Vidas Perdidas. escrita por Hinamory Uchiha


Capítulo 1
Quando o fim chega...


Notas iniciais do capítulo

Yo povo.
Mais uma fic, eu sei que tenho outra para terminar mas essa eu tinha que postar rs.
Espero que gostem, dessa dose menos doce de SasuNaruSasu.



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O som melancólicos de passos preencheu o escuro apartamento, o som característico da chave sendo girada, aos poucos a porta se abriu. O breu do apartamento fora dissipado pela leve luz vinda do corredor.

Voltando a plena escuridão, o único som que se era escutado era os pesados passos do loiro. Olhou ao redor notando-se sozinho, jogou a pasta que carregava de qualquer maneira sobre o sofá branco que enfeitava a sala.

Ergueu os olhos para fora, por trás da porta de vidro o céu escurecido era evidente, andou até a varanda escorregou a porta até que estivesse parcialmente aberta. Saiu da sala sem se preocupar em acender ou não as luzes, afinal estava sozinho, como sempre, e com certeza continuaria só, até que o outro tivesse plena consciência de que estivesse dormindo. Era sempre assim.

Sentou-se a mesa, as cadeiras acolchoadas de um tom champanhe adornavam a mesa com a vidraça trincada, as taças ali deixadas por tanto tempo continham uma fina camada de poeira. Observou as taças por um tempo, marcadas ainda com dedos, mostra que foram bem utilizadas em muitos momentos. Sorriu com amargura e desviou o olhar para o céu, pesadas nuvens faziam com que o ar da grande cidade ficasse ainda mais pesado.

Paris seria a cidade dos sonhos de qualquer um, uma bela cidade tinha que concordar cheia de seus segredos e mistérios, Paris nada mais era do que a cidade perfeita para recomeçar. Fora de seu país de nascença, fora de seus círculos de amizade. Uma cidade perfeita para o fim.

Fechou os olhos sentindo a fraca fragrância do “Legend”, ele estava ali, parado a poucos metros da porta de vidro. Não virou,não falou, apenas continuou a muda contemplação.

Escutou o barulho do arrastar da cadeira, ele estava ali sentado ao seu lado, não o encarou e notou que não estava sendo observado. As mãos pálidas de Sasuke tocaram levemente uma das taças, sem atenção apenas uma breve memória corrida em sua mente.

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Passado : 8 anos.

Os poucos raios de sol ainda se escondiam por detrás das montanhas quando o pequeno acordou, levantou-se mais do que depressa. Arregalou os olhos ao ver o pequeno loirinho o esperando.

_Você está atrasado teme-reclamou, um pequeno sorriso brincou nos lábios de Naruto. Para Sasuke o mundo apenas parou. Só não entendeu o porquê.

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As nuvens cada vez mais densas tampavam pouco a pouco a torre Eiffel com a neblina esbranquiçada, as luzes da madrugada já não eram tão esplêndidas, era apenas um borrão brilhante.

Afastou a gravata devagar, o trabalho o consumia dia a pós dia, mas nada era melhor para se esquecer do que trabalhar. Um forte clarão cortou o céu demonstrando a imensa chuva que estava para cair, o tempo aos pouco os lembrava de lágrimas, essas já não deixavam cair a muito tempo.

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Passado: 12 anos.

O tempo passava, as lágrimas se secavam, o soluço diminuía até que já estivesse adormecido, até lá passaria por inúmeros pensamentos entre ele o porquê do avião ter simplesmente caído, o porquê de já não ter ninguém por si. A dor maior era ver o sofrimento do menino ao lado, o avião caíra e os quatros se foram para toda eternidade.

_Meninos não choram –escutou a voz grave de um homem, uma cópia quase perfeita do moreno ao seu lado –meninos são fortes e não choram, não se tem motivo para chorar quando alguém morre.

