Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 22
Ideia Fixa


Notas iniciais do capítulo

Titulo e Capítulo baseado em Memórias póstumas de brás cubas. (livro que não consigo ler. E nem é pela linguagem dele, não. Já que meu livro favorito desse mundo é Dom Casmurro). Além disso, tbm baseado nas músicas "Stay With me" do Sam Smith e "Not Myself" do John Mayer (que aliás é titulo da minha oneshot Fannie, que já foi postava e tem trechos similares ao deste cap ♥)

By the Way, esse capítulo decidi o primeiro casal resolvido dessa fanfic. Apreciem ♥

Boa leitura migs!



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O tempo é uma mãe.

Você pode transformá-lo em infinitas coisas. Tempo pode se tornar espaço, obstáculo. Conforto, amor. Tempo era exatamente o que todos os citados nessa história precisavam.

Menos Finnick e Annie.

Mesmo com toda essa confusão ao redor, Finnick e Annie pararam o tempo bem ali, na cama de Finnick, na manhã seguinte a festa. E não era nada para se ter vergonha sobre: Finnick carregava uma culpa em si por ter meio que dado as costas ao amigo quando ele precisou, mas ele estava com Annie ali, e se Peeta ao entendesse, não era Peeta. Além do mais, ele apostava que Peeta estava se saindo muito bem sozinho. Às vezes, precisamos dar alguns passos sem o amigo do lado.

Por exemplo, a perseguição de Finnick a Annie Cresta fora planejada exclusivamente por ele, sem créditos ou participação especial de Peeta Mellark. Até porque, se tivesse, ficar parado na porta da Clínica por dias não era um plano que Peeta iria sugerir.

Talvez, se tivesse a mão de Peeta nos planos de Finnick, Finnick não teria suas mãos entre os cabelos ruivos de Annie na manhã seguinte.

Annie, por sua vez, procurava uma maneira sutil de colocar suas roupas de volta e sair o mais rápido possível do apartamento de Finnick. E não era porque não gostava dele ou porque ela costumava fazer esse tipo de coisa com caras: Mas porque Annie sentiu-se inexplicavelmente desconfortável a cada segundo que se passava. Ela até tentava, de verdade. Gostava dos braços de Finnick ao redor de sua cintura, e admitia a preguiça que sentia em levantar daquela cama, nem que seja pra fechar as cortinas e tirar aquele fecho de luz que atravessava o vidro e ia direto a seus olhos. Mas tinha aquele bichinho que coçava no seu cérebro e a perturbava, como um monte de insetos andando pelo seu corpo. A ideia fixa de que aquele não era o melhor lugar para se estar grudou nos miolos de Annie Cresta, alojou-se ali e ficou.

— Que horas são, Finnick?

— Ah, é cedo ainda. — Ela virou-se de costas para Annie e conferiu o relógio ao seu lado da cama. — Viu só? 12h30. Acho que o sol nem saiu ainda.

— Mas eu vou sair, Fin. — E dito isso, Annie se levantou e começou a se vestir.

Finnick ficou confuso, outra vez. Dizia seus amigos na adolescência que ele era meio lerdo, e de vez em quando era fofo explicar as piadas maliciosas duas vezes para ele. Mas não tinha graça nenhuma Annie mexer com os miolos do rapaz porque os seus estavam grudados uns nos outros.

— Mas... Annie. — Finnick falou. — Eu sei que foi uma piada, mas ainda é cedo, de verdade. Porque você não fica aqui comigo?

— Eu não sei, mas eu estou com vontade de estar na minha casa. — Disse Annie, colocando os sapatos. — E se eu quero estar lá, eu vou voltar para lá. — Annie repetia sua ideia fixa, como se ela também fosse fixar em Finnick.

— Eu fiz alguma coisa que você não gostou ou...

— Finnick! — A moça interrompeu, puxando um sorriso forçado. — Não tem nada com você, tá okay? Eu só estou desconfortável e eu vou voltar. Até outra hora.

Então Annie se encaminhou para a saída do quarto de Finnick, e percorreu o caminho até a saída do apartamento e por fim do prédio. E foi assim que Annie saiu do território de Finnick como uma de suas ideias fixas presas em mente: Sair da vida de Finnick também.

Era fácil explicar porque: Finnick não aguentaria ela. Finnick era emocional, impensável, perseguidor, objetivo. Finnick era dramático e extremo em suas atitudes. Annie gostava de ficar sozinha. Ela era lógica, imprevisível, e nem um pouco dramática, apesar de sua história digna de filmes cheios de dramas. A pequena órfã que não acreditava em divindades. Então, sem carga emocional negativa, Annie resolveu ir para a casa porque queria estar lá, largar Finnick porque era lógico que não funcionaria todo aquele amor e torcer para ele não encontrá-la em lugar nenhum.

Annie somente errou em descartar completamente a reação de Finnick nisso tudo.

