Hold On escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 4
Capítulo 4 - Se algo pode dar errado, dará


Notas iniciais do capítulo

Há muito tempo essa história começou a ser postada, mas estava parada há exatos duzentos e um dias por diversas rações. Adoramos a recepção que a fic vem recebendo e pedimos desculpas pela grande demora, esperamos que continuem conosco até o final (que não está tão próximo, porém essa é uma shortfic).
Queremos agradecer às leitoras 3cho e Kaya Levesque por terem comentado todos os capítulos e no último terem cobrado mais um capítulo. Obrigada!
Boa leitura!



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Puta merda!

Foi tudo o que ela conseguiu pensar quando viu estranhos em sua casa. Eram dois: um garoto negro e uma garota loira, e ambos não poderiam ser mais velhos que ela. Estava morrendo de sono e não sabia direito o que havia dito, mas os invasores lhe pareceram assustados e usavam roupas de hospital. Viu que eles tinham uma faca, e aquilo poderia ser perigoso.

Sem saber o que fazer, Clara Murphy correu de volta para seu quarto e começou a andar em círculos, tentando pensar em algo. Percebeu que estava se desesperando, o que não era nem de longe raro. Os delinquentes estavam armados, nada os impedia de serem assassinos ou ladrões. Estava com tanto medo que não sentia mais sono. Clara vivia sozinha naquela casa desde... Não, não, não... Isso não pode estar acontecendo comigo. Poderia ser apenas um sonho, não era real. Mas não era isso que parecia. Seus sonhos geralmente eram malucos, sem sentido ou psicodélicos, nunca pareciam reais.

Tem dois estranhos na casa, eles têm uma faca e eu... Eu tenho uma arma! A loira foi rapidamente até seu armário, onde havia guardado a antiga arma de caça do pai. Pegou-a e, antes de sair, ainda vestiu uma espécie de manto cor magenta com uma gola preta, seu favorito, por cima do pijama, sem saber exatamente por que estava fazendo isso além do fato dele cobrir o pijama constrangedor. Quando saiu do quarto, a menina loira subia pelas escadas em posição de combate: pé direito à frente, corpo levemente inclinado para essa direção e uma faca na mão esquerda.

Volte para baixo agora ou estouro seus miolos!

Mal podia acreditar no seu tom de voz, era alto, firme e autoritário, sem vacilar em nenhum momento. Onde ela havia arrumado forças para intimidar os dois ladrõezinhos, a jovem não fazia a melhor ideia, o fato era que funcionara. O afro-americano tinha mudado de expressão rapidamente, e a garota, com certa relutância, voltara para o primeiro piso da residência. Nada como o poder de uma arma de fogo. Talvez fosse mesmo a arma apontada que os fizesse ficar com medo, já que as feições delicadas de Clara não demonstravam lá muita ferocidade, o que no momento ela tentava fazer, e não sabia se o manto ajudava ou não.

– Saiam da minha casa agora! – eles trocaram um olhar e pareceram concordar com algo. Lentamente, começaram a se deslocar até a porta. Só então Murphy percebeu que o garoto mancava. Devia estar fingindo, deduziu, pois ele estivera muito bem de pé segundos antes. E, mesmo assim, ela não conseguia deixar de sentir pena. – Ei, parem com isso e voltem aqui! Por que estão fazendo isso?

– Fazendo isso o quê? – a menina retrucou com um tom irritado, se voltando para encará-la.

– Fingindo que estão fracos, machucados e... Eu sei que estão tentando me enganar, mas não vai dar certo. Se querem alguma coisa, assaltem um supermercado, mas a minha casa não!

– Não estamos fingindo! Noah está machucado há muito tempo e faz dias que não comemos direito. Até assaltaríamos um supermercado, se soubéssemos onde tem um. Já estamos há tanto tempo sozinhos lá fora que nem sabemos mais...

Aquilo a atingiu profundamente. Eles eram novos de mais para isso... Clara não saía muito de casa e, mesmo assim, jamais se afastara do local. Não precisava procurar comida, nunca lhe faltara nada dentro da residência. Ver aqueles dois diante dela, sozinhos e passando fome, com o garoto ferido... Ia além do que a loira podia suportar. Sustentar uma pose de durona em frente a dois ladrões era fácil, contudo com duas pessoas necessitadas a tarefa se tornava quase impossível. Abaixou a arma e decidiu ajudá-los.

