Pokéball do meu bolso.

— Muito bem, que a batalha... COMECE!  – Falou, batendo o pé com força na água, fazendo uma onda, que quebrou-se nas paredes do campo de batalha  – Essa será uma batalha de 3 contra 3. O meu primeiro Pokémon será Primeape, HORA DE LUTAR! – Grita, jogando sua Pokéball no campo.

— PRRRRAAAAAAAA – Gritava o Pokémon ao entrar na batalha.

— Primeape, uh?... Vai, Owly!

— Hoo.

— Owly, use Air Slash!

Owly então bate suas asas violentamente e lança uma rajada de vento cortante contra o Primeape que desvia rapidamente.

— Ótimo, Primeape! Agora Double Team!

Com o comando, o Primeape rapidamente cria várias cópias dele mesmo, rodeando Owly, que começa a se confundir sobre quem é quem.

— Calma, Owly, vamos parar e analisar a situação para achar o verdadeiro. – Eu começo a olhar para todas as cópias simultaneamente até perceber que uma delas se movimentava de maneira diferente – Aquele, Owly! Extrassensory! – falo, apontando para o suposto verdadeiro oponente. Logo após, Owly lança de seus olhos, que brilhavam em dourado, um raio multicolorido, que acertou o Primeape em cheio, deletando todas as cópias falsas.

— Vamos devolver isso, Primeape! Thunder Punch!

O Primeape, então, enche seus punhos com energia elétrica e pula, rapidamente socando Owly, jogando-o no chão.

— OH NÃO!... Owly!... Tente se levantar!

— H... Hoo... – Respondia, sem poder se levantar.

—Droga... Você deve ter se paralisado...

— Agora, Primeape, Focus Punch! – Obedecendo à ordem, Primeape começou a focalizar em seu punho muita energia, a ponto de fazê-la brilhar em um tom avermelhado.

— Rápido, Owly! Reflect!

Owly consegue rapidamente criar uma barreira, que impede o ataque do Primeape.

— Brick Break! – O Primeape, obedecendo golpeou a barreira fortemente, focalizando grande energia em sua mão. A barreira então se quebra, abrindo a chance para o ataque final do Primeape – Agora... Thunder Punch!! – Gritou Chuck, socando o ar. Primeape então pula e, com grande energia focalizada, soca Owly, que não aguenta e cai no chão, inconsciente.

— Não!... Sigh... Ok, Primeape, você foi ótimo. Pode descansar. – Digo, retornando o meu Pokémon.

—Foi “ótimo”, Sony? – Perguntou Silver, com um ar de sarcasmo?

— Ele fez o que pode. Isso é o que importa, Silver. – Respondi, deixando Silver um tanto incompreendido.

— Bem... Sua vez, Ghast! – Falo, jogando a Pokéball do Pokémon no campo de batalha.

— HAUHAUHAU!!

—Oh, boa estratégia, tentando usar um tipo fantasma contra um tipo lutador...

— Eu não sou tão bobo assim, né? Ok, Ghast, Shadow Ball!

Ghast une suas mãos e cria uma bola de energia obscura e então a lança em Primeape, que acaba recebendo o dano.

— Thunder Punch!

— Não deixe! Sucker Punch!

Ghast então rapidamente desaparece da frente de Primeape e volta em suas costas, dando um rápido soco sem que ele perceba, derrubando-o no chão.

— Finalize com um Shadow Ball!

Ghast então arremessa mais uma bola de energia obscura sobre Primeape, que, por estar com a guarda baixa, recebe um dano crítico e acaba não aguentando e desmaiando.

— Oh não... Primeape, retorne. Boa estratégia, garoto.

— Obrigado! Hehe!

— Como meu próximo Pokémon, eu usarei este. Vá, Machoke!

— Machoke! – Falou o Pokémon, ao sair de sua Pokéball.

— Vamos começar. Shadow Punch!

Ghast enche suas mãos de energia obscura e lança um soco sobre Machoke.

— Payback! – Machoke então se cobre de uma energia roxa e focaliza-a em seu punho, dando um forte contra-ataque em Ghast, que tomba para trás – Agora dê-lhe um Dual Chop! – O Pokémon avança sobre Ghast e lhe golpeia duas vezes, fazendo Ghast receber muito dano.

— Tire ele de cima de você!

Ghast lança, então, uma grande onde de energia de cor negra e brilho púrpura de suas mãos, atingindo Machoke em cheio, fazendo-o recuar.

— Hey... Isso foi um Dark Pulse?... Ótimo! Vamos aproveitar essa chance! Outro Shadow Ball!

