–Então... não ganho nem um abraço? - Pergunta Jack, abrindo os braços.

Elsa ainda se sentia desconfortável com muito afeto e toques, mas não podia negar isso à ele não é? Afinal foram tantos anos... e nem sabia se ela havia perdoado ela de fato. Com passos longos, porém lentos, Elsa foi se aproximando de Jack, ainda nervosa e incrédula por estar vendo ele ali na sua frente. Quando estava perto o suficiente, foi Jack quem quebrou a distância, puxou a garota para seus braços e a abraçou da mesma forma que fazia quando ela era pequena, rodopiando no ar com a mesma. Não durou muito no ar como antigamente, afinal Elsa havia crescido e estava do mesmo tamanho de Jack. Mesmo após seus pés tocarem o chão, Jack não a soltou do abraço, afundando o rosto no ombro de Elsa e a aproveitando ao máximo a sensação de te-la por perto de novo.

–Eu jurava que você nunca mais me veria... Eu voltei lá tantas vezes esperando você me enxergar de novo - Sussurrava ele, fazendo Elsa corar e voltar a ficar nervosa e desconcertada, mas assim que ela tentou se afastar, ele apertou o abraço por mais um longo momento antes de finalmente liberta-la e fita-la com um gigantesco e brincalhão sorriso no rosto. – Fiu Fiu! Eu mal te reconheci sabia? Você... Cresceu tanto. -

–E você... não mudou nada! - Respondeu a loira, logo percebendo Jack desviar o olhar de modo desconfortável e perceber que falou besteira.– Sabe... Senti muito a sua falta. E o que o quer dizer com você ter voltado no castelo? Eu nunca mais te vi, achei que me odiava. - Respondeu ela, estalando os dedos e juntando as mãos tentando conter o nervosismo.

–Não. Nunca! Eu voltei naquele mesmo dia Elsa... Enquanto você dormia... Eu é quem achei que você me odiava. Então fiquei distante por alguns dias... mas quando eu voltei no terceiro dia... Ah Elsa... você não me viu. Eu falava com você, eu tentava te tocar... mas nada adiantava. Eu não existia mais pra você. Você parou de acreditar em mim... E... E eu não pude fazer nada.- A voz do rapaz foi sumindo conforme ele falava, e uma feição de desapontamento surgia em seu rosto, algo tão sombrio que Elsa nunca imaginava habitar o rosto de alguém tão tranquilo e brincalhão como Jack. Ao terminar de contar aquilo, suas mãos estavam fechadas em punhos e ele parecia tremer um pouco.

–Jack... me desculpe. Eu... Eu era uma criança, eu nunca nunca tive a intenção de magoa-lo tanto, nem se quer de nunca mais vê-lo. Não sabe o quanto me arrependo daquilo. Tudo seria tão mais fácil com você do meu lado. - Elsa voltava a derramar lágrimas, sentindo aquele frio ruim vindo de dentro dela e logo iniciando uma nevasca dentro do quarto.

–Hey hey, Calma SnowFlake! - Ele se apressou para perto dela, colocando as mãos em seus ombros para chamar sua atenção e logo levando uma das mãos para enxugar as lágrimas geladas dela, acabando por congela-las em seus dedos e fazer pequenos cristais de gelo com as mesmas, brincando com eles na frente de Elsa – Eu tô aqui, você tá aqui... você tá me vendo, estamos conversando. Está tudo bem, tudo bem. E o melhor de tudo... você não está mais presa no seu quarto. Você viajou Elsa... Não sabe a felicidade que eu senti quando vi aquela estatueta no templo. -

–Você viu...? -

–Claro... Hey, você quer meesmo jantar com aqueles caras chatos? Porque se você quiser fazer qualquer outra coisa... mais interessante sabe? Eu posso dar um jeito fácil nesse jantar. - Disse pretensioso, com uma das sobrancelhas erguidas e um sorriso travesso nos lábios. Elsa não respondeu, mas sorriu inevitavelmente com o sorriso dele, tentando adivinhar o que se passava por baixo daqueles cabelos esbranquiçados.

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O jantar estava estragado, Jack não deixara nada que estava descongelando, descongelar... como ninguém o via, aprontou tudo o que pôde na cozinha, misturando temperos, aumentando o fogo, sumindo com coisas, assim como sumindo com peças de roupas do rei e da rainha do reino. Todos ficaram tão assustados com os acontecimentos que encaram como aviso para o jantar ser adiado e Elsa, é claro aceitou plenamente e até sugeriu que seria melhor um almoço, pois ela estava exausta da viajem e dormiria cedo. Assim que todos se recolheram, Jack e Elsa saíram do castelo sorrateiramente. Finalmente eles se veriam num lugar que não fosse um misero quarto.

–Então, conte-me tudo! Como você está? E sua irmã? E como é governar um reino? O que você aprendeu enquanto eu estive fora? Você parece estar controlando muito bem, nem está usando luvas! - Jack parecia muito mais animado que Elsa, como uma verdadeira criança no primeiro dia de neve.

É claro que Elsa contou tudo para ele, como foi a coroação, como Anna salvou sua vida, como ela havia conseguido uma família novamente. Como morou num castelo de gelo. Jack ouvia tudo com atenção, e contava tudo sobre suas viagens e as vezes que a visitou secretamente. Contou até mesmo que ele estava lá o tempo inteiro ao seu lado quando ela soube que seus pais faleceram. Que até atrasou a chegada do inverno em muitos lugares por conta disso. Quando se deram conta estavam deitados na neve, em algum lugar do bosque, brincando com flocos de neve no ar enquanto viam as estrelas.

–Eu sei que já disse isso várias vezes... mas... Me desculpe. Eu só machuquei nós dois com tudo isso. Eu não parei pra pensar que você não era minha companhia, era meu amigo... você não era pra mim... eramos um para o outro. - Elsa dizia baixo, sonolenta, já era tarde e ela de fato estava cansada com a viajem. Jack apenas sorriu, tomando as brincadeiras com flocos de Elsa para si e as controlando enquanto a loira ia adormecendo.

– Sabe... se o passado fosse bom, ele seria o presente. E veja a parte do nosso passado que foi boa, voltou. Então deixa a parte ruim lá pra trás, e pare de se desculpar por isso. - Ele a fitou por um longo tempo, até ver seus olhos não se aguentarem abertos e se fecharem. Jack virou o corpo, apoiando um dos cotovelos na neve e deitando a cabeça na mão, ficando de lado e podendo observar melhor a rainha adormecida. Se inclinou um pouco para depositar um beijo na testa dela, e então passou os dedos gelados por seu rosto afastando pequenas mechas de cabelo e flocos de neve dali.

– Obrigado por ter voltado. Você cresceu tanto... meu pequeno floco de neve.-