A Queda de Aine ONE-SHOT escrita por Mlyell Eok


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Então, tenho poucas coisas para dizer como que esse é meu primeiro Yaoi e então, não conheço muito bem porque leio pouco coisa sobre, só tive informações à respeito por meio de algumas coisas e amigos do gênero. Então, novamente agradeço por estar lendo essa one-shot.



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Os Tuatha De Danann eram a legião de deuses mais influente na Irlanda antes da Invasão dos Hispânicos Milesius, após a queda deles toda a Irlanda se curvara aos pés dos tais hispânicos obrigando os Tuatha a viverem nas Sidhe, as montanhas que eram conhecidas como A Terra das Fadas, ou seja, dos Deuses Celtas, os também conhecidos como Aes Sidhe. Mas nossa história se iniciou há centenas de anos depois da derrota dos Tuatha, Dadga, o deus líder dos Tuatha não se conformava com a derrota, mas ficava apreensivo por outro lado, seu poder era pouco consagrado entre os Homens e aquilo era quase como um sacrilégio contra o legado dos Tuatha, todavia ele decidiu que os Homens estavam descobrindo outras terras e aproveitou a oportunidade para reunir os Tuatha para formular algo que lhes ajudassem a tornar a glória e a honra dos Tuatha como era antes.

A sala para onde Dagda os convocara era realmente bela e natural; plantas se estendiam por todo o chão de pedra, heras cobriam as paredes pedrosas, um pequeno rio de água cristalina percorria o interior da sala e cadeiras de madeira marcadas com a runa de Gebo do lado direito e a runa de Odala do lado esquerdo. Os olhos castanhos de Dadga percorreram toda a sala observando cada movimento, ele era diferente de qualquer líder, era como um grande avô com seus cabelos longos e ruivos que se misturava com a grande barba da mesma cor e a grande barriga que era exibida marcada com tinta azulada, ele vestia apenas uma tanga de algodão presa por ornamentos de bronze à cintura e nos braços, mãos e pescoço exibia joias feitas inteiramente de bronze pelos ferreiros dos Tuatha. Mas não só a aparência lhe diferenciava, ele era calmo, paciente, tratava a todos com carinho e ao mesmo tempo mantinha a rigidez e a postura que devia ter com todos.

Os dois blocos de pedra, que serviam como porta, foram arrastados por uma figura bem eloquente, afinal, era Ogma, o deus do aprendizado e da eloquência. Sua aparência se assemelhava à de seu irmão, Dagda, com os cabelos e barbas gigantescos de um tom de castanho quase ruivo, olhos esverdeados como o rio cristalino que corria ao lado, suas vestes eram bem diferentes de Dagda, tinha um adorno de ferro preso à língua com alguns símbolos pendurados em pequenas correntes afluentes desse adorno e nas orelhas também trazia brincos de ferro, uma couraça de leão lhe servia de túnica e a cabeça do leão como chapéu e fora seus adereços na língua e orelhas, tinha uma simples pulseira espiralada de ferro no braço esquerdo. Acompanhando o deus da linguagem, vinha Nuada, o deus do Sol, Oceano, da Cura e das Armas Irlandesas, fora outros vários deuses que entraram logo após e começaram a se sentar para aquela reunião dos Tuatha. Dagda sabia que ninguém teria como faltar, afinal, eram deuses e depois que perderam sua força entre os Homens, perdeu-se também o trabalho pesado, e foi o que aconteceu, todos compareceram e o líder deu inicio àquela reunião.

— Eu vos convoquei para que me digais formas de como reinstaurar a nossa paz diante dos Inimigos e a nossa glória diante dos Homens. Alguém de vós tendes alguma ideia formada e concreta? — salientou Dagda.

