Flutuando com você escrita por Dheb


Capítulo 1
Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596852/chapter/1

Eu já havia estragado muitas coisas na minha vida e ainda estava no começo dela. Dessa vez eu não poderia estragar nada. Era meu primeiro dia trabalhando como garçom em um restaurante fast food, chamado Fairy World Diner e eu tinha que ficar na minha, aliás, eu já estava bastante acostumado a isso então pensei que não seria problema mesmo.

— COSMO! — era o gerente do lugar e como era meu primeiro dia e ele sabia que eu era problemático e distraído devia estar ansioso pra saber como eu me daria lidando com a pressão. — Atenda as garotas na mesa dos fundos! Sanduiche e milk-shake, aqui está! E nada de confusões entendeu? Ou é rua!

Eu assenti devagar, embora não tivesse entendido muita coisa do que ele tinha falado ele me entregou a bandeja com os pedidos e eu me dirigi até a mesa dos fundos. Mesmo sendo pressionado pelo gerente eu estava ansioso pelo primeiro dia e aliás eu já havia me decidido não ia causar problemas e nem deixar que nada me distraís... Foi ai que eu vi aquela garota. Na mesa estava sentada uma garota de cabelos e olhos rosa e de vestidinho amarelo. De repente eu comecei a ficar nervoso e tudo piorou quando ela se virou pra mim sorrindo. O sorriso mais lindo e sincero que eu já tinha visto. Eu acabei ficando com um sorriso bobo em meu rosto só de saber que ela estava me olhando.

Então, de algum jeito que não sei como eu acabei me desequilibrando com a bandeja e acabei que derrubei tudo na bandeja em cima dela e de mim, mas eu não desmanchei o sorriso que estava estampado no meu rosto. Mas, agora já era, eu já havia estragado tudo, já esperava que ela iria gritar comigo ou reclamar com o gerente sobre mim, mas a reação dela foi contrária a que eu imaginava.

Ela continuava sorrindo para mim, mesmo coberta de milk-shake. Ela me parecia tão... doce e agora estava literalmente doce.

— COSMO!!! — ouvi quando a voz do gerente me chamava gritando.

— S-s-sim? — eu perguntei com medo, mas ainda olhando para a garota de cabelos rosa.

— O que você fez seu desastrado? Eu disse pra entregar a comida e não derrubá-la! — o gerente me pegou pelo braço e me sacudiu um pouco fazendo com que eu olhasse para ele. Eu encolhi meus olhos e olhei para baixo. Eu havia estragado tudo, de novo. Aquela garota provavelmente iria gritar comigo e dizer que nunca iria querer me ver novamente, mas ela fez algo que não achei de maneira alguma que ela faria. Eu estraguei tudo, eu estraguei tudo...

— Não foi culpa dele. — eu, o gerente, as garotas da mesa e todo mundo que estava no restaurante a encararam espantada. — Quer dizer, ele derrubou a bandeja, mas... Não precisa trata-lo assim, não foi nada de mais.

Todos ainda estavam espantados com a atitude dela e eu principalmente. Não acredito que ela me defendeu.

— Ah, sim... Perdão senhorita. Mas, você Cosmo vem comigo... Se ele derrubou a bandeja então vai ter que arcar com o prejuízo! — ele pôs a mão no meu braço, mas eu continuava com a mesma reação de espanto e felicidade. Ainda não acreditava que alguém havia me defendido.

— Não, eu vou pagar o prejuízo. E ele parece estar em choque, por que não o deixa descansar um pouco senhor? — eu olhei para a moça e depois olhei lentamente para o gerente, ele soltou meu braço devagar e pareceu relaxar, assim como eu. A moça fez um biquinho para o gerente que sorriu um pouco para ela.

— Tudo bem moça... — ele falou um pouco suave, mas se virou brutamente para mim. — Mas, só quinze minutos! — ele falou olhando nos meus olhos e me pareceu irritado.

— Está tudo bem, vem pode se sentar aqui... — a moça foi logo pegando minha mão e me puxando para a mesa, eu estava em estado de choque e não falei nada, mas, quando ela pegou em minha mão um sorriso logo se formou em meu rosto e ela sorriu de volta. Pegou sua varinha e ela se iluminou enquanto ela a apontava para si mesma, para se limpar. — Quer que eu te ajude a se limpar?