– Vamos até a cozinha. Vocês podem pegar alguma coisa lá e depois vão embora – Murphy desceu as escadas e fez com que o casal fosse à frente, por precaução. – Não tentem fazer nenhuma gracinha, eu ainda estou armada. E não pensem que vou deixar de atirar só porque são novos.

Clara conhecia bem aquele local, sua vida basicamente se passara inteiramente naquele cômodo. Parcialmente iluminada pela luz vinda das frestas das persianas, a cozinha ainda era conectada à sala de jantar, o que fizera as refeições de família Murphy ser muito mais práticas. Acima de tudo, era um local impregnado de memórias. As mobílias foram escolhidas a dedo por sua mãe, e deixavam o ambiente harmônico e aconchegante como seus abraços. Seu pai estava na disposição da mobília e no enorme quadro da sala de jantar, com uma frase escrita em latim, tudo exalando a racionalidade vinda dele.

A visão da cozinha e as lembranças sempre a faziam sorrir, mas ela não podia fazer isso, tinha de despachar os jovens e torcer para que os dois sobrevivessem lá fora. Não aguentaria viver com a culpa de ter deixado duas pessoas morrerem do lado de fora, mas também não se julgava na capacidade de abrigá-los, por isso o máximo que podia fazer no momento era fornecer mantimentos. Clara até chegara a acreditar que não havia mais humanos desde seus pais... Ser benevolente estava fora de questão certamente, já fazia demais entregando comida a dois estranhos.

– Que tipo de língua é aquela? – Noah, o garoto, perguntou apontando para o quadro que Edwin Murphy havia colocado na sala de jantar. A loira lançou um olhar de reprovação em direção ao companheiro, para que ele ficasse quieto, mas Clara não deixaria aquele comentário passar em branco.

– É latim, seu imbecil, não...

– Latim, eu deveria ter notado! – ele interrompeu parecendo entusiasmado. – O que está escrito?

– A Lei de Murphy...

Se algo pode dar errado, dará.

– Você a conhece?

– Claro! Foi a síntese da minha vida durante o colégio... Também é um jeito de se conformar com a vida.

– Sabe, costumam dizer que Murphy era otimista – comentou sem saber o porquê, com um pequeno sorriso no rosto. Parecia até irônico, considerando a situação do mundo.

– Por acaso você não teria algo que pudéssemos usar para a perna do Noah? – a garota perguntou de súbito. Aquilo fez com que Clara agarrasse a arma com mais força, lembrando de repente que estava em uma situação perigosa. Aqueles dois não eram seus amigos, não podia se distrair conversando com eles.

Sim, ela tinha algo para ajudá-lo, mas ainda não sabia ao certo se deveria. Aos poucos, estava cedendo espaço para Noah e sua companheira cujo nome não conhecia, e eles nem sequer estavam se esforçando. Se continuasse sendo legal com eles, não tardaria a se tornar empregada deles ou algo do tipo. Eu estou na minha casa, eu tenho a arma. Eles devem fazer o que eu quero, não o contrário. Sua relutância deveria ter ficado transparente no rosto de Murphy, porque o garoto logo tentou intervir.

– Olha, ruiva... – o garoto começou.

– Ruiva não! – Clara gritou. Não deveria estar tão exaltada assim, mas aquela situação a deixava nervosa, e ser chamada de ruiva já era de mais.

– Desculpa... Eu só queria dizer que nós dois não queremos arranjar problema. Não precisamos de remédios – olhou de relance para a loira ao seu lado, tentando fazer com que ela concordasse. – Se um pouco de comida for muito, apenas nos deixe ir embora.

– Garotos, eu não posso ajudar vocês com isso, não tenho remédios – mentiu, mantendo o rosto duro para não demonstrar isso. Era melhor dizer de uma vez, antes que eles fizessem carinhas de cachorros abandonados, Clara não resistiria a isso. Tudo que ela queria era se livrar deles de uma vez e voltar a dormir, não podia prolongar aquilo.