Ele escutou, viu o outro limpando as lágrimas e desencostando do vidro, olhou vacilante dentro dos olhos negros, a sombra de desespero transpareceu segundo antes deste virar-lhe o rosto.

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Não havia vontade de encontrar novamente os orbes negros, sabia que encontraria lá o simples vazio frio e calculado, apenas para não haver a perca, mesmo que sutil de seu alto controle.

Sabia também que seus azuis estavam opacos, não tinha mais o mesmo brilho e nunca voltaria a ter. Tarde de mais.

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Passado: 15 anos

_ Não entendo –virou-se para o moreno –por que? – uma pergunta simples e inocente, uma pergunta que conseguiu tirar uma curta mas sonora gargalhada do Uchiha – do que ri teme?

_Você, realmente não entendeu? –perguntou fazendo uma pausa entre as risadas e o ar sério –não imaginei que você fosse tão lento assim.

_ Olha você chaga aqui do nada, me abraça e me beija, quer que eu pense o que?

_Pense que você é muito estúpido para notar a declaração que acabei de fazer.

_Não seria mais fácil você apenas dizer o que sentia por mim?

_Mostrar é bem mais simples do que falar.

##

O vento cada vez mais forte fazia com que se lembrasse dos poucos invernos que passara ali. O frio de quase congelar os ossos, e o vento ensurdecedor apenas aumentava a vontade de fugir, sair daquela varanda que há tanto tempo fora um dos muitos lugares em que chegaram ao ápice do prazer juntos.

##

Passado: 19 anos

Olhares em brasa eram trocados, os olhos negros consumiam os azuis de tal forma que eles simplesmente temiam até mesmo em recuar.

_Não vai me forçar a abandonar tudo Sasuke – o garoto loiro gritava desfazendo a mala feita com tanto zelo pelo mais velho – Não vou largar os meus sonhos por causa de você.

_A quatro anos atrás, eu te disse qual meu sonho –o tom gelado do moreno fez com que um arrepio percorresse a coluna do loiro –nunca desisti dele, por que você estava incluído – desviou a atenção para a mala voltando a arruma-la –Não vou ficar em Konoha, ninguém nos aceita por aqui.

_Não ligo e você não deveria se importar com isso –cuspiu as palavras de forma impaciente –é como se fosse fazer alguma diferença na sua vida, você nunca se importou com que os outros diziam antes, por que isso agora?

_Não importa –cortou de forma fria –se você não quiser vim tudo bem, o que não me falta é companhia –fechou a mala escura e a colocou no chão.

_E eu poderia saber quem seria essa digníssima companhia que o senhor iria levar? –perguntou de forma sarcástica.

_Possivelmente a Sakura –jogou como se não fosse mais do que um mero desafio. Ergueu a mala e encaminhou em direção a porta –creio que ela não se importaria em ir a qualquer lugar que fosse comigo.

Um puxão fez com que parasse – se você passar dessa porta,não volte –o tom sombrio do loiro não o intimidava –se o seu interesse é viajar, vai mas volte. Você sabe que se passar dali e dizer um oi sequer a Sakura eu saio daqui e procuro a Hinata, enquanto a Sakura vai te satisfazer por um dia, com a Hinata eu posso casar –rebateu, soltou o pulso pálido esperando com que Sasuke se virasse.

_Ou você vai, ou acabamos aqui –baixou a mala pela última vez – ou vamos juntos ou ficamos separados de vez. A escolha é sua.

##

Ofegou sentindo o frio em suas bochechas, seu rosto pálido a muito acostumado com o gelado vento, levantou o olhar para o céu escurecido, um leve desespero se apossou de seu corpo. Quantos anos estavam ali? Cinco? Seis? Há quanto tempo nem sequer se olhavam? Fazia ali quantos anos que não comiam na mesma mesa juntos?

##

Passado: 22 anos

Segurou a taça frente aos olhos, um pequeno e fino brilho diferenciava as duas bebidas que nelas se encontravam. Sorriu vendo o pequeno aro ser levado pelo líquido enquanto rodava o objeto de cristal em suas mãos.

