POV Amy

O final de semana com a Reagan não poderia ter sido melhor, depois de tudo o que passei com a Karma eu realmente precisava de um tempo para espairecer e a falta dela já começa a dar sinal. Após uma maravilhosa noite com Reagan, eu tive um sonho com a Karma, não um sonho com minha melhor amiga e sim um sonho com minha amante, minha parceira, e não pude deixar de imaginar como seria se eu estivesse com ela.

Já passa um pouco da hora de levantar, Lauren grita pelos corredores perguntando sobre o secador de cabelo e minha mãe bate na porta, antes mesmo que eu diga alguma coisa ela entra com um vestido nas mãos.

— Amy, eu vi esse vestido em uma loja ontem enquanto fazia compras com a Lauren e logo pensei em você, por que não vai com ele hoje?

— Sério, mãe?! - Faço a minha melhor cara de desanimo.

— Por favor, é um presente. - Pede novamente.

— Ok, eu vou, mas só hoje!

Ela sorri e me dá um abraço, retribuo, apesar de não estar acostumada com tal gesto vindo dela, isso de certa forma me reconforta e me dá ânimo para enfrentar o dia. Ela sai para que eu me vista, vou até o banheiro e faço a higiene pessoal, visto o vestido e fica melhor do que imaginei e logo lembro das roupas que Karma costuma usar e fico animada com a ideia de que talvez ela se anime em pedi-lo emprestado, mas minha fantasia é interrompida pelas batidas fortes de Lauren na porta.

— Amy, dá pra irmos? Não quero chegar atrasada, a eleição para o Grêmio Estudantil está quase ai e eu preciso mostrar a ótima aluna que sou. - Ela revira os olhos e sai sem me dar a chance de responder.

Pego a minha mochila, celular e paro para ver se tem alguma mensagem da Karma e me animo quando vejo que tem.

"Bom dia"

Esse não é o tipo de bom dia que Karma me mandaria, mas respondo da mesma forma de sempre e me preparo, pois depois dessa mensagem sinto que o dia não será dos melhores.

POV Karma

Acordo e fico deitada pensando em tudo o que aconteceu recentemente, em especial sobre Liam e Amy. Eu não consigo parar de pensar neles juntos, até tive um sonho sobre isso enquanto estava adormecida ao lado de Liam. Após o sonho recordo de me vestir apressada e correr pra casa e chorar até adormecer. E isso só me leva a uma conclusão: Não estou pronta para perdoá-los!

E mesmo tendo esse pensamento não consigo evitar de pegar o celular para mandar uma mensagem para Amy, mas me limito a um “Bom dia”, mesmo que quisesse escrever bem mais que isso. Sinto como estou me afastando, e imagino em como seria uma vida sem a Amy ao meu lado e me entristeço.

Eu me levanto, tomo um banho, escovo os dentes, e me visto. Hoje não me sinto animada para fazer maquiagem, ou escolher a roupa perfeita e acabo optando por uma calça jeans e uma blusa branca, sem deixar de imaginar como estava parecida com o estilo da Amy acabo colocando alguns acessórios.

POV Vashti

Segunda-feira. Mais um dia em Hester High começa, e quase todos estão envolvidos em alguma atividade relacionada à eleição do presidente do grêmio estudantil. Mas eu, Vashti, a repórter indiana dedicada estava atenta a tudo e registrando tudo o que acontecia.

Eu percebi uma troca de olhares entre Liam e Karma, o vestido que Amy estava vestindo e até as reuniões dos candidatos. Em uma mesa Shane está reunido com sua equipe e em outra está Lauren está discutindo com Leila sobre a foto perfeita para ser usada em seu cartaz. Alguns minutos se passam e assim que Lauren sai vou me reunir com Lisbeth e Leila.

— Garotas me digam... Qual é o plano? – pergunto curiosa.

— Nós vamos nos aproximar de Lauren e descobrir tudo o que podermos dela, faremos com que toda a escola saiba. E então nossos colegas irão fazer todo o trabalho por nós. – falou a japonesa com um sorriso no rosto.

— E durante a eleição teremos a nossa vingança definitiva! Mas você não vai ficar sabendo dessa parte do plano por enquanto. O importante é que ela não desconfie de nós. Entendido? – perguntou Lisbeth.

— Muito bem entendido, minhas queridas! – lhes dei um sorriso e segui meu caminho observando os acontecimentos.

POV Liam

Cheguei a escola determinado a falar com Karma, mas não o fiz. Antes que eu tivesse a chance ela se sentou com algumas garotas, e então segui para a oficina de arte. Ao entrar não pude deixar de lembrar da linda noite que tive com Karma, e automaticamente me lembrei também de acordar sozinho na manhã seguinte.

— Você acredita que eu ainda não consegui falar com o Duke?! – Grita Shane sentando na minha frente.

— Por que? – Pergunto tentando parecer interessado.

— Pessoas. Câmeras. Flashes. Aqueles curiosos não me deram espaço para entrar, ainda tiraram várias fotos minhas! Eu não achei ruim, mas o que eu queria mesmo era falar com ele.

— E por que não foi lá no domingo? – Pergunto.

— Domingo é o dia do Shane, amigo, como acha que mantenho essa pele?

— Ah claro, como não pensei nisso. – Reviro os olhos.

— Mas vou lá hoje a noite e quem sabe não resolvemos isso com algo além de uma conversa. – Diz ele com aquele sorriso pretencioso.

— Boa sorte, Shane. Se ele disse aquilo na TV é porque realmente tem sentimentos por você e quem deve desculpas na verdade é ele, mas isso vocês resolvem.

