-Eu gosto de você, Clawdeen! – Draculaura, com toda sua coragem, declarou-se para mim. Não havia ninguém no corredor do colégio naquele instante, mas mesmo assim, gritou seu amor em tom alto e sem inibição.

-Lala... – Não fui capaz de reagir imediatamente, se já não fosse complicado demais para Draculaura se relacionar com um lobisomem, sendo ela uma vampira, imagina então com uma lobisomem que, assim como ela, é uma garota.

A vampira deu um passo para frente, na minha direção e, além de nossas respirações, o barulho de seu salto alto batendo no chão é o único som que ecoou naqueles corredores vazios, Draculaura caiu em meus braços e apoiou a cabeça em meu peito, demonstrando total fraqueza e sensibilidade perante a mim, eu a abracei timidamente, sem palavras, sem dizer nada, mas ela continuou:

-O único motivo de eu namorar com o Clawd era porque queria estar mais perto de você. – As lágrimas começaram a se misturar com a tinta nos olhos da vampirinha, deixando sua maquiagem toda borrada em questão de instantes. – Apenas para tentar algo que fosse próximo de ser sua namorada, mas eu não consigo mais, você é minha paixão desde que eu te conheci! Preciso de você!

Após revelar-me seu segredo mais profundo, enfiou o rosto em meu peito, tentando conter o choro, seu cabelo preso em dois rabos de cavalos balançou perto do meu rosto, exalando uma fragrância docinha e gostosa, bem do tipo “cheirinho de menina” mesmo.

Chorando na minha blusa, Draculaura abraçou minha cintura, enquanto minhas mãos encostavam em seus ombros timidamente.

-Não vai me achar estranha? – Ela perguntou como se esperasse que eu me afastasse dela, mas ao mesmo tempo me abraçava forte e não me dava escapatória. – Não vai rir de mim por gostar de outra garota?

Eu nunca tive interesse algum em qualquer garota, e também sempre vi Draculaura apenas como minha melhor amiga, mas ao ouvi-la confessando seus sentimentos por mim, naquele exato momento, comecei a me sentir diferente em relação a ela; imaginar-me a abraçando e a beijando, imaginar-me a amando, fez completo sentido apesar de não fazer sentido algum. Simplesmente me senti muito bem com aquela ideia.

-Fala alguma coisa. – A vampira pediu, mas eu não obedeci, falava pouco, pois minha mente estava a mil. Ao invés de respondê-la, eu a abracei forte, trazendo seu corpo para mais perto do meu.

Mantive-me a abraçando por longos minutos que pareciam uma eternidade de tão nervosa que eu estava, ao mesmo tempo, minutos que pareceram ter passado em um segundo, pois não queria nunca mais ter que parar de sentir o aroma da minha Draculaura.

Minha Draculaura. Eu a abracei mais forte quando essas palavras pipocaram na minha mente. “Ela é minha... Ela pode ser minha... E eu acho que a quero” pensei. Inclinei minha cabeça sobre a dela.

Monster High é um lugar feito para todos, onde todos devem ser sentir em casa e ninguém deve ficar excluído, mas será que é um lugar que aceitaria duas garotas namorando? Eu não tinha a resposta para aquela pergunta, mas sabia que queria muito aquela menina para mim.

Continuei trocando respirações com ela naquele abraço apertado e quente, até que ela finalmente parou de chorar.

Depois daquela cena, nos dirigimos até o portão do colégio, não fui capaz de responder se correspondia aos seus sentimentos, tudo que disse a ela foi “você vai para minha casa hoje, vamos.”, e assim caminhamos até o portão sem trocar uma palavra sequer, mas Draculaura ficou tão próxima de mim, que pude sentir sua fragrância o caminho inteiro.