Ghast cria uma mais uma bola de energia obscura, focalizando grande poder, e avança em Machoke, praticamente “enfiando” tal bola na cara do oponente, fazendo-a assim explodir recebendo um dano muito mais potente e direto, desmaiando o Machoke na hora.

— Céus! Vocês... Você e seus Pokémon são mais fortes do que eu imaginava! – Fala, surpreso, enquanto retorna seu Machoke.

— Haha, obrigado!

— Mesmo assim... – Chuck faz a mesma pose do início da batalha, batendo seus pés no chão com força o suficiente para criar uma onda que rebateu nas paredes do Gym – Não perdemos ainda! Vá, Poliwrath! – Disse, lançando a Pokéball contendo seu ultimo Pokémon: Poliwrath. Uma espécie de sapo de pele azulada, com duas “luvas” brancas em suas mãos. Sua face mostrava um olhar desafiador e ele estava parado em uma posição de ataque.

— Bem, mas eu vou conseguir! Ghast! Shadow Ball!

Outra vez, o Pokémon adversário escapa do ataque sem precisar receber o comando para tal, porém, o movimento de escape foi muito mais rápido.

— Vamos acabar com isso, Poliwrath! Hypnosis! – Poliwrath então salta para frente de Ghast e começa a girar seu padrão em espiral, o que é nojento se parar para pensar que na verdade aquele padrão é seus intestinos. Ghast acaba dormindo abrindo uma brecha para o ataque inimigo – Agora é hora de acabar com isso! Surf! – Poliwrath junta toda a água do ginásio e cria uma enorme onda. Ele então sobe em cima da mesma e a movimenta para cima de Ghast. A onda acaba se desfazendo, empurrando tanto Ghast quanto eu, para o canto do campo de batalha. Com o ataque, Ghast havia subitamente ido a nocaute.

— Cof, cof... Gasp... Caraca... Ghast, volta! – Disse, retornando meu Pokémon para sua Pokéball – Esse foi um belo ataque...

— Por que acha que esse campo de batalha é cheio de água, huh? Isso põe em vantagem não só os ataques do meu Poliwrath como os movimentos dos meus outros Pokémon, que estão acostumados com esse campo.

— Hm... Bem... Acho que eu tenho que acabar com isso, não? – Eu saco uma Pokéball de meu bolso e olho para ela – É agora ou nunca. Vá, Dock!

— Poliwrath, Dynamic Punch!

Poliwrath cerra seus punhos e os cobre de um poder avermelhado forte, com o que parecia ser faíscas saindo dele. Ele então rapidamente corre e salta até Dock, ameaçando socá-lo.

— Dock! Evasiva!

Dock escapa por um triz do ataque. O golpe é tão forte que repele toda a água do local onde o soco atingiu.

— Mas que golpe forte!...

— O que achou, eh? Belo ataque, não? Agora, Poliwrath! Body Slam!

Poliwrath então pula e se joga sobre Dock, que tomba para trás, mas aguenta o golpe.

— Water Pulse, Dock!

Dock junta suas mãos criando uma esfera de energia azul, com algumas bolhas dentro da mesma. Ele então a dispara sobre Poliwrath. A esfera se desfaz como se vários balões cheios de água batessem em alguém. Entretanto, para minha surpresa, Poliwrath não sofreu dano algum – pelo contrário, ele parecia bem melhor.

— Ataques de água não funcionarão com meu Poliwrath, garoto. A habilidade dele é Water Absorb. Ao invés de receber dano, ele se recupera.

— Droga!

— Agora, Poliwrath, Body Slam! – Poliwrath joga-se novamente em cima de Dock, deixando-o, dessa vez, Dock, acaba ficando sem resposta no chão – Acabe com ele! Surf!

Mais uma vez, Poliwrath junta toda a água do campo de batalha e cria outra onda, que começa a ir em direção a Dock, que não conseguia sair do lugar, por ter se paralisado. Em desespero, eu penso em uma estratégia arriscada, e tento a por em prática. – USE PSYCHIC NA ONDA!! – Dock juntou toda a força possível e lançou uma enorme onda psíquica sobre a onda, que se quebrou, como se uma enorme parede tivesse se formado à sua frente, e lançando toda a água para trás, derrubando Poliwrath – Ótimo, Dock! Agora... Agora... – Eu queria pedir para que ele usasse um ataque diferente, mas eu não conseguia pensar em nenhum outro ataque, daí foi quando Dock usou um ataque por conta própria. Utilizando a joia no Shellder de sua cabeça, ele coletou energia, formando uma pequena esfera brilhante branca. Ele então dispara dessa esfera um raio rosa-esbranquiçado que atinge Poliwrath em cheio – Uau... Que ataque foi esse?

