Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 16
No Limite


Notas iniciais do capítulo

Prontos pelo que vem pela frente? Acho pouco provável...heheheh

Boa leitura!



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Capítulo 16 – No Limite

Ao abrir a porta de sua sala particular, já do lado de dentro, Dave sentiu-se mais uma vez agarrado pelo apertado abraço daquela menina morena de cheiro inconfundível. Mais forte do que nunca ele a segurou em seus braços, emocionado, se embriagando do odor de seus cabelos negros e dando leves beijos nos seus ombros.

Logo atrás vinham dois Jakes, o loiro bastante animado pela incrível vitória do rival e o de cabelos castanhos incomodado com o momento de intimidade entre o amigo e a amiga.

– Foi incrível! –exclamou o menino de olhos azuis se aproximando de Dave quando ele afrouxou um pouco o abraço na menina. Mindy havia ficado fortemente envergonhada com o momento que fora atrapalhado pelo menino loiro, mas tudo passou despercebido na imensa felicidade que sentia o mais novo finalista do Torneio de Brass – Foi simplesmente de mais! Se deixar atingir para aumentar o poder do ataque vingança?! Nossa você é incrível cara! – continuou o loiro, visivelmente incapaz de controlar a sua animação.

O outro Jake, escolhendo ignorar o momento íntimo que acabara de acontecer e voltando a mergulhar na animação, também pulou em um abraço forte no seu amigo, que o retribuiu satisfeito. Agora, em particular, ao lado das pessoas de quem gostava tanto, Dave não podia negar que se sentia realizado por ter podido cumprir a promessa a seu amigo Machop, que já havia sido levado para a enfermaria para cuidar de seu problema nos olhos.

Eevee já voltara a seu ombro e o rapaz não podia deixar de se sentir completo, junto de seus três melhores amigos, e de um antigo rival que ele também ajudara a vingar. Não se lembrava de ter se sentido tão vitorioso assim em nenhum outro momento de sua curta vida, mesmo quando havia recebido a Pokedex do Professor Noah.

– E o Walter estava mesmo roubando! Eu te disse! Foi incrível como você pegou ele no flagra – continuou o rapaz de Azure.

– Obrigado gente, muito obrigado mesmo! – suspirou Dave entre risos, se deixando cair no sofá ao seu lado e acariciando o pelo macio de Eevee ao seu colo – É muito bom poder comemorar assim com vocês.

– Falando em comemorar – disse Mindy, percebendo a oportunidade e deixando a vergonha de lado com um grande sorriso – Nós vamos sair hoje à noite e não tem nem chances de você não vir com a gente, Dave!

O menino sorriu para a menina, que não desistia, e pareceu hesitar. Ela, porém, percebendo a duvida no rosto do menino, se encaminhou disfarçadamente para trás do menino loiro de olhos azuis e apoiou a mão em um de seus ombros, em um movimento de intimidade que eles nunca haviam tido. Dave sentiu uma sensação desconhecida no estomago enquanto ela voltava a insistir.

– Nós vamos mesmo sem você, eu e o Jake já combinamos – acrescentou ela, deixando seu braço deslizar displicentemente pelo braço do rapaz, que se assustara com a caricia inesperada.

Sem entender exatamente por que, Dave sentiu alguma coisa queimando dentro de si e teve a vontade se expulsar o garoto loiro de seu quarto, enquanto o Jake mais novo arregalava os olhos em um susto que quase o derrubou da cadeira onde estava sentado.

– Mas é claro que eu vou! – disse Dave se levantado bruscamente com a cara fechada.

– Isso! – comemorou a menina, rindo e se sentindo vitoriosa. Imediatamente se afastou do menino loiro para sentar no sofá ao lado de Dave – eu sabia que você não ia perder a oportunidade de comemorar essa vitória.

E Dave não teve outra opção. Depois de uma breve passagem no Centro Pokémon, o menino se viu saindo pela porta da frente às dez da noite, sem ter hora para voltar.

Quando cruzou a entrada do grande prédio onde se instalara, o menino teve que parar para tentar reconhecer o lugar em que estava. Os grandes prédios sem graça e as ruas sujas que ele conhecia de dia, agora estavam intensamente iluminados por imensos letreiros gigantes, que piscavam em tons e cores diferentes, iluminando o céu de um jeito que as estrelas eram difíceis de ver. Incontáveis e inusitados anúncios enchiam as laterais da rua, se estendendo a altura máxima que os olhos podiam alcançar. Bem a frente, no alto de um prédio, Dave viu uma imensa replica de Pokebola aberta, mas em seu interior, tinham colocado uma enorme mesa de som, onde um homem parecia misturar musicas para anunciar a abertura de uma nova loja de musicas.

Acima, preso as janelas do Centro Pokémon, podia-se ver uma enorme tela de plasma que cobria nada menos do que cinco andares do prédio. Nela revezavam-se anúncios de uma suposta loja de ração especial para Pokémon, que prometiam os mais diversos efeitos, e uma loja de roupas e equipamentos para treinadores que chamou a atenção do humilde garoto.