Ela me perguntou, mas, eu estava sem fala. Não conseguia pensar em nada pra falar, mas eu ainda estava com um sorriso bobo no rosto e tinha quase certeza que havia ficado um pouco vermelho. Percebi que ela também tinha ficado envergonhada, pois ela deu uma risadinha e pôs uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.

— Está bem, eu vou te limpar... — ela apontou a varinha em minha direção e ela emanou uma luz breve e quando dei por mim estava limpo.

— Ahn... Amiga, nós já vamos indo... — as duas garotas que estavam sentadas na mesma mesa que ela estavam se levantando e se preparando para voar para longe.

— Já garotas? — a moça de cabelos rosa falou.

— Aham, nós temos que fazer algumas coisas... Tchauzinho... — elas acenaram para a moça e saíram. A garota ao meu lado me olhou curiosa, mas parecia estar envergonhada para falar comigo. Eu finalmente pensei em algo pra dizer.

— Ahn... M-me desculpe... Não precisava ter me defendido. Já estou acostumado a levar bronca... — eu falei abaixando um pouco a cabeça, mas ainda sorria envergonhado. Senti algo me tocar suavemente e notei que era a mão da moça que estava no meu ombro.

— Tudo bem, você não tinha que levar bronca. Foi apenas um acidente. — ela falou suavemente com um sorriso brilhante em seu rosto. Eu tinha que sorrir de volta.

— Obrigado. — eu sussurrei baixinho. Foi apenas o que consegui dizer.

— De nada. Ahn... Qual o seu nome mesmo? — ela me falou ainda sorrindo e parecia curiosa.

— C-c-cosmo. Cosmo. Meu nome é Cosmo. — Eu tinha que gaguejar tanto assim? Na verdade eu estava muito nervoso por estar tão próximo a uma garota, principalmente essa garota.

— Que belo nome. O meu é Wanda. — Wanda, então esse era o nome dela. Era a única coisa que se passava na minha cabeça naquele momento. Wanda. Wanda. Wanda. Eu sorri para ela e baixei o olhar envergonhado. Ela deu uma risadinha nervosa.

— Wanda, tipo laWanda. Eu gosto de lavanda. — Ah não. O que eu tinha dito? Aquilo foi uma bobagem. Ah não, estraguei tudo agora.

— Ahn... Obrigada. — ela falou franzindo a testa confusa, mas ainda sorria. Ufa, talvez não tivesse estragado. — Você está bem? Me parecia tão assustado!

— Estou bem, não precisa se preocupar... — eu sorri um pouco, embora imaginasse o quanto que o gerente iria gritar comigo mais tarde.

— Ele é sempre assim com você? — ela perguntou me olhando torto.

— Hã? — eu perguntei confuso.

— O gerente desse lugar, ele sempre briga com você assim Cosmo? — ela perguntou apoiando seus cotovelos na mesa. Ela disse meu nome, ficava tão mais bonito quando ela dizia meu nome. Sua voz era doce e suave, eu podia ficar a ouvindo falar meu nome quantas vezes ela quisesse.

— Sim. — ela arregalou os olhos, provavelmente havia ficado muito surpresa.

— Por quê? — ela perguntou calmamente.

— Eu só faço trapalhadas... — eu baixei o olhar com vergonha de dizer isso a ela e triste por que achava que ela não gostaria de mim.

— Isso não pode ser. Você me parece ser muito inteligente, Cosmo. — eu arregalei os olhos para ela. Eu tinha ouvido certo? Ela me elogiou? Disse que eu era inteligente? Ninguém tinha dito que eu era inteligente antes.

— O-o que? — eu gaguejei um pouco enquanto perguntava.

— Você me parece ser muito inteligente... — ela falou e me parecia convencida no que dizia.

— Se você soubesse tudo que eu já aprontei... — eu falei baixando o olhar novamente.

— Isso não importa. Se você treinar suas habilidades poderia se dar bem... — ela falava bastante otimista.

— E se minha habilidade for confusão? Se eu a treinasse poderia destruir o universo. — ela deu uma risada alta e eu ri um pouco com a maneira que ela ria. Ela tinha uma risada encantadora. Wanda pôs uma mão no meu ombro suavemente.

