A primeira reação de Lilian Evans e Dorcas Meawdoes foi tentar acalmar a amiga e fazê-la desistir da idéia, mas Marlene McKinnon estava irredutível

–Já tomei minha decisão! Vou me vingar dele! E vocês duas vão me apoiar!- Dorcas e Lili se entreolharam, nervosas- Ah! Vão sim! Vocês me devem isso!

–Mas Lene... - começou Dorcas, porém foi interrompida pela mesma

–Nem vem! Lili, quando você esqueceu seus absorventes em casa e manchou a saia da escola, quem matou duas aulas para ir buscar outra na sua casa?

Lilian corou

–Você, Lene

–E você Doe? Lembra da vez em que você matou aula pra ter um encontro com aquele cara que você conheceu na internet?

–Sim- Dorcas baixou a cabeça, lembrando-se daquela ocasião desastrosa

–Quem foi que ter acobertou?

–Você- Dorcas revirou os olhos- mas Lene, pensa no que está falando, lembra do ultimo cara que você se vingou?- Todas olharam para o nada, lembrando-se daquele pobre garoto com o rosto sangrando e as roupas rasgadas pedindo pela mãe, no dia seguinte ele não apareceu, foi transferido para uma escola em outro país- Imagina o Sirius Black? Seriamos torturadas e mortas dolorosamente por todos os fãs dos Marotos se tocássemos nele!

Lene soltou seu sorriso mais macabro

–E quem disse que nós vamos espancá-lo? Não! Isso é coisa de criança! A tortura será psicológica. Respondam, o que o Sirius mais presa na vida dele?

–O rosto?- tentou Dorcas

–O Siriustick?- tentou Lilian, fazendo uma careta ao lembrar do apelido que o próprio garoto dera ao membro de definia sua masculinidade

Marlene acenou negativamente para as tentativas das garotas

–Não minhas amadas, o que ele mais presa na pequena e inútil vida dele é o poder de levar pra cama quem ele quiser. Eu vou tirar toda essa moral dele

Sorriu malignamente e contou o plano

Assim que reviram os detalhes e ajustaram a função de cada uma, foram cada uma para sua determinada sala de aula, (pois já haviam perdido toda a introdução ao ano que Dumbledore fazia no primeiro dia) chegando alguns segundos antes do professor

...

James Potter corria a toda velocidade pelo corredor que levava a sua sala de biologia

Perdeu muito tempo na saída do auditório, aonde teve que parar com os companheiros de banda para tirar mais fotos e dar mais autógrafos. Essas garotas não cansavam não?!

Quando se deu por conta, o sinal já havia tocado e estava atrasado em cinco minutos.

Abriu a porta violentamente e encarou o professor e os alunos ali dentro, imediatamente todas as garotas arrumaram a postura, e passaram as mãos nos cabelos, uma delas empurrou a colega que fazia dupla com ela para o chão e mordeu a tampa da caneta, tentando inutilmente parecer sexy, James a reconheceu logo de cara, era a garota que segurava o cartaz “Sou sua Jay-Jay!”

James fez uma careta mental para ela.

Virando-se para o professor pediu permissão para entrar na sala, tendo a permissão concedida, foi em direção ao fundo da sala, ignorando todas as garotas no caminho e ouvindo muxoxos de desaprovação

Na ultima carteira da sala, encolhida perto da janela tinha uma ruiva (provavelmente a mesma que caiu no chão no inicio da aula, e talvez a única da escola, já que ele só tinha visto uma garota com tal tonalidade no cabelo)

–Posso sentar aqui?- perguntou para a ruiva, que sacudiu a mão direita em afirmação enquanto escrevia furiosamente com a esquerda, sem nem desviar os olhos do caderno

Umm, então ela era canhota... Mais uma peculiaridade na ruiva misteriosa...