Vendo o deslumbramento do amigo, Mindy o chamou de volta para realidade, enquanto ele parecia observar a propaganda de algo que parecia ser um comunicador móvel, especialmente designado para quem saia em jornada.

– Meu avô ajuda com dinheiro para comida, mas nem adianta olhar para essas novas tecnologias Dave – comentou a menina, rindo – Vem comigo, vamos nos divertir.

As ruas estavam abarrotadas de gente, até mesmo no asfalto, e era difícil a locomoção. Mindy pegou na mão do amigo o puxou pelo meio da multidão, enquanto segurava o menino mais novo pelo ombro, evitando assim que o grupo se perdesse. Jake de Azure andava atrás de Dave, também com uma das mãos em seu ombro, ainda com o olhar preso ao brilho que as luzes ofereciam.

Mindy virou a esquerda em uma larga rua, também lotada, mas onde as propagandas pareciam mudar de estilo. Em vez das grandes e tecnológicas telas promocionais que anunciavam os mais diversos produtos, ali se podiam ver varias pequenas placas, alguma de neon, outras simplesmente de madeira, convidando os visitantes a entrarem nhoque pareciam ser bares e lounges para um publico jovem.

– Vem – chamou a menina, guiando o grupo por entre dois bares maiores que eles não conseguiram ver o nome – Tem um lugar muito legal ali na frente!

Ele seguiu pela rua e logo eles se viram de frente a uma grossa porta cinza com a figura de um Ninetails cuidadosamente desenhada a frente, onde Mindy adentrou sem pensar duas vezes. Em cima se via o grande letreiro, que brilhava em diversas cores enquanto lia-se “Nine Colors”. O efeito das luzes piscando, de alguma maneira que Dave não pode perceber, dava a impressão de que chamas desenhadas pelo neon, que variavam de um tom azul escurecido até um lilás rosado, queimavam lentamente as letras. Sem poder observar melhor, ele foi puxado porta adentro pela garota.

Ao entrar, porém, instintivamente levou as mãos aos ouvidos devido ao alto som da música animada que o tocava dentro daquele lugar. Tomado de gente de todos os tipos e cores, mal havia espaço para andar dentro do comprido salão, que consistia basicamente de um enorme balcão no fundo, delimitando um bar tomado por diferentes bebidas desconhecidas aos olhos do rapaz, grandes estruturas no teto, que serviam de suporte para as caixas de som e holofotes que piscavam nas mais diferentes cores e ritmos, cortando a difusa escuridão do local, e uma enorme pista de dança, tão lotada que mal permitia que alguém andasse por ela.

– Vem! – chamou Mindy, soltando os outros amigos e puxando Dave para a pista de dança – Vamos dançar! - O menino, porém, assustado com tudo aquele barulho e movimento, respondeu que gostaria de pedir uma água no bar, pois estava com sede.

– Volta logo, então! – disse a garota, quase gritando por causa do volume do som. Apontando para o chão no local onde estava, completou – Vou te esperar bem aqui, cuidado para não se perder!

Jake, seu amigo mais novo, acompanhou Dave até o bar, se espremendo junto ao garoto enquanto eles travam uma difícil batalha para chegar ao seu destino. Ele não parecia confortável e animado como dissera estar nas noites que saia sozinho com Mindy, e o rapaz mais velho percebeu que talvez aquele não fosse realmente o seu tipo preferido de programa noturno. Definitivamente tem gente de mais nesse lugar pensava ele, enquanto tentava se aproximar do balcão apinhado de gente para fazer seus pedidos. E nem da para ouvir o que os outros falam! A forte batida da musica dava a sensação de que o chão tremia, enquanto os tímpanos do rapaz vibravam loucamente. Essa musica vai estourar os meus ouvidos.

Ele olhou a volta e sentiu Jake ainda segurando em sua cintura, lutando para não ser espremido e forçado a se separar do amigo. O outro Jake já não podia mais ser visto em meio à multidão, e Dave constatou que não havia esperanças de encontrá-lo novamente aquela noite, a não ser por um incrível lance de sorte. Assim que percebeu o fato, ele ficou em duvida se seria mesmo capaz de refazer seu caminho até Mindy.

Depois de uma grande luta para conseguir uma garrafa pequena de água, que custou a totalidade do dinheiro que ele tinha nos bolsos, o menino passou mais meia hora tentando passar por toda a multidão novamente, se espremendo e esbarrando nas pessoas, e pedindo desculpas inutilmente, já que todos ali pareciam considerar aquilo normal. Depois de um grande esforço ele conseguiu cruzar a pista para reencontrar a amiga. O problema maior foi encontrar de novo o exato lugar em que ela prometera esperar, frente ao que pareciam ser mais de mil pessoas amontoadas. Gritar e chamar o seu nome não era uma opção, pois seria inútil, então só restava ao pequeno Jake e Dave forçar a passagem por entre o mar de corpos dançantes até encontrá-la.