Um deus de aparência jovial, cabelos loiros encaracolados até à nuca, olhos castanhos mel, munido apenas de uma tanga de cor azul meia-noite e uma coroa celta de ferro, ergueu o braço desocupado, já que o outro acariciava o cisne ao lado dos seus pés. Angus Mac Og era o nome dele, o filho mais jovem de Dagda, deus do amor, juventude e beleza. Dagda apenas balançou a cabeça dando a palavra para ele.

— Nosso senhor e meu pai, eu te clamo para que me deixes disseminar o meu coração de amor pelos Homens e faça com que eles nos amem — sugeriu Angus.

— Meu filho, tu estás cometendo um equívoco, vós não precisais de admiração, precisais apenas de glória e honra e certamente, o amor não pode conquistar esses frutos — respondeu Dagda.

Angus havia se calado diante da resposta do pai e fora Nuada quem erguera a mão após ele. O deus dos cabelos negros até o meio das costas, tranças nas duas pontas — esquerda e direita — do cabelo, olhos azulados quase leitosos, suas vestes eram apenas uma tanga presa por um cinturão de bronze com uma pedra de rubi no centro, uma armadura de ferro que cobria do ombro esquerdo até o punho, sua barba rala e o olhar cruel mostrava o porquê de ser o detentor das Armas Irlandesas.

— Dadga, tu sabes que a melhor maneira é revoltarmos os meus oceanos e matar todos os Homens; na verdade, nem todos, mas a maioria, deixando apenas alguns para que repovoem seu mundo e nesse momento nós voltaremos até o mundo deles como os Salvadores da Pátria deles — disse Nuada com certo sadismo e crueldade no olhar.

— Nuada, essa tua ideia és de certa forma boa, mas dizimar os Homens é sinal de honra? Não, isso é sinal de crueldade e desgosto.

Uma figura feminina ergueu a mão, sua mão bem cuidada e ao mesmo tempo quente, afinal, Brighid era detentora do Fogo Sagrado de Kildare, tinha cabelos ruivos, longos e trançados, os olhos verdes encantavam todos, vestia uma túnica de pele de cervo e uma coroa de folhas de parreira, diferente do irmão Angus que usava uma de prata.

— Eu tenho uma ideia concreta e bem estabelecida, como deusa da metalurgia e aspiração poético, devemos construir um grande castelo de metal no centro da Terra dos Homens e espalharmos nossa existência e lendas sobre o castelo em forma de poesia.

Diante da afirmação da filha, Dagda manteve a maior calma, mas um pensamento lhe passava pela cabeça: “Como posso ter filhos tão poéticos e imaginativos?”, ele se perguntava.

— Minha filha, tu, como teu irmão, estás crendo demais nos Homens e tua ideia és boa, porém com grandes chances de falha. Agora já que nenhuma ideia efetiva foi apresentada, alguém mais tem algo para dizer?

O velho Ogma depois de escutar todas aquelas ideias horríveis resolveu dar um jeito naquela situação. Ergueu o braço esquerdo e sorriu esperando a autorização de Dagda, o líder dos Tuatha ficou feliz com a ideia de uma pessoa como Ogma para ser dada e assentiu.

— Eu, Ogma, vos digo, presteis bem atenção nas minhas palavras. A minha ideia é recuperarmos o que há tempos perdemos para a Ordem da Potestade Divina, o Selo dos Tuatha De Danann.

Uma onda de risadas ecoou por toda sala e Ogma se sentiu de certo modo ofendido e se levantou. Seu semblante mudara de uma postura séria para algo sábio e eloquente.

— Me poupeis de vossa ingenuidade, ela cega minha eloquência e minha sabedoria. Só há um modo de recuperarmos o Selo Perdido, com seres meio-Homens e meio-Deuses.

— Como isso aconteceria, meu irmão? — questionou Dagda.

— Simples. Aine, a rainha das Fadas irá copular com um dos Homens. Mas essa é apenas um dos novos seres, precisamos de dois deles, todavia precisamos ir por partes e lhes contarei como exercer poder indireto sobre uma deusa acalorada e explosiva como Aine.