— Você é muito engraçado, Cosmo... Gostei de você. — Nós nos olhamos e por um momento ela me olhou intensamente com seus olhos cor de rosa. Eu acho que estava vermelho como um tomate, com a maneira que ela me olhava. Cheguei até a pensar que iríamos nos beijar, mas um grito fez com que voltássemos à realidade.

— COSMO! VOLTE AO TRABALHO! — o gerente gritava pelo meu nome e eu quase podia sentir o lugar tremer todo quando ele gritava. Wanda e eu olhamos para os lados opostos envergonhados. Ela mexia no seu cabelo nervosamente.

— Acho que é melhor eu ir... Até mais, Cosmo. — Algo na maneira como ela falou meu nome parecia que ela não queria ir e eu não queria deixa-la ir, mas eu tinha que voltar ao trabalho.

— Até mais... Wanda... — eu me levantei e dei espaço para que ela saísse. Ela se levantou devagar me olhando, deu um pequeno sorriso e se virou para ir embora. Eu não queria que ela fosse. Eu queria ficar mais tempo com ela. Aquela garota era especial, eu sabia. Tinha que fazer algo.

— WANDA! — eu falei um pouco mais alto do que esperava. Ela se virou rapidamente e parecia estar um pouco surpresa, mas pude notar que ela tentava reprimir um sorriso.

— O que? — ela falou sorrindo agora abertamente e se aproximando.

— Eu... É... Eu... Eu... Eu... — E agora? O que eu faço? O que eu digo? Não vai sair nada. Não sei o que dizer...

— Você...? Fala, fala, fala... — ela falava e parecia estar ansiosa para que eu dissesse algo, mas eu não fazia ideia do que falar.

— Se você queria... Er... — eu fiquei procurando as palavras na minha mente, mas não vinha direito.

— Sair comigo? — eu arregalei meus olhos e corei um pouco. — Você tá querendo sair comigo é isso?

Eu não consegui falar então, apenas balancei a cabeça acenando lentamente. Foi ai que reparei que todo mundo no restaurante estava nos olhando com expectativa. Ela sorriu e pôs a mão no meu rosto, tocando suavemente.

— Claro Cosmo, eu quero sair com você. — eu congelei na mesma hora. Aquela frase... Ela tinha dito mesmo aquilo? Ela queria sair mesmo comigo? Eu podia ouvir os murmúrios dos que estavam ao redor nas mesas. Wanda estava muito próxima a mim e baixou a mão do meu rosto, percebi que ela corou e olhou para seus pés.

— S-s-sério? — eu falei sem acreditar. Ela ergueu a cabeça e assentiu sorrindo. — Q-que ótimo! A que horas... Quer dizer, quando... Quer dizer...

Ela interrompeu o meu falatório com uma risada divertida.

— Pode ser quando você acabar o trabalho aqui... Pode ser?

— Clar-claro. — Eu falei meio nervoso e ela sorriu.

— Ótimo, então, mais ou menos umas... Sete. Pode ser?

— Sim. — eu falei sorrindo e coçando a nuca nervosamente.

— Tá... Então... Até mais tarde, Cosmo. Tchau. — ela me beijou suavemente na bochecha. Eu fiquei com uma cara de bobo apaixonado e a olhei enquanto saia e acenava para mim. Eu toquei o lugar onde ela me beijou na bochecha e fiquei repetindo a cena diversas vezes na minha mente.

— COSMO! — o gerente me pegou pelo ombro e me sacudiu na tentativa de me alertar, mas eu não me importava com nada nesse momento. Só conseguia pensar na Wanda. — ACORDA... ACORDA...

— ACORDA!

— Hã? Mama? Que, que foi? — Eu fiquei com meu sorriso até quando cheguei em casa e encontrei com minha mãe que me olhava reprovando minha atitude.

— Você está mais distraído que o normal hoje Cosmo! — eu tentava me concertar para não deixar aparente que estava gamado numa certa garota, mas eu não era bom nisso.

— E-eu?

— Sim, você mocinho. O que houve no trabalho? Já arranjou confusão?

Pensei que talvez se eu contasse a ele da Wanda, ela talvez me apoiasse e me ajudasse a me abrir com ela.

