Do you love me? escrita por Aquarina


Capítulo 9
Chapter VIII – I can’t make you love me


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito o que dizer hoje e-e
Boa leitura c:



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A loira piscou estática. Procurou palavras para formar uma boa resposta, um digno ‘não’, mas tudo o que encontrava era milhares de ‘sim’; ela nunca assumiria isso, claro. Não conseguia nem mesmo entender aquilo. Juntou forças, respirou fundo, bateu no peito da Fera e encarou-a nos olhos com o máximo desprezo que conseguiu encontrar dentro de si.

“Eu nunca seria capaz de amar uma criatura fria, arrogante e horrenda como você” ela disse tentando parecer firme, mas sua voz vacilou.

Rapunzel saiu correndo o mais rápido que seus saltos permitiam, levantando a barra do vestido. Adentrou o castelo e passou a vasculhar os inúmeros corredores, procurando pela cortina que seus pequenos amigos lhe mostraram havia algum tempo atrás. Para seu alívio, logo estava de cara com a grande cortina de veludo. Puxou-a e passou as mãos pela parede, procurando o bloco de pedra correto. Logo a parede se abriu, revelando a enorme biblioteca composta de livros suficiente para Rapunzel passar uma vida toda sem tédio. Sorriu e se apressou para entrar, antes que a Fera a encontrasse.

Procurou por romances. Queria entender porquê se sentia daquele jeito, porquê queria dizer à Fera que o amava, mesmo sabendo que ela o odiava com todas as suas forças. Parou por um instante. Ela realmente o odiava? Claro que sim. A criatura a aprisionara, e ameaçou matar sua família! Obviamente, era digno de todo seu ódio. Mas então, por que se sentiu daquele jeito? Por que não soube responder a inconveniente pergunta rapidamente? Será que já havia passado tanto tempo com ele que começara a amá-lo? Não, não, não, não! Será que ele tinha ficado magoado? Estava certa de que sim. Ninguém quer ouvir uma resposta como aquela. Por um momento, a moça se sentiu arrependida. Quis voltar, pedir desculpas, mas tinha medo de ser rejeitada, da mesma forma que fizera minutos antes.

Por fim, apanhou um livro, respirou fundo e sentou-se no chão, com a intenção de lê-lo por completo até o fim do dia.

...

Ele sentia-se inteiramente ridículo. Não, inteiramente não. Havia uma ponta de decepção em meio a repulsa que sentia de si mesmo. Onde estava com a cabeça quando decidiu fazer tal pergunta a ela? O que raios o fez pensar que a moça, tão jovem e bela, poderia amá-lo? Mesmo que não parecesse, a Fera tinha noção de si mesmo, de seus atos. Sabia que era um ser repugnante. Arrogante. Horripilante. E esses são apenas os “antes” que ele se lembrava no momento. Então ele parou e olhou para si mesmo – não sua aparência, mas seu interior; particularmente, o coração. Será que ele amava Rapunzel?

Amor. Nunca tivera tanto medo de uma palavra. Passou cerca de um ano de sua vida perguntando a si mesmo se algum dia seria capaz de amar novamente. Ao que lhe parecia, a resposta era sim. Só que amor proveniente de um lado só não basta, especialmente se você quer acabar com uma maldição. Não! O sentimento tem de ser recíproco, o que aparentemente não era a realidade ali.

A Fera sentou-se. Amor não recíproco dói. Quebra o coração aos poucos, até que não sobre nada. Mas é possível quebrar um coração já quebrado? Afinal, seu coração estava quebrado, não estava? Estava sim, ele tinha certeza, desde aquele dia. Foi então que, muito tempo depois, uma pequena rosa branca foi arrancada de sua preciosa roseira, e Rapunzel apareceu. A garota, tão inocente, aos poucos foi recolhendo os cacos e remendando seu coração, mesmo que de forma inconsciente. Logo após, seu coração é quebrado novamente, e como doeu!

Ele sabia que era tudo culpa sua. Seu desejo era poder voltar no tempo, quando ainda dançava com a moça numa melodia inaudível, para pensar mil vezes antes de fazer aquela maldita pergunta. Preferia continuar acreditando que Rapunzel gostava dele, mesmo que só um pouco, a ter de sentir a dor da rejeição.

“Se ao menos eu ainda fosse um belo príncipe...” Lamentou em um quase sussurro.

Talvez devesse deixá-la ir. Ela tinha uma família que certamente sentia sua falta e uma longa vida pela frente que não deveria ser desperdiçada em um castelo no meio da floresta, na companhia de uma Fera egoísta. Exatamente, egoísta. Era esse seu egoísmo incontrolável que o impedia de deixar a garota voltar para casa. Afinal, sem Rapunzel no castelo, ele voltaria a ser solitário e sem esperanças.

...

Durante o jantar daquela noite, Rapunzel manteve os olhos em sua comida. Realmente havia passado o dia todo na biblioteca, e agora a fome tinha se tornado implacável – o que era um desastre, já que seu desejo era sair dali o mais rápido possível. A loira tentava mastigar de forma rápida, mas cada dentada parecia uma eternidade.

Enquanto isso, do outro lado da mesa, a Fera observava-a em um conflito interno. Lutava contra seu egoísmo, seu medo de voltar à eterna solidão, para deixar a garota ir. Afinal, pra que mais ela lhe seria útil? Já tivera sua resposta. O amor de Rapunzel era a única coisa que queria, a única coisa de que precisava, mas nunca iria conseguir. Não poderia fazer a garota amá-lo.

Rapunzel finalmente acabou seu jantar e preparava-se para sair quando ouviu a Fera soltar um pigarro. Ajeitou-se na cadeira, esperando que algo fosse dito.

“Você...” Ele murmurou, ainda inseguro do que estava fazendo “Você gostaria de voltar para sua casa?” perguntou, dessa vez em voz alta.

A moça espantou-se com a pergunta. Estava ouvindo bem? Um misto de alegria e esperança invadiu seu peito. Poderia reencontrar sua família e retomar sua antiga vida! Aquela era a melhor coisa que já acontecera com ela em tantos meses.

“E-eu posso?” Indagou ainda um pouco duvidosa. Ouviu um suspiro.

“Se quiser...”

Rapunzel quase gritou que sim, queria voltar para casa. Mas, por algum motivo, decidiu pensar antes. Como poderia ir e deixar a Fera para trás, sabendo que seu maior medo é a solidão? Que tipo de pessoa seria se fizesse isso? Seria muito egoísmo de sua parte. Por outro lado, se ficasse, seria infeliz. E Rapunzel sentia tanta falta de seu pai e seus irmãos! Viu-se dividida e a Fera pigarreou novamente. Nada melhor do que um pouco de pressão para fazer a cabeça funcionar.

“Eu proponho um acordo” disse, decidida.

“Um acordo?”

“Sim. Não quero te deixar sozinho” ela começou e a Fera sorriu. Rapunzel se importava com ele. “Porém sinto saudades de minha família. Portanto, se for sua vontade, pretendo ficar no castelo, mas poderei visitar minha família sempre que quiser. O meu acordo é esse.”

Ele pensou por um instante. Parecia-lhe justo. “Feito.”


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Notas finais do capítulo

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