Foram mais longos minutos procurando, mesmo depois de chegar a um lugar que considerava próximo de onde a deixara, e se Dave não tivesse resolvido guardar metade da garrafa d’água para caso a menina estivesse com sede, ela teria se esgotado antes dele ver os inconfundíveis cabelos negros da menina se balançando alegremente no ritmo do som, alguns metros à frente. As pessoas continuavam a passar em sua frente, o que tornava difícil ver a totalidade de seu rosto, mas logo o rapaz conseguiu se aproximar. Já automaticamente balançando de leve a cabeça, se acostumando com a atmosfera em que estava, ele percebeu que talvez pudesse se acostumar e se divertir.

Quando, seguido de perto por um calado Jake, finalmente chegou a poucos metros da garota, ainda tendo um casal aos beijos e carinhos entre os dois, Dave teve uma surpresa. Jake, o loiro, estava ao lado de Mindy. Ele segurava na mão da menina, que ria sem graça para o que quer que ele estivesse falando em seu ouvido.

Se o rapaz sentira um grunhido dentro de si ao ver Mindy próxima do garoto ainda na arena, agora ele sentiu as garras do que parecia ser um furioso Arcanaine rasgando suas entranhas e cuspindo fogo dentro dele. O menino mais novo, ao seu lado, estava estaticamente paralisado, incrédulo.

Enfurecido, sem nem se preocupar em pensar o porquê se sentia daquela maneira, o garoto transpôs o casal apaixonado que o separava dos amigos e se mostrou, de cara fechada para os dois. A menina rapidamente puxou sua mão, liberando-se do aperto do outro menino, e o empurrou para longe discretamente.

– Dave! – sorriu, parecendo levemente aliviada por ter finalmente outra companhia. O rapaz, porém, continuava enfurecido.

– Toma! – disse ele, ríspido, quase empurrando a garrafa de água meio cheia nas mãos da menina sorridente – Pensei que você pudesse estar com sede. Eu estou indo ok? Esse lugar não é para mim...

O sorriso de Mindy desapareceu repentinamente enquanto ela tentava entender o que estava acontecendo. Perdeu um segundo olhando para a garrafa que o amigo botara com violência em sua mão, e quando voltou a olhar para cima, apenas viu a cabeça do rapaz se afastado ao longe pela multidão. Pela primeira vez sem palavras, o Jake mais novo acompanhou seu amigo na direção em que uma placa indicava a saída.

Enfurecido, Dave nem ao menos se deu o trabalho de se espremer nos curtos espaços para passagem, trombando com quem estivesse no caminho até conseguir sair com seu amigo em seu encalço. Pouco atrás, Mindy vinha correndo, atônita, tentando alcançar os amigos, mas sendo retardada pela multidão. Em ultimo lugar, o menino loiro tentava acompanhá-la.

Quando Dave finalmente saiu para a rua, ele viu que o que achara antes movimentado, agora parecia calmo e tranqüilo, comparado ao local de onde acabara de sair. Em uma caminhada que quase parecia uma corrida ele seguiu em velocidade para o Centro Pokémon, enquanto aqueles segundos em que observou o menino loiro falando tão próximo do ouvido de Mindy se passavam repetidamente com um filme em sua cabeça, focando vez na mão dele que segurava a dela, vez no sorriso bobo que ela dava ao ouvir o que ele tinha a dizer.

Assim que entrou no Centro o rapaz rumou diretamente para o seu quarto. O pequeno Jake havia ficado para trás, e ele estava, finalmente, sozinho como queria. Adentrou o pequeno aposento silenciosamente, para não acordar Eevee que dormia em sua cama, e se deitou ao lado do Pokémon, que pareceu perceber a presença do treinador e se aconchegou sem abrir os olhos.

Quando Jake entrou no quarto, muitos minutos depois, ele fingiu estar dormindo não dando chances para o menino lhe falar. A verdade, porém, é que para o enfurecido menino de Grené dormir aquela noite foi extremamente difícil.

***

No dia seguinte Dave acordou com lambidas de seu Eevee, enquanto Jake chamava por seu nome, já em pé na cama de baixo. Ele mal se lembrava do momento em que pegou no sono, mas seu tivesse que tentar adivinhar, diria que fora há cinco minutos. Com os olhos pesados e sentindo que tinha olheiras no rosto, ele apenas gemeu em resposta ao chamado.

– Dave, acorda! – insistiu o menino veementemente – a Final do torneio é em uma hora!

Tudo lentamente foi voltando à mente do garoto, passando por todo o seu treinamento, a primeira luta e a tão esperada vitória em cima de Walter, depois a comemoração em sua sala, o sentimento de completude, de sucesso, tudo culminando com a noite anterior, que deveria ter sido um refresco para a sua mente, mas o manteve horas a fio acordado em sua cama. Como pudera ser tão infantil? Como se deixara acreditar que tudo havia acabado justamente por que havia conseguido sua vingança? Eu prometi que iríamos ganhar o torneio, prometi que iríamos ser campeões. Isso ainda não aconteceu, Dave! O que é que você pensou que ia comemorar ontem?!