– Nós dois estamos há muito tempo lá fora, só temos uma faca para nos defender, a comida deve acabar logo e não vamos aguentar caminhar por aí durante muito tempo. Você tem uma casa e comida, por isso pensei que pudesse nos ajudar – a garota deu bastante ênfase na frase final, obviamente tentando fazê-la se sentir culpada. Murphy detestava se sentir forçada a fazer alguma coisa, mas não sabia se seria capaz enxotar os dois para fora.

– O que vocês querem de mim? Querem dormir na minha casa, usar os meus remédios, comer a minha comida... Não acham isso um pouco demais?

– Nós somos pessoas! Estamos morrendo lá fora e você vai simplesmente nos mandar embora e fingir que nada aconteceu? Pensei que ainda houvesse alguém com compaixão nesse mundo, mas pode ser que eu tenha me enganado – definitivamente, Clara não gostava daquela loirinha atrevida, e já estava cansada deles.

– Então é assim? Vocês invadem a minha casa e ficam falando de compaixão? Eu não sou obrigada a ajudar ninguém, certo? Eu podia ter expulsado os dois assim que chegaram, mas não fiz isso. Eu os trouxe até aqui para que pegassem a minha comida, e mesmo assim ainda querem que eu faça mais!

– Beth, está tudo bem... – Noah interveio. – Moça...

– Clara – àquela altura, até ser chamada de “moça” a estressava.

– OK, Clara... Peço desculpas pela minha amiga aqui, ela só está um pouco nervosa... Você não precisa fazer nada por nós. Podemos ir embora agora, se quiser.

– Não, está tudo bem. Deve ter alguma coisa naquele armário ali – ela apontou, voltando a estabelecer a calma. – Peguem o que quiserem e podem ir.

O que eu estou fazendo? , pensou enquanto observava Noah e Beth pegando toda a comida que conseguiam levar. Não tinha nada de errado em doar um pouco de alimento, e isso ela já estava fazendo, o grande problema era como ela havia parado naquela situação. Tinha acordado de repente e dali em diante sua rotina inteira havia mudado, como se o mundo tivesse virado de ponta cabeça num piscar de olhos. A mudança não era algo ruim, seus dias se resumiam a tarefas maçantes que não serviam para quase nada a não ser manter a casa em funcionamento... Um pouco de mudança não faz mal a ninguém. Ela queria algo novo em sua vida, porém não precisava ter vindo daquela maneira.

Até mesmo sua vida antes do fim do mundo fora monótona. Crescera na mesma casa, estudara nela, todo o mundo que conhecia era seu lar, sua família. Para uma garotinha aprisionada, tinha sido fácil imaginar um mundo mágico do lado de fora; para uma mulher adulta, as criaturas mágicas tão frequentes em livros e filmes não poderiam sequer existir, mas mesmo assim o encanto não tinha acabado. Havia um mundo inteiro do lado de fora esperando por ela e a jovem permanecia ali por motivos que ela mesma não sabia listar. Talvez tivesse vivido tanto tempo naquela casa que havia enraizado nela.

A maior aventura de Murphy fora a faculdade de Veterinária. Tinha passado muito tempo sonhando com o momento em que poderia interagir com outras pessoas e conhecer outros lugares, contudo a ilusão se desfizera facilmente. Clara não possuía experiência nenhuma com seres humanos, por isso socializar acabava sendo inevitavelmente uma tarefa difícil. A jovem passara seus quatro anos de estudo sem fazer um amigo sequer e com a sensação de que as pessoas eram muito estranhas e difíceis de lidar. Com a chegada do apocalipse, Clara pudera retornar para o seu mundo, do qual só faziam parte seus pais, seus animais de estimação e a casa.

– O que foi isso? – Beth questionou. Até então, Clara não havia percebido nada de diferente. Normalmente, quando refletia demais acabava presa numa realidade paralela onde moravam seus pensamentos e memórias; sair de lá era bem complicado. Ficou parada por alguns instantes até escutar o som, que era como se algo batesse em madeira. Apenas com aquele o som a loira conseguiu decifrar o que estava acontecendo.

