O entregador de balões escrita por dentedeleão


Capítulo 14
14


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer de coração a todos que acompanham a fic, comentando ou não, fico imensamente feliz em ver que a cada dia que passa a fic é mais querida e apreciada por vocês.

Este capitulo é dedicado a MPR pela linda recomendação.



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Aviso – Estou tentando postar a fic toda terça feira, mas não é bem uma certeza, se conseguir um tempinho no final de semana eu posto mais.

Pov. Edward

Na segunda feira percebi Isabella tensa após o almoço com minha querida cunhada e como estávamos um pouco distantes em meio ao acumulo de trabalho acabei deixando o dia passar sem questionar com Rose o que ocorrerá, foi melhor assim já que no final do dia peguei as duas em uma conversa bem animada no hall do edifício enquanto esperavam a chuva dar uma trégua para seguirem em direção ao metro. Rose havia adquirido este habito após perceber que o apartamento de Alice ficava a apenas uma quadra de distância da estação e como agora moravam juntas definitivamente o carro poderia ser usado apenas para lazer.

Segui para a garagem acenando brevemente para as duas, meu dia hoje precisava de um fim um pouco mais brando. Algumas cartas que me chegaram hoje mexeriam um pouco com a tranquilidade de minha vida neste pais, aparentemente alguns documentos deixados em testamento pelos meus pais precisariam ser revisados já que uma conta conjunta foi descoberta e precisaria ser finalizada no banco por algum parente.

Uma viagem a Londres seria agendada para a próxima semana e com isso muito do meu trabalho seria acumulado por pelo menos dois dias. Jantaria com minha irmã hoje para decidirmos sobre o destino do valor encontrado e a necessidade de mais algum tempo fora analisando pontas soltas que ficaram após o acidente. Quem diria que minha semana começaria tão tumultuada.

O jantar foi tranquilo e minha noite repleta de pesadelos e imagens desconexas.

“Bom Edward, esta terça será a sua segunda feira e você fara valer a pena!”

Disse a mim mesmo pulando da cama, após um banho e de um café morno retirado da cafeteira recém adquirida me preparei para mais um dia de trabalho. Desta vez marcaria um almoço com Isabella e tentaria quebrar suas barreiras comigo dizendo a ela o que realmente sinto.

“Só espero que ela sinta o mesmo.”

“Espera que quem sinta o mesmo?”

Gritei feito uma menina assustada, as chaves presas a porta de meu apartamento enquanto observava uma Rose divertida parada no corredor com dois copos de café em mãos.

“Que merda você faz aqui a esta hora?”

Fechei a porta com mais força do que o necessário me atrapalhando com as chaves. Ela apenas me deu espaço chamando o elevador enquanto estendia um dos copos para mim.

“Sua irmã me disse que você comprou a merda de uma cafeteira e vim a seu socorro.”

Ela me estendeu mais uma vez o copo e o peguei agradecido pelo mesmo estar fumegando.

“Por mais que esteja imensamente agradecido, sua desculpa não cola.”

Ela deu de ombros entrando no elevador e seguimos em meu carro para a empresa. No caminho ela apenas cantarolou músicas de uma rádio qualquer usando as pernas como bateria em algumas ocasiões.

“Você está estranha!”

Entramos em minha sala e ela continuava com o olhar indiferente e eu já sabia que tinha algo que a estava deixando elétrica e ela não conseguiria segurar por mais tempo.

“Sua irmã e eu vamos nos casar em uma cidadezinha do interior na próxima semana e eu precisaria de alguns dias de licença para a lua de mel.”

Ela cuspiu tudo de uma vez, os dedos das mãos em movimentos constantes como se ela estivesse tamborilando algo enquanto seus olhos vasculhavam meu rosto em busca da salvação.

Com movimentos muito mais lentos que o normal me sentei e liguei o computador, eu já sabia do casamento e da lua de mel, Alice havia me contado a alguns dias e com isso já havia me preparado para dar folga a Rose sem necessariamente fazer algum alarde entre os funcionários. Já haviam burburinhos demais sobre a enorme aliança que ela agora ostentava.

