The Unholy Girl escrita por Marzipan
Eu deveria estar dormindo. Em vez disso, peguei esse caderno extra, que não precisarei no colégio, e vou tentar fazer algo de útil com ele. Hoje foi a primeira sexta-feira de aulas. Sexta à noite, e eu em casa. É, tenho 14 anos, mas garotas de 12 por aí têm mais vida social que eu.
Eu não sei bem o que tô fazendo agora. Deitada de bruços, cabelos presos em um rabo de cavalo, comendo salgadinhos. Acho que entendi. Estou usando este "diário" para melhorar: para refinar minhas habilidades de escrita, coletar detalhes e informações. Gosto de escrever. Quero trabalhar como escritora, um dia. Enfim, vou direto ao ponto que me trouxe aqui. Queria transformar em palavras o que se passa em minha mente. Essa primeira semana de aulas foi tranquila. Poucos alunos novos na minha turma, mas um me chamou a atenção.
Cabelo bem arrumado, um simpático sorriso sempre no rosto, mas parecia ser um... crianção. Logo no primeiro dia, descobri que se chamava Richard. Eu o observei de longe nas aulas de gramática e biologia. Ele estava sentado com o grupo dos meninos bagunceiros, que basicamente, eram a maioria da classe.
Na terça-feira, um amigo meu me apresentou a ele. Tudo bem, era educado, e também engraçado. Soltava algumas piadas vez ou outra. Por volta de quinta-feira, já tinha percebido como era divertida a sua companhia. Ele já não sentava mais com aqueles garotos, mas sim com o meu grupo de amigos. Risos. Quando ele estava por perto, conseguia risos de todos.
Hoje, sexta-feira, ele se despediu de mim com um abraço. Estou sorrindo só de lembrar. Acontece que... não era pra eu estar assim. Eu acabei de o conhecer, um abraço é natural, não posso começar a criar um conto de fadas na minha cabeça.
Está bem, vou confessar. Tenho um certo problema em relação a garotos. Me apaixono por qualquer um, muito rápido, muito fácil. E sempre quebro a cara, levanto e vou me apaixonar outra vez.
Eu não posso me apaixonar por ele. Nem o conheço! Decidi-me. Não vou deixar que nos tornemos mais que colegas de classe. Vai ser fácil.
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Oito meses depois
Lá lá lá! Estou sorrindo um grande sorriso de órfão adotado enquanto escrevo isto. Tenho até vergonha de estar tão feliz. Hoje, eu e Rick vamos sair. Sim, Rick, o antes chamado Richard. Não, não vamos sair sair, vamos sair para nos divertir. Temos feito muito isso ultimamente. Nós... nos tornamos melhores amigos. Ele é fantástico, me coloca acima das nuvens quando estou triste, me defende o tempo todo, a nossa amizade é real.
Aquilo de se apaixonar que falei antes? Não se aplica a ele. Nossa relação vai para o outro lado, o outro extremo. Há oito meses, quando o mencionei aqui pela primeira vez como o novato, nunca imaginei que ele faria diferença alguma para mim.
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