Em pouco mais de um segundo a realidade de que ainda tinha uma luta nos próximos minutos, talvez a mais difícil e com certeza a mais importante que tivera até agora, recaiu sobre seus ombros como um pesado Onix.

Se levantando prontamente, o menino saltou da cama de cima do beliche sem utilizar as escadas, fazendo Eevee pular de susto. Olhou para si mesmo e por um momento agradeceu o fato de não ter tido paciência de trocar de roupa na noite anterior. Checando se suas Pokebolas estavam devidamente presas ao seu cinto, o menino correu para fora do quarto, gritando uma breve despedida para os atônitos Jake e Eevee, que ficavam para trás.

– Vejo vocês na arena! Tchau!

Ele saiu correndo pelo corredor e apertou o botão do elevador, quase pulando enquanto esfregava o rosto e o esperava chegar. Observou ansiosamente o letreiro digital ainda mostrando o sinal de térreo e perdeu a paciência, puxando uma porta ao seu lado que dava passagem para as escadas. Desceu os três andares o mais rápido que pôde, pulando os degraus de dois em dois, e quase caindo quando alcançou o andar que queria.

Rapidamente se projetou pelo hall de entrada do Centro Pokémon, mas assim que saiu das escadas, esbarrou com alguém, tropeçou e rolou no chão.

– Ei olha por onde an... – começou a dizer um menino de cabelos loiros que logo reconheceu em Dave seu amigo – Ah Dave, é você? O que está fazendo aqui? A Mindy acabou de subir para chamar o Jake. Achamos que você já estaria na arena.

Se levantando com pressa, Dave mal olhou para o amigo e já se preparava para correr de novo. – Jake eu realment... – mas foi interrompido pelo garoto, que agora segurava seu braço, impedindo-o de correr.

– Cara olha só eu precisava mesmo falar com você.

– Agora não da Jake, eu...

– É rápido cara, juro.

– Mas... – Dave foi interrompido por sinal da mão do garoto, e percebeu que talvez fosse mais fácil deixá-lo falar logo.

– Olha, eu só queria pedir desculpas por ontem a noite cara. Eu não imaginei que você pudesse ficar chateado. Desculpa mesmo. É que a Mindy meio que brincou comigo lá na sua sala e eu achei que talvez tivesse alguma chance, entende...

– O que? – disse Dave, incrédulo. Tudo o que ele queria naquele momento erra correr para a arena do torneio – Olha relaxa Jake, eu não estou chate... – mas o loiro voltou a falar novamente.

– Eu vi como você ficou quando me viu falando com ela e quero deixar bem claro que não rolou nada ok? Não precisa ficar com ciúmes. Eu tentei alguma coisa, é verdade, mas ela não estava interessada. Acho que foi tudo um grande mal entendido. Eu já fale... – Dessa vez foi Dave o responsável pela interrupção, soltando seu braço que ainda estava sendo segurado pelo amigo.

– Olha cara, está tudo bem, juro que não fiquei com ciúmes. A única coisa que eu quero é correr para a arena ok? Minha luta é em menos de uma hora – e com isso, ele se projetou pela porta automática do Centro Pokémon.

No fundo de seu intimo, ele se sentia um pouco mais aliviado enquanto o vento batia em seu rosto. Afinal, o que quer que ele tinha pensado que vira na noite anterior não fora realmente nada com que se preocupar. Me preocupar? Ele se pegou perguntando. E Se fosse realmente alguma coisa, por que eu iria me preocupar? Será mesmo que eu estava com ciúmes? Por um momento ele diminuiu o ritmo da corrida, mas logo retomou a velocidade. Foca no campeonato Dave, no campeonato! Disse para si mesmo, enquanto sacudia a cabeça e tentava correr o mais rápido que podia.

***

Vinte minutos depois, Dave estava parado no seu costumeiro corredor de entrada, ainda um pouco esbaforido pela corrida. Seu Machop estava ao seu lado, fora da Pokebola, visivelmente tenso com a luta. Tentando controlar a ansiedade, ele fazia força não pensar no que poderia acontecer, nem lamentar o fato de não ter tido tempo de correr aquela manha, como vinha fazendo todos os dias. Tentou então se concentrar na multidão do lado de fora, sentada nas arquibancadas.

O rapaz havia estado naquela mesma situação duas vezes no dia anterior, mas havia alguma coisa diferente com o barulho das pessoas que atravessava a entrada do túnel. Estava imensamente mais alto, mais tumultuado e as luzes do lado de fora com certeza brilhavam mais intensamente. Dave teve a impressão de que a caminhada que teria que fazer até o ringue de batalha seria maior do que aquela que estava acostumado, mas não entendeu o porquê.

As luzes finalmente se apagaram e a torcida explodiu em aplausos e vivas de antecipação enquanto o juiz esperava o ruído diminuir para começar as apresentações.

