Atlanta escrita por Luna Collins


Capítulo 11
Capítulo Dez




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Na madrugada de sexta para sábado, Jack ligou para Grace que estava de plantão no hospital com Levi. Ela também sempre falava com Jeremy o mantendo informado de tudo que estava acontecendo no Grady Memorial. Grace estava um pouco cansada, e depois do inicio da campanha de vacinação ela parou com os testes e entregou a tarefa a Levi, que estava mais disposto que ela. Estava tomando um café na sala de lanche e conversava com Jack ao telefone.

―Estou sabendo de tudo, anda trabalhando muito eu tenho certeza...

―Sim, Jack, estou cansada. Logo logo vou pro quarto de médicos hóspedes que tem aqui no Grady... ―ela falou com a voz mais sonolenta.

―Espero que fique bem e descanse, e se cuide querida, já esta protegida, não é? ―perguntou o jovem soldado, preocupava-se com sua amiga.

―Sim, cientistas e médicos são os primeiros a tomar a vacina depois dos testes, só que não deu tempo de fazer testes então mesmo assim, estivemos cientes de que vai dar certo. ―ela falou com ar esperançoso.

― Os cientistas são competentes sim, aliás, a vacina já deu certo, pois por enquanto ninguém mais adoeceu. ―ele falou, sabia da maioria das notícias, mesmo não falando muito frequentemente com Grace.

―Eu por enquanto estou tranqüila, o fluxo de trabalho esta tranqüilo por enquanto. ―ela se deixou sorrir por um momento. ―Sinto falta dos nossos passeios, Jack...

―Eu também... mas logo iremos nos ver de novo. ―ele percebeu o sorriso da jovem cientista do outro lado da linha e não pôde deixar de sorrir também. ―Você me falou que está no Grady, não é?

―Sim.

―Assim que eu chegar, irei aí vê-la.

―Vou estar esperando, você vem quando?

―Daqui a dois dias estarei aí, ou antes, dependendo do que precisaremos fazer no quartel.

―Ta bom então, Jack... ―ela bocejou enquanto falava, não havia dormido direito esses dias, estava sobrecarregada.

―Está com sono, querida... precisa descansar... ―Jack falou carinhosamente para a amiga, que se ele pudesse ver, estava quase deitando sua cabeça na mesinha do refeitório.

―Tem razão, vou ali dormir por pelo menos umas 4 horas. Dá pra descansar.

―Precisa mais do que isso, menina. Por favor, se cuida porque eu não estou aí ainda para cuidar de você... ―ele falou sorrindo levemente.

―Tudo bem, Jack. Boa noite, meu querido. ―ela disse, desligando o telefone em seguida.

Grace levantou o rosto e bocejou, espreguiçou-se e deu uma sacudida em si própria para despertar no momento. Saiu do refeitório e foi para o 6

º andar, onde tinha um quarto para os médicos hóspedes que vinham ao hospital para estudos. Levi já estava lá, tentando dormir. Grace estava de sapatinhos apenas, havia tirado os saltos baixos para não fazer barulho aos pacientes que dormem á noite. Aonde ela estava era o 1º andar. Subiu ao 2º andar de escada pois precisava pegar uns históricos em uma das salas do necrotério. No 1º andar, haviam 7 salas com capacidade para 20 mortos cada uma.

Grace passou tranquilamente por uma dessas salas e de repente escutou um barulho estranho vindo de uma das salas que estavam mais vazias, apenas com dois corpos. Primeiramente pensou ter sido o ar-refrigerado que estaria fazendo este barulho por algum defeito. Logo depois, viu que não era só isso. Entrou na sala e acendeu a luz. “Como podem deixar a porta do necrotério aberta assim?”. Pensava ela, indignada. Ao acender a luz, viu que um dos corpos estava com estranhos espamos e a respiração fazia um som como se fosse um ronco num volume mais baixo.

**

Dez andares acima estava Phillip, tentando dormir ao lado da cama de Sarah, que parecia estar em sono profundo. Ainda estava viva, mas muito fraca e quase não estava mais se alimentando. Penny dormia no sofázinho ao lado também, ela sentia um pouco de frio, e Phillip percebeu a garota estremecer um pouco. Olhou a menina ruiva dormindo e cobriu-a com sua jaqueta. Penny sentiu aquecer e virou-se para o lado, dando um suspiro leve de um sono bom. Voltou a olhar Sarah, que acordou repentinamente.

―Phillip? ―ela quase não tinha muito ar nos pulmões para falar normalmente.

―Sarah..! Sarah... ― Phillip sussurrou apertando a mão dela e observando-a.

―Phillip... ―a mulher deu uma tossida fraca, virando-se para o marido.

―Estou aqui meu amor... ―ele estava tenso.

―Aonde está Penny?

―Dormindo aqui ao lado. ― ele apontou e Sarah conseguiu ver com a visão um pouco turva mas conseguiu.

