Small History escrita por LuisProd43


Capítulo 6
História 6 - Lamentação de um herói.




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Já passava das duas da manhã, quando uma sombra chega no seu esconderijo, não estava acreditando naquela noite. Já estava acostumado a sair tantas vezes. Sentiu aquele momento como se fosse a primeira noite. A primeira noite como um vigilante mascarado. Quando ainda era motivado pela vingança, a justiça ainda passava longe de seus objetivos.

Tirou seu uniforme, sua armadura, seu escudo, algo que um dia ele julgou ser algo que o protegeria de tudo. Talvez balas e facas não fossem tão preocupantes agora. Se sentiu vulnerável.

Andou até a sua mesa, apoiou as mãos nela. Começava a suar frio, olhou o esconderijo ao redor, escutava o barulho da água escorrendo por perto. Já estava tão acostumado com ela que já passava despercebido. Sentiu a solidão mais do que nunca ali, sempre tinha o cuidado de afastar todos ao redor, protege-los talvez, mas via agora mais do que nunca que não devia ter feito isso. Quem poderia ajudá-lo quando precisasse, esse era o momento. Começou a perceber a temperatura diminuir. Ou era seu corpo fazendo isso. O que aconteceu com todo aquele treino, o autodomínio, a mente sempre em alerta, vencer a si mesmo. Nada estava adiantando. Seu mestre o teria matado ali, se o visse se entregando a fraqueza. Se entregando ao medo.

O lugar começou a girar. Não estava conseguindo se manter de pé, caiu.

– De novo não. – Falou a si mesmo. Quando começou a ter ilusões, já vira aquilo outras vezes, pessoas morrendo ao seu redor, sozinho em um lugar em chamas. Uma grande figura estava logo adiante difícil de se identificar pelo calor do lugar em chamas.

Tudo girou e as imagens mudaram, estava agora segurando uma faca ensanguentada, acabara de matar alguém que tinha se tornado próximo, ela ainda o olhava fixamente, um olhar sem vida. Largou a faca e foi correndo para longe.

Novamente o lugar muda, estava numa rua escura agora, uma mulher estava sofrendo um estupro, mas uma figura aparece e salva aquela mulher matando o estuprador, quebrando seu pescoço, o homem o olha atentamente e caminha até ele, diz que um dia irão se encontrar novamente.

A imagem muda pela quarta vez, agora era algo que fazia questão de esquecer. Vivia caído pelas ruas, entregue as drogas, tudo era uma ilusão, só pensava no próximo consumo. O mundo não tinha sentido, virou a esquina se segurando, quando viu a pior imagem que vaga pela sua mente, um homem matando uma mulher, ela estava com uma criança, o bebê estava no chão. Caminhou sem muitas forças até lá, tinha que ajudar, pulou em cima do cara a faca foi jogada para longe, lutou e conseguiu agarrar a faca virou e esfaqueou o homem, não uma vez, mas várias estava começando a gostar daquilo, era uma nova droga que estava experimentando, matar. Parou quando a imagem da segunda visão apareceu diante dele. Virou para olhar o bebê que estava caído, mas já era tarde, sua cabecinha estava cheia de sangue, deveria ter apenas dias uma queda poderia ter causado aquilo. Tudo agora não tinha sentido mais, a faca que ele estava segurando, banhada em sangue, foi a responsável por aquilo, pela morte de um inocente. Gritou até não poder mais, ninguém apareceu para ajudar. O choro começou a sair. Pegou a faca e virou contra o próprio peito, não valeria mais viver, mas antes que pudesse enfia-la, a imagem do homem que vira antes salvando a mulher do estupro, ele caminhou até seu encontro e com um movimento tirou a faca dele.

A imagem mudou, mas agora tudo estava rápido demais. O homem o havia treinado, ajudado a vencer seus medos, ensinado a maior regra de todos, o seu maior inimigo é você mesmo, vença ele. Viveu aquilo por muito tempo, até quando voltou a cidade, quando sua vida de vigilante começou. Dias e dias passaram, e via tudo em questão de segundos, até parar nos acontecimentos da noite que tinha passado a algumas horas atrás. Quando em outra tentativa de impedir um assalto, como já havia tendo sucesso tantas outras vezes, algo saiu diferente. A vítima foi morta, sem piedade matou o assassino, mas havia uma terceira pessoa no local, ele conseguiu paralisa-lo, e falou em seu ouvido:

– Como é saber, que você não obteve sucesso, que esse pequeno erro é o suficiente para te arruinar, saber que não conseguiu apagar o passado, que ele volta para você, que sua mente se torna fraca quando se acha um espaço nela. Pois é achei, descobri seu segredo, você tenta ser o melhor, mas sua fraqueza é saber que você falhou. Que o sangue de um inocente ainda caminha nos seus pensamentos, que não importa quantas vezes você tente esquecer antes, de dormir, ele sempre vai estar te implorando por socorro. Isso não o torna diferente de nós, você não é um herói você é um vil...

Estava deitado em seu esconderijo novamente, estava todo molhado de suor, sua roupa grudava nele. Tinha tomado um duro golpe, um que seu mestre o havia alertado. Nunca descubra sua fraqueza, porque se você souber, outros saberão e o destruirão.

Levantou e andou até o computador, nele ligou ao link da frequência da polícia, falavam sobre um relato de morte após um assalto, o vigilante foi visto, comentaram os dados da vítima, era uma vendedora de uma loja ali perto, trabalhava duro e estava deixando um filho, um bebê órfão.

Levantou, não deixaria que o erro se repetisse.


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