–Então... Perdi muita coisa da matéria?- tentou puxar conversa, sem muito êxito, pois a garota nem tirou os olhos do caderno ao responder

–Não, a aula nem começou direito, o professor sempre demora alguns minutos se organizando

Em momento algum tirou os olhos do caderno ou parou de escrever

–O que está escrevendo?- esticou o pescoço para tentar ler, mas a garota desviou o caderno e o apertou contra o peito, finalmente o encarando

–Não sabia que a curiosidade matou o ga...- estreitou os olhos em reconhecimento- espera aí, você não é James Potter? O cara que tem uma banda com Remo e Sirius?

James levantou uma sobrancelha, esperava uma reação mais parecida com “AI MEU MERLIN! VOCÊ É JAMES POTTER! AUTOGRAFA SEU NOME COM CANETA PERMANENTE NA MINHA TESTA!?” como todas as outras

–Sim, sou James Potter, e qual é seu nome?

–Lilian Evans- estendeu a mão para o garoto, que a apertou, surpreso e satisfeito com a normalidade com a qual foi tratado- minha irmã tem afixação por você, é aquela ali olhando pra gente com cara feia

Apontou para a garota do cartaz “sou sua Jay-Jay!”. Elas eram realmente muito diferentes, a começar pelo cabelo, o de Lilian era ruivo, e a irmã era morena, o rosto da irmã era alongado e parecia levemente com um cavalo, e ela usava maquiagem demais. Já a ruiva não usava nenhum tipo de maquiagem, deixando sardas que lhe salpicavam o nariz e bochechas aparentes
Lilian guardou o caderno no qual escrevia e pegou o livro de biologia no momento que o professor começou a falar

Lilian estava confusa consigo mesma, normalmente era muito tímida. Não gostava de estranhos, e era arisca com a maioria das pessoas que vinham falar com ela. Mas com o recém-conhecido James era diferente... Se sentia confortável...

Seus pensamentos foram interrompidos pela voz estridente do professor

–Bom dia alunos! Espero que gostem de suas duplas, pois ficarão com elas pelo resto do ano!

Foram ouvidos vários muxoxos e resmungos de desaprovação

–Por mim okay. E por você Lili?- disse James, comemorando internamente, realmente gostou da companhia da ruiva- quer dizer... Posso te chamar de Lili né?

Ela deu de ombros, indiferente

–Tudo bem me chamar de Lili, Todos me chamam assim, ou de Ginger- Ela revirou os olhos

–Ginger... Combina com você. Mas não quero te chamar como todo mundo -Lilian corou sem razão específica- você fica vermelha assim sempre né?-James pensou por uns instantes- que tal Red?

Lilian fez uma careta

–Então você tem que ter algum apelido também!

–Pelo amor de Merlin. Não me chame de Jay-Jay!- Lilian teve um ataque de riso, chamando a atenção de toda a sala. Instantaneamente ela se escolheu. Odiava que olhassem pra ela.

"Tímida também? O que mais essa garota esconde?" pensou James

Assim que a atenção foi novamente desviada para o professor. Lili, ainda um pouco vermelha, sussurrou para James

–Jay-Jay? Que tipo de apelido é esse?

–Não ria. Um dia Sirius deixou isso escapar em uma entrevista. As fãs me chamam assim até hoje. Odeio isso. Só minha mãe pode me chamar assim- disse fazendo um bico infantil que quase causou outro ataque de risos na ruiva.

–Okay- disse Lilian se segurando para não cair na gargalhada novamente- nada de Jay-Jay. Vamos ver... James Potter... Potter... Potinho! Seu apelido vai ser Potinho! Tenho certeza que mais ninguém te chama assim!

–Esse apelido é broxante- James murmurou para si mesmo e fez careta
Lilian riu e apertou as bochechas dele

–Eu gostei. É fofo

James corou

"O que está acontecendo comigo? James Potter não cora!"

James deu um tapa mental em si mesmo e olhou para frente.

O professor parecia falar em árabe. Logo desistiu de tentar entender, mas não sabia como puxar assunto com a ruiva ao lado, que parecia entender tudo o que o professor dizia perfeitamente.