―Cuide dela, Phillip meu amor... ―a voz ficava cada vez mais fraca.

―Sarah, você vai ficar bem, olha, amanhã quando acordar de manhã, vou trazer um café da manhã para você tentar comer, ta bom? ―ele ainda tinha esperança.

―Não..Phillip...

―O quê? Como assim? ... ―ele estava preocupado com o que Sarah dizia, poderia ser um delírio pois a mulher estava bem quente.

―Eu te amo... ―falou a mulher, em seguida pareceu cair novamente em sono profundo dando um longo suspiro. Mas estava morta agora. Phillip sacudiu Sarah.

―Sarah..! Sarah, fala comigo meu amor, por favor... ―ele pedia, percebendo que a mão dela agora estava esfriando aos poucos, ela estava absolutamente morta.

**

Julio jogava baralho com Alicia na pequena casa em que estavam morando. Era uma casa pequena mas bastante confortável. Era um pouco mais afastado do centro de Atlanta mas era um bairro bem tranqüilo. Eles jogavam e bebiam cerveja barata.

―Bati! ―falou Julio comemorando e tomando um gole da cerveja.

―Ah, não, por favor Julio. Você é um panaca. ―ela riu, entregando suas cartas para ele juntar com o resto do baralho e embaralhar novamente, começando uma nova partida.

―Não sou não. Esqueceu-se daquela vez que você ganhou seis vezes seguidas e eu nem tive o direito de contestar? Isso é um absurdo. ―ele riu.

―Cansei de jogar. ―ela falou, vendo que sua cerveja havia acabado e a dele também.

―Eu também. Estou com sono.

―Precisamos dormir, vamos trabalhar amanhã também.

―Que vida cruel. ―ele fez careta. Os dois levantaram-se e foram para o quarto dormir. Era um quarto pros dois, e eles dormiam em camas separadas.

Aquela noite estava fria, e os dois estavam em seus respectivos cobertores conversando sobre as coisas que estavam acontecendo na cidade de Atlanta.

―Julio... ―sussurrou Alicia.

―Que? ―ele respondeu com a voz já um pouco sonolenta.

―Já pensou se os mortos voltam?

―Como assim? ―Julio abriu os olhos e franziu a testa, o quarto era iluminado por uma fresta de luz da rua que atravessava a janela.

―Sei lá, como naquelas histórias de terror...

―Vai dormir, Alicia. ―reclamou o rapaz que virou pro outro lado e pegou no sono. Alicia respirou fundo e foi dormir. “Bastardo”. Pensou ela sobre Julio, ele era chato as vezes mas era uma pessoa maravilhosa quando o negócio era ser amigo sincero.

**

No necrotério, Grace observava o cadáver sabendo que, pelos espamos, poderia ser uma reação do sistema nervoso. Exceto pela respiração, que era bastante estranha. A jovem chegou mais perto, e ouviu a respiração, logo em seguida olhando a face do cadáver. De repente, os olhos pareciam estar se abrindo, e realmente estava acontecendo. Grace olhou bem nos olhos do morto e viam que a parte que era branca estava toda acinzentada e a pupila em tons de verde musgo, um pouco difícil distinguir. Um arrepio correu a pele dela. Pegou a ficha e olhou o nome registrado no óbito: Terence Camautier. Ela logo colocou a ficha de volta e resolveu tentar.

― Terence?

Nada de respostas normais, apenas grunhidos.

―Senhor Terence Camautier? ―ela insistiu.

O cadáver abriu a boca e exibiu os dentes já em estado de apodrecimento. Ia abocanhar a mão da jovem que logo retirou a mão. Antes que o morto pudesse se levantar, ela pensou rápido e pegou cordas e fitas no armário naquela sala mesmo. Deitou novamente o corpo, com cuidado para não ser mordida, amarrou braços e pernas na maca e amordaçou o cadáver para não acontecer nada. Olhou a maca do outro lado e fez a mesma coisa com o outro cadáver que estava lá. Logo cedo iria avisar a todos os médicos que estavam lá sobre o que ocorrera.

Eram duas horas da manhã. Grace saiu do necrotério e trancou a porta, levando as chaves consigo. Olhou o corredor escuro e vazio e sentiu uma onda de medo percorrer seu corpo. Com a respiração rápida, ela logo fez a mesma coisa com as outras salas de necrotério, trancou todas e levou a chave, pois, se fosse amarrar todos os corpos não poderiam nem descansar.

Subiu rapidamente para o 6º andar e se deitou ao lado de Levi, que dormia um sono leve.

―Grace?

―Shh... pode dormir... ―ela se deitou na outra cama, fechando a porta. Saberia que se, algo ocorresse, não estavam sozinhos, os outros médicos estavam dormindo no hospital também e estavam nos quartos ao lado e na frente. Com um pouco de dificuldade, Grace pegou no sono, estava cansada de um dia cheio, e mal sabia que era só o começo.


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Notas finais do capítulo

Agora começa a corrida para a sobrevivência.



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