— Hã... Na verdade, eu conheci alguém hoje...

— Quem? — Mama Cosma me perguntou erguendo uma sobrancelha. Eu me sentava a beira da janela de casa e olhava para fora.

— Uma garota, mãe você tem que conhecê-la. É a melhor garota que já conheci. Ah... Olha ela mãe! — Eu a vi quando flutuava pela calçada em frente a minha casa, com suas amigas a acompanhando. Eu imediatamente corri a para a porta, queria falar com ela, mas Mama me interrompeu, me pegando pelo colarinho da minha camisa, me fazendo voltar para olhá-la.

— Cosmo, essa garota não é pra você. Não quero que fale com ela... — O que? Não podia mais falar com a Wanda? Mas, aquela garota era especial, será que mama não entendia?

— Mas, mãe essa garota é especial pra mim! Ela é diferente, é doce... — eu falava sonhando com o momento do beijo na bochecha.

— Não! Não se encontre com ela de novo... — eu baixei o olhar, fiquei triste com a maneira que mama havia falado. — Oh, meu querido, só quero o seu bem e o melhor pra você é ficar aqui comigo. Eu te amo filho, agora vai pro seu quarto...

Eu subi para meu quarto, mas eu não iria desistir da Wanda. Aquela garota era especial e eu tinha certeza. Eu tinha que dizer a ela. Mesmo que ela não sentisse a mesma coisa, mas, pelo menos eu tinha tentado. Mas, eu não era bom com palavras. Poderia sair qualquer maluquice da minha boca, menos o que eu queria dizer. Eu fiquei repetindo a frase “Eu te amo, Wanda”, em frente ao espelho diversas vezes, mas algumas vezes eu dizia algo totalmente diferente. Eu bati na minha cabeça várias vezes para tentar me consertar, talvez me declarar não daria certo, mas eu iria tentar. Eu vesti uma roupa idêntica a que eu estava antes e me olhei no espelho, eu esperava impressionar a Wanda, mas eu não era do tipo “impressionante”. Eu sai de fininho, queria encontrar Wanda o mais rápido possível, mas não queria que Mama me visse, ela iria brigar se eu dissesse a verdade e eu não sou bom em enrolar. Então eu tive uma ideia. Fui até a cozinha e mama não estava lá, abri a geladeira e avistei a garrafa de leite. Tomei todo o resto de leite que tinha nela e joguei a garrafa no lixo.

Mama estava sentada na sala lendo algo, enquanto eu me aproximava devagar.

— Mama...

— Hm...? — ela murmurou ainda olhando para o livro.

— Eu tô indo comprar leite. — eu falei mexendo nos meus dedos.

— Como assim? Tem leite na geladeira... — ela falou apontando para a cozinha.

— Não tem não... Acabou. — ela me olhou por um momento e depois sorriu.

— Está bem querido, pode ir... Mas, não demore hein? — ela voltou o olhar para o livro e eu voei para a porta.

Fui voando até que avistei um canteiro de flores roxas que havia em frente a minha casa. Claro, garotas deviam gostar de flores. Eu peguei um monte delas pra levar para Wanda. Flutuei pela calçada com as flores me cobrindo a visão, algumas fadas resmungavam por que eu esbarrava em algumas delas. De repente, ouço aquela voz familiar chamar pelo meu nome.

— Cosmo? — eu tirei as flores do meu rosto, para ver Wanda sorrindo bem a minha frente. Ela estava linda, com um vestido amarelo e seu cabelo e olhos rosa reluziam.

— Sim... Sou eu... — eu sorri abertamente.

Ela deu uma risadinha e ficou balançando seu pé, parecia envergonhada, mas não tanto quanto eu. Ela está na minha frente e eu não digo nada, por que não digo nada? Voltei a ficar nervoso como quando ela havia me tocado pela primeira vez.

— Cosmo, você está bem? — ela perguntou e me parecia preocupada, talvez eu estivesse nervoso até demais.

— Sim, eu estava indo te encontrar... — eu finalmente havia encontrado as palavras certas.

— Ah... Eu também, quer dizer, indo encontrar você. — ela brincou com uma mecha de seu cabelo rosa.

