Dois dias antes

–Isso é um absurdo! Nunca ouvi tanta calunia.- Dizia Elinor andando de um lado para o outro pensado em tudo que escutara da filha, era tudo muito vago e surreal, mesmo para quem havia acabado de se transformar em um urso.

Soluço olhou para baixo e coçou a cabeça, se aproximou de Jack e sussurrou em seu ouvido:

–Eu acho que ela não vai acreditar, mesmo com você levitando assim ou com o Banguela lá fora.- Jack olhou para o amigo com a sobrancelha arqueada.

–É claro que vai, ela vai ter que acreditar, ao menos ela vai ter que deixar Merida ir conosco....A não ser...-Jack disse sem continuar a fala, deixando Soluço e Elsa, que estava por perto curiosos.

–Que o que, Jack? – Elsa se pronunciou se aproximando. Ele olhou para ela inocentemente, sorrindo de canto e respondeu:

–Nada não...- Isso fez ela ficar nervosa, logo a mesma disse, chamando a atenção de Anna e Merida:

–Jack, você voltou no tempo para pedir a nossa ajuda e não quer ao menos nos falar o que você pensa ?Como podemos te ajudar assim? – Jack e Soluço a olharam de olhos arregalados, nunca imaginaram Elsa assim. Anna se aproximou para tentar acalmar a irmã.

–Calma, Elsa. Jack, realmente se você não falar, pouco vamos poder ajudar, não acha? – Ela disse calmamente. Merida se aproximou, deixando a mãe, que andava de um lado para o outro resmungando palavras incompreensivas, de lado.

–Acho que eu mais que qualquer um aqui, concordo com isso.- Disse ela cruzando os braços. Agora todos esperavam uma resposta de Jack, que suspirou e começou a falar:

–Sua mãe se transformou em um urso quando vocês foram atacadas, isso pode significar que ela também vai nos ajudar.- Merida, após ouvir isso, começou a rir. Jack fechou a cara com a atitude da menina, levantou a voz contra Merida e disse:

–Olha, se não quiser cooperar então tudo bem, eu posso chamar Sandman, ele vai fazer você e sua mãe dormirem e vocês duas vão achar que isso tudo não passou de um sonho, mas claro, ai você vai continuar tendo esses pesadelos eu tanto te assombram de noite até a gente derrotar o maldito Lill, e se por acaso nós não o derrotarmos você vai ter esses pesadelos até o fim de sua vida e todos nós vamos morrer em uma batalha que você poderia nos ajudar. Merida, cai na real, isso não é brincadeira.- A ruiva ficou calada, aliás, todos ficaram, até mesmo Elinor que parou de andar para ouvir.

Ela não sabia o que pensar sobre isso, se acreditava ou se deixava passar. Ela precisava de tempo para pensar sobre isso, um dia era o bastante. A mesma tomou postura e disse:

–Façamos o seguinte, vocês ficam aqui essa noite até eu pensar direito sobre o que fazer, isso tudo é muito vago para mim ainda. Merida mostrará para vocês os quartos.- Elinor se virou de costas com a mão na testa, indicando stress, e saiu para seu quarto.

Todos ali trocaram olhares, mas nenhuma palavra. Não sabiam que tipo de resposta iria vir da rainha. Elsa respirou fundo e perguntou:

–Merida, antes de me mostrar o quarto você poderia me levar até o Jardim ou coisa assim Preciso de ar fresco – Merida fez um ‘’sim’’ com a cabeça e fez um sinal para que Elsa a seguisse.

Ao chegar ao quintal do castelo Elsa viu alguns alvos para arco e flecha, era a cara de Merida. Sentou-se em um banco que havia ali perto e relaxou o corpo, sentindo a brisa morna sobre sua pele. Merida resolveu deixar ela ali, e voltou para dentro do castelo, onde Anna e Soluço conversavam sobre algo. Percebeu que Jack não estava ali, mas não deu muita atenção a isso, ele sempre fora de sumir assim mesmo. Chamou pelo moreno e por Anna para mostrar onde eles se hospedariam, e eles a seguiram.

Elsa aproveitou a solidão do local para brincar um pouco com seus poderes, fez pequenas renas de gelo que pairavam no ar, logo as mesmas se transformaram e pequeninos flocos de neve que caiam sobre o rosto de Elsa. A mesma estava tão distraída com os flocos que não percebeu que Elinor estava atrás dela, olhando admirada para aquilo. Resolveu se aproximar mais, fazendo barulho com os passos, que fez a loira olhar para trás para ver quem era.

–Posso me juntar a você? – Perguntou Elinor simpaticamente. Quando viu Elsa vindo naquele cavalo de gelo de antes nem pudera acreditar que era a rainha de Arendelle ali. Ela já queria falar com ela faz alguns meses, porém sobre negócios entre os reinos, agora poderia falar com ela sem interrupções.

–Claro, vossa majestade.- Elsa disse, fazendo Elinor dar uma leve risada.

–Não precisa de tanta formalidade, me chame de Elinor apenas.- Se sentou ao lado de Elsa.

Por um tempo um silencio um tanto constrangedor dominou as duas, nenhuma sabia o que dizer, tampouco fazer. Elinor olhou para a neve que Elsa havia feito no chão, estava a se derreter.

‘’Como algo tão belo pode ser tão perigoso?’’ Elinor pensou.

–Elsa?- Elinor chamou a atenção da loira que também estava a olhar para a neve.

–Sim?

