"A Ilha Mako era um lugar repleto de mistérios, dentre os boatos de que o lugar era a morada dos tubarões e de várias criaturas místicas que afundavam qualquer barco que se aproximasse, apenas um deles era verdadeiro. Relatos de pescadores e viajantes que passavam por ali diziam ver belas mulheres nuas a beira da praia ou apoiadas em pedras, mas quando estes se aproximavam elas fugiam. Passavam dias vasculhando por toda ilha a procura de pelo menos uma delas, mas descobriam logo em seguida que a ilha era abandonada. Até que um dia um humilde pescador, apaixonado pela música que ouvia vindo das águas, procurou por semanas a dona da voz maravilhosa, e mesmo cansado e com dificuldade para arrumar comida, continuava determinado a reencontrar sua amada. Até que um dia, por um descuido ele escoregou de uma pedra, e o tombo que lhe tiraria a vida, lhe deu uma nova. O pescador escorregou por dentro de um túnel caindo em uma gruta pequena, mas com muitos corredores, alguns que não levavam a lugar nenhum. Ele ouviu a bela voz novamente e seguiu admirado ao encontro de sua amada. Um dos corredores levava a uma gruta ainda maior, onde no centro havia uma piscina natural, tão bela quanto as mulheres que ali se banhavam. Estas não eram humanas pois tinham uma longa cauda no lugar das pernas, e sua beleza era extraordinária. Apaixonado por uma delas, implorou para que a sereia ficasse com ele, dedicando a ela a sua vida. A sereia, encantada com os esforços do pescador para ve-la, puxou-o para o fundo do mar com um beijo, tornando-o um deles. "

Kylie já ouvira a mesma história tantas vezes que estava entediada, mas sua avó insistia em conta-la para qualquer um que visitasse a sua casa. Dessa vez a sortuda era Brooke, uma novata da escola que havia sido escolhida como parceira de biologia para a Kylie, que não havia ficado muito feliz com a escolha, mas quanto a isso não podia fazer nada. Brooke era uma garota comum sem nada de especial, tinha os cabelos loiros bem lisos e claros, olhos esverdeados e a pele bronzeada, mais ou menos todas as características que uma australiana tinha.

A ruiva não era a rainha da beleza, mas as vezes gostava de imaginar que era. Dentre tantas loiras e morenas na escola onde estudava, ela tinha os cabelos naturalmente avermelhados, olhos amendoados e a pele clara. Se ela era a rainha da escola? Possivelmente, mas gostava de mostrar para as pessoas que era humilde o suficiente para levar para a sua casa uma completa desconhecida, novata e sem nenhum senso de moda ou popularidade. Passou-se mais ou menos meia hora de estudos até que o celular de Kylie tocasse, nem precisou olhar no visor para saber quem lhe ligava, o toque "Call Me Maybe" dedurava Alexis, sua melhor amiga.

Alexis sim era como todas as outras garotas, mas tinha um senso de moda incrível, era super inteligente e fazia amizade fácil fácil, ela era o braço direito de Kylie. Além da personalidade radiante, os cabelos de Alexis eram mais puxados para o acobreado, dando um toque mais alaranjado ao loiro dos fios, deixando-os dourados.

- Kylie? Sei que você está fazendo o dever de biologia, mas os garotos queriam acampar hoje e todos querem a sua presença.

- Alexis... Você sabe que eu estou com uma companhia aqui, e duvido muito que ela vá querer passar a noite em uma floresta abandonada cheia de mosquitos. - O brilho nos olhos de Brooke diziam o quanto ela gostava da ideia, por mais que para Kylie parecesse repugnante. - Tudo bem, Brooke gostou da ideia, nos encontramos no píer daqui a duas horas.

Desligou o telefone sem se importar muito, sabia que a amiga já não ligava mais para o temperamento forte da ruiva, então as reclamações eram coisa do passado. Terminaram de estudar pelo resto da tarde, e lá para as cinco horas arrumaram algumas roupas e foram para o píer, parando apenas para que Brooke pegasse suas próprias roupas. A viagem foi tranquila, os pais de Matthew tinham um barco grande o bastante para que 6 adolescentes se sentissem confortáveis, mais os equipamentos de mergulho e de camping.

- Eu odeio esses mosquitos, por que aceitei vir mesmo? - Kylie perguntou, já pensando na possibilidade de voltar para casa nadando.