Retirou os olhos da pequena peça e olhou ao redor, tudo estava perfeito. As cadeiras cor champanhe da varanda estavam viradas perfeitamente um para o outro, uma única flor branca enfeitava o vaso de porcelana sobre o vidro da mesa. A paisagem nada mais era do que perfeita.

_Cheguei –a voz rouca do loiro o despertou,olhou no relógio não era tão tarde mas já havia se passado e muito das nove.

_onde esteve? – roubou um leve beijo dos lábios rosados –demorou demais hoje.

_começou –resmungou abraçando o mais velho –reunião.

_vem –puxou o loiro antes que não conseguisse se impedir de pedir mais informações –tenho uma surpresa –sussurrou rente a orelha bronzeada.

Segurou o pela mão o puxando até a varanda, as duas taças costumeiras estavam completas, não sabia se de champanhe ou vinho branco.

_Motivo para comemorar? –perguntou observando com cautela o lugar, o moreno nunca fora dado de surpresas mas quando fazia tudo saia com exímia perfeição.

_Tome sua taça –respondeu unicamente apontando o objeto,levando a taça aos lábios notou calmamente quando o loiro encontrou o pequeno anel prata dentro do líquido.

_Sasuke – olhos azuis brilhantes e finas gotas de lágrimas escapavam – é lindo –levantou-se de encontro com o moreno, este apenas permanecia o observando,contemplando em silêncio –eu amo você –disse e beijou de forma carinhosa os frios lábios do Uchiha.

##

Viu com falso interesse a chuva começar a cair, estava cansado, o corpo dolorido por conta do dia estressante, mas havia tempo demais que tudo estava estressante, tudo estava gasto demais.

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Passado: 24 anos

_Foi apenas uma maldita brincadeira – Naruto gritou, ainda estava irritado, desde que chegaram em casa Sasuke não havia pronunciado uma palavra – Esse seu maldito ciúme paranoico vai acabar me matado.

_Naruto –falou baixo e calmamente, uma coisa que sempre pesará foi seu alto-controle.

_Se você vai dizer que eu flertei com um maldito cara no supermercado nem precisa falar nada –gritou mais uma vez. Um dia de compras perfeito acabara de ser arruinado, um simples sorriso que dera a um homem bonito fora motivo para que uma longa discussão se estendesse. Pensou que retribuir o olhar que o belo estranho lhe direcionava faria com que Sasuke prestasse mais atenção em suas vontades –Babaca.

_Sinceramente, se eu sequer imaginasse que isso algum dia fosse acontecer, eu nunca cogitaria a ideia de levar isso para frente –disse apontando para os dois –infelizmente eu não vejo o futuro.

_Foi uma maldita brincadeira –repetiu, as palavras do outro o abalara profundamente. O obvio arrependimento estava ali estampado nos olhos negros, mas de quê? Como ele mesmo havia dito, nunca cogitaria na ideia de seguir em frente.

_Aprenda uma coisa Naruto – se aproximou perigosamente do loiro –toda brincadeira tem limites. E as suas já deu. – deixou com que trombasse contra o ombro do loiro quando entrou trancando a porta do quarto.

##

Para todo fim tem que haver um inicio. Para todo sim, tem que haver milhares de motivos para um não. Os cabelos loiros se arrepiaram ainda mais com o forte vento que passou. A torre já quase não aprecia tão forte a neblina a engolia, não seria novidade alguma se o chão acordasse branco pela gelada neve. Passou os dedos entre as madeixas negras, piscou de leve algumas vezes, sentiu os dedos roçarem nas taças antigas e abandonadas, um hábito que ficara para trás a tanto tempo. Evitavam-se há muito tempo, por mais que vivesse sob o mesmo teto, mesmo que dormissem na mesma cama, sob o mesmo edredom, a muito que já não estavam de corpo e alma.