Eu tomei conhecimento do buquê de flores que havia colhido pra ela.

— São pra você, Wanda... — eu lhe entreguei o buquê e ela sorriu brilhantemente quando avistou as flores. Mas, ai quando pensei que tudo estava indo bem, uma abelha gigante surgiu de dentro das flores e voou para atacar Wanda. Ela gritou e correu pra longe.

— WANDA! WANDAAAAA! — eu gritei mas, ela havia voado para longe. Eu fiquei sem reação, mas eu não podia deixar que uma abelha gigante atacasse minha amada Wanda. Eu voei no caminho que Wanda percorreu, mas logo a avistei voltando. Ela parou ao meu lado ofegante. — Wanda, Wanda, Wanda... Você tá bem?

Ela não respondeu apenas se apoiou em mim para descansar e assentiu com a cabeça, enquanto sorria.

— Ela não te picou? Não te atacou? — eu perguntei a segurando pelos braços e olhando para ela para ver se avistava algum machucado. Ela sorriu.

— Não, mas eu amei... — eu havia ficado confuso. Ela amou ser atacada por uma abelha?

— Você gosta de ser atacada por abelhas? Estranho, pensei que garotas gostassem de flores... — eu comentei inocentemente. Ela deu uma risadinha.

— Cosmo... Eu quis dizer que eu amei as flores. São tão bonitas. E eu gosto de abelhas, mas não gosto de ser atacada. — nós dois rimos. Eu lhe entreguei as flores e ela as cheirou. Wanda era mesmo uma garota encantadora.

— Vem Cosmo... — Wanda do nada segurou meu braço e nos levou para cima, para as nuvens, onde ficamos próximos ao arco-íris principal da cidade. Alguns casais de namorados costumavam ir lá para apreciar a vista na companhia uns dos outros. Não imaginava que um dia levaria uma garota para lá ou que uma garota me levaria. — Não é lindo?

Ela falava olhando para o arco-íris, eu só conseguia olhar para ela.

— É... — eu falei olhando para Wanda, ela se virou para olhar para mim e acabou se dando conta que eu estava falando dela, ela olhou para suas mãos e percebi um rubor se espalhar sobre seu rosto. — Wanda, eu queria... Te falar uma... coisa...

— O que é? — ela perguntou agora olhando para frente e continuava sorrindo.

— Wanda... é que... Te amo tu... NÃO, não é assim! É que... Amor você eu abelha... Gr... Não é isso... Não é isso... — eu fui interrompido com a risada de Wanda. Eu baixei o olhar, era isso. Ela não gostava de mim, eu era um bobo mesmo de pensar que...

— Eu também te amo, Cosmo. — O que? O que ela tinha dito? Como ela sabia que...? E como... ela... me... ama? ELA ME AMA!

— Vo-você m-me ama-a? — eu perguntei gaguejando e eu estava mais envergonhado do que antes.

— Claro que sim, eu não sei como, mas, quando eu te vi hoje senti algo diferente. Você não é como os outros caras que eu conheci, você é engraçado, divertido, é uma gracinha. — ela falou acariciando meu rosto gentilmente. Eu apenas sorri enquanto aproveitava aquele gesto de carinho. Aquilo até me parecia um sonho. Aquela era a garota dos meus sonhos e eu queria que ela fosse a garota da minha realidade para sempre.

— Wanda... — o nome dela foi a última coisa que eu disse antes de abraça-la de descansar minha cabeça em seu ombro, a última coisa que lembro antes de adormecer foi o toque suave das delicadas mãos de Wanda me envolvendo no abraço.

Quando acordei na manhã seguinte, já estava no meu quarto. Me levantei e ouvi um barulho de papel na minha cama, havia um bilhete nela. Eu o abri quando abri algo como uma tela e com a imagem de Wanda apareceu, era uma mensagem da Wanda. Eu sorri e a mensagem começou a ser passada para mim, como em uma mini tevê. “Cosmo, ontem nós estávamos próximos ao arco-íris e você adormeceu. Eu não podia te acordar, você estava dormindo como um bebezão, brincadeira... Ou não... Está bem, um bebezão muito fofo... Então te trouxe até sua casa, sem que ninguém notasse, claro. Eu me diverti muito ontem e espero que você também. Sabe hoje a galera que eu conheço vão até aquele mesmo lugar para assistir a um filme novo, se tiver a fim de ir, é as sete também. Até mais, Cosmo. Eu te amo!” Assim que a mensagem acabou eu sorri largamente comecei a voar alegremente pelo quarto. Ouvi uma batida na porta e voltei para a cama, coloquei o bilhete embaixo da cama e fingi estar dormindo, não deu tão certo. Mama entrou e me balançou.