Ogma ergueu seu indicador esquerdo e começou a desenhar no ar, logo uma pequena miragem surgiu mostrando dois seres se beijando, um tinha cabelos longos e loiros, olhos azulados, orelhas pontiagudas e vestia uma tanga de folhas, era um elfo de Grian, a rainha dos elfos. Já o segundo, tinha asas douradas como de borboleta, cabelos castanhos até os ombros, olhos verdes como uma folha e orelhas pontiagudas — menos pontiagudas que as do elfo, mas o tinha — e vestia uma tanga feita de flores, era um fada de Aine, a rainha das fadas.

— Estes são Ghön, um elfo, e Sian, um fada, mas agora eles serão conhecidos como Peças da Queda de Aine.

¤¤¤

Após a reunião com os Tuatha, Dagda convocara todos os deuses para o Sidhe Principal onde ocorreria o seu novo anúncio. Uma multidão começara a se formar, todos os deuses celtas aos poucos ocupavam os espaços à frente do Altar da Vitória, uma elevação rochosa que fazia com que as vozes de quem estivesse sobre o Altar ecoassem por todo o Sidhe. Os deuses que não faziam parte dos Tuatha ficavam apreensivos com a notícia que Dagda lhes daria, afinal, fazia anos que Dagda não subia naquele altar e proclamava suas doces, inebriantes e formosas palavras. Era o solstício de Inverno, então, Grian era a única deusa que não estaria presente naquela ocasião, porém Aine estava lá, os cabelos acastanhados que desciam em uma espiral até a metade de sua coxa, os olhos castanhos, cintilantes, explosivos e belos, uma túnica de algodão azulada cobria seu corpo e as belas asas azuladas estavam paradas em suas costas como um bebê dormindo; realmente, apesar da personalidade forte, Aine era uma deusa bela.

Dagda posicionou a sua harpa mágica ao lado e começou a dedilha-la, aos poucos, uma melodia pesada e rigorosa começou a surgir diante de todos os deuses que estavam reunidos naquele lugar. Uma ária especial criada pelo próprio Dagda para chamar as estações, a estação dependia do modo como você tocava, porém naquela ocasião era algo rígido, pesado, mas ao mesmo tempo agradável como o Inverno, a estação que o deus líder chamava. Passaram-se horas diante do som da harpa de Dagda, mas poucos ligavam, porque a melodia os seduzia e tornava seus sentidos aturdidos, tornando horas em segundos, porém ao final de toda a ária de Dagda, ele subiu ao Altar da Vitória e deu início ao seu anúncio.

— Meu povo, digo a vós que a partir deste dia, todos os elfos e fadas estão explicitamente proibidos de se relacionarem de forma amorosa. Na reunião dos Tuatha De Danann, discutimos fatos como esses e chegamos à conclusão de que a relação amorosa entre os elfos e fadas tem causado certo desandamento nos assuntos dos deuses. Dado a minha palavra, peço-vos que não declineis minhas regras e vereditos. Estais liberados.

A multidão aos poucos se dispersou e uma das primeiras a — literalmente — bater as asas foi Aine. A figura majestosa da deusa podia ser vista voando pelo sidhe em direção ao sidhe onde ficava o castelo das fadas, mais conhecido como Brugh Feérico. O tal Brugh era conhecido por sua beleza, dois rios corriam aos lados do castelo, uma construção de cascalho e pedras rudimentares se localizava centralizada no sidhe, suas torres quase tocavam o topo do sidhe e rodeando o castelo havia uma vila onde moravam as fadas quando não era a época do solstício de Verão. A rainha das fadas adentrou o castelo e caminhou até um cômodo onde podia descansar, mas antes que pudesse atravessar algumas escadas até o cômodo lembrou-se de avisar suas fadas do comunicado, mudou seu percurso até o grande salão do castelo e exasperou sua voz doce e melódica.

