Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 30
Química Imediata.


Notas iniciais do capítulo

Atenção, amiguinhos!
Eu preciso, nesse momento, que TODOS OS QUE ESTIVEREM LENDO ESSA FANFIC COMENTEEEM COMENTEM COMENTEM no final. Comentem QUALQUER COISA. Se por um acaso, a vovó de vocês estava atrás de você no computador e leu, você TEM QUE comentar por você e por ela.
Eu quero muito agradecer quem está aqui comigo, até agora. Muitos comentaram, MUITOS DESISTIRAM (A vida demora, fazer o que?!) Foi uma longa trilha. Hoje ainda não chegaremos no ÁPICE, APOGEU, mas eu prometo que ESTÁ MAIS PRÓXIMO DO QUE IMAGINAM. Estou aqui, quase há um ano, prometendo HAYFFIE. Evellark já foi. Fannie está quase casando. Agora, vocês terão o CHUTE NAS COSTAS MAIS LINDO QUE EU JÁ DEI NOS PERSONAGENS DESSA FANFIC. Agora amigos, terá um capítulo Hayffie espetacular.
Hoje é o dia do CAPÍTULO MAIS LONGO JÁ ESCRITO EM EVIL WAYS. Eu iria até furar com vocês e postar no dia 21, (Aniversário de 1 ano de EW) mas eu decidi que consigo escrever outro até lá para comemorar isso.
Hoje temos notas finais, mas as iniciais é basicamente:
WELCOME TO A NEW ERA GUYS.
HAYFFIE ERA.
A todos que esperaram por isso, obrigada.
Vamos lá.



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Effie não correu, porque era elegante estar atrasada dessa vez.

Ela sabia que as pessoas comuns, com pouca grana no bolso, não almoçavam em plena terça feira à tarde num restaurante francês caríssimo, mas quem liga? Haymitch ficou sem graça demais para negar almoçar naquele lugar mesmo, e provavelmente estava ainda mais sem graça em estar sentado sozinho numa mesa do La Nourriture enquanto a madame Trinket tentava convencer a si mesmo que usar sua saia mais curta e o batom 24 horas mais caro não tinham nada demais. Era completamente sem intenção. Ela não tem culpa em ser rica e poderosa.

Mas ela sabia o que aconteceria assim que Haymitch colocasse os olhos nela, quando ela seguia para a mesa reservada com o garçom.

Haymitch sentiu a boca ficar seca, e disfarçou tomando um gole d’água que tinham posto a sua frente, mas mesmo assim ainda estava muito obvio, porque os olhos de Haymitch não desgrudaram nenhum segundo dela. Dos pés a cabeça. Ainda bonita, e a maldita ainda sabia disso. Ainda andava daquela maneira sensual como se planejasse cada maldito passo e como se o fizesse se sentir um virgem novamente. E ele não deixava de pensar em como, estranhamente, eles se odiaram tanto a primeira vista e agora estavam ali tentando consertar aquilo, e mesmo quando era alvo do ódio dela, não conseguia de pensar no quão bonita ela é.

O que você está fazendo? Haymitch pensava para si mesmo. Você quer traçar a mãe de Peeta? Isso soava tão errado. Isso parecia tão errado. Isso era tão errado, porque não era nem ao menos necessário listar todas as coisas que poderiam dar errado. Ela não era só uma mulher. Era uma mulher rica. Uma mulher rica mãe de Peeta. Peeta era seu filho. O garoto que você processou por dinheiro. O garoto que, na real, nem ao menos existiria se você não se masturbasse por dinheiro. Seu próprio filho.

Haymitch se perguntou quando ele iria parar de fazer merdas atrás de merdas, mas se Katniss – que está tão atolada na merda quanto ele – pode se divertir, porque ele não pode?

Talvez porque Peeta para Katniss não era nenhuma diversão, e Effie para Haymitch não poderia, em hipótese alguma, ser uma diversão. Ou é sério ou desiste. Você pode traçar outras por aí. Mas Haymitch ainda não sabia o porquê ainda havia desistido.

