Creating life escrita por Aislyn


Capítulo 1
Capítulo único




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Pode parecer maluquice e talvez realmente seja, mas tem horas que eu consigo ‘vê-los’. Sinto que estão por perto, dando apoio, conversando, intrometendo onde não deveriam, me fazendo rir e me lembrando de coisas idiotas. E tem horas que eles simplesmente somem, vão dar uma volta e não voltam tão cedo, ou não estão com vontade de conversar comigo, respeitam minha vontade de não conversar com ninguém e, em casos extremos, eles somem quando eu mais preciso deles.

Como agora.

– Você sabe que ele não vai aparecer, não sabe? – olho para o lado e encontro Mikaru sentando na cama da minha irmã, logo abaixo da janela, com um livro no colo.

– É… eu sei… – suspirei longamente, voltando a olhar para o tempo – Pensei o dia todo em algo pra conversar com ele, até tinha uma ideia quando estávamos escolhendo quais seriam os desafios no mês passado, mas agora as ideias simplesmente sumiram. Nem lembro o que tinha planejado antes.

– Não é novidade… – soltou uma risada baixa e seca, voltando a olhar pro livro.

Outro suspiro. Mais pelo cansaço mental do que pelo real esforço em escrever fic. Eu conseguiria isso mais rápido se não estivesse tão esgotada.

– E mesmo assim você planeja ver o relógio atrasar uma hora… – comentou o loiro, concentrado no livro e em meus pensamentos.

Não que ele lesse pensamentos, mas alter-ego é assim mesmo. São uma parte de você, te entendem, tem algumas de suas qualidades e defeitos, então não é estranho saber o que você está pensando.

– Vai me ajudar?

– É por isso que estou aqui. – deu de ombros, marcando a página de leitura com o dedo e deixando o livro ao lado das pernas esticadas, erguendo o olhar curioso. Ele estava relaxado e com uma expressão tranquila, totalmente diferente do olhar esnobe e da pose altiva que mantinha na frente de desconhecidos e pessoas que não gostava.

Mais ou menos uma hora se passa enquanto trocamos ideias e começo os primeiros ‘rabiscos’, com ele ralhando, dizendo que eu preciso parar de me distrair, rindo das coisas que comento ou leio enquanto estou no computador, mas não importa o que aconteça ou o que ele diga, eu sei que não está brigando de verdade ou me cobrando um resultado magnífico. Ele mesmo não gosta de ser pressionado a fazer coisas que não gosta. E escrever deve ser algo divertido, porque é algo que eu gosto.

– Tira esse trecho.

– Mas vai ficar mais curto…

– Tira! Não é importante.

– Chato… – mas eu acabo fazendo. Não sabia muito bem desde o começo o que ia acontecer, então qualquer coisa que surgisse seria lucro.

– Será que alguém vai ler? – pergunto meio sem esperanças, vendo-o dar de ombros.

– Eu mandei tirar!

Me dei por vencida. Realmente não era importante.

– Não era esse o ponto que eu queria chegar…

– Você nem sabe onde quer chegar. Não adianta se cobrar algo se não sabe do que se trata ou onde quer chegar! E você sabe que ele não aparece quando você está triste. Somos só nós dois hoje.

– É… eu sei… Só estava pensando nele e achei a frase interessante. Precisava colocar em algum lugar. Ele é o reflexo do lado alegre e brincalhão e você do lado sério e responsável.

– Por que eu tive que ficar com o lado desastrado também, enquanto ele é popular?

– Sei lá… precisava de algo pra tirar a sua seriedade. – dei de ombros, recebendo um olhar enviesado.

Não que eu fosse desastrada… num geral, eu tinha dias desastrados. Acordava com os dois pés esquerdos, tudo caindo das minhas mãos, tudo saindo errado, nada estava bom, e por aí vai.

– Você fala que não se importa, mas está pensando no que vai acontecer se o comentário for real, não é?

– Não importo, mas não deixa de ser chata a situação… – como se alguém fosse entender do que tudo isso se trata…

– Se não se animar ele não vai aparecer. – repetiu a frase, agora sentado ao meu lado e, se não fosse nossa falta de destreza em demonstrar sentimentos, acho que eu ganharia um cafuné.

– Eu sei… – outro suspiro cansado – Mas você é uma boa companhia.

– E pensar que você queria uma conversa minha com o Shiro… aposto que saiu mais fácil do que você tinha pensado durante o dia todo.

– Você é prático, não gosta de enrolar, então foi fácil sim.

– Podemos parar agora? – Mikaru olhou interessado para o cômodo a frente e eu sabia o que ele queria. O que nós dois precisávamos.

– Vamos lá comer?

– Finalmente!


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