— Minhas fadas, eu, vossa rainha vos saúdo. Tenho um belo comunicado a todos aqui presentes, sei que vós compartilhais alguns gostos peculiares pelos elfos de Grian, mas segundo o anúncio do nosso líder Dagda, estais explicitamente proibidos de manterem relação amorosa com elfos para não haver desandamento no percurso natural do movimento dos solstícios. Obrigado pela vossa atenção e vossa obediência à sua rainha.

Diante da multidão de fadas, uns olhos verdes piscaram repetidamente várias vezes, Sian piscava os olhos tentando entender se o que tinha acabado de ouvir era real. Aquilo não poderia ser real, afinal, tinha apenas algumas horas que ele tinha voltado da casa de Ghön, seu amado e belo elfo. Seu coração estava batendo tão rápido quanto um avião, mas sua mente agiu por impulso e suas pernas se movimentaram em direção à saída do castelo, Sian precisava avisar Ghön o que estava acontecendo e o fez, suas asas douradas bateram da sidhe das fadas até a sidhe dos elfos, uma formosa vila circundava o castelo dos elfos, Ghön era considerado um elfo “alfa” em meio a todos os outros elfos, tinha destaque, habilidade e como bônus, uma enorme casa perto do castelo, a casa do elfo era feita inteiramente por tabuletas de cascalho, madeira de carvalho e pinhos. A enorme porta da casa de Ghön foi quase invadida por seu amante Sian, o amante olhou para o seu elfo com lágrimas nos olhos, lágrimas escorriam pelo rosto do fada, era terrível ter que ficar longe do seu amado e ele não sabia se suportaria todo aquele afastamento, por um lado tinha que obedecer sua rainha e as leis dos deuses, mas por outro, tinha Ghön e toda a vida que eles levavam juntos, mas ele foi bem recepcionado pelo amante, os braços do elfo contornaram o corpo do fada em um abraço.

— O que aconteceu com tu? — questionou Ghön bem próximo do ouvido do amante que dava leve soluçadas.

— Meu amor, tu não sabes quão cruel é a notícia que tenho agora para dar-te — respondeu Sian se recompondo.

— Digas então, meu belo amante.

— Dagda — ele disse o nome do deus e depois deu certo intervalo antes de continuar. — Ele e os Tuatha declararam que nossa postura é irregular, falou que as relações entre fadas e elfos prejudicam os solstícios, sei que isso é uma grande mentira, não quero perdê-lo.

— Não vai me perder, para tudo em nosso conjunto de sidhes há um jeito, eu creio nisso e tu crês?

— Eu creio, mas os Tuatha são imortais e invencíveis, além do mais, somos apenas dois amantes que poderiam ser eliminados num piscar de olhos.

— Então pare de ser dramático, meu voador.

Ghön desentrelaçou seus braços do entorno do corpo de Sian e se afastou um pouco. Seu indicador direito se ergueu até tocar os lábios do amado e ele sorriu.

— Cala-te, use sua boca apenas para me beijar.

Sian obedeceu à ordem do seu elfo, seus lábios foram de encontro aos dele, as línguas se entrelaçaram e era possível sentir a atração e o atrito que estava acontecendo ali. As mãos de Ghön moveram até a cintura do fada onde se posicionaram, enquanto as do Sian se moveram para o emaranhado de cabelos loiros do seu elfo. O beijo dos dois durou longos minutos, mas a intensidade se alternava, pois ambos queriam aproveitar o máximo que podiam um do outro. A melancolia daquele momento era tão intensa que o elfo quis quebra-la, levou suas mãos até as coxas do fada e o levantou fazendo suas pernas se abrirem e depois se fecharem acopladas com a cintura do elfo que posicionou suas mãos no cóccix do fada para que ele não caísse. A condução até o quarto de Ghön foi rápida, seu quarto era bem arrumado, feito inteiramente de madeira e folhas, sua cama era de tecidos de seda, flores e uma armação de madeira que sustentava o restante, o elfo jogou o fada sobre a cama com certo cuidado para não machucar as asas do amante e finalizou o segundo longo beijo com uma mordiscada no lábio inferior do amante. Sian puxou a cintura do seu elfo para perto dele, mas o elfo foi mais forte e resistiu, Ghön avançou para cima do fado e começou a distribuir beijos do queixo do amante até a clavícula onde dançou com a sua língua.