— Oi, eu demorei muito? — Effie perguntou, sentando-se a mesa. Ela sabia que tinha demorado muito, mas esperou Haymitch mentir, dizendo “não, de maneira alguma” como todos os homens fazem quando estão bobos demais com sua presença.

— Sim você demorou. Muito. — Haymitch falou, contrariando as expectativas de Effie, assustando-a. Mas valeu a pena olhando para você. Antes mesmo de terminar o pensamento, Haymitch alertou-se. Ele não poderia dizer aquilo. Corteja-la logo na primeira frase da tarde não era certo, assim como corteja-la. Sorriu, disfarçando seu desgraçamento da cabeça. — Mas eu já estou acostumado com esses restaurantes chiques e tudo mais. — Haymitch deu uma piscadela. Qualquer mal entendido, ele pensou, poderia dizer que a piscadinha foi pela piada, não pra jogar charme nela.

O garçom que acompanhara Effie até a mesa chegou logo em seguida com os cardápios, graças a deus, para evitar mais constrangimentos. Haymitch secou seu copo d’água num gole só. E seria uma longa tarde...

—... Então traga um Ratatouille para mim e um Coq au vin para esse senhor.  — Effie falou, olhando o cardápio. Haymitch, por sua vez, ficou sentado em silêncio, olhando para a decoração do lugar, para a rua entre o vidro transparente e às vezes dava um sorriso para o garçom, como se dissesse “é isso aí brow, eu não sei o que eu estou fazendo aqui”. O garçom, jovem, retribuía às vezes. Era engraçado.

— Bebidas para acompanhar?

— Hm... Eu não posso beber hoje, tenho uma reunião. — Effie sussurrou mais para si mesma do que para o garçom ou para Haymitch. — Traga uma água com gás e uma taça de Bourgogne branco, por favor.

O garçom se retirou com os pedidos enquanto o sorrisinho de Haymitch dessa vez dizia “Isso aí o que ela falou, cai fora”.

— Você não vai comer um rato, vai? — Ele perguntou com uma careta assim que o garçom se retirou, a respeito da única palavra que entedera. Ele também tinha lá suas dúvidas em relação à comida francesa, afinal, não eram esses caras que comiam minhoca, caracol ou coisa assim?

Effie deu uma risadinha de esquilo, pressionando os olhos e mexendo o nariz de leve. Ela sabia que ele estava horrivelmente perdido e talvez não gostasse de se sentir assim, mas seu ótimo senso de humor e descontração era admirável. 

— Não, Ratatouille é aquilo que o ratinho prepara no filme. É só um monte de verduras. — Effie explicou. — Te garanto que você vai gostar do seu prato. Coq au vin é carne de galo, às vezes frango, com vinho. E eu também pedi o vinho perfeito para acompanhar, porque você vai adorar o sabor desse lugar.

— Carne com vinho e vinho para acompanhar? — Haymitch sorriu, encarando-a. — Você está tentando me deixar bêbado, Effie Trinket?

— Bem, na formatura de Peeta você estava um pouco bêbado... Então, não. — Foi a vez de Haymitch rir um pouco de Effie, o que a fez ficar um pouquinho orgulhosa de si.  — Então, eu tenho certeza que você me falou sobre isso naquele primeiro jantar, mas eu já esqueci: Como um senhor Texano veio parar num restaurante francês em Nova York?

— Oh, deixa eu ver... Eu abandonei a escola aos 16 anos. Com 18, eu já não aguentava mais ser adulto. Conclui a escola no supletivo, e vim para Nova York com 19 a fim de estudar Sociologia, e logo depois fiz História. Trabalho como professor desde o 20 e poucos. E apesar de tudo, é uma honra de profissão. — Haymitch concluiu, tomando mais água. Era um gesto robótico quando ele estava nervoso — beber o que estivesse no alcance de suas mãos. — É bem melhor do que me mudar para Nova Jersey para morar com meu irmão Ceasar e as três crianças melequentas dele como meu pai me falou para fazer alguns anos atrás. — Brincou.