Depois da névoa que cobriu seus olhos, Finnick ficou tão infinitamente puto quando Annie Cresta acordou em sua cama, pegou os sapatos e fora embora, deixando, novamente, sem ideia de como contatá-la. Ela não tinha um telefone, nem redes sociais, nem um email sequer. A chance de manter contato diminua, já que essas são exatamente as vantagens do mundo moderno. E o jeito antigo, aquele brega bilhetinho do lado da cama, ou um recado escrito no espelho com o batom rosa que não durou três segundos na boca dela, nada disso. Annie não tivera dó, nem piedade, e Finnick já estava puto por ter sido feito de tolo outra vez. Dessa vez, depois de perceber que Annie fazia o que quiser porque ela simplesmente queria e não pensava em quem afetaria, ele jurava a si mesmo que não iria perdoá-la.

Mas tinha que correr atrás dela pra poder falar poucas e boas na cara dela.

Foi assim Finnick levantou de sua cama quase dois minutos depois de Annie sair. Calçou seu jeans, sua camiseta branca ao contrário e pegou o primeiro par de chinelos que viu pela frente. Correu porta afora, desceu escadas. Não pegou a chave de casa e ficou trancado para fora, o que mais tarde gerou 25 dólares perdidos para um chaveiro de quinta categoria.

Mas Finnick saiu rua afora, procurando cabelos ruivos por todos os lados. Os viu a quase um kilômetro a distancia, num ponto de Táxi perto de casa. Finnick correu, e se aproximou mais da moça que, ao percebê-lo perto, saiu andando na direção oposta a ele.

Finn perseguia Annie pelas ruas de Nova York como Tom e Jerry, ou coisa do tipo, e sabia que por mais que parecesse um estuprador maníaco, não pararia enquanto Annie parasse. Não era como todas as garotas que ele colocava a si mesmo como objetivo, mas é porque ele precisava desesperadamente de Annie Cresta, e do contrário, achava inclusive que iria morrer.

— Annie Cresta, pare! — Ele gritou, batendo no ombro de alguém que se pudera a seu caminho. — Pare de fugir, Annie!

Annie Cresta, meio ao constrangimento público, parou seus passos e permaneceu de costas para ele. As pessoas da rua ainda batiam ombros nela, apressados demais para perceber que existia uma pessoa confusa demais parada ali. Annie vira-se para Finnick, e água doce e salgada passou ter a mesma densidade quando Finnick pôs seus olhos nos de Annie.

— Porque você faz essas coisas, Annie? Não vê que eu gosto de você? — Finnick dizia. — Porque você não é capaz de aceitar o mínimo de amor vindo de alguém, e porque você me fez de trouxa pra sair pelas ruas e... fazer o que quiser por aí!? Eu quero dizer... eu tenho sentimentos. Se você queria uma noite só, tudo bem. Mas eu não sou bom nessa coisa. Não mais, depois de te ver.

— Eu tenho problemas Finnick, e você precisa entender. — Ela fala. Calma, lógica, fria. Triste. — Eu vou a uma clinica de transtorno pós traumático há 17 anos. Eu escondo sentimentos, eu mal tenho sentimentos, e eu mal consigo olhar nos seus olhos. Eu não consigo confiar em pessoas. Puta que pariu, eu mal consigo ficar perto de um maldito telefone! — Ela esbravejou, falando palavrão pela primeira vez na vida. Annie jogava todos os seus problemas em Finnick, preparando-o para abrir os olhos e ver que ela não era um sonho. Era só Annie Cresta. — Suponha que eu diga, que eu estou... no meu melhor comportamento. E há momentos em que eu perco minha mente preocupada. Você ainda iria me querer quando eu não sou eu mesma? —Annie pergunta à Finnick. Você me esperaria enquanto eu sou outra pessoa?

Annie abordou o assunto como se explicasse para uma criança o que aconteceria se ele não fosse tomar banho. Ela sabia que estava certa, ou ao menos julgava assim. Annie era cabeça dura, não aceitava estar errada. Ela só queria que Finnick entendesse que aquilo não daria certo, e estava tudo tão claro aos olhos de Annie. Ela ainda não sabia por que deu mole e foi tomar café com ele. Annie se recusava a ver que o seu improvável era o certo.

Já Finnick Odair ainda não sabia qual parte de si ainda não conseguira mostrar abertamente a Annie tudo o que sentia. Qual parte de si ainda não demonstrara aquela mulher o quão grato ele era por tê-la alí. Finnick queria desesperadamente abraça-la, niná-la próxima a ele, transformar a si mesmo em um casulo, fazer de si mesmo sua morada, e tentar livrar do que quer que esteja passando na cabeça de Annie naquele momento, das coisas absurdas que ela pensava como se fosse um robô analisando possibilidades. Ela talvez estivesse com razão. Mas ele não desistiria da mulher que ele sabia que estava destinada a ser sua.