— Só podes fazer isso, orelhinhas pontudas? — provocou Sian.

Ghön riu, mas depois avançou para cima do seu amado de forma feroz. Ele entreabriu a boca e começou a arrastá-la pelo peito de Sian que começou a arranhar o peitoral dele com as unhas bem afiadas como as que o fada tinha. O elfo colocou suas mãos nas costas do fada e o levantou, cruzando as pernas em volta do que havia se levantando, ficando apoiado sobre o colo de Sian. A mão de Ghön se ergueu até o rosto do amado e começou a acaricia-lo de forma afetuosa, depois pressionou os lábios do amado fazendo uma “boquinha de peixe” e erguendo o próprio corpo, mordiscou ambos os lábios.

— Doeu? — perguntou Ghön quase gargalhando.

O elfo soltou os lábios do fada para que ele lhe respondesse.

— Da mesma forma que se eu...

Antes de terminar a sentença, Sian levou sua boca até o pescoço de Ghön e o mordeu, o corpo do elfo estremeceu um pouco, porque estava mais acostumado a morder do que ser mordido.

— Então, isso significa que você quer mais — zoou Ghön.

O elfo se aproximou o bastante para sentir o hálito de flores do seu fada, mas sua intenção não era sentir o hálito dele, era tocar os lábios dele e beija-lo de forma intensa, mas os pensamentos ameaçadores começaram a rondar sua cabeça, toda aquela separação, sabia que se quebrasse alguma regra dos Tuatha seria julgado por eles frente à frente e isso ele não queria. A posição forte e rebelde que surgira assim que Sian lhe anunciara as más novas sumiu, agora tinha elfo que se questionava sobre sua qualidade, as perdas que o seu relacionamento lhe acarretaria e a sentença caso fosse descoberto, ele estava paralisado e Sian notou tal fato.

— O que há agora, Ghön? — disse ele assumindo uma posição séria.

— Me perdoe Sian, mas eu me sinto um traidor me deitando com tu.

— O que houve com o cara forte que me fez esquecer essa história?

Sian tocou o queixo de Ghön e ergueu sua face, elevando o corpo mordiscou a ponta do queixo do amante. Os pensamentos rondavam a mente daquele elfo loiro, mas ele tentava resistir ao máximo, fixou seus olhos nos de Sian de forma instigante e ergueu sua cabeça colidindo seus lábios contra os do fada, não resistiram o toque e partiram para algo mais arriscado se beijando, línguas, saliva e todo o atrito rolou ali naquele momento. Entregues de corpo, mente e alma naquele beijo, Ghön tocou a tanga na cintura de Sian e sentiu que estava pronto, interrompeu o beijo colando as testas e deu uma pequena levantada arrancando as vestes do seu fada, ele agora, estava realmente pronto para aquilo. Ele ergueu sua boca até tocar o ouvido do fada.

— Então vamos fazer uma promessa para nós dois. Promete que não irá me deixar, assim como eu lhe prometo não deixa-lo, até o fim? — sussurrou Ghön no ouvido do amante.

— Sim, eu prometo, prometo nunca abandonar-lhe, Ghön — prometeu Sian em tom de murmúrio.

— Que o amor supere a justiça divina — sussurram em uníssono, sabiam que aquele era o lema de uma relação proibida.