A observei por cima do monitor e quase a vi roer as unhas, quase por que ela nunca se permitiria tal atrocidade. Lhe lancei um sorriso zombeteiro antes de afastar meu corpo e pegar a pasta do chão retirando meu celular e uma pequena parta dourada de dentro.

“Você poderia me chamar a Srta. Swan por favor?”

Senti a vida me fugir com seu olhar sobre mim, poderia jurar que parte dela saltou sobre a mesa e me estrangulou mesmo sabendo que seu corpo não se moveu um milímetro.

“Você não vai me dizer mais nada?”

Ela continha a voz para não dar escândalo chamando a atenção de minha secretaria, mesmo com a porta fechada seria possível ouvir seus gritos histéricos até no RH, do outro lado do escritório.

Estendi a ela a parta dourada e ela a abriu sem cuidado deixando alguns papeis cair. Eu já havia informado ao RH que Rose passaria sete dias fora em um simpósio fora do pais e naquela pasta estava o itinerário das duas para a lua de mel. Alguns dias no chile e então as praias do Caribe. Duas semanas, sendo que uma seria de suas férias e a outra a trabalho, para que ambas aproveitassem bem esta nova fase de suas vidas.

“Você...oh...me desculpa...eu...”

“Rose – a olhei gentilmente a ajudando a recolher tudo e entregando a pasta fechada – amo a vocês duas, você sabe disso. Não acredito que pensou que eu seria tão insensível!”

Rimos e nos abraçamos até que a realidade nos chamou e precisamos voltar ao trabalho.

“Isabella não vem hoje, está em uma audiência no tribunal. Ela disse que lhe explicaria tudo a noite.”

O restante do dia passou de forma irritante, eu queria muito que aquilo acabasse para ir até sua casa e saber o que significava aquela audiência e como ela estava. Foi só quando estacionei o carro em sua vaga de garagem e bati na porta de seu apartamento que percebi os músculos rijos e a respiração acelerada. Estar ali produzia uma paz e ansiedade incomuns a mim.

“Que bom que chegou Edward, entre, já estou com a mesa posta.”

Ela se afastou me dando a visão da sala com a mesa para o jantar posta com apenas dois pratos e estranhei o silencio do local. Onde estaria minha pestinha?

“Onde está Catharina?”

Isabella voltou da cozinha com uma jarra de suco e parecia ansiosa.

“Está na vizinha, vai passar a noite por lá.”

“O que você tem a me dizer e tão grave que ela não pode estar presente?”

Agora estava incomodado e a postura de Isabella apenas dificultou as coisas me impedindo de voltar a uma postura mais tranquila.

“Não de forma alguma – ela se sentou no sofá me chamando – Cath está na vizinha por que a mesma tem uma prova amanhã, nossa vizinha, Anna, está em um curso de tintura capilar e precisava mostrar suas técnicas com cores diferentes e Cath se apressou em dar total liberdade de criação a ela. Por deus, espero que ela se atenha ao rosa e amarelo e não apareça em casa com o cabelo roxo ou verde, não combinaria em nada com sua personalidade.”

Me engasguei com o suco em meu copo quando ela mencionou rosa, verde e roxo e ela apenas sorriu me socorrendo com um guardanapo.

“Os cabelos dela são claros, algumas mechas rosa ficariam bem Edward.”

“Ela tem apenas 7 anos Isabella.”

Eu a olhei horrorizado, como ela permitia que a filha usasse de químicas tão fortes nesta idade. E a escola, seus colegas, o que ela não poderia sofrer aparecendo com mechas só vistas em bonecas estranhas?

“Edward, minha vizinha fez meu cabelo quando comecei a trabalhar com você e olha como ele continua macio e bem tratado – ela me fez tocar seu cabelo e o aroma de morangos penetrou meus poros enlouquecendo minha mente – Ela não irá descolorir os cabelos de Cath e vai usar uma tinta natural, em um mês tudo ira pelo ralo. Não vejo por que impedi-la de fazer algo assim, é divertido mexer no cabelo e sendo criança dá para brincar mais.” – ela piscou me desarmando e tentei voltar ao foco de nossa conversa.

“Tudo bem, agora me explique o porquê de sua ansiedade.”