— Hã? O que? — eu perguntei confuso pelo o porquê ela estava me sacudindo.

— Cadê o leite Cosmo? — ela perguntou de forma alarmante.

— Que leite? — eu não fazia ideia do que ela estava falando.

— O leite que você ia comprar... Ontem! Aliás, que horas você chegou ontem? Não te vi quando chegou... — ela me encheu de perguntas e eu não sabia o que dizer...

— Mãe... Aquele ali sou eu? — eu apontei para o espelho que estava mostrando meu reflexo, enquanto Mama se virava para olhar eu voei para longe. Aliás, eu tinha que estar no trabalho, não podia perdê-lo. Pelo menos eu havia distraído a Mama, agora teria que distraí-la também para poder ir ao encontro com Wanda. Um encontro com Wanda. No trabalho só o que pensava era nela, no encontro com ela, na maneira como ela sorria na forma como ela dizia meu nome e quando ela disse que me amava... Eu até derrubei algumas bandejas e escorreguei algumas vezes no trabalho, devido a minha desatenção. Mas, eu continuava feliz. Foi ai que um casal de fadas apareceu no restaurante, abraçado. Quando eu fui atende-los reparei que a moça usava um anel e ela comentava algo com o outro sobre “casamento”. Talvez eles fossem recém-fadados e pareciam estar felizes. Eu imediatamente me imaginei daquela forma com Wanda. Claro, Wanda era a garota certa, eu sabia. Mas, Mama não aprovaria e talvez fosse muita loucura nos casarmos. Talvez fosse muito cedo. Mas, eu queria mais do que todas essas dificuldades, ficar com Wanda. Queria tê-la ao meu lado. Ela me encorajava, mesmo quando eu era atrapalhado e me achava divertido e me amava. E eu a amava, mesmo que não tivesse conseguido dizer a ela, eu ainda a amava e iria amá-la sempre, então por que não casar? Meu pai, antes que eu o transformasse em uma mosca, dizia que quando eu encontrasse a garota ideal, não demorasse a fazer o pedido. Eu queria fazer o pedido, mas ainda tinha mais um problema. Eu não tinha anel. Não podia propor sem um anel. Foi ai que eu olhei para a caneta que eu anotava os pedidos dos clientes. Aquilo me deu uma ideia, peguei a tampa da caneta, que estava um pouco mastigada, e a modifiquei de forma que se parecesse com um anel. Não ficou tão bom quanto eu queria, e nem de longe aquilo seria o tipo de anel que a Wanda merecia. Eu não tinha dinheiro pra comprar algo melhor e estava quase chegando a hora do encontro. Eu tinha que me acalmar e me concentrar no que ia falar pra ela.

— Cosmo, sem moleza, você ainda tem que trabalhar! — o gerente gritou pra mim e eu acenei. Primeiro eu acabava o trabalho e depois corria para o encontro.

Assim que acabou, eu lembrei que tinha que ir em casa trocar de roupa, eu estava cheirando a hambúrguer e suco de amora que eu havia derramado em cima no trabalho. Entrei em casa, me limpei, troquei de roupa e coloquei o anel improvisado no bolso. Desci e avistei Mama sentada na sala, dessa vez estava comendo pipoca.

— Mãe, tô indo comprar leite... Até mais! — eu tentei sair antes que ela dissesse algo.

— Cosmo... — me virei lentamente para encará-la, ela me olhou — Vê se trás o leite dessa vez.

— Talvez não dê, mãe. — eu falei e sorri para ela, ela sorriu levemente e notei que ela segurava um papel na mão, me parecia um bilhete. Parecia até o bilhete que... Não... Não podia ser. Eu acenei para ela antes de sair pela porta e voei até o lugar do nosso encontro.