— Sim, mas vamos falar de ti, Sr. Booker. Não me diga que esse desanimo todo é por causa da Karma. – Ele fala colocando os cotovelos na mesa e apoiando a cabeça nas mãos.

— Tem sido bem complicado. – Falo olhando na direção do sofá.

— Não é o que me parece, acho que foi bem simples. – Diz Shane assim que percebe a direção que estou olhando.

— Como é que você percebe essas coisas? – Pergunto surpreso.

— Eu tenho algo chamado sensor sexual. – Ele arqueia uma sobrancelha. – Além do mais, o que seria isso aqui?

Ele anda na direção do sofá e pega o sutiã preto que Karma estava usando naquela noite e joga na minha cara.

— Melhor aprender a encobrir os seus rastros, garotão. – Fala debochado.

— Não tem a ver com sexo, tem a ver com a situação em si, fora que ela disse que não tinha me perdoado, saiu no meio da madrugada e não fala comigo desde então.

— Eu não sou fã dessa garota e nem sei o que vocês veem nela, mas dê um tempo que com certeza depois ela volta, não consegue ficar sozinha um minuto e pode ter certeza que trará os carmas junto, se é que me entende. – Ele fala e sai rindo da minha cara.

POV Lauren

Dia completamente estressante, porém produtivo, não imaginava que aquelas garotas estivessem tão dispostas a me ajudar, mas deram muitas ideias boas, que com certeza precisam ser melhoradas, mas não deixam de ser boazinhas. Avisto Amy chegando daquele jeito desleixado e meio homem dela, como essa menina consegue ser assim?

— E essa cara de cachorro abandonado, Amy? Karma não te deu atenção hoje?

Ela apenas me olha e revira os olhos, se encosta na árvore ao lado e de cinco em cinco segundos olha para o celular me deixando extremamente impaciente até que pego o celular das mãos dela e o guardo na minha bolsa, ela me olha incrédula.

— Esse sua mania de ficar esperando pela Karma me cansa, se quer falar com ela mande mensagem ou então vê até onde ela consegue ir com isso, se valorize e dê o tempo que ela precisa.

— Mas não nos falamos desde sábado e isso nunca aconteceu entre nós duas. – Fala Amy desanimada.

— Para tudo tem uma primeira vez. Vamos que estou vendo Farrah vindo ali. – Puxo esse saco de desanimo até o carro.

O caminho é tranquilo, Farrah fazendo inúmeras perguntas, Amy respondendo tudo com palavras monossilábicas e eu tentando não deixa-la falando só. Chegamos em casa e subo direto para o quarto, tiro as roupas e tomo um banho relaxante de 20 minutos, faço todo o meu processo de beleza até que escuto Farrah nos chamando no andar de baixo.

Amy sai na minha frente e anda arrastando os pés, a empurro pelo corredor até que chegamos nas escadas e ela desce um pouco mais rápido, parece até que leu a minha mente e viu o que eu faria caso ela fosse descer devagar.

— Temos uma surpresa! – Fala Farrah pulando ao lado de meu pai.

— Íamos falar apenas no fim de semana, mas pra que esperar, até porque sei que minha Lauren odeia esperar e vocês vão adorar.

— Compramos um carro pra vocês! – Grita Farrah.

Olho para Amy, ela está parada olhando para eles, não perco tempo e corro para a garagem. Um New Bettle branco conversível com um grande laço rosa na frente me enche os olhos, pulo igual uma boba no colo do meu pai agradecendo o lindo presente enquanto Amy fica parada na frente do carro apenas olhando.

— E cadê o carro da Amy? – Pergunto

— Esse carro será das duas. – Meu pai fala sorrindo.

— Como vocês esperam que a gente divida um carro?! Corte ele no meio?! Ela nem gosta de ir para os lugares que eu vou.

— Vocês já são responsáveis e maduras o suficiente para administrar isso, garotas, é só ter o bom senso. – Responde Farrah.

— Nós não conseguimos nem ficar no mesmo cômodo em paz! Imagina dividir um carro! Vocês querem que a gente sofra um acidente? Pra ficar com só uma de nós duas e ter que dividir também?

— Pare de reclamar, Lauren! Pelo menos agora podemos ir e vir a hora que quisermos e sem privá-los das coisas que eles têm que fazer.

Olho para eles e eles simplesmente concordam com Amy, o que me deixa mais brava ainda, subo para meu quarto e tranco a porta decidida a mostrar pra eles minha insatisfação, quem sabe assim eu consiga o que eu quero.

POV Duke.

No porão de casa termino de instalar meus aparelhos de musculação, sinto falta de Shane que nessas horas estaria tornando tudo mais divertido, percebo que me apeguei a ele de uma forma que não imaginei que aconteceria e pela primeira vez em muito tempo estou apaixonado, o que me fez assumir minha homossexualidade publicamente independente das consequências.

Esperei por uma resposta de Shane e nada, mas também não mandei mensagens, quando ele quiser, que venha até mim, já fiz a minha parte e agora ele que faça a dele de vir até mim caso ele ainda queira alguma coisa. Meu celular toca na mesinha e eu corro para atender, surpreso ao ver o nome na tela, atendo.

— Quando esses curiosos vão sair da frente da sua casa? – Pergunta Shane no mesmo tom autoritário de sempre.

— Shane? – Pergunto sem acreditar.

— Não, meu amor, a Lady Gaga! Claro que sou eu, bobo. Posso ir ai?

— Estou te esperando, só dar um toque quando chegar.

— Então já pode sair aqui.