A relação de ambos durou por longos meses, desde o solstício de Inverno até o solstício de Verão quando Dagda, notando a infalibilidade do relacionamento entre o elfo e fada, convocou Grian para uma reunião íntima por sugestão de Ogma. Ghön e Sian pensavam ter aproveitado muito bem aquele tempo, se viam cinco vezes por semana ao em vez de três como era antigamente, a covardia dos deuses contra eles fez com que o relacionamento de ambos se tornasse mais forte ainda. Mas não há bem que dure para sempre, Grian era sempre muito entusiasmada com aparência, beleza e honra, por este motivo se preparou da forma mais bela que pôde, acessórios de bronze, coroa de flores e túnica de pele de cervo, arrumou seus cabelos castanhos posicionados de forma majestosa abaixo da coroa de flores e notou o destaque que seus olhos esverdeados causavam em meio àquela coloração amarronzada que tinha os cabelos e a túnica. O caminho do sidhe dos elfos até o sidhe principal fora o de menos, elegantemente, Grian chegou à sede dos Tuatha em uma carruagem carregada por espíritos da floresta, Dagda lhe convocara para a mesma sala onde os Tuatha haviam realizado a reunião meses atrás.

— Dagda, meu deus bom — saudou Grian assim que adentrou a sala.

— Senta-te, rainha élfica — pediu Dagda evitando acréscimos.

Grian lhe atendeu e se sentou sobre uma das cadeiras de madeira marcada por runas.

— Como líder dos Tuatha De Danann e para o bem dos deuses, peço que dá uma ordem ao teu elfo superior Ghön. Ordena a ele que vá até a Terra dos Homens e gere um híbrido, metade elfo e metade Homem, posso sugerir alguns lugares da Terra dos Homens para que o mande para lá como Brasil, Índia, Egito e Alemanha.

— Se assim ordenas, eu te obedeço — respondeu Grian tentando ser diplomática.

— Somente isso, obrigado — dispensou Dagda.

Antes Grian tivesse ficado ali e esperado até se recuperar de encarregar um dos seus elfos a uma missão quase suicida, mas não o fez, voltou para carruagem e o sidhe dos elfos e partiu para a casa do elfo, dando-lhe a notícia Ghön tentou disfarçar a insatisfação, todavia fez as malas e marcou um último encontro com o seu amado, afinal, ficaria um bom tempo longe. O último encontro foi de longe algo bom, as únicas palavras de Ghön foram: “Sian me perdoa, mas preciso ir. Caso queiras ir atrás de mim, está aí no mapa, marcado, Brasil, uma colônia de um país dos Homens chamado Portugal, eu te amo.”, porém o que marcou a despedida foi o beijo amargo que os dois deram naquela noite fria dentro daquele sidhe escuro.

Seis meses foi o tempo que Sian conseguiu aguentar longe de seu amado, parecia que os solstícios significavam mudanças, em um solstício de Inverno recebeu a terrível notícia, em um solstício de Verão seu amado se foi e em um solstício de Inverno ele estava indo atrás de Ghön. Alguns pares de tangas de tecidos clorofílicos de coloração dourada, água, comida e longas folhas de bananeira foram seus aliados dentro de uma pequena bolsa que levou até a Terra dos Homens, quando viu a sidhe principal se abrir para ele e a Terra dos Homens surgir ficou estupefato, nunca tinha voado com Aine por ali. Com o mapa em mãos seguiu à risca todos os detalhes que Ghön acrescentará além da localização, passou por um imenso oceano até pousar em um lugar repleto de verde, o ar puro e árvores grandes. Desafios era uma coisa que Sian não perdia, ele procurou Ghön por dias e quando o achou, quase desmaiou de tanta paixão.

— Ghön! — exclamou ele enquanto corria para perto do amado.

Ghön se levantou do chão com certa fraqueza, estava pálido e deprimido. Os braços de Sian o envolveram com ternura e paixão.

— Sian, eu não tive coragem. Traí-lo é a pior coisa do mundo para mim. Mas agora estou assim, fome, sede...

— Não sê por isso!

Sian revirou a bolsa em busca de um pedaço de pão e seu cantil com água fresca, assim que os achou entregou para ele. O elfo comeu o pão de forma acalorada e rápida, e bebeu da mesma forma, ao final da refeição ainda podia notar alguma branquidão no ser dele, mas eram bem menos do que antes.