Caíram no silêncio

–Sabe... Você até que não é tão ruim... Como parceiro, quero dizer. Nada pode ser pior que o meu parceiro anterior, ela deu um sorriso de lado sem tirar os olhos do quadro negro

James ficou curioso

–E quem foi?

–Minha irmã

Os dois riram

...

Após se recompor, Marlene se despediu das amigas e se direcionou para a sua primeira aula, que era artes.

Quando chegou lá se sentou em frente a uma tela em branco no canto da sala, respirando fundo e relaxando, adorava pintar, sentia-se em um mundo paralelo a este

Um mundo onde não recebia olhares estranhos de todos na escola apenas por não gostar daquela banda ridícula, um mundo no qual nunca conheceu Sirius Black, um mundo onde seu pai ainda estava lá...

A professora chegou e mandou todos sentarem-se e pegarem os tubos de tinta

Marlene pintou um quadro vermelho, uma garota vermelha, sobre um fundo vermelho, vermelho como o ódio que sentia, vermelho como e vingança que planejava, vermelha como a paixão que...

NÃO! NÃO ERA PAIXÃO!

De repente a porta da sala se abriu, revelando um garoto alto, com cabelos e olhos cor de ônix, e um sorriso zombeteiro e despreocupado no rosto

Sirius Black

Sirius entrou na sala e pediu licença a professora, esta que o mandou se sentar em frente a única tela disponível na sala, que era exatamente ao lado direito de Lene

A vingança de Marlene começaria mais cedo que o esperado...

Todas as garotas tentaram imediatamente chamar a atenção de Sirius de alguma forma.

“Idiotas”, pensou Lene ela sabia perfeitamente que Sirius preferia as difíceis

Então, ao invés de morder a caneta ou abrir os primeiros botões da camisa para criar um decote, (Meu Merlin! Que coisa ridícula!) bufou audivelmente e revirou os olhos

Sirius que tirou os olhos no decote improvisado de Vanessa Briscoe e encarou Lene, curioso

–Te incomodo senhorita?

–O que te faz pensar isso? Apenas o fato de eu não estar suspirando por você? Ou a simples e correta idéia de eu não te idolatrar?

Ele cerrou os olhos em sua direção

–Eu conheço você?

–Não, com certeza você não me conhece

Assustou-se com a veracidade de suas próprias palavras, ela não era mais a garotinha assustada e apaixonada de dois anos atrás, agora ela era uma mulher confiante e centrada. Uma mulher que Sirius Black não conhecia, mas veria apenas o lado mais escuro dela.

...

Remo passou a aula de matemática inteira autografando e tirando fotos

Não imaginava que seria assim. Claro que ele sabia que seria difícil, mas não a ponto de ter que passar a aula INTEIRA autografando álbuns, testas e até o livro de chamada do professor (que Remo tinha sérias dúvidas sobre a opção sexual)

Chegou ao ponto de ele ter que inventar uma desculpa e sair da sala pouco antes de bater o sinal

Sentou-se no meio do corredor em frente aos armários e respirou fundo, colocando a cabeça entre as pernas e fechando os olhos

Faltando cerca de um minuto para bater o sinal para o almoço, uma loira de olhos azuis apareceu no corredor e lhe cutucou levemente o braço

–Com licença, eu...

Sem dizer nada Remo puxou o braço da garota, que estava com a manga arregaçada na altura do cotovelo, pegou uma caneta permanente no bolso e assinou o antebraço da garota

–Qual é o seu nome?

–Como?- respondeu confusa

–Seu nome!- o que essa garota tinha? Não era assim que acontecia, elas sempre gritavam, pediam um autógrafo, tiravam fotos e iam embora

–Dorcas Meawdoes, mas eu...

–Sim, sim. Eu sei- Remo conhecia aquele discurso de cor e salteado “Eu te amo, se case comigo! Estou grávida de você...”

Para não perder tempo ele pegou o celular da garota na lateral da bolsa dela e tirou uma foto com ela

–Ei! Meu celular!- ela arrancou o aparelho das mãos do garoto e deu um passo pra trás, o encarando assustada- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!