– Bem vindos à grande final do Torneio de Lutas Anual da Cidade de Brass! – disse o homem, visivelmente animado, conseguindo transmitir sua energia para a já eufórica multidão, que gritou mais uma vez. Ele continuou. – Hoje utilizando finalmente toda a capacidade dessa maravilhosa arena, temos um público presente de mais de 20.000 pessoas, batendo o recorde do ano passado! – O homem continuou a agradecer a presença de todos enquanto Dave compreendia a mudança de atmosfera. Mais de vinte mil pessoas? VINTE MIL PESSOAS?! Pensou, se forçando a suspirar pesadamente repetidas para controlar o batimento cardíaco. Ele só voltou a conseguir prestar atenção ao apresentador, que era também o juiz, quando o homem se virou para apresentar os lutadores.

– Do nosso lado direito, temos a sensação do campeonato desse ano. Depois de anos sem que isso acontecesse, temos mais uma vez um novato na grande final! Será que ele consegue ser o primeiro a levantar o cinturão de campeão? Povo de Brass, por favor, deem as boas vindas a Dave Hairo!

O menino engoliu uma grande quantidade de ar, como se estivesse se preparando para um grande mergulho, e deu o primeiro passo em direção aos gritos e aplausos do povo daquela cidade. Machop seguia ao seu lado, oscilando entre uma caminhada apressada e um leve trote até o ringue de batalhas. Ele tinha que admitir que nunca presenciara tamanha estrutura, nem uma atmosfera como aquela. O teto parecia ter sido elevado, e agora estava a o que parecia ser quilômetros de altura. A arquibancada, que antes já lhe parecera grande, ganhara três largos anéis de acentos, e se estendia até se encontrar com o teto. Os milhares de pessoas, gritando, assoviando e aplaudindo juntas fazia um barulho ensurdecedor que só foi amenizado brevemente quando a apresentação do outro finalista teve início.

– E do nosso lado esquerdo, diretamente da nossa cidade vizinha, o atual tri campeão desse torneio, o líder do ginásio de Pokémons lutadores de Russet, recebam de volta o nosso querido e incomparável Tyler Moore!

A única coisa que Dave conseguiu compreender foram as palavras “líder de ginásio de Russet”. Depois disso tudo passou despercebido enquanto uma onda de eletricidade corria pela sua espinha, se espalhando por toda a extensão de seu corpo. Um líder de ginásio?! Pensou ele, extasiado. Se o seu coração já estava batendo aceleradamente antes, devido a toda atmosfera da luta, agora ele havia saltado à boca.

O rapaz observou enquanto o jovem, que aparentava ter em torno de 20 anos, talvez um pouco mais, andava sorridente acenando para a torcida. Ele vestia um quimono azul escuro que carregava um simples brasão no peito com o que parecia ser uma luva de boxe. Tinha a pele clara, os cabelos pretos, curtos e espetados, com um pequeno e quase imperceptível topete a frente, e um olhar que mesclava a simplicidade com objetividade e confiança.

Não vinha com nenhum Pokémon ao seu lado, mas sim uma única Pokebola nas mãos, o que apenas aumentou o nervosismo de Dave. Quando ele finalmente chegou ao ringue, o subiu cumprimentando com a cabeça o menino do outro lado e liberando um grande e aparentemente poderoso Machamp para a luta. O menino de Grené sentiu seu estomago dar cambalhotas. Machop também arregalara os olhos. Essa não vai ser fácil, pensou.

– Lutadores, posicionem-se! – ordenou o juiz, enquanto o Pokémon de quatro braços dava seus pesados passos para o centro do Ringue.

O Gongo soou e como em todas às outras vezes, Machop deu um leve salto para trás, desviando do primeiro golpe do adversário. Dessa vez, porém, enquanto um dos braços direitos desferia um Golpe de caratê, o braço inferior esquerdo do enorme Pokémon acertou o alvo com um Mega Soco. O Pokémon de Dave deu largos passos para trás, tentando se manter de pé, surpreso com a agilidade do brutamonte à sua frente.

– Não se deixe abater Machop, continue firme! – gritou ele, sentindo o coração bater mais rápido do que nunca. –Contra ataque com um Chute Baixo!

Obedecendo, o pequeno Pokémon se aproximou com velocidade e tentou atingir um chute nas pernas do monstro que enfrentava, e por um momento pensou ter obtido êxito. Porém um segundo mais tarde percebeu que a perna que atingira havia sido usada para bloquear a intensidade do golpe, e não como um alvo definitivo. Ele sentiu o impacto do choque de seu osso com o do adversário e Dave ficou em duvida sobre quem teria sofrido mais com o movimento.

Mais um segundo se passou e um forte Golpe de Caratê forçou Machop a se afastar mais uma vez, escapando por centímetros da mão mais próxima de Machamp.

O rapaz de Grené olhou assustado para Tyler do outro lado, que parecia concentrado unicamente nos movimentos de seu Pokémon. Até o momento, ele não havia pronunciado uma palavra sequer. O Pokémon dele faz tudo sozinho? Por que ele não comanda os ataques? Pensou o menino. Sua atenção rapidamente voltou para a luta quando um alto suspiro de toda a torcida pôde ser ouvido. Machop havia acabado de se desviar de uma seqüencia de três Mega Socos seguidos, desferidos um por cada mão do oponente, mas o quarto o havia atingido em cheio, mais uma vez forçando-o a se afastar. O que eu faço?! Pensava Dave, sentindo o suor começando a escorrer pelo seu rosto.