— É por isso que eu te amo, Sian. Vê o que tu fazes, nenhum dos Homens teve coragem de me dar uma gota de água, mas tu não, eu sei que me amas.

— Se te amo é porque motivo, eu tenho de sobra. Agora, quero ter teus lábios nos meus, quero te sentir por completo.

— Será que consigo?

— É isso que veremos — murmurou Sian.

A bolsa de Sian foi atirado pelo fada naquele chão pedroso, ele avançou de forma fugaz para cima de Ghön, sua boca avançou — igualmente — fugaz em direção aos lábios do elfo, primeiro eles se chocaram, mas depois o elfo concertou o movimento falho do fada, beijando-o. Parecia que Sian estava provando um doce que não comia havia tempos e de certa forma era isso mesmo, os beijos doces de Ghön e a forma como a mão forte do elfo lhe segurava diante do beijo fazia-o ter certos arrepios. Sentir cada curva do rosto de Ghön era uma atividade que Sian não se cansava, ele dedilhava o rosto do amante enquanto lhe beijava. Um momento mágico como aquele não poderia ser desfeito, mas foi; Grian tracejava seu percurso por todo o mundo durante o solstício e reconhecer algo falho fazia parte do seu manual de falsa rigidez, ela avistou os dois se beijando a quilômetros de distância, tinha uma visão ótima. Por meio dos espíritos da natureza, estava em segundos ao lado do casal, ela afastou Sian de Ghön e o jogou no chão.

— Teu impuro! — ela cuspiu as palavras contra Sian. — Quebrar uma lei dos Tuatha é um erro gravíssimo ainda mais quando persuades alguém a quebrar com tu, não poderias ter feito isso com o meu elfo!

Ghön tentou defender o amado, mas Grian apenas lhe pediu para que se silenciasse e ele como bom elfo a obedeceu.

— Posso estar errado, mas tu não tens o direito de arrancar Ghön dos meus braços, eu o amo!

— Ora, quem ama protege e vejo que o fazendo descumprir as regras não estás protegendo-o.

— Isso é uma tortura. A justiça dos deuses é cruel comigo.

— Diga isso a eles, afinal, terá a oportunidade.

Um clarão surgiu naquele lugar ao Grian estalar os dedos e em minutos foram levados até a sidhe principal.

¤¤¤

A mesma sala, o mesmo assunto, a destruição. As palavras viajavam pela cabeça de Dagda, como estava prestes a julgar e reprender alguém que não deveria apenas foi até a sala de reuniões e organizou as cadeiras de forma diferente, sentado à frente estava Ogma e Dagda lado a lado e à frente deles, Aine junto à Sian e Grian junto à Ghön. Dagda tinha dito a eles que preferia algo mais íntimo para não expor a suposta vítima e o culpado. Ogma precisou balançar apenas um belo cajado para dar início aquela sessão.

— Então, me digais — disse Ogma. — Mesmo vós sabendo das consequências fostes atrás de algo que foi proibido? Isso é uma audácia da vossa parte.

— Ogma está totalmente certo, vós desrespeitastes vossos superiores e as ordens deles? Mas dessa vez como o deus bom tenho que considerar que vós fostes audazes o suficiente para colocar o vosso amor acima de tudo e por Angus, meu filho, vos perdoo.

— Mas Dagda, amor? Onde há amor? Esse impuro corrompeu meu elfo e vai sair impune? — questionou Grian.

— Grian, tu sabes muito bem que o caso entre Ghön e Sian não é de hoje — retrucou Aine, nervosa.

— Eu? — questionou Grian de forma quase retórica.

— Ah, está vendo? A culpa de haver desandamento nos solstícios não é minha e nem de relacionamentos dos meus elfos com as fadas de Grian, a culpa é dela, ela é uma pessoa dissimulada, possessiva e gananciosa.