–Eu imagino como deve ter sido difícil para você em todos esses anos ter que se esconder das pessoas, foi isso o que aconteceu pelo o que eu fiquei sabendo, estou errada?

–Não...- Elsa disse um tanto triste.- Foi exatamente o que houve, foi mesmo difícil, mas eu penso que agora eu estou feliz ao lado de Anna e....- Elsa pensou em Jack, mas lembrou do que Merida dissera antes:

‘’ Você voltou só para pedir ajuda, Jack....’’

Talvez realmente fosse isso. Será que Jack só havia voltado para pedir ajuda? Por nada mais? Pensar nisso a deixava extremamente triste e zangada, era como ela já havia visto com Hans, pessoas traem e mentem.

Elinor viu o olhar triste de Elsa e resolveu mudar de assunto:

–Bom, o que você acha disso tudo?- Perguntou olhando para o céu estrelado, que fez Elsa olhar para cima também.

– É tudo muito vago, mas eu estou tentando entender, eu realmente quero ajudá-los sabe? Quero fazer algo útil principalmente agora que ele precisa de mim...- A loira olhava o céu com um olhar preocupado, como se estivesse duvidando de sua capacidade. Elinor levantou-se após ouvir o que Elsa disse.

– Você é capaz de grandes coisas, Elsa, basta ser valente para ver isso.- Depois deu um beijo repleto de amor materno em sua testa, que fez Elsa sentir, depois de tanto tempo, o amor maternal.

–Vou para meu quarto, preciso pensar mais sobre tudo isso, boa noite.- Elinor disse se virando, para sair.

–Boa noite....Elinor.- Elsa disse sorrindo, fazia tempo que não sentia isso antes, era acolhedor quente.

–Então parece que você e a rainha nervosinha ficaram amigas, uau, isso foi rápido.- Elsa se virou assustada para ouvir de onde vinha aquela voz, logo reconheceu Jack a poucos metros dali com uma expressão brincalhona no rosto.

Elsa virou a cabeça para a direção oposta de Jack, não queria o ver, queria tempo para pensar sobre seus sentimentos em relação a ele. Jack percebeu e sentiu seu rosto esfriar e sua expressão feliz sumiu, dando lugar a uma expressão preocupada.

–Elsa, aconteceu algo? Me conte.- Disse ele parando em frente a ela, que continuava sentada. Ele agachou e segurou levemente em suas pálidas e macias mão, querendo saber o que houve com sua Elsa.

Elsa sentiu seu rosto se aquecer e seu rosto ficar vermelho, mas ela não queria isso, queria ficar em paz e pelo menos uma vez não pensar em Jack. Mas aproveitando a situação ela resolveu perguntar:

–Jack...aquilo que a Merida disse é verdade? Você voltou só para pedir a nossa ajuda?- A pergunta espantou Jack, ele sabia que por um lado isso era verdade, mas ele não queria que ela o levasse a mal.

–Não, Elsa, Não. Eu não voltei só por isso, eu voltei para salvar vocês, para encontrar vocês....para encontrar você.- Ele disse olhando bem no fundo dos grandes olhos azuis de Elsa, tão profundos e misteriosos, cheios de segredos que um dia ele faria ela confiar o suficiente nele para dividi-los com Jack.

– Des do dia em que eu te abandonei eu nunca, em nenhum momento, parei de pensar em você. Toda a noite era uma tortura, eu tinha medo, medo do que você estivesse achando de mim, medo de você ter deixado de se lembrar de mim, medo de você se machucar enquanto eu não estivesse perto. Tudo isso, Elsa, tudo isso por você. Eu não quero que você pense que eu só voltei para me aproveitar de você, tem muitos outros motivos para eu ter voltado além de pedir ajuda, eu não estava mais aguentando passar mais algum segundo longe de você, e quando eu te vi naquele dia eu senti meu coração se preencher de alegria, até eu perceber que você não me via mais, e pior, por minha culpa.- Ele deu um tempo para continuar a falar, era difícil para ele falar disso, mas com ela ele sabia que podia falar.- E quando você e Anna sem lembraram de mim eu me senti bem de novo, porque eu sabia que você não havia se esquecido totalmente de mim. Elsa, eu voltei porque, além de tudo, eu amo você e quero que saiba que nada, nada mesmo, vai mudar o que eu sinto. Eu vou te proteger a todo custo, mesmo que custe a minha vida, mas eu não vou te perder de novo.- Ele deitou no colo de Elsa deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto, perder Elsa de novo seria o fim do mundo para ele e ele não ia deixar isso acontecer.

Elsa ouviu tudo aquilo chocada, seu coração batia forte a cada segundo, e quando ele deitou sua cabeça no colo dela foi quando ela sentiu todos os seus problemas sumirem. Ela sentiu que Jack estava chorando e acariciou carinhosamente seus cabelos, fazendo ele parar de chorar aos poucos. Depois de cinco minutos ele havia para completamente, e eles ficaram ali, naquela posição, com Elsa acariciando seus cabelos com muito amor, um amor que fazia tempo que ela não sentia antes.

Depois de um tempo Jack olhou bem nos olhos de Elsa, que olhava de volta. Aos poucos ele se aproximou, colocando sua mão na bochecha de Elsa, fazendo leves carinhos. Já dava para sentir a respiração um do outro, quando chegou a hora.

Não foi um beijo desesperado, foi um beijo carinhoso, repleto de amor da parte dos dois. Eles precisavam daquilo, precisavam sentir o amor que sentiam um pelo outro, e essa noite foi o tempo de se provar o que ambos sentiam um pelo outro.