– Não é nada de mais – deu de ombros na tentativa de tentar tranquilizar os dois garotos que pareciam tensos. – É só a Melanie.

– Melanie? – para Murphy, o nome já fazia todo o sentido, mas era óbvio que os dois não sabiam quem era Melanie, por isso teria que explicar.

– Melanie é o meu cervo... Bem, ela não é exatamente meu bicho de estimação porque é livre, mas sempre vem por aqui atrás de comida. A safada sabe que meu coração amolece com aqueles olhinhos escuros! Pra falar a verdade, já faz um bom tempo que ela não aparece... Fiquem aqui, eu vou até lá.

Dizendo isso, Clara apoiou o rifle no ombro e abriu a velha geladeira para pegar um saco de ração. Antes de ir, olhou para trás, certificando-se de que Noah e Beth não sairiam do lugar. Parecia estupidez parar o que estava fazendo e ajudar um animal, mas não para Clara, já que eles foram seus únicos amigos por um longo tempo. Parecia hipocrisia relutar tanto para fornecer comida a jovens esfomeados e, logo em seguida, alimentar um simples cervo sem pestanejar, mas era de sua natureza. No final, talvez ela tivesse mais compaixão por animais do que por pessoas. Ao chegar perto da porta dos fundos, notou que a maçaneta estava sendo girada compulsivamente. Parece que a Melanie está aprendendo alguns truques, pensou enquanto girava a chave.

Então ela viu que não era o cervo do lado de fora.

Não conseguiu ver quase nada, porém soube imediatamente que era um homem todo vestido de negro. Antes que pudesse raciocinar, ele girou Clara e puxou-a para perto de si, colocando uma coisa metálica no pescoço dela. Com o susto, a loira jogou a ração e a arma no chão, debatendo-se para tentar fugir, mas era impossível. O desconhecido parecia ter o corpo muito quente e era bem mais forte que ela, apesar de ser poucos centímetros maior. Murphy tentou olhar para cima à procura do rosto dele, mas a coisa metálica impedia um movimento mais amplo do pescoço. Dessa forma, Clara percebeu que a coisa metálica era na verdade um gancho, e que aquilo era a mão do homem.

Horrorizada era uma boa palavra para descrever seu estado. Ela só podia ter entrado em um filme de terror, como se eu não vivesse em um... Além dos mortos-vivos que assolavam o mundo inteiro e que num piscar de olhos acabaram com mais de noventa por cento da civilização, o restante dos sobreviventes se transformaram em monstros como aquela aberração sem mão que a ameaçava. Seu coração palpitava bastante com o perigo eminente, entretanto seu corpo parecia estar congelado, não respondendo aos impulsos imprudentes do cérebro que queria que ela lutasse, e ainda parecia suar frio. Eu tenho que dar um jeito, pensou quando o primeiro tremor a atingiu. O homem era todo fogo, menos na lâmina, e ela era gelo dos músculos à pele.

– Fique quieta – ele pediu, apertando-a com mais força. A jovem não conseguia vê-lo, mas sua voz rouca denotava uma frieza acima do normal, o que contribuía para assustá-la mais. Tão frio que poderia me degolar sem motivo algum e não sentir remorso por isso. A barba áspera dele roçava sua bochecha, tão suja que ela sentiria nojo se estivesse em posição para tal ato, uma vez que seu corpo era preenchido pelo pânico. Por impulso, mais uma vez tentou se livrar do agressor, o que resultou em um forte aperto no pulso e na garganta. A ponta do gancho furou sua pele, e o pequeno filete de sangue que escorreu a fez chorar. Como se aquela posição ainda não bastasse, a curva do gancho pressionado em sua garganta impedia parcialmente a passagem do ar, forçando a loira a respirar com muita força. – A menos que queira morrer...

Sabia que não devia ter confiado naqueles dois filhos da puta. Para ela, estava claro que o homem maneta estava com Noah e Beth, fazia todo o sentido. Dois garotos entraram em sua casa pedindo ajuda e deixando-a distraída, facilitando a entrada do terceiro integrante, que deveria rendê-la para que roubassem tudo o que tinha. Devia ter expulsado eles enquanto podia. Clara não conseguia deixar de se arrepender por ter sido legal, era inevitável. Naquele momento, teria dado um tiro em cada um com um sorriso no rosto, por mais que Noah parecesse ser um cara legal e que Beth fosse apenas uma menina moldada pelo apocalipse. Mas aquele homem...