Queria mostrar em gestos como a amava, mas não era tão perceptivo quanto ela. Finnick não era bom nisso. Finnick admitia a si que provavelmente não era metade da pessoa que Annie era. Tê-la consigo era um inferno, mas uma benção.

Amo cada parte de você Ele diz, aproximando seus passos a ela. Cada parte que te trás até mim. Amo cada parte afetada, lúcida, neutra. Eu amaria todas elas, mesmo que elas não me amassem reciprocamente. Eu te esperaria quando você não fosse você mesma, e eu te amaria quando você mesma não for você. Eu só sei que, se há você no meio, e lá onde eu estou. E eu perseguiria você, Annie Cresta, todos os dias, porque eu...

Finnick interrompeu-se e olhou ao redor de si, onde as pessoas continuavam correndo apressadas sem reparar a poça de amor que ambos transbordavam (tal poça de amor que nem Annie conseguia acreditar que estava transbordando também). Finnick vê um rapaz aproximando-se de si, ocupado demais seus fones de ouvido e o para brutamente oferecendo dez dólares para usar o celular dele por 5 minutos.

Então, Finnick Odair digita os 8 digitos cruciais para este momento de sua vida: seu próprio telefone, qie ele mesmo retirou de seu bolso e estendeu até a sua amada.

— Annie, por favor, tente atender.

Annie Cresta arregala os olhos e o fixa no aparelho celular estendido a sua frente, e depois coloca os mesmos olhos arregalados na expressão de Finnick que dizia algo como um “por favor”. Ela mal podia crer que ele estava fazendo isso.

Não se engane em achar que era drama de Annie. Ela só estava tentando dispensar um cara que achava que não era certo, mas ele falou todas aquelas coisas de forma tão certeira e segura que a fez balançar um pouco. E ele pegou um telefone. Annie queria, por todo dinheiro do mundo, que o telefone fosse um drama, não um trauma. Não uma lembrança de como perdeu o homem que mais amou no mundo.

Pensou no quão injusto e maldito Finnick estava sendo, mas considerou que talvez ele não fizesse se não fosse necessário. Atenda esse telefone Annie, ela pensou. Atende, senão o mundo vai explodir. Se não as crianças vão morrer. Se não você vai explodir e morrer. Atenda!

Annie estendeu a mão para o celular de Finnick e pegou como se ele fosse (e talvez seja) tóxico. Deslizou a tela no icone verde e o colocou próximo ao seu ouvido, e com o aparelho tremendo tanto quanto sua mão, ouvir as palavras de Finnick.

— Eu te perseguiria todos os dias, porque eu te amo, Annie. E se tivesse um telefone, eu te ligaria todos os dias para dizer isto. E não importa o que você decida para sua vida a partir de hoje, mas eu só quero que você saiba que você já salvou a minha vida.

"Você já salvou a minha". Sim, era o correto a se dizer. Não importava o que quer que acontecesse naquele momento. Finnick não mentiria em dizer que ela salvou sua vida no sentido de mostrar o amor, mesmo sem aceitar ou saber. Em ser a provocadora de sentimentos mistos no rapaz, coisas que ele nunca sentiu antes, coisas que o fez viver e ver a vida com outros olhos. Era loucura, era insano, mas era verdade. Amor salvou a vida de Finnick do vazio, e ele não negaria para Annie que ela teve participação nisso. Ele também sabia que era cedo demais para falar que a amava, mas a vida é feita assim. Ele pulava de paraquedas, tinha o vento na cara e, da próxima vez, não precisaria de um instrutor para saber como puxar a cordinha e se salvar sozinho.

Annie sabia que era um absurdo aquelas palavras do bonitão stalker. Mas tudo o que ela fez foi caminhar com passos lentos até a direção de Finnick Odair, passar a mão por seus ombros e o beijar como nunca pensou que fosse possível beijar. Annie deu uma chance a Finnick, e ele a fez dar uma chance a si mesma. Finnick a fez acreditar que ela podia ser quem quisesse, quando quisesse. Finnick a fez mudar, e a transformou no melhor exclusivamente para si.

E foi assim que Annie Cresta atendeu um telefone pela primeira vez em 17 anos. Foi assim que Finnick Odair disse as três palavras mágicas para alguém pela primeira vez na vida. Foi assim que Finnick cumpriu sua mais difícil tarefa como salva vidas, e foi assim que Annie Cresta finalmente salvou a vida de alguém que ama.

Uma discussão de 10 minutos, uma noite com 10 horas, um namoro com um mês. Annie e Finnick transformaram o tempo no que quisessem, e o usava como queriam. Annie aprendeu a ser mais condescendente com Finnick e ele, a ser menos exagerado. Trabalharam todos os erros e todos os pontos negativos que carregavam em si. Juntaram suas vidas.

E a partir desse momento, Finnick e Annie nunca mais se soltaram.

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