As Crônicas do Guardião de Mundos escrita por godjjjita


Capítulo 15
Capitulo 15




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Ao emergir das profundezas senti o ar gelado tocar meu corpo, a energia residual tinha iniciado seu processo de destruição, o mar estava inquieto, a superfície calma transformara-se em uma agitada sequência de ondas, mas isso já era sabido, o que transtornara meu coração era saber que o tempo que estive com Ardra correu tão rápido que ao chegar na superfície já não mais avistava o imponente navio titã.

Minha sorte é que ao construir titã, como medida de segurança inseri em seu casco inscrições em enoquiano, a língua divina, ao falar as palavras que havia escrito meu peito se transformou em uma fornalha, com um coração acelerado e uma dor profunda, observei enquanto uma linha azul claro saía de meu peito em direção ao navio, se estivesse sem meu corpo físico seria transportado imediatamente até o navio, mas para evitar a completa destruição de meu corpo preferi deixar que apenas um pouco de minha energia espiritual se esvaísse de meu corpo para me mostrar a direção que devia seguir.

Nadei por horas à fio, minha energia estava sendo drenada de meu ser e isso me deixava indisposto, minha velocidade não era a mesma, minha resistência também não, poderia ter chegado ao navio em questão de minutos se estivesse em minha plenitude, mas o importante é que havia chegado, subi pelo casco lentamente e quando cheguei ao topo fui recebido por faces de espanto e espadas apontadas em minha direção.

–Midas, como sobreviveste? Fazem horas que deixastes o navio, foi levado por uma daquelas criaturas que invadiram nosso barco, mesmo que tivesse matado a criatura, esteve neste mar gelado por horas e não morreu, por acaso é imortal ou algo do gênero?

–Apenas tive sorte soldado, agora abaixe este espada e busque Shay.

Após a retirada do soldado tive a oportunidade de recitar as palavras em enoquiano outra vez, cancelando seu efeito e permitindo que meu corpo recuperasse suas forças, agora que meu peito não estava mais queimando pude sentir um frio devastador, encolhi-me no chão e comecei a tremer, me lembro de ter visto Shay correr em minha direção, tenho certeza que ela disse algo, mas não pude ouvir, deixei de vê-la antes que pudesse chegar até mim, seu manto me cobriu a pude sentir suas mãos em um vão esforço de me esquentar, deixei de senti-la, o mundo parecia vazio e então o mundo deixou de ser importante.

Acordei com a visão de uma garota de vinte e poucos anos ao lado de minha cama, seu olhos estavam inchados e vermelhos e de tempos em tempos uma lágrima escorria deles, tentei falar mas o esforço parecia se em vão, meus olhos entreabertos contemplaram sua face e me lembrei de minha juventude quando meu pai adoeceu, passava minhas manhãs ao seu lado lendo meus livros prediletos em voz alta, quanto mais sua doença piorava mais tempo eu passava junto dele, nunca cheguei a terminar meu livro, mas quando adormecia ao pé da cama acordava com uma de suas cobertas sobre meu corpo. Minha visão se esvaíra novamente, tudo estava quieto.

–Midas acorde.

–Majestade, estamos sob ataque, precisa levantar, devemos protege-lo à qualquer custo.

Meu corpo havia se recuperado, um leve cansaço ainda se apoderava de meu corpo mas já estava forte o suficiente para outro combate.

–Leith, diga-me quem são os inimigos.

–Havia outro navio, era muito pequeno comparado ao titã, um décimo de seu tamanho, não pensamos que poderia representar alguma ameaça, ganchos foram cravados no nosso navio, eles subiram pelas cordas, Valerik matou muitos deles com suas flechas, mas seu número era surpreendente para um barco tão pequeno, eles atacaram os homens sem piedade, mas não fizeram o mesmo com as mulheres, elas tiveram suas mãos amarradas e foram levadas ao navio, eles estão se retirando por hora mas para garantir sua segurança devemos levá-lo aos porões, nossos homens impedirão todos que tentarem chegar perto de ti.

–Quem você pensa que sou Leith? Um covarde? As mulheres de nosso navio foram raptadas por piratas que provavelmente as venderão como escravas e pensas que eu me esconderei nos porões de meu navio? Irei atrás delas nadando se for preciso.

–Mesmo você não pode lutar contra um grupo de guerreiros do mar e proteger nossas mulheres Midas, eu irei junto.

Valerik mostrou uma expressão de seriedade que nunca havia visto em seu rosto, Shay fora raptada junto com as outras mulheres, seria impossível manter Valerik fora desta missão de resgate.

–Muito bem, Valerik e eu iremos ao resgate das mulheres, Leith este navio não foi projetado para perseguições em alta velocidade, fique aqui com seus homens, ancorem o navio e esperem pelo nosso retorno, no porão deste navio há um navio menor, projetado para atingir uma velocidade superior à de qualquer navio já criado, voltaremos antes que possa sentir nossa falta.

–Se este é o seu desejo milorde.

Peguei uma pequena bolsa em meus pertences e uma espada dos guardas de Leith e segui junto a valerik em direção ao navio menor, adentramos o navio e abrimos a escotilha que nos jogou ao mar, desta vez estava preparado para usar um selo enoquiano, dentro da bolsa que eu havia trazido comigo jazia uma pedra, nela estava escrito também em enoquiano o que poderia ser traduzido por energia vital, após ter matado o primeiro Vassar eu havia realizado um ritual para coletar sua força e armazenar em um objeto para uma ocasião como esta, eu usaria a energia aprisionada nesta pedra para alimentar o selo enoquiano do barco, selo este que nos daria propulsão o suficiente para alcançar o barco dos piratas em menos de uma hora.

Partimos à toda velocidade ao encontro de Shay e das outras mulheres, Valerik afiava suas flechas enquanto eu polia a espada, nenhuma palavra foi dita, a tensão naquele momento era algo comum de se sentir antes de ir para uma guerra, o pensamento se voltava àqueles que eram amados, o ódio pelo inimigo era fomentado e a raiva consumia nosso ser, fazíamos aquilo para proteger quem amávamos mas também o faríamos por prazer, mataríamos aqueles que ameaçaram nossos amigos sem mostrar misericórdia e por isso não falávamos nada, pois neste momento não havia nada a ser falado, havia somente ódio.


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