— Cosmo... — eu me virei para onde estava a voz da minha amada.

— Wanda... — ela estava sentada em uma nuvem ao lado das amigas, mas se levantou para me abraçar.

Ela me deu um forte abraço, e eu fiquei muito vermelho. Ela riu quando viu o estado em que eu estava e segurou minha mão me puxando para uma nuvem um pouco distante dos seus amigos que estavam assistindo a um filme em uma tevê flutuante.

— Cosmo, eu senti sua falta. — ela falou enquanto sentávamos e ela ia soltar minha mão, mas eu a segurei mais forte, ela sorriu para mim.

— Wanda, desculpa por ontem... —Ela me olhou com uma expressão de confusão no rosto. — Eu dormi, não falei que te amava... Ontem eu fui um desastre...

— Você não é um desastre, Cosmo. Às vezes você é desastrado, eu não posso negar, mas, eu gosto de você, do jeito que você é. E não fiquei chateada por que dormiu, você dorme como um anjinho. E a parte que você fala que me ama, ainda pode rolar hoje... — ela falou sorrindo para mim.

— Wanda... — eu comecei a falar, eu estava nervoso, mas dessa vez não ia deixar o nervosismo tomar conta de mim. — Eu... te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Eu repeti a frase e olhava nos olhos dela, estavam brilhando, ela estava emocionada. Me abraçou e ficou com seu rosto enterrado no meu peito.

— Ah, Cosmo... — ela falava ainda abraçada a mim, eu devolvi o abraço com a mesma intensidade que ela. Meu coração batia apressado e podia sentir o dela também, parecia que havíamos acabado de correr uma maratona, mas era apenas a emoção de estarmos juntos.

— Wanda... — ela se afastou sorrindo e limpando uma lágrima que corria pelo seu rosto. Ela era linda de todo o jeito, até chorando. — Quero te pedir uma coisa... Não me ache um doido pelo o que eu vou te pedir, tá bem?

Ela assentiu ainda sorrindo.

— É que eu... — eu olhei para baixo e pus a mão no meu bolso pegando o anel que eu tinha improvisado. — Eu sei que só te conheço a... um dia mais ou menos... mas, eu sinto uma coisa diferente por você... Essa coisa se chama amor. Eu sei por que, eu não paro de pensar em você, eu poderia ficar sempre ao seu lado, quando eu vejo algodão doce eu penso no seu cabelo... —ela deu uma risadinha com meu comentário e eu prossegui. — Quando eu te vejo sorrindo... É a coisa mais linda. Eu vi um casal de recém-fadados hoje no restaurante e imaginei você e eu juntos da mesma forma que eles... É uma loucura, eu sei... Talvez você nunca mais queira me ver depois do que eu vou te pedir, mas... — eu lhe mostrei o anel e olhei em seus olhos. — Você quer casar comigo?

Eu fechei os olhos com força. Seja lá qual fosse a reação dela eu achava não estar preparado para ver. Senti algo quente envolver meus braços, abri os olhos lentamente e vi Wanda me abraçando amorosamente. Ela ergueu o olhar para mim, com um sorriso enorme e divertido em seu rosto.

— Sim, sim, sim Cosmo. Vamos nos casar. Eu aceito me casar, eu aceito. — ela ficou batendo palminhas e logo me abraçou de novo, eu devolvi o abraço ainda sem acreditar no que tinha ouvido.

— É sério? Sério Wanda? Você quer se casar? — eu estava começando a abrir um sorriso.

— Claro que sim, eu te amo Cosmo. Eu sinto o mesmo por você. Desde que você derramou milk-shake em mim, eu... Amei você. Quero ficar sempre ao seu lado. — eu sorri e gritei um “YES!” erguendo as mãos para cima. Logo depois peguei o anel e coloquei no dedo dela. Ela estava sorrindo tão brilhantemente para mim. Nos encaramos por um momento, antes que fechássemos nossos olhos e unirmos nossos lábios em um beijo apaixonado. Aquele era nosso momento. Não importava o que iria acontecer depois, desde que ficássemos juntos. Nós enfrentaríamos qualquer perigo desde que continuássemos flutuando juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE, ESSE CASAL É TIPO ASSIM... APAIXONANTE! *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flutuando com você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.