– Cuidado! – alertou ele.

Mais um soco foi desferido, e Machop se desviou jogando seu corpo para o lado e vendo uma das mãos de seu adversário passar a sua frente. É isso! Pensou o menino em menos de um segundo. O golpe foi desferido em grande velocidade e outro já estava a caminho quando o treinador de Grené gritou novas instruções.

– Desvie mais uma vez e se agarre nele!

A ordem foi obedecida com dificuldade, mas Machop, por pouco, conseguiu evitar o golpe seguinte e agarrou-se ao braço superior esquerdo de Machamp.

– Agora passe para as costas dele e use um Mega Soco!

Obedecendo, o pequeno e ágil Pokémon azul se deixou escorregar e com um sutil movimento, quase acrobático, saltou para as costas do imenso e perplexo adversário. Um ar de surpresa percorreu o rosto de Tyler por um instante, mas logo desapareceu escondido. Ainda assim ele não dera nenhuma ordem expressa.

Machop acertou o Mega soco ao lado do pescoço de Machamp, que pareceu sentir o impacto, mas um de seus longos braços inferiores já havia se esticado e segurado um dos pés do Pokémon de Dave, que se balançavam pendurados as suas costas. Ele deu um forte puxão e dessa vez foi a vez dos olhos do menino mais novo se arregalarem enquanto ele viu seu amigo ser suspenso no ar, preso pelo pé, e ser balançado no alto, antes de ter seu corpo lançado contra o chão com violência. Aquele era, sem duvidas, um poderosissimo Arremesso Sísmico e Machop ficara estendido na lona do ringue, enquanto o juiz começava a contagem.

O rapaz correu para o lado de seu Pokémon enquanto o juiz contava um.

– Machop! Machop! Você está bem?

– Ch... Ma... Chop... – dizia o Pokémon, entre os dentes, visivelmente irritado.

O juiz já contava três e ele ainda tremia, sem dar sinais se era de raiva ou de dor. Dave presumiu que fossem os dois.

– Machop, vamos! Eu sei que você consegue se levantar!

O menino observou enquanto com as mãos espalmadas no chão, seu Pokémon fazia um imenso esforço e conseguia levantar as primeiras partes do tronco. O juiz contou quatro quando uma das mãos do Pokémon caído escorregou, e ele bateu com o rosto mais uma vez no chão. A torcida suspirou enquanto Tyler observava com interesse.

– Vamos! Você não pode desistir! Estamos na final e eu sei que podemos vencer! – Dizia Dave. Tudo a sua volta parecia um borrão e ele só conseguia ver Machop lutando para se por de pé mais uma vez.

O juiz contou seis quando ele se arrastou até a corda mais próxima, agarrando-a com uma das mãos. Com a outra, se apoiou no chão e fez força, até conseguir puxar peso de seu corpo. Suas pernas ainda pareciam relutantes a obedecer, mas quando a contagem chegou a nove, ele conseguiu se estabilizar, largando a corda e, ainda um pouco cambaleante, se virando para Machamp. Tyler pareceu surpreso e demonstrou pela primeira um leve sorriso quando viu que ainda teria que lutar mais.

– Isso! – comemorou Dave, suspirando aliviado. Estava pronto para comandar o próximo movimento, quando, de repente, percebeu com assombro que ainda não sabia o que fazer para atingir Machamp diretamente, sem se expor aos braços do concorrente.

Em seu momento de indecisão, ele observou enquanto o Pokémon adversário, ainda sem receber ordens, partia enfurecido para cima de seu amigo. O lutador de grande porte parecia ter ficado ofendido por não ter nocauteado o adversário com o ultimo golpe, e agora se aproximava com ferocidade, fazendo, por um momento, Dave tremer de medo.

Em movimentos mais rápidos do que os olhos do menino podiam acompanhar, Machop foi atingido diretamente, sem chances de se defender, por incontáveis Mega Socos em seqüencia. A velocidade dos movimentos era tão assustadora que apenas era possível ver o pequeno e magro corpo do Pokémon azul se mexendo frente aos impactos do que pareciam ser, por vezes, dois socos de cada vez.

Eles atingiam o rosto, o nariz, as costelas e a boca do estomago, e depois voltavam a atingir os mesmos locais rápida e impiedosamente, sem dar chances de resposta e nem ao menos de recuperar o ar. Machamp parecia concentrado em toda a sua força, e não dava sinais de que aliviaria o ataque. Tyler se mostrou pela primeira vez preocupado.

Dave nunca vira tamanha velocidade e agilidade enquanto assistia sem ação seu Pokémon ser massacrado frente a golpes tão velozes poderosos. Até a multidão parecia anestesiada e chocada com a violência do que estava acontecendo.