- Por que você me ama. - Alexis respondeu, e tão rápido quanto começou, a conversa se encerou.

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- Kylie, você poderia PELO AMOR DE DEUS largar esse celular? - Matthew perguntou pela milésima vez, já havia namorado Kylie no ano anterior e o namoro não deu certo, basicamente pela atenção que a ruiva dava ao seu smartphone versus o namorado ciumento.

- Eu estou sem sinal, preciso mandar uma mensagem para a minha mãe! - Reclamou, não sendo totalmente uma mentira. Estava sem sinal sim, mas precisava urgente garantir um lugar na festa mais badalada do ano, e não conseguiria isso se não se enturmasse com o pessoal da faculdade. - Alexis e Brooke, vocês poderiam vir comigo? Preciso encontrar um ponto mais alto...

Alexis sabia que o real motivo do convite era para fofocar, e entendia que a presença de Brooke ali seria apenas para tapear qualquer desconfiança. Brooke por outro lado, encarou como um pedido completamente normal e seguiu as meninas floresta adentro. Conversaram tanto sobre tantas coisas que mal perceberam que já estavam longe do acampamento, indo cada vez mais alto. A lua já começava a subir pelo céu conforme a escuridão chegava.

- Brooke cuidado por onde pisa! - Falou, tarde de mais. A garota já havia escorregado na fenda que se abria no chão, sendo jogada para dentro de uma caverna. - Brooke!

Um pouco machucada e atordoada, Brooke soltou uma exclamação de dor, mas garantiu as meninas que estava bem.

- Precisamos fazer alguma coisa, chamar os meninos. - Sugeriu Alexis, desesperada.

- Estamos perdidas A. temos que tira-la de lá nós mesmas, ou teremos que entrar para ajuda-la.

As duas tentaram em vão alcansa-la enquanto Brooke tentava escalar as paredes da caverna. Era inútil, o lugar era húmido, escorregadio e íngreme, ela não sairia de lá pelo mesmo lugar que chegara. Kylie deixou seu corpo ser levado pela fenda, para que assim pudesse ajudar de alguma forma a amiga machucada. Alexis, no susto também caíu, acabando com as esperanças dela de conseguirem subir novamente.

- Okay, então o que nós vamos fazer? - Brooke perguntou, apertando a mão contra o braço ralado, já escorrendo sangue.

- Não sei, teremos que dar um jeito de subir, ou ver para onde isso aqui dá. - Respondeu a outra loira, mas pela primeira vez, Kylie teve uma ideia melhor.

- Esperem só um momento. - A garota meteu a mão no bolso e de lá tirou um isqueiro, o acendeu e procurou por alguma saída. - Existem vários corredores, mas só ouço barulho de água corrente por um deles.

As meninas seguiram pelo corredor, encontrando no final uma gruta com um belo lago, muito parecido com as das histórias da avó da ruiva. Era uma piscina natural com águas cristalinas, adornada com conchas por sua volta, e do teto saía luz. Era como um vulcão, onde a saída da lava permitia a entrada da luz da lua. Lua cheia.

- Eu fui campeã do time de natação, posso ver aonde isso dá. - Falou, apontando para a piscina d'água.

- Mas é segura? - Alexis indagou.

- E que escolha nós temos? - Kylie deu de ombros, vendo Brooke ficar apenas de roupas íntimas a sua frente e mergulhar na água. Demorou mais ou menos um minuto para que voltasse, já com um sorriso no rosto.

- São uns 25 ou 30 segundos daqui até lá, a saída é bem espaçosa e não é muito fundo, dá para umas pedras próximas a praia.

A luz da lua ficava cada vez mais próxima, e as meninas pularam na água no momento exato em que a lua atingiu seu ponto máximo, ficando exatamente a cima da abertura do vulcão. As três sentiram uma leve mudança na água, até que bolhas começaram a surgir uma a uma, e em questão de segundos a piscina estava borbulhando. Amedrontadas, trataram de saírem logo dali.

Nadaram juntas até a praia e ali encontraram o barco em que vieram, junto aos seus amigos que acampavam na praia. Depois de responder várias perguntas, inclusive o motivo de estarem encharcadas, cuidaram dos ferimentos de Brooke, se alimentaram e dormiram, pela manhã voltaram para casa, como em qualquer outro dia normal.