— Cara! Essa foi a melhor festa do ano.

— Quem é você? — Stiles perguntou para o rapaz que dava umas batidinhas em suas costas.

Aquele não foi o único rosto desconhecido que Stilinski viu pelos cômodos de sua casa. A festa havia fugido do seu controle. A parte boa era que já estava no final. A não tão boa assim era que seu pai chegaria de viagem em menos de oito horas.

Stiles deu uma olhada na sala completamente bagunçada. Ele buscou um saco de lixo na cozinha e começou a separar todo o lixo. Scott deveria estar ali para ajudá-lo, prometeu que levaria Kira para casa e retornaria. Mas até agora nada de melhor amigo.

Tecnicamente, o aniversário de 18 anos de Stiles seria dali três semanas. Mas optou por uma comemoração antecipada, pois seus amigos estavam com datas marcadas para sair da cidade.

Todos, menos ele.

Não que Stiles estivesse com inveja dos amigos que cursariam faculdade em outra cidade. Ah! Não, espera. Era inveja sim. Mas ele preferia pensar que não.

Assim que terminou, Stiles caiu sentado na poltrona da sala. Seu pai ainda poderia chegar e sentir o cheiro de álcool no carpete da sala, mas quando se tem dezessete anos, as loucuras vêm de brinde. Seu celular vibrou nesse momento. Stiles leu a mensagem de Scott, atrasado demais para qualquer desculpa. Ele largou o aparelho em cima da poltrona e decidiu ir dormir.

Seu quarto havia sido palco de alguma guerra de travesseiros, porque o local estava uma bagunça e pedaços de seus travesseiros espalhados pelo chão.

— Ótimo. Alguém curtiu uma orgia no meu quarto, sem a minha presença. — ele girou o corpo e caiu na cama, sem forças para arrumar tudo.

— A gente pode resolver esse problema.

Stiles saltou de sua cama, assustado com a presença de uma segunda pessoa em seu quarto, sem sua autorização. O que vinha acontecendo com uma certa frequência nos últimos anos.

— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou, apontando o dedo na direção de Derek, sentado na cadeira ao lado do armário. — Como entrou…

Derek olhou para a janela aberta, sem precisar dar maiores detalhes.

— Eu pensei em tocar a campainha, mas vi que você estava muito ocupado. — Derek se levantou da cadeira. Ele vestia uma calça jeans escura, coturnos e camiseta preta, a jaqueta de couro completava o look bad wolf.

— Você não foi convidado para a festa. Tá fazendo o que aqui? — Stiles tentou fingir que não se importava com a presença de Derek em seu quarto. Ele chutou a espuma esparramada no chão. — Não tem nenhum adolescente pra assustar?

Derek deu uma risadinha, Stiles não viu porque ainda estava emburrado, de costas.

— Metade das pessoas que estavam aqui também não foram convidadas. — ele deu alguns passos, até se aproximar da cama, que estava uma completa bagunça. Pegou o abajur do chão e colocou em cima da mesa de cabeceira. — O Xerife está sabendo dessa festa?

— Qual é seu problema? — Stiles virou-se, ele encarou Derek que continuou parado no mesmo lugar. — Veio aqui se certificar de que está tudo bem? Meu pai mandou você me vigiar?

— Não. — Derek respondeu, cruzando os braços. Ele olhou pela janela aberta, alguns jovens que haviam saído da festa e caído bêbados no jardim da vizinha da frente, agora eles eram problema dela.

— Então?

— O que?

Stiles balançou a cabeça, rindo da situação.

— Não quero uma babá. Eu não sei se isso está claro para você, mas eu não preciso de ninguém cuidado de mim. — Ele falava, com o dedo indicador apontando para o rosto do moreno. — E se vai me visitar toda semana, é melhor a gente criar umas regras.

— Regras? De que tipo?

— Primeiro, toque a campainha. — Stiles gesticulava com as mãos — é uma coisa redonda, com uma borda dourada, quando você aperta o dedo, toca uma musiquinha, daí eu decido se estou a fim de ir lá te atender ou não. Caso eu não apareça, é porque não quero falar com você, então não adianta nada subir o telhado e entrar pela janela.