Os jovens adentraram na cozinha sem que nada pudesse ser feito por Clara, mas seus olhos provaram o quanto Murphy estava errada: Beth e Noah estavam assustados com a cena, quase tanto quanto ela mesma. Mais lágrimas caíram de seus olhos então, estava certa de que iria morrer com a garganta aberta, seu sangue colorindo o piso branco da cozinha e o manto de rubro. Ninguém poderia ajudá-la, e ninguém choraria por ela quando morresse. Assim que os dois jovens viram a arma largada no chão, até tentaram pegá-la, no entanto o esforço era inútil. De qualquer forma, a loira ficou um pouco aliviada por saber que eles não eram tão ruins quanto julgara.

– Não se mexam ou a ruiva aqui morre – não acredito que esse desgraçado me chamou de ruiva!

– Não peguem na arma! – ela gritou desesperada, não sabendo de onde arrumara tamanho fôlego para berrar. Sua garganta parecia em chamas, entretanto ela continuou. – Era um blefe! Não tem balas na arma, eu acabei com toda munição meses atrás.

Se algo pode dar errado, dará.

Como se não bastasse a morte eminente, ainda havia a voz do seu bom e velho pai na mente para perturbá-la. Se ele ao menos não tivesse morrido... Sentiu arrepios e mais lágrimas salgadas que embaçavam sua visão e cicatrizavam seu rosto vagarosamente enquanto escorriam pelo queixo.

Tudo estava dando errado. Clara Murphy não queria morrer, contudo os fatos indicavam que ela não veria o por do Sol aquela tarde. Queria lutar, gritar e espernear, mas tudo que ela fazia era respirar com muita dificuldade e derramar lágrimas e mais lágrimas de puro medo, tornando aquela cena mais ridícula. A possível ideia de receber liberdade parecia perdida com um gancho em sua garganta. Afinal, o que ela poderia fazer?

Murphy era otimista. Clarke tinha razão, afinal. Tudo o acontecera com Clara até aquele momento não era apenas ruim, era mais que isso. As coisas tinham corrido triplamente erradas e não caminhavam para uma resolução. A jovem pensou em sua vida e nas poucas coisas que fizera durante seus vinte e quatro anos de existência. Tinha sido uma garota estranha e solitária, tendo como únicos amigos seus pais e seus animais de estimação. E depois disso tudo só sobraram ela, o manto magenta de sua mãe e alguns outros pertences de seu pai. Nunca viveria uma de suas tão sonhadas aventuras, e tudo isso por nada... Murphy nem mesmo sabia os motivos daquele ser repugnante que a ameaçava, porém sentia que ele não hesitaria.

– O que você quer? – Beth perguntou com um tom de voz autoritário, como se tomasse o controle da situação. Clara se sentiu grata por isso, apesar de saber que pouco adiantaria barganhar com o homem. Que motivos ele tinha para não matá-la?

– Noah! Beth! Parem de fugir e se esconder, vocês ainda têm uma dívida com o hospital! – o som veio do lado de fora da casa, obviamente. Parecia ser uma mulher, embora Clara não se importasse mais com isso. Mas Noah e Beth se importavam, porque seus olhos se arregalaram no instante em que reconheceram a dona da voz.

– Dawn?


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Notas finais do capítulo

Queremos reforçar que como são POVs (pontos de vista), algumas afirmações podem ser equivocadas, como por exemplo: "acabaram com mais de noventa por cento da civilização". É uma estimativa e não uma certeza, assim como muitos acontecimentos são mais empíricos do que racionais, já que estamos trabalhando com os pensamentos de uma pessoa fictícia.
O que acharam? Gostaram da Clara e do personagem misterioso?
Nosso tumblr pessoal tem uma postagem especial sobre nossos personagens: http://a-fronteira-final.tumblr.com/
Passem lá e confiram!
Nós não sabemos quando o próximo sairá por conta dos banners que levam um tempinho para ficarem prontos.
Até mais!!