Ela respirou fundo sentando-se de lado no sofá, as pernas cruzadas uma sobre a outra ficaram presas contra seu peito enquanto sua cabeça descansava sobre os joelhos.

“Fui a uma audiência, a primeira de muitas sobre o tema. Meu ex-marido não compareceu e precisaremos chama-lo novamente em mais duas ocasiões antes do juiz librar meu pedido. Estou entrando com um pedido de anulação de paternidade.”

A deixei ter seu tempo apenas observando as reações de seu corpo ao fato relatado.

“Ricardo foi meu primeiro namorado, tínhamos três anos de diferença quando nos conhecemos e acabei por iniciar uma grande briga familiar para manter o namoro. Quando o colegial terminou ele já estava em seu segundo ano de faculdade e estávamos nos casando. Por seis meses me senti uma mulher normal, cuidava da casa e trabalhava oito horas por dia em uma pequena loja de acessórios. A faculdade era um sonho esquecido já que não tínhamos muito dinheiro.”

“As coisas se perderam quando engravidei, não estávamos tentando, foi apenas uma brincadeira do destino eu acho. Uma mudança de anticoncepcional e alguns antibióticos fortes para cuidar de uma infecção urinaria trouxeram Cath para nossos braços. Eu a amei no primeiro dia, assim que soube eu a idealizava. Trabalhei até minha 38 semana sem me abalar com o tempo, chuva ou falta de roupas adequadas e quando ela nasceu eu vivia para ela.”

Enquanto ela relatava seus dissabores com seu ex-marido minha vontade era esmaga-lo sobre meus pés até que seu corpo se rompesse em um estalo semelhante ao som de uma barata sendo esmagada.

“Noites e noites sem dormir direito e uma licença maternidade no fim tiveram o seu preço, fiquei desempregada e as brigas em casa eram constantes. Ele culpava nossa filha por tudo e viajava mais do que o necessário a trabalho para manter a casa, mas o dinheiro extra nunca vinha e quando Cath completou dois anos ele não estava presente. “

“Brigamos feio no dia seguinte e ele me jogou os papeis do divórcio. Eu não tinha casa, dinheiro ou emprego. Meus pais não falavam comigo a mais de dois anos e os dele pouco se importavam. Passei dois meses com uma amiga neste mesmo apartamento antes de ter uma boa noticia finalmente. Meus pais estavam liberando algum dinheiro para mim e nada mais, com o dinheiro comprei o apartamento de minha amiga que se casaria em breve e fiz algumas reformas, paguei a vizinha para ficar com ela enquanto não achava uma escola e comecei a trabalhar no que aparecesse.”

Ela chorava e eu queria puxa-la para meus braços e consolar aquela frágil mulher. Ela fora forte em muitos aspectos, mas as consequências em sua mente eram devastadoras. Como ela poderia confiar em um homem novamente se sua primeira experiência foi tão desgastante?

“Quando ela completou três anos sabendo escrever e ler com perfeição eu sabia que algo estava fora do padrão. Ela é uma cópia do pai em beleza e inteligência, meus traços estão em sua personalidade e agradeço por isso. Ela não é uma criança superdotada presa em seu mundo, ela é normal, criativa e muito disposta e isso a faz viver bem da forma que vivemos e a faz aproveitar a infância como qualquer outra garota.”

Dia após dia seu pai a faz ver o quanto ela foi um erro e em seu aniversário ela me pediu para anular sua paternidade. Você não tem ideia do quanto sofri com suas palavras e com seu pedido.

Aquele desgraçado tem outra mulher e duas filhas que são tratadas como princesas enquanto eu perdi boa parte da infância dela trabalhando para ter comida em casa. Edward, eu só estou lhe contando isso para que você saiba onde está se metendo. Eu gosto de você e queria muito ir além da relação empregador / funcionaria, mas o meu passado me faz ter dois pés atrás com qualquer relação amorosa que envolva o bem estar da minha filha.

Eu agora a mantinha firme em meus braços, o choro não existia mais e ela apenas tremia provavelmente por nervoso e por estar tão exposta. Quando seu corpo relaxou ergui seu rosto fitando profundamente seus olhos.

“Eu quero você Isabella, minha Bella. Não importa o quanto você tenha medo ou esteja em pedaços, eu quero você.”


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