– Machamp, é o suficiente – disse o líder de ginásio, e depois de um minuto de golpes, que, para o treinador de Grené, pareceram intermináveis horas de sofrimento, o imenso Pokémon de quatro braços deu alguns passos atrás, bufando e se mostrando cansado, enquanto Machop desabava sobre seus joelhos.

Pela segunda vez em pouquíssimo tempo, o juiz voltara a contar.

Dessa vez, porém, Dave não sabia o que fazer ou falar. Ele ficara demasiadamente assustado com a ferocidade dos ataques do oponente e via que seu Pokémon estava além das capacidades de lutar, enquanto ficava ajoelhado no chão, tremendo, com varias partes do corpo visivelmente inchadas e o que Dave pensou ser sangue escorrendo de seu nariz, que jazia claramente desconfigurado. Por um momento, o treinador ficou em duvida se queria mesmo que seu amigo voltasse a ficar de pé.

A contagem do juiz chegou cinco quando uma gota pareceu cair da face do pequeno e enfraquecido Machop. Se era uma lágrima ou apenas mais uma gota de suor o garoto não conseguiu distinguir, mas ele sentiu uma imensa vontade de chorar também.

– CHHHOOOPP! – berrou o machucado Pokémon, fazendo sua voz ecoar pelo perplexo e silencioso estádio, lotado com mais de vinte mil pessoas estáticas. A contagem havia chegado ao número sete, e ele estava, mais uma vez, se colocando sobre seus pés.

Todos soltaram uma sonora expressão de surpresa e Dave observou incrédulo, sem saber se sentia realmente feliz por ver que ainda haveria mais luta. Ele entendera que talvez o adversário fosse muito superior, e não queria ver seu amigo sofrendo ainda mais. Tyler, do outro lado, parecia também estar sem ação, enquanto via seu Machamp bufar de raiva.

– Calma Machamp! Respira. Vamos acabar com isso de uma só vez.

O grande Pokémon obedeceu e, quando o juiz, hesitante, voltou a apitar para reiniciar a luta, o brutamonte permaneceu parado no lugar. Machop estava cambaleante do outro lado do ringue, praticamente inconsciente, mas ainda de pé. Dave estava estático, segurando o choro e tentando manter a calma. Claramente Machop não conseguiria desferir um golpe sequer, e o rapaz duvidou até mesmo que pudesse ouvi-lo.

– Aproxime-se dele devagar e use o Golpe Cruzado – ordenou o líder de ginásio, olhando fundo nos olhos desesperados do outro treinador. Ao ouvir as palavras do jovem homem, o menino de Grené retribuiu o olhar, sem saber o que esperar. Nesse momento, o homem moreno apontou com a cabeça para algo ao lado do rapaz mais novo. Quando ele se virou, viu uma toalha branca pendurada em na corda do ringue, bem ao alcance de sua mão.

Como aquilo havia chegado ali, ou se sempre esteve ali Dave não soube dizer. Provavelmente aquele pequeno detalhe havia passado despercebido pelos ansiosos olhos do treinador nas lutas anteriores. Com lágrimas nos olhos, ele olhou para os passos pesados do forte Machamp, se aproximando cada vez mais de Machop, que ainda lutava para se manter consciente e de pé. Não havia esperanças de defesa para o amigo, e aquele golpe final certamente terminaria a luta, mas Dave percebeu que não conseguiria observar seu amigo sofrer mais.

Desculpe Machop pensou ele, pegando a toalha e a lançando com força no ar, enquanto a primeira lagrima escorria por sua face.

A torcida tomou um susto, mas logo em seguida respirou aliviada ao ver a toalha que sinalizava a desistência de Dave e Machop voar pelo ringue e cair, devagar, na lona. Machop, alguns segundos depois, alheio a tudo que estava acontecendo, tonto de dor, desabou no chão, finalmente inconsciente.

Dave deixou a cabeça cair, enquanto mais lagrimas escorriam pelo seu rosto, e sacou a Pokebola de Machop, recolhendo-o. Ele não viu quando até mesmo o juiz o cumprimentou com a cabeça, apoiando a sua difícil decisão e se encaminhou de volta para sua sala particular, passando pelo camarote especial onde Mindy e os dois Jakes estavam, sem nem sequer olhar para os amigos, enquanto a multidão explodia em aplausos, em parte comemorando mais uma vitória de Tyler, em parte saudando a decisão do menino. Desolado, o humilde garoto de Grené não conseguia se lembrar de um momento pior em toda sua vida.

***

Quase uma hora depois, Dave estava sentado em sua sala particular, com as mãos na cabeça, ainda sentindo algumas poucas lágrimas escorrerem pela face. Não sabia definir o que sentia naquele momento, e também não lhe importava definir ou separar a raiva do desapontamento e da mágoa. Também não sabia o que lhe doía mais, enquanto lembrava ver seu Pokémon, e acima de tudo, seu amigo, depois de levar incontáveis golpes, ainda resistir de pé, quase inconsciente. A imagem dele jogando a toalha também estava permanentemente gravada em sua memória, marcada em sua pele como uma cicatriz que ele mesmo se impusera. Eu não tinha escolha repetia ele para si mesmo, como se tentasse se convencer. Eu não podia deixar ele daquele jeito.