— Certo. — Derek concordou e Stiles achou que estava muito fácil para ser verdade.

— Ok! Continuando. — ele começou a andar de um lado para o outro. — Não quero que me siga. Eu sei que você costuma fazer isso. Semana passada eu estava no supermercado e por acaso tive a impressão de ter visto um certo par de óculos se escondendo atrás de um jornal de cabeça para baixo.

— Isso é ridículo. — Derek enfiou as mãos dentro do bolso da jaqueta, caminhando até a porta. — Acabou?

— Não. — Stiles ergueu o queixo, mas não disse mais nada. Ele já havia terminado sim.

— Seu pai pediu para eu ficar de olho em você sim, caso alguma coisa ficasse fora de controle.

— Ahá! Eu sabia. — Stiles sentiu-se vitorioso por alguns instantes. Derek revirou os olhos.

— Até que foi fácil te vigiar, você é tão discreto quanto um rinoceronte vestindo um tutu de bailaria.

— Sim, claro, porque você com essa pinta de galã de série adolescente não chama nada atenção, não é? — Stiles chutou com mais força as espumas no chão.

— Se você já terminou… — Derek tirou do bolso uma caixinha. Os olhos de Stiles cresceram, assustados. — Tenho um presente de aniversário.

Com cuidado, e um pouco ansioso (ok, muito ansioso), Stiles abriu a caixinha e tirou de lá um cordão com um pingente bem esquisito.

— Um dente? Isso é algum tipo de tradição entre lobisomens que eu não sei?

— É um canino direito. — Derek falou como se aquilo soasse óbvio para solucionar a dúvida de Stiles. — O meu canino direito.

— Ah! Você está me dando seu dente. Adorei! — respondeu, com um tom de ironia. Depois olhou com mais atenção para a boca de Derek.

— Não arranquei, eu o perdi naquela vez que você foi sequestrado. Já nasceu outro no lugar.

— Oh!!! Sim, sim. — Stiles deu um tapa na própria cabeça. — Está na moda usar dente no pescoço. — Stiles colocou o colar no pescoço e segurou o canino com a mão, passando o dedo na ponta da presa. Logicamente ele acabou espetando o dedo. — Isso é afinado.

— Se você vai se machucar com isso, é melhor me devolver. — Derek tentou tirar o cordão do pescoço de Stiles, mas foi impedido.

— Não! Ele é meu, você deu pra mim.

— Eu me enganei, acho que você não estava preparado para isso.

— É claro que estou. — Stiles se defendeu — Olha só, eu estou cuidando muito bem do seu dente afiado. — Ele enfiou o cordão por dentro da camiseta. — Pronto, protegido.

Derek o olhou um pouco desconfiado para o sorriso abobalhado de Stiles. Mas depois ele decidiu que não precisava ser tão duro com o rapaz.

— Feliz aniversário. — A voz de Derek foi abafada pelo barulho que vinha da rua, a vizinha estava tendo problemas.

— O que? — Stiles cutucou o ouvido com o dedo.

— Eu disse, feliz aniversário. — Derek repetiu mais alto.

— É, eu já tinha ouvido antes. — Stiles mordeu o lábio inferior, deixando a mostra seus dentes. — Obrigado, eu gostei muito desse presente. É uma coisa bem masculina. Vou andar por aí com seu dente afiado no pescoço, pra todo mundo ver que Stiles Stilinski não está mais disponível.

— Não me faça desistir do presente. — Derek o alertou, enquanto puxava-o para um abraço.

— Estou até estranhando essa sua versão mais light. — Stiles agarrou-se na jaqueta de Derek.

— Se isso te incomoda, eu posso ficar violento. — as mãos de Derek apertaram o corpo de Stiles, fazendo o rapaz resmungar.

— Não, não. Tá ótimo assim, good boy. — ele deu alguns tapinhas nos ombros de Derek, antes de ser calado com um beijo. Afinal de contas, aquela era a única maneira de fazê-lo ficar quieto.