–Qual é o problema? Eu só fiz o que você ia pedir!

–Mas eu...

–NÃO ESSE FILHO NÃO É MEU!- “meu Merlin essas garotas não tem limite?” Pensou Remo

Nesse momento já havia batido o sinal e a escola inteira estava olhando a discussão

–QUAL É O SEU PROBLEMA? EU IA PEDIR PRA VOCÊ SAIR DA FRENTE DO MEU ARMÁRIO!

–EU NÃO TRANSEI COM... Espera, armário?- perguntou confuso

–SIM IDIOTA! O ARMÁRIO QUE VOCÊ ESTAVA SENTADO NA FRENTE!- a garota apontou para o local onde ele estava sentado há alguns minutos

Remo assistiu estático ela se dirigir ao armário batendo os pés, colocando a senha, pegando alguns livros virar as costas e ir embora por entre a multidão de alunos que se formou.

Imediatamente começaram os cochichos

Quando finalmente caiu a ficha de que ela só queria ir ao armário. Remo correu atrás dela, que esfregava o antebraço aonde ele assinou como se quisesse tirar a assinatura e a dedicatória-padrão “Para Dorcas” de seu braço.

De repente Remo se sentiu um idiota, ela realmente não dera nenhum sinal que queria um autógrafo.

A caneta era permanente, iria durar pelo menos uns cinco dias, notando que não iria sair tão cedo a garota bufou e revirou os olhos, Remo chegou ao seu lado nesse exato momento e começou a se desculpar

–Olha, desculpa por isso, é que estou meio estressado e... –passou a mão pelo cabelo nervosamente, hábito que pegara com o amigo James- eu não sei como me desculpar por isso, tem algum jeito de eu me redimir?

Ela o olhou, a irritação de segundos atrás sendo substituída por curiosidade

–Só me responda uma coisa- ela olhou em seu braço, provavelmente para verificar o nome dele- Remo Lupin?

–Sim, sou eu- ele corou envergonhado, mas sentiu uma pontada de esperança, ela não o conhecia. Isso queria dizer que ela realmente não queria seu autografo, certo?

–Você faz parte daquela banda não é?

O coração de Remo murchou um pouco

–Sim, faço sim. São Os Marotos

Os olhos dela brilharam com um pouquinho de... aquilo era raiva?

–Diga para o canalha safado do Black que se ele chegar perto das minhas amigas de novo ele morre

Ele a encarou incrédulo

–Como?

–Você parece ser legal, não parece ser como o Black. Você é o baterista certo?- ela ignorou a confusão do garoto- Eu te vi num pôster no quarto da irmã da minha amiga

–Sim, sou o baterista- o queixo de Remo estava no chão, quem era aquela garota?

Ela se aproximou um pouco, dele ficando á centímetros de distância e fechou delicadamente a boca de Remo, com a mão pequena e macia, se encararam por alguns instantes

Tendo uma súbita ideia ela se afastou e disse

–Que tal começarmos de novo? Você parece ser um bom amigo- ela lhe estendeu a mão- Olá, meu nome é Dorcas Meawdoes, adoro chocolate quente, minha série favorita é FRIENDS, e adoro Pretty Little Liars. Você é...?

Remo entrou na brincadeira, apertando a mão da garota

–Olá, eu sou Remo Lupin, toco em uma banda com meus amigos, gosto de suco de laranja, também adoro FRIENDS e não faço a menor ideia do que é Pretty Little Liars, mas sei que demora cerca de cinco dias para sair caneta permanente da pele

Os dois riram

–Então, senhor Lupin- ela o olhou divertida- tem companhia para o almoço?

–Na verdade tenho que encontrar meus amigos

O sorriso dela murchou levemente

–Que pena, gostaria de companhia para o refeitório?

–Claro!

E foram caminhando lado a lado até o refeitório, brincando e conversando, como se fossem velhos amigos que se encontram depois de muito tempo

E talvez eles fossem...