Nesse momento o rapaz ouviu três fortes batidas do lado de fora de sua porta. O que?! Eu falei para a atendente não deixar ninguém entrar! Pensou ele, se levantando revoltado e girando a maçaneta, enquanto secava as lagrimas do rosto com a outra mão. A visão de quem batia o surpreendeu.

– Vim ver como você está – disse a voz caridosa de Tyler – Dave, não é?

O menino precisou de alguns segundos para compreender o que estava vendo, mas logo depois, ignorando a boa vontade daquele que havia acabado de ser seu oponente, quase bateu a porta em sua cara, sem responder. Se o jovem homem não tivesse impedido o fechamento da porta com as mãos, teria sido ignorado e deixado sozinho no corredor.

– Suponho então que esteja irritado. – Ele parecia sério, porém compreensivo, e acima de tudo, irritantemente calmo.

– Não sei dizer como estou. Você não precisava ter feito tudo aquilo! – a irritação do menino de Grené crescia a cada segundo e ele se controlava para não gritar, lembrando-se do estado de Machop – Você podia tê-lo... Você podia...

– Dave, essa é uma competição profissional e adulta... – começou o homem, sem conseguir terminar.

– Você está me chamando de criança?! – explodiu o rapaz – Você acha que eu não deveria estar aqui?! Se não percebeu eu cheguei à final!

– Não foi isso que eu quis dizer – a calma do homem parecia inabalável, e isso somente servia para tirar o menino mais novo do sério – Apenas disse que aqui se luta para vencer. Meu Machamp, modéstia a parte, tem anos de treinamento, tanto que não preciso nem comandá-lo verbalmente na maioria do tempo e...

Sem paciência, Dave voltou a atacar – Afinal, o que você veio aqui fazer em? Veio jogar na minha cara que é melhor do que eu? Que tem um Pokémon evoluído e não precisa nem falar para comandá-lo?!

– Não – disse o homem, balançando negativamente a cabeça – na verdade vim aqui cumprimentá-lo por uma grande batalha. Realmente admiro a coragem de seu Pokémon por ter continuado na luta, mesmo sem condições. Ele foi verdadeiramente um grande adversário. – Dave perdera a ação, pego de surpresa pelas palavras que ouvia – E você se mostrou um grande treinador.

– Coragem do Machop... – murmurou Dave baixinho, ainda com ressentimento na voz – Coragem essa que o colocou de coma na enfermaria e lhe deu um nariz quebrado! Grande coragem... E que grande treinador é esse, que se rende justamente na final do campeonato? – Cansado, o garoto se deixou cair na poltrona ao lado do sofá, recolocando as mãos no rosto para esconder a nova torrente incontrolável de lagrimas. Tyler respondeu.

– Coragem de se levantar mesmo quando não se pode mais. Coragem de enfrentar um oponente claramente mais forte, e ainda assim acreditar na vitória. Você devia ter orgulho de seu Pokémon Dave – disse o homem, se aproximando e botando uma das mãos no ombro do garoto – E você devia também sentir orgulho de você, que soube prezar o que mais importa: o bem-estar dele. Muitos teriam deixado a luta terminar, e isso poderia ter agravado ainda mais o já precário estado de Machop.

Dave olhou surpreso para o rosto do homem que lhe falava, sem saber o que sentir. Queria odiar a pessoa que o deixara naquela posição. Queria poder desgraçar o seu nome e tinha vontade de nunca mais vê-lo a sua frente, mas por que é que ele não permitia? Por que ele tinha que ser tão gentil?

– Eu entendo que o golpe que levou hoje foi duro rapaz – continuou o homem, vendo que o garoto começava a entender a mensagem que queria lhe passar – mas aprenda uma coisa com seu Pokémon: Levante-se sempre, não importa para que. Mesmo que saiba que vai cair de novo, não se deixe abater até não poder mais. Por que no final não importa a força do golpe que você consegue dar, mas sim quantos golpes você agüenta levar, sem perder a esperança.

Vendo a mistura de sentimentos no rosto do menino cabisbaixo, Tyler se levantou, sorrindo para Dave, e se encaminhou para fora do quarto, decidindo deixar o jovem sozinho, como queria. Observando as outras Pokebolas do menino jogadas em cima da mesa, ele sorriu, dizendo uma ultima coisa, já a porta.

– Você é um treinador que luta por insígnias para chega a Liga, certo?

Se lembrando que o homem a sua frente era o líder de ginásio da cidade vizinha, Dave olhou para cima e fez que sim com a cabeça, ainda tentando digerir as ultimas palavras do jovem homem a sua frente.

– Te espero ansiosamente em Russet, então. Até breve.

E com isso, Tyler fechou a porta.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Esse capítulo foi tenso, não?
Espero que tenham curtido.
Espero vocês nos comentários!



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