— P-Power Gem, eu acho... – Falava Silver. No momento em que eu me virei, ele estava vidrado na batalha, de queixo caído. No momento em que ele notou que eu estava o observando, ele mudou sua reação – O-O que você tá fazendo me olhando! Vai batalhar!

— Isso mesmo, garoto! Pare de perder o foco! Poliwrath, use Dynamic Punch!

Mais rápido que antes, Poliwrath move-se até o Dock, com seu punho brilhando com aquela energia vermelha.

— Rápido! Psychic! – Dock então, lança uma onda psíquica no Poliwrath, segurando-o sobre o ar, ele então o lança em uma das paredes do Gym e o prende – Agora! Power Gem! – Dock dispara mais uma vez aquele raio rosa-esbranquiçado no Poliwrath, atingindo a barriga do Poliwrath com tamanha intensidade que ele acaba desmaiando.

— Perdemos... Nós Perdemos... Retorne, Poliwrath. – Chuck retorna seu Poliwrath, expira e vem até mim – Hmpf. Perdemos. Olha só pra isso, haha... Bem, você se mostrou digno da Insígnia da Tempestade.

— Valeu... Quer dizer... Muito obrigado! – Digo, enquanto recebo a Insígina das mãos de Chuck. Eu começo a observar a insígnia para ver todos os seus detalhes.

— Deixe-me lhe dar um presente também. Este é o TM Focus Punch. – Diz, entregando o disco para mim.

— Muito obrigado, Chuck!

— Ha, o que é isso! Você foi um dos meus oponentes mais fortes!

— Sérião?... TOMA ESSA, SILVER! – Digo, apontando sarcasticamente para Silver, que apenas vira a cara.

— Haha, essa foi uma ótima batalha e você é um ótimo treinador. Mas bem, uma derrota é uma derrota. E a partir de agora, eu irei treinar 24 horas por dia!

— 24 HORAS POR DIA É O ESCAMBAL! – Disse uma voz feminina vindo das portas do Gym. Era uma senhora de cabelos castanhos usando um vestido vermelho com detalhes brancos – COM SEU “TREINAMENTO”NORMAL VOCÊ JÁ PASSA HORAS FORA DE CASA E VOCÊ AINDA QUER TREINAR POR 24 HORAS??

— Ain amor... É forma de falar...

— AIN AMOR NADA! – Respondia a mulher, correndo para a frente de Chuck, ameaçando-o com um rolinho de cozinha – E OUTRA, VOCÊ ACHA MESMO QUE EU NÃO IA DESCOBRIR QUE VOCÊ COME AQUELES DOCES QUE EU PREPARO?

— Mas eu só comi 3 quilinhos deles...

— SÓ? AH FAÇA-ME UM FAVOR, POR ISSO QUE VOCÊ TÁ GORDO DESSE JEITO! DEVE ESTAR MAIS PESADO QUE UM SNORLAX! ESSES DOCES SÃO PARA VENDER, NÃO PARA VOCÊ COMER TUDO DE UMA VEZ!

— Quem é essa? – Digo, saindo de perto do centro daquela discussão, junto de Dock.

— A esposa de Chuck... A coisa pode ficar feia daqui pra frente. Ou feia ou “bonitinha demais”, se é que vocês me entendem... Melhor vocês saírem agora...

— Certo... – Disse, saindo do Gym junto de Silver e Dock. Nos movemos para o Centro Pokémon e eu deixo meus Pokémon para serem curados pela Enfermeira. Enquanto isso, eu sento em um dos sofás do grande salão junto de Silver.

— Cê viu minha batalha? O que achou?

— Nada de mais.

— Sei. Você tava com os olhões esbugalhados na batalha!

— Isso foi porque... Porque... caiu um cisco no meu olho! Por isso!

— Isso é desculpa quando a gente tá chorando, Silver.

—... AH, ME DEIXA SEU FRACO!- Respondeu, empurrando meu ombro e virando pro lado, de braços cruzados e com a cara fechada.

Aquele dia foi muito importante pra mim. Dessa vez, eu senti que eu estava batalhando como antes. Me sentia revigorado por todos aqueles dias que se passaram. Eu também sentia que, mesmo que Silver negasse, ele estava se aproximando de mim. Eu estava me tornando amigo dele. E eu estava decidido. Eu iria mudar o jeito que Silver olha os Pokémon.