Hora do Mergulho - Feche os olhos tome ar. escrita por adiosalasca


Capítulo 1
Vai buscar o teu caminho...




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Mais um dia quente de Agosto e já estou me sentindo sufocada de estar aqui, sinto que já está na hora de arrumar as malas e me mandar. Não é fácil, mas lugar nenhum me pertence, e pretendo continuar pensando assim. Sou uma mochileira, vivo por aí, sem ter pra onde ir muito menos explicações para os "porquês" que me investigam. É muito mais fácil ir embora do que criar laços afetivos sejam qual forem.

~

Nem sempre eu fui mochileira, adquiri esse estilo de vida há mais ou menos uns dois anos quando decidi que minha vida era patética demais para continuar seguindo ela. Por que se preocupar em ir à escola, cursar a faculdade, ter emprego bem sucedido, construir uma família com um cara que eu nem sei se me faria feliz e viver conformada com tudo que não me preenchia? Não era o que eu queria para mim, não esperava que minha vida tivesse uma rotina, eu queria sair por aí conhecer outros lugares fotografar tudo que eu achava interessante e me satisfazer com as pequenas coisas. Após terminar o ensino médio resolvi que viveria minha vida do jeito que eu bem entendesse, meus pais não entendiam {1} porque não era o que eles sonharam pra mim {2} porque eles não entendiam meu desejo de liberdade.

Lembro-me das palavras de mamãe quando decidi que iria embora: " Olha garota, você volta aqui agora! Não vai à lugar nenhum." Eu não conseguia mais ouvi-la, não queria abandona-la, mas eu precisava conhecer, investigar e desdenhar tudo que eu sempre vira na TV, seriados e documentários, que mundo inexplorado era este, e por que eu não poderia viver e conhecer tudo aquilo? Então foi aí que eu decidi que estava mais do que na hora de me mandar daquela cidadezinha no Brasil que eu morava. Sim, eu morava no Brasil com meus pais na capital do Rio Grande do Sul. O Brasil é bastante interessante quando você viaja e conhece as diversidades do seu país. Que mochileira seria eu se não tivesse visitado a Bahia para degustar o Acarajé, ido à Olinda para curtir o Frevo, ido ao Pará provar do Açaí e apreciar o carimbó? Eu andei por quase todos os estados do meu País, mas resolvi expandir, ir para fora, buscar novos ares, mares, sons, e lembranças.

Antes de irmos direto ao que eu estou vivendo, deixe-me te contar como consegui tudo isto. Após furtar minha poupança, ignorar totalmente a necessidade de roupas e carregar comigo apenas uma câmera, alguns pertences pessoais e o dinheiro eu precisava para comprar as passagens, senti o peso de minhas decisões. Se você quer saber, não é nada fácil ser mochileira, não é só conhecer outros lugares e se divertir, existem muitas dificuldades e divergências em todas essas aventuras. Quando gastei quase todo o dinheiro que eu tinha, ficou bastante complicado, tive dificuldades em arrumar empregos, não quero me estabelecer, mas eu precisava ganhar dinheiro de alguma forma, passei ao menos um mês em cada lugar que passei, nem em todos lugares me dei bem, passar dias sem tomar banho, fome é terrível... Se você não consegue ficar uns dias sem tomar banho, ou suportar a fome, nem tente. Muitas pessoas acham que é egoísmo eu dizer a elas que se não conseguem lidar com essas coisas não tentem seguir o mesmo caminho que o meu. Engraçado porque elas querem viver assim porque acharem legais meu estilo, mas nem se preocupam em pensar nas consequências, acredito que qualquer desejo deve vir diretamente do interior do indivíduo, não apenas coisa de momento. Quando conto sobre o que passei as pessoas perguntam o porquê de não ter retornado para casa ainda. E eu digo que: Se você não encontrar a beleza nas dificuldades nunca conseguirá fazer nada. Se você não consegue passar pela chuva nunca vai apreciar o arco-íris.

Eu me chamo Luizy, tenho 20 anos deixei para trás toda minha vida, e o futuro que meus pais idealizaram para mim. Evitei contato com os antigos amigos, adquiri novas amizades, novos amores, novas perspectivas de vida. Não sou o tipo de garota que muitas pessoas pensam que eu sou. Apesar de levar essa vida eu sei me divertir e quase sempre eu me dou bem, não importa com quem você vai está numa sexta-feira, o que interessa é o que você vai fazer com essa pessoa nessa sexta-feira. E o que eu faço com as pessoas ? Faço elas lembrarem de mim. Não sei quem é você é, não sei se você é uma criança, um adolescente, um senhor, não sei de suas condições psíquicas, mas eu sei que quando você ler está carta não esquecerá do meu nome, e o quanto eu desejo ter uma vida extraordinária, e se você pode fazer algo pela sua, seja o que for. Faça.

~

Quando me despeço da cidade onde estou, eu deixo uma carta para qualquer pessoa que à encontra-la possa saber um pouco mais sobre mim. E saber que passei por ali. Mesmo sem me conhecerem, elas podem aprender alguma coisa com meu estilo de vida.


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Notas finais do capítulo

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