Abri os olhos lentamente, sentei e bocejei enquanto me espreguiçava. Abri a “cortina” (que eu achei demais!) da cama, e vi que as “cortinas” das outras camas estavam fechadas, então elas deviam estar dormindo. Já que não conseguia dormir mais, me arrumei, o que demorou uns 15 minutos, uns 7 minutos foram só procurando as coisas na minha mala. Peguei tudo que eu precisava e fui ao salão comunal da Grifinória (não, imagina, era da Sonserina pra visitar o amado do Draco!)

Me sentei em frente a lareira, peguei o livro Hogwarts, uma História e abri na página que o marca-página marcava.

Li algumas páginas, até que ouvi alguém conversando e barulho de passos na escada. Guardei o livro e vi que quem descia era Harry, e argh, Ronald.

– Bom dia – eu disse, não sei o porquê, mas disse.

– Há quanto tempo está aqui? – perguntou Harry, curioso

– Não importa, Harry. É melhor não falar com ela – Ronald disse entre-dentes (tá certo isso?)

Bufei, e não demorou muito para uma multidão de pessoas cercar Harry, o enchendo de perguntas. Me espremi entre as pessoas e saí do salão comunal, Mione tinha acabado de sair de lá.

– Bom dia! – eu falei, dessa vez mais alegre

– Bom dia! – ela respondeu no mesmo tom

– Não suporto ficar lá dentro... não sei porque todo esse escândalo!

– É... eu também não suporto. Vamos pro Salão Principal!

– Yay! Estou morrendo de fome! – disse enquanto fazia uma dancinha estranha, ela riu – Que foi? Estou com fome! – falei fazendo beiço e cruzando os braços

Por sorte, Mione prestou atenção no caminho ontem e conseguimos ir até lá. No caminho, um fantasma que Mione disse se chamar Nick Quase-Sem-Cabeça, ajudava os alunos mostrando as direções, enquanto Pirraça os atrapalhava.

Ao chegarmos no Salão, procuramos um lugar, o que não foi nada fácil. Assim que sentamos, as pessoas que estavam sentadas perto se afastaram. Que saco!

– O grupo “Harry, deixe-me engraxar seu sapato por favor” está chegando – bufei

Mione me olhou com cara feia, ela é muito legal, mas as vezes é certinha demais!

Várias corujas chegaram voando, inclusive a da minha família, que deixou uma carta a minha frente e saiu. Mione olhou com os olhos arregalados para a carta, e disse:

– Dakota, isso é um berrador! Saia daqui, rápido!

Fiquei desesperada, e tentei sair com a carta, mas não tive tempo.

– GRIFINÓRIA?! – todos do salão ficaram em silêncio e olharam para mim – DAKOTA KATHERINNE BLACK MALFOY, VOCÊ ESTÁ MUITO ENCRENCADA MOCINHA! POR QUE NÃO SONSERINA? ACEITARIA ATÉ CORVINAL, TALVEZ ATÉ LUFA-LUFA, MAS GRIFINÓRIA?! VOCÊ SÓ TRAZ VERGONHA AO NOSSO NOME! EU E SUA MÃE NÃO CRIAMOS VOCÊ ASSIM! VOCÊ. NÃO. É. UMA. MALFOY. – então a carta se desmanchou.

Eu comecei a chorar. Tudo bem que ser Malfoy não era minha coisa favorita, mas ouvir essas palavras dos meus pais, doeu muito. Saí correndo de lá, o som dos meus passos ecoava pelo salão.

Não conhecia praticamente nada da escola, então procurei algum lugar bom pra ficar. Saí para o jardim, perfeito. Escalei uma árvore e sentei no galho, cobri o rosto com as mãos e voltei a chorar, eu trouxe meus materiais, então peguei o livro e voltei a ler, enquanto pegava uma maçã da árvore e a comia. Iria ficar ali até o começo da primeira aula.

– Dakota! Dakota, cade você?! – ouvi a voz de Hermione – Não liga pra eles, você é incrível! - ela disse já ficando desesperada – Aparece, por favor!

– Estou aqui Mione. – disse descendo da árvore

– Dakota! – ela disse correndo me abraçar, aceitei o abraço imediatamente e comecei a chorar baixinho em seu ombro

– Me chama de Dak – eu disse com a voz rouca – Dói tanto ouvir isso dos meus pais Mione! – falei apertando o abraço mais.

– Tá tudo bem, pode chorar. – ela disse carinhosa.

– Mione – ela sorriu ao ouvir o apelido – Obrigada!

– Ah, não foi nada! Eu só vim aqui te ajud...

– Não é só por isso. – disse cortando a fala dela - É por ser minha melhor amiga!

– Eu também de considero minha melhor amiga, Dak! – disse ela ainda sem separar o abraço

– Para sempre!- Falamos ao mesmo tempo fazendo promessa de dedinho

Essa sensação era tão boa! Uma sensação de confiança, que sempre vai ter alguém comigo, a sensação de que finalmente, eu tenho uma amiga.

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Uma semana se passou desde que eu e Mione fizemos nossa promessa, e não ficamos mais separadas! A minha aula favorita é Transfiguração, eu acho isso muito legal!

Finalmente era sábado, e eu tinha uma coisa para falar a Hermione que eu queria falar a algum tempo, mas finalmente tomei coragem.

– Mione, vamos esperar Lilá e Parvati saírem do dormitório, ninguém pode escutar – sussurrei.

Esperamos Lilá terminar a maquiagem de palhaço dela, e assim que ela saiu do dormitório, eu puxei Mione para a última cama, que no caso, era a minha e falei rapidamente:

– Ew siu ma nimag

– Que?

– Ew suo ma animg

– Fala direito!

Suspirei

– Eu sou uma animaga não registrada.

Ela ficou pasma

– Como? Como assim não registrada? Quem sabe? Que animal você vira? Isso é verdad...

–Xiu! Ninguém pode ouvir! Sendo. Prefiro não ser registrada, é bom sair como animal sem ninguém saber que sou eu. Os únicos que sabem são minha família. Eu viro um cachorro negro. E sim, é verdade. Mas por favor, não conta pra ninguém, você é a única pessoa que sabe que não é da minha família.

– N-não dá pra ac-creditar! Acho que não vou comer, perdi a fome.

– Mas eu não, vamos lá! – falei a puxando pelo braço – Te contar isso foi tirar um peso da minha cabeça

– Isso o que? – perguntou Ronald que estava no Salão Comunal

– Não te interessa

– Vamos Harry, estou com fome

– Vamos Mione, estou com fome – falamos ao mesmo tempo. Que saco! Ele não é parecido comigo!

Finalmente tirei esse peso das minhas costas!