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Passado:24 anos e dois meses.

_Você tem que se abrir mais –repetiu o loiro, estavam frente a frente – só eu falo, você finge que se importa –bateu a mão na mesa derrubando o fino vaso de flor.

Observou calado os olhos negros, enxergava muito bem o vazio que estava ali – Sasuke eu vou voltar a Konoha –disse sem pensar, nada que fizesse tiraria alguma reação. –Droga Sasuke, odeio você. –gritou batendo a mão na mesa com mais força, se levantou olhando de cima para o moreno –Sabe o quanto me arrependo de ter vindo pra cá? Dia pós dia eu revivo a droga que virou minha vida, muito mais eu teria ganhado se continuasse em Konoha.

_Naruto – a voz saiu rouca e baixa, apertou os punhos se controlando –cala a boca.

_Não –gritou – eu cansei disso tudo, esse desgaste que virou minha vida. Você pouco ta se fodendo para qualquer coisa que eu faça, qualquer coisa que eu sinta.

_Naruto –repetiu, o tom ameaçador fez o loiro rir –estou avisando- ficou de pé encarando Naruto face a face.

_Eu pensava que o Itachi era ruim, mas depois que passeia te conhecer que percebi. Eu realmente deveria ter ficado com ele. –Colocou a mão sobre a bochecha ardida em choque. Ele havia lhe dado um tapa.

_Droga - passou a mão sobre os fios desalinhados tentando se acalmar – É por isso que evito discutir, por isso que evito rebater-fechou os punhos fazendo a mão sangrar –mas você não entende, sabe o quanto me controlo para não acerta-lo de verdade, você não sabe o quanto me mato para continuar com a porra desse controle que você faz questão de destruir- em um impulso a mesa e as taças jaziam no chão.

Viu em silêncio Sasuke entrar sala adentro, o barulho porcelana sendo arremessada contra algo continuava. Sentiu-se quebrado, do tempo em que viviam juntos essa falta de controle nunca fora vista, uma das muitas faces que não conhecera da pessoa que mais amou.

Depois disso apenas o silêncio era companheiro de ambos. Não mais se importavam com nada, apenas viviam ali, sobre o mesmo cume de desgaste.

##

A madrugada cantava as altas horas, o loiro suspirou como a muito não fazia,olhou as mãos vendo a aliança dourada com um nome gravado, a tanto que perdera o significado para ambos.

O orgulho, o egoísmo a frieza, todos de apenas um lado, uma fina corda os separava da teimosia, do inconsequente e do impulsivo. Nunca arrebentaria, ficariam num simples vai e volta.

_ “Quando os dois lados puxam com a mesma força, será empate até que um deles desista” –virou a cabeça, ambos olhares se encontrando. Um ano sem ouvir o rouco tom do moreno o fizera enxergar o jogo que haviam criado. Perderam-se por leves segundos dentro do olhar um do outro entravam uma simples decisão. A chuva caia forte e sem piedade.

Um arrastar de cadeira, voltou a olhar para frente observando minuciosamente a fria chuva, os passos se distanciaram, baixou os olhos para a mesa lá um pequeno aro brilhava,segurou-o entre as mãos,quanto tempo não significavam nada mais um para o outro.

“Enquanto o orgulho desiste... a teimosia sozinha canta uma triste vitória”.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso.
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Devaneios da autora:

Sasuke :Não acredito que fez isso (muito puto da vida)
Hina-chan : Desculpe Sasu mas foi necessário.
Sasuke Mas eu nunca me separaria do dobe (ativando sharingan).
Naruto: Hina-chan vai apanhar muito dos leitores (olhar Kurama like a psicopata)
Hina-chan :Me ajuda Naru-kun
Naruto: NUNCA.(Correndo atrás da autora com pedaços de pau e pedras).

Fim do devaneio
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Não sei se faço uma continuação, isso vai realmente depender dos meus queridos leitores.
Até mais.



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