— Deusa Aine, tem mais cuidado com as tuas palavras. Ofender tua irmã não vai levares a nada — disse Ogma.

— Ainda estou insatisfeita com essa justiça. O fada deveria ser punido assim como a sua rainha por não terem cumprido a ordem dos Tuatha, eu digo novamente — esbravejou Grian.

Aine se levantou da cadeira de madeira, parecia estar pegando fogo de tanto calor que emanava. Seu rosto esbranquiçado estava quase laranja e os olhos castanhos também estavam quase da mesma cor. Ela colocou seu dedo posicionado bem à frente dos olhos esverdeados de Grian e surtou.

— Minha irmã, tu verás o que é bom. Deixa minha fada em paz, tua invejosa! — ela gritou com raiva.

— Rainha Aine, melhor irmos — disse Sian se levantando e tocando a mão da sua rainha para tentar acalma-la.

— Espera Sian. — Ela se virou para o seu fada e depois se voltou novamente para Grian. — Apenas me dize o que mesmo foi que pediste ao teu elfo?

— Que ele me desse um fruto híbrido de elfo e Homens, mas por que queres saber?

Aine abaixou parte da coluna até estar na altura do ouvido de Grian e sussurrou.

— Já viste a explosão de uma estrela? Se não, então verás.

A deusa apertou a mão de Sian e saiu da sala junto dele. Os dois voaram juntos até o castelo das fadas e Aine o convidou para uma conversa, não estava habituado com aquele tipo de coisa, afinal, nunca tivera tão prestígio e privilégio como Ghön tinha com a sua rainha, ele apenas foi atrás da deusa e aceitou conversar com ela.

— Sian, então, gostaria de dizer que vou passar algum tempo fora e tu és meu nomeado, cuidarás das minhas fadas durante minha ausência, porque eu confio em tu.

— Minha rainha, é uma honra. Mas tenho que te pedir perdão, afinal, eu quebrei tuas regras e ordens, fui um tolo, ainda mais por acreditar em Ghön, aproveitou a primeira oportunidade para me deixar.

— Sian, não temas. Não sou a deusa Sullis, mas prevejo eu que em breve teu coração vai ser de outro e esse sim vai merecer-te.

— Obrigado, rainha Aine. Tomara que tuas provisões estejam certas, porque meu coração machucado precisa de um novo amor para curar a ferida que Ghön deixara em mim.

— Ah, eu conheço todos os meus fadas e é claro que tenho um que tu vais gostar, posso apresentar-lhe quando voltar, afinal, um bebê demora nove meses pra nascer e seis para desmamar.

Aine deu uma pequena gargalhada.

— Como?

— Ignore Sian, estava apenas pensando alto.

Aquela realmente foi a Queda de Aine, no mesmo dia, ela se aprontou e foi até a Terra dos Homens, de exato na França, onde se passara por uma pobre mulher de rua e fora acolhida por John Chevalier que lhe engravidara na primeira oportunidade, os Tuatha agradeceram muito quando o plano de Ogma foi cumprido. Aine havia caído em seu próprio conceito e isso fez com que a amamentação de Fae, a filha dela com John se tornasse fraca, porque ela produzia pouco leite que mal dava para alimentar a filha e em intenção de se redimir, abandonou a filha assim que ela completara quatro meses e tentou se redimir com os Tuatha, mas logo notou que a sua Queda lhe transformara em um novo ser, porque apenas escutou de Ogma: “Você não estava pronta antes do que acontecera, mas depois que explodiu, cumpriu seu papel.”

Mas a Queda de Aine fora apenas a primeira parte do plano de Ogma, eles previam que seria ainda mais difícil conquistar o Amor de Morrígan.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam da one? Gostaria de ver vossas opiniões expostas nos comentários, afinal, terei maior prazer, prestígio e carinho em vos responder. Obrigado por ter lido a história e até talvez uma próxima leitura de alguma fic minha.



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