— E Ceasar é seu único irmão? — Effie perguntou.

— Não, mas Ceasar é o único que deixou Texas, alguns anos depois que eu me mudei. — Haymitch explicou. — Tenho um irmão mais velho, Billie Abernathy, mas todo mundo conhece ele no açougue como Big Bill. Eu te contei que minha família é dona de alguns açougues no Texas não?

— Acho que sim. — Effie fez uma careta pensativa.

— Bom, de qualquer forma: Minha família tem uma rede de açougues, e Big Bill ajuda meu pai, já velhinho, a cuidar de todas. Os filhos dele, August e Carl, também ajudam muito. Agora que parei para pensar, eles são um pouco mais velhos que Peeta, e um pouco parecidos também, na aparência. — Haymitch refletiu. — Gosto deles. São adultos, pagam contas, dirigem bêbados e tudo. Eles são gêmeos, e tem a mancha da mão também, ao contrário das mulheres da minha família. Também tenho uma irmã mais velha, chamada Anna Mae. Ela é casada, tem 3 filhos bacanas também, o mais novo deve ter 17 anos, por aí. Eleanor, John e Paul. — Haymitch parou de falar por um momento, antes de começar a rir. — Ah, ela é louca pelos Beatles, por isso esses nomes.

Se antes Effie se sentia ameaçada pela quantidade de membros da família que Haymitch poderia oferecer a Peeta e ela não, agora Effie só se sentia realmente grata. Era legal ouvir Haymitch falar tão apaixonadamente daquelas pessoas que, embora não conhecessem, esperava que acolhessem seu filho.

— E tenho outra irmã, dessa vez mais nova, que se chama Carmen. Ela nunca se casou, mas criou sozinha uma filha, chamada Lisa, e também um supermercado. Ela construiu tudo sozinha. — Haymitch falou, lembrando-se do quanto Carmen era sua favorita. — Ela é a Effie Trinket da nossa família.

Effie deu um sorriso sem graça. Ela, de fato, não construiu algo na raça como Carmen fizera – só tinha herdado de seu pai. Mas não ia desmerecer todas as suas transações, negociações e a administração impecável que fez sua Empresa lucrar cada vez mais durante os anos.

— Qual é a ordem de nascença entre você e seus irmãos? — Ela perguntou, ainda sorrindo.

— Big Bill, Anna Mae, eu, Carmen e Ceasar. Eu sou literalmente o do meio, então talvez minha família não tenha sentido muito minha falta. — Haymitch deu uma pausa, olhando para mancha no formato de uma Austrália vermelha ao lado de uma pequena Nova Zelândia que ele carregava na mão direita. — Mas agora que eu estou falando neles, eu sei que eu definitivamente sinto a falta deles.  E sobre você?— Haymitch perguntou, mais curioso do que para ser educado. — Sua família?

— Ah, eu sou única nesse mundo, babe. — Effie falou, num tom presunçoso, fazendo- sorrir. — Eu sou realmente filha única. E neta única. Nada de irmãos, tios ou primos. Por isso fico feliz com a família enorme que Peeta tem.

— Um dia eu vou levá-lo lá. — Haymitch falou. — Levar Peeta para o Texas, ver a casa onde cresci, conhecer todos os primos... Meus pais vão adorá-lo. E Carmen e Anna Mae vão mimá-lo só porque ele é meu filho, não importa se ele tem 20 e poucos. — O calor em seu peito fez Haymitch perceber que a perspectiva o agradava mais que tudo. — Eu vou ligar para Ceasar e planejar essa viagem com os moleques dele. E acho que também vou ligar para meus pais e falar sobre Peeta.

— Você ainda não disse sua família que tem um filho? — Effie tentou esconder o incomodo e a leve decepção ao perceber que, para Haymitch, Peeta não era uma família. Ele nem se dera ao trabalho de introduzi-lo, ou se importar com isso.

 Então Haymitch falou algo tão verdadeiro, doloroso e real para Effie que ela se amaldiçoou pelos pensamentos ruins que acabara de ter sobre Haymitch, e que, infelizmente, pode compreender na hora do que se tratava.

— Eu não converso com minha família há quase três anos, Effie. — Ele falou triste. — Nem por telefonema. A gente se torna não jogado pela vida que se esquece de que tem pessoas que se importam. — Isso era verdade.

Só de lembrar que achava um desperdício de espaço e planejava morrer de boas o assustava. Que espécie de egoísta ele se tornou? Katniss era a única que brigava por ele, perto dele. Johanna às vezes estava lá. Mas como elas iriam telefonar para Big Bill, o seu melhor espelho e Ceasar, o cara que mais o admirava e contar à eles que Haymitch fora assassinado por cubanos? Carmen iria ficar arrasada, e Anna Mae, que o carregava no parquinho na infância como um boneco, pior ainda.

A probabilidade de desapontar sua família o atingiu em cheio pela primeira vez em alguns anos, e a sensação era algo que ele jamais gostaria de provar novamente.

— Obrigado por me lembrar deles, Effie. — Effie deu de ombros, de forma educada. Ela assistia a confissão de Haymitch pensando em quanto tempo não visitava sua mãe, Fúlvia. Qual foi o ultimo jantar? Deus, Plutarch estava nesse jantar! — Oh, eu te contei o nome dos filhos de Ceasar? — Haymitch perguntou entusiasmado, ainda lembrando-se de sua enorme família. Effie negou com a cabeça. — Francisco, Joshua e Haymitch.

Você tem um sobrinho com seu nome?! — Effie arregalou os olhos e exclamou admirada, fazendo Haymitch explicar sua admiração com seu irmão mais velho e como Ceasar era exatamente a mesma coisa que Big Bill era para ele. “Como uma escada, entende? Ceasar veio para Nova York porque eu vim. Somos muito fieis uns aos outros”, ele disse.

— É por isso que eu até moraria em Nova Jersey por Ceasar. — Haymitch continuou. — Sua esposa não é de todo ruim, tirando a voz nasalada. Mas eu não consigo conviver com crianças, especialmente três garotos muito pequenos. Quando eles crescerem, vão ser o que Lisa, Carl, August e os Beatles são para mim.

— Porque você odeia tanto crianças pequenas? — Effie perguntou, franzido o cenho e moldando um sorriso. Deus! Era muito fácil para ambos darem sorrisos em quase toda frase dita. Era uma conversa engraçada, sendo conduzida de uma forma leve e cheia de pequenos significados subliminar para ambos. Haymitch pensou se eles não pareciam dois idiotas rindo atoa o tempo todo. Quando chegou a conclusão que sim, eles pareciam, decidiu não se importar.

— Porque eles correm para todo o lado, e cospem, e sobem nas minhas costas, e me cutucam e me chamam “tio, tio, tio!” o tempo todo. Sem descanso! Eu amo meus sobrinhos melequentos, mas... Argh.

— Ah, sim. Eles fazem isso. — Effie concordou veemente, quase freneticamente. — Eles são mini criaturas loucas, e quando comem açúcar demais?! Ah! Peeta era exatamente assim. Você teria odiado a fase criança melequenta do Peeta. Ele era tudo isso junto. — Effie falou, enquanto notava, à distância, a chegada do garçom com os pedidos.

Haymitch deu uma pequena pausa, num período de tempo necessário para o pedido ficar cada vez mais próximos. Ele ponderou sobre o que Effie tinha acabado de falar, e, como uma pintura, pode ver Peeta com cinco anos correndo com uma calça jeans suja de lama nos joelhos.

— Não teria não. — Ele afirmou, quase num sussurro.— É Peeta. Teria sido completamente diferente, entende? Eu... — Haymitch se interrompe quando o garçom e os pratos chegam à mesa. Effie sussurra um leve agradecimento quando o garçom se retira, olhando-o para Haymitch, incentivando-o a continuar. — Eu não sei se pode te chatear dizendo isso...  Mas se eu tivesse a oportunidade de criar Peeta, eu sei que o faria muito bem. Ele é o meu filho! Se eu o tivesse na minha vida alguns anos antes, tudo seria diferente para mim. Um diferente melhor. Seu garoto mudou minha vida.

Se Peeta estivesse em sua vida um ano antes, Haymitch sabia, ela nunca teria tentado se livrar do tédio ou preencher o coração procurando algum significado para a vida num cassino clandestino. Se Peeta entrasse em sua vida logo depois que Katniss entrou, ele com toda certeza se esforçaria em ser mais significante e criar um Projeto Cuba 2.0. Se Peeta estivesse na vida de Haymitch quando ainda era pequeno, ele sabia que não seria esse bosta que era naquele momento.

 Effie não havia sequer tocado no seu prato de legumes com uma porção tão pequena que nem um rato se daria por satisfeito. Ela estava com os cotovelos sobre a mesa – quebrando uma das regras de etiqueta mais sagradas – enquanto apoiava o queixo nas mãos e entendia o que Haymitch pensava.

 E então, de repente, ele foi o único a compreendê-la.

— E foi por isso que você teve Peeta tão nova e solteira. — Haymitch afirmou.

 Nada em sua fala denunciava tom de dúvida. Ele só olhava para Effie Trinket, de uma maneira que nunca a olhou antes, sobre o quão mãe ela era, e ali teve total certeza.

— Você sabia, não é? Sobre tudo isso? Você teve toda a certeza do que ele significaria pra você no momento que decidiu tê-lo.

— Eu sabia sobre tudo. Sobre o efeito que ele causa. — Ela falou, terminando a linha de pensamento de Haymitch. Sem palavras para continuar o diálogo, Effie voltou à atenção para seu prato.

Tarde demais, entretanto. A cabeça de Effie começou a dar voltas e loops de pensamentos que precisavam ser jogados para fora, agora que entraram nesse assunto. Ela não ficou chateada com o que Haymitch disse. E tentou não pensar como seria a infância de Peeta com um pai disposto a ser pai.

 — Quero dizer, eu nunca tive certeza absoluta. — Effie voltou a falar, enrolando as palavras num tom de voz incerto. Como se desse um passo para trás. — Eu duvidei muito mais de mim do que gostaria. Eu quase desisti dele, quando tudo, tudo, aparentemente dava errado. Mas então, quando funcionou, eu... Segurei Peeta em meus braços, e tudo valeu a pena.

Haymitch cortou um pedaço da carne com vinho e mastigava devagar, provando seu gosto. Não era de todo ruim, afinal. Deu um leve gole na taça de vinho e percebeu que era um chique, muito diferente dos que Johanna compra nos natais.

— O que você quer dizer com “tudo dava errado”? — Ele perguntou, parte mirando Effie e parte cortando outro pedaço da carne.

— Eu fiz cinco inseminações diferentes antes de dar certo. — Effie explicou, pegando os talheres para provar seu prato. — Peeta só parou no meu útero na sexta tentativa, e ainda passei todos os nove meses em supervisão. Foi muito mais difícil do que eu imaginava. Você sabe — Effie deu uma colherada de ratatouille, mastigando as cenouras e engolindo-as antes de dizer seriamente. — Skywalker não era, exatamente, minha primeira opção.

Contrário da Effie simpática e levemente engraçada que – estranhamente, se encontrava na frente de um Haymitch legal – aquilo não era nenhuma tentativa de piada. Effie falava muito sério. Ela só tentara com Skywalker porque seu médico lhe disse que as chances eram melhores do que os doadores já falhos. Aquilo foi, de certa maneira, um pouco ofensivo para Haymitch, que teria total razão se resolvesse encrencar e discutir ali. Entretanto, tudo o que ele fez foi quase se engasgar com a taça de vinho e rir, sem reparar na maneira rude que Effie falou aquilo.

— Eu tinha 19 anos e muito fã de Star Wars. Não me julgue. — Haymitch soltou gargalhando, antes que pudesse controlar.

— Eu não estou julgando você! — Effie riu, reparando que Haymitch não havia mesmo entendido o que ela quis dizer. Bom para ela. — Eu sou muito fã também!

Em 1977, quando o primeiro filme da franquia de guerreiros jedi fora lançado, Haymitch era apenas uma criança de quatro anos com um cano pintado de azul, seu mais poderoso sabre de luz. Já Effie Trinket tinha seis anos e um Yoda de pelúcia, verde e estranho que dormia na sua cabeceira todas as noites.

— Quando saiu “A Ameaça Fantasma”, em 1999, Peeta tinha minha idade quando “Uma Nova Esperança” Foi lançada. — Effie falou, orgulhando-se. — Desde então, eu ensinei tudo sobre Star Wars para ele, e o levei para ver todos os filmes que podia no cinema.

— Uau, então você fez um excelente trabalho com Peeta. — Haymitch elogiou, conquistando um sorriso de orelha a orelha de Effie.

— Eu fui mãe de um garoto, então era parte do meu trabalho. — Effie começou a citar exemplos. — Como comprar um Skate para ele, mesmo sabendo que ele era horrível e ia se machucar muito até desistir. Levar ele e Finnick para o jogo dos Patriots. Assistir os jogos de Baseball na escola... Sabe, quando se torna pai ou mãe, você simplesmente não faz mais coisas divertidas por você mesmo. — Effie bufou um pouco.

Durante os anos, Peeta e a empresa a desgastaram de uma maneira tão intensa que, se não fosse por Cinna em diversas vezes de sua vida, com toda certeza teria o dobro de fios brancos que começam a aparecer no topo de sua cabeça e logo são escondidos com tintas loiras.

— Então, de certa forma, eu venho sendo pai por muitos anos — Haymitch comentava casualmente, dando um sorrisinho maldoso. — Porque a ultima vez que me diverti foi num show do Led Zeppelin, mais ou menos vinte anos atrás.

Effie Trinket prendeu a respiração e arregalou os olhos.

— Eu acho que eu fui nesse show! — Ela gritou, empolgada. Foi a primeira vez que se exaltava assim, principalmente no La Nourriture, de modo que todos do restaurante a olharam com desgosto, mas ela não reparou. — Agosto de 92, New York, Turnê Americana! — Effie citou as palavras mágicas.

— Sim, era esse mesmo! — Haymitch também falou mais alto pela empolgação. Depois de ver o olhar do gerente, baixou o tom de voz, mas Effie não reparara no incomodo que causava. — Oh, eu dei um duro danado pra ir nesse show! — Haymitch deixou escapar antes de o seu cérebro alertar: Peeta foi fruto desse show, seu imbecil. — Trabalhei como lavador de carros para isso. — Ele mentiu, sem graça. Constrangido, tratou de continuar o assunto antes que falasse mais merda. — Enfim, não sabia que gostava de bandas assim.

— O que você acha que eu fazia nos anos 90, além de Peeta? Backstreet boys? — Ela falou, fingindo ofendida. — Eu tinha esse namorado no colegial chamado Brutus, e ele só me serviu pra me mostrar músicas. — Então Effie, surpreendentemente, tomou nas mãos a taça de vinho de Haymitch e roubou um gole, descaradamente. Ela não tinha um comportamento tão espontâneo daquela forma desde que começara a namorar Plutarch, que odiava quando ela fazia isso. — Então, esse show foi poucos meses antes de ter Peeta. Eu estava detonada porque não estava dando certo, e eu não estava conseguindo engravidar. E como Abba já tinha acabado naquela época, Cinna só achou o show do Led Zeppelin para me alegrar.

— Foi muito foda! — Haymitch falou, sem escrúpulos. Aparentemente, ele não se sentia mais tão sem graça perto de Effie. — Robert Plant estava vestindo uma camiseta nesse show?!

— Ele nunca veste nada e estava com aquela cortada nas mangas. — Ela continuou, tão empolgada quanto anteriormente. — Eles tocaram Whole Lotta Love com uma... Maestria!

Quando Haymitch contou a Johanna que havia doado esperma para ir a um show, Johanna caçoou dele. Haymitch rebateu, dizendo Você tem ideia do que foi ‘Whole Lotta Love’ ao vivo?”. E ali estava a mãe do seu filho, dizendo a mesma coisa. Será que ela me olharia com nojo se eu dissesse como fui ao show? Ou me entenderia? Apesar da incrível Effie Trinket que se portava em sua frente naquela tarde, Haymitch preferiu não arriscar.

— Eu acho que nunca vi nada tão bom, não em meus 42 anos de vida. — Haymitch falou.

— Ah, eu vi. — Ela rebateu. — The Lemon Song. Eu estava com meu cabelo longo, bem no fim das costas, então eu balançava ele pra lá e pra cá. — Effie demonstrava os gestos. — Não como eu fiz agora. Agora eu estou velha. — Ela falou, num tom surpreendentemente sério, causando um sorriso de Haymitch. Não está não, docinho. — Enfim, e eu acho que estava tão contente comigo mesma que acabei esbarrando nas pessoas ao redor. Um cara derrubou toda a cerveja dele em mim. — Effie comentou.

Sim, um cara fez isso. Ele estava apressado para ir ao banheiro, ou pra achar uma parede que servisse para tirar a água do joelho. Na correria de pessoas, pulos e passos, essa garota bateu os fios loiros na cara dele.

— Oh... — Haymitch abriu a boca, prendendo a respiração. Depois sorriu, normalmente. — Você disse a esse cara que pagaria outra cerveja, mas ele estava com pressa e disse que não precisava. Depois um cara te puxou pelo braço, e ele achou que era seu namorado ciumento.

Depois do banho de cerveja, Cinna achou Effie. Ele havia se perdido dela, e a puxou pelo braço para que eles pudessem não se separar mais. Antes disso, no entanto, bem antes disso, Effie prendeu seus olhos nos olhos do cara da cerveja.

Eles ficaram assim, desse modo, se encarando. Beije-a, o cara pensou, associando os solos de guitarra com os lábios de batom vermelho da garota. Beije-a. E agora, eles estavam ali. Ignorando completamente essa parte da história, essa química imediata que ambos sabem que aconteceu, mas tanto Haymitch quanto Effie não tocaram nessa parte. Beije—o, Effie pensava naquele show.

— Era você? Você é cara da cerveja? — Ela perguntou. Haymitch não fez uso de palavras, apenas sorriu concordante numa expressão “dá pra acreditar!?” — Oh! Está aí, mais um motivo pra eu pagar esse almoço pra você: Pela sua cerveja perdida.

— Uma cerveja não era tão cara assim, Effie. — Haymitch rebateu.

— É, mas eu estou pagando pelo o que quer que tivesse acontecido se Cinna não tivesse me puxado. — Effie falou, sem arrego. Sem medo. Tiro seco.

Talvez Peeta ainda sim estivesse aqui, Haymitch pensou.

Effie também.


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Notas finais do capítulo

Referências:
Quando eu comecei a escrever Evil Ways, pesquisei clinicas de fertilização e achei uma chamada New Hope. Como eu amo Star Wars, decidi colocar o pseudonimo de Haymitch de "Skywalker". MAS EU NUNCAA fiz a conexão do nome da clinica com skywalker. FOI O TIRO MAIS CERTEIRO E SEM QUERER DA MINHA VIDA.

OLOCOOOOOO HAYMITCH, VAI DEIXAR? Aff, amei tanto ter escrito tudo isso! Gente, perdoa pelo capítulo gigante e cansativo de ler, mas não tinha como dividir (ia ser inutil) Nem detalhes a diminuir (uma conversa sempre puxa outra. Família - crianças - Peeta - Os famosos "E como seria se..." - O efeito que Peeta causa - a sinceridade de Effie com Haymitch e vice versa - A compreensão entre eles - os gostos em comum e... O PASSADO.

Eu revisei muito esse